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Poluição

Documentário reflete sobre as contradições do crescimento econômico na Índia

Uma cena impressionante, capitada por um drone, de um aterro sanitário nos arredores de Deli, cidade indiana. Ao fundo, a voz em off provoca: "Se essa é a aparência do desenvolvimento, imaginemos como seria o mundo sem ele". Outra sequência mostra o peso do céu maculado pela poluição ameaçando desabar a qualquer momento sobre as pessoas, sufocadas pelo calor e o mal cheiro do lixo espalhado a cada centímetro de terra. A cidade é transpassada por um rio caudaloso marrom-escuro de aparência nada saudável. Imagens que denunciam uma realidade que, tal qual monstro horrendo, sobrepõe e devora os parcos benefícios do crescimento econômico cada vez mais limitados a alguns poucos ricos. Em 1991, a Índia abriu a economia ao livre mercado e, desde então, colhe os apodrecidos frutos dessa decisão, escassez e poluição de um lado, riqueza e conforto do outro. Em Invisible Demons, o diretor Rahul Jain volta o olhar a Deli, cidade em que nasceu, e a partir dos problemas da metrópole indiana, aguça nossa percepção quanto às sequelas herdadas de um questionável desenvolvimento. Jain não se esquiva do papel de privilegiado, dos que integram o pequeno grupo que tem acesso ao conforto de um ar-condicionado, enquanto outros (por sinal, a maioria da população) enfrentam ondas de calor que ultrapassam os 50 graus de temperatura. Desenvolvimento e religião batem cabeça, trilham caminho oposto. Um barqueiro conta em desalento que, devido a poluição do rio, os rituais religiosos perderam força. Ainda assim há os que resistem, pessoas que insistem em manter suas tradições religiosas. A câmera acompanha o bailar das águas transpassadas pelos pés de mulheres que rezam, indiferentes ao lixo e dejetos. Rahul Jain extrai beleza de onde, à primeira vista, não há, através de imagens aéreas das ruas, de carros que cruzam avenidas movimentadas, mais parecendo imensa colônia de formigas. A contradição é matéria prima do projeto, que se propõe a refletir sobre as questionáveis benesses do desenvolvimento econômico que, colocadas na balança, penderão para o lado dos mais ricos. O documentário está disponível na plataforma Mubi.

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Poluição e avanço urbano ameaçam manguezais no Brasil

Caracterizados como um ecossistema costeiro e de transição entre ambiente terrestre e marinho, os manguezais são constantemente ameaçados pelas fortes pressões ocasionadas pela poluição e degradação ambiental. O avanço urbano desordenado sobre essas áreas provoca a contaminação por esgoto e lixo, além da supressão de áreas com aterros e retirada da vegetação. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a coleta de esgoto no Brasil alcança apenas 53% dos domicílios e, desse total, somente 46% recebe tratamento. Os dados divulgados em julho deste ano mostram que quase 40% dos municípios não contam com nenhuma coleta de esgoto. Tudo o que não é coletado ou tratado, é descartado nos rios e mares, sendo que parte disso se deposita nos manguezais. Além da poluição, outro problema que preocupa os especialistas é o desmatamento e o avanço da urbanização irregular em regiões ocupadas pelo ecossistema. “Mesmo com status de Área de Preservação Permanente, continuamos tendo perdas nos manguezais por conta das ocupações irregulares de áreas domiciliares, portuárias e industriais”, afirma Ronaldo Christofoletti, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza e professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Christofoletti alerta que a poluição dos manguezais resulta em um ciclo perigoso para a saúde pública. “A maioria dos resíduos, lixos domésticos e esgotos que chegam ao manguezal são absorvidos pelas plantas. Em cadeia, por meio da alimentação, as plantas contaminam os animais, que podem contaminar o ser humano. Quando falamos de poluição nos manguezais, falamos também de riscos à saúde pública”, ressalta. Resiliência Localizados em regiões tropicais e subtropicais, estima-se que os manguezais ocupem mais de 10 mil quilômetros de extensão em regiões litorâneas do Brasil, território que se estende do Amapá a Santa Catarina, formando uma das maiores extensões do ecossistema no mundo. Contudo, este número já foi bem maior. Estima-se que, desde o começo do século 20, cerca de 25% dos manguezais no país tenham sido destruídos. Dados divulgados recentemente pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) mostram que, no Nordeste e Sudeste, 40% das extensões contínuas dos manguezais foram suprimidas. Considerado um berçário marinho, o manguezal disponibiliza um ambiente com condições mais tranquilas e rico em nutrientes para a reprodução e alimentação de inúmeras espécies de moluscos, crustáceos, peixes, aves e mamíferos. Para o coordenador de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Robson Capretz, a saúde dos manguezais influencia diretamente na conservação de espécies de animais e plantas, no fortalecimento da economia local, na manutenção cultural de comunidades tradicionais e na resiliência de cidades litorâneas. Alguns caminhos interessantes para proteger os manguezais são ações de saneamento básico em municípios costeiros, tratamento de efluentes e planejamento territorial. “Os berçários marinhos são componentes essenciais para a manutenção dos benefícios que a natureza nos dá, além de proporcionarem benefícios sociais e econômicos para a sociedade. Os manguezais ajudam a conter a força de tempestades e das marés, garantindo maior segurança a comunidades costeiras. Diante desse contexto, a proteção desses ambientes deve ser encarada como uma prioridade”, destaca Capretz. Da assessoria da  Fundação Grupo Boticário

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