Arquivos Raimundo Carrero - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Raimundo Carrero

Sobretudo humano por Paulo Caldas

* Paulo Caldas Os contrastes do comportamento humano, alvo permanente dos escritos de Raimundo Carrero, emergem da crueza neste Colégio de Freiras (Editora Iluminuras – 2019, projeto visual de Hallina Beltrão e posfácio assinado por Sidney Rocha). O livro é ambientado num Recife áspero, universo literário do escritor e pátria da inveja, revolta e rancor vivenciados pelos protagonistas: Vânia, dona de beleza incômoda e psicológico enigmático, vítima do preconceito torpe inerente à estupidez do pai, doutor Vesúvio, um crápula asqueroso, “defensor das vaginas intocadas”; Dona Quermesse, cafetina, madre superiora generosa, afável mãe e guardiã da casa de diversão; Milena, aluna experiente a quem são confiados trechos da narrativa, amante do recalque, cativa do ódio, sensível à degradação de Vânia, que na infância já tentou matar. O enredo expõe o drama da mãe presidiária, apartada do rebento encaminhado para um suposto orfanato ou, quem sabe, para o ninho de casais sem filhos. O festejado romancista transita com autoridade no mundo imaginoso da loucura onde abriga figuras fantásticas, tal o quase deus Abdon, inventor, entre outros fenômenos, dos domingos sombrios e, em dado momento, cuidador da higiene íntima de Vânia quando menina. Ali também habita o mitológico profeta Daniel, líder da Congregação das Guerreiras, mistura de seita e sindicato, concebido para a defesa das mulheres, inclusive pelo uso de poderes infinitos, na perspectiva de uma invasão de óvnis, quando transforma personagens em ETs, além de padre confessor, atento vigilante aos desejos mundanos das internas. Do ponto de vista da técnica literária, Carrero mais uma vez exibe a costumeira maestria no despertar das palavras. O livro mostra a perfeita definição dos perfis físicos e psicológicos, traquejo traduzido por singular habilidade. Há predominância dos diálogos internos em vários trechos da narrativa, prática que se transmuda do narrador oculto à falsa terceira pessoa, das vozes entrecruzadas ao discurso indireto livre, tudo com a destreza dos alquimistas. E Carrero é dos melhores. O autor ainda brinca com os tempos verbais: perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito obedecem ao seu comando qual marionetes presas aos cordéis. * Escritor

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Jabutis pernambucanos

Concebido para distinguir a excelência em produção literária no País, nos seus diversos gêneros, o Prêmio Jabuti, criado pela Câmara Brasileira do Livro, existe desde 1959 e já naquele ano premiava o escritor baiano Jorge Medauar na categoria contos e crônicas. A partir de então, o Jabuti premiou nomes reconhecidos e revelou outros tantos à literatura nacional, caso de Dalton Trevisan, Ricardo Ramos, Autran Dourado, Otto Lara Resende, Rubem Fonseca, Raduan Nassar, Fernando Sabino e Chico Buarque, só para citar esses e outros nomes de menor visibilidade caso de Elias José e Alcione Araújo, por exemplo. Dentre os pernambucanos, no ano de 2000 o prêmio distinguiu Raimundo Carrero com “As Sombrias Ruínas da Alma”. Em 2006 foi a vez de “Contos Negreiros”, de Marcelino Freire e em 2012 o vencedor foi “O destino das metáforas” do cearense que atua em Pernambuco Sidney Rocha. Na versão 2016, o romancista Raimundo Carrero concorre com “O senhor agora vai mudar de corpo” e será mais uma vez o nosso representante da categoria romance. Na lista das obras finalistas para este ano, que serão anunciadas em 11 de novembro, além de Carrero outros autores daqui foram selecionados: Fabiana Moraes, na categoria reportagem, com “O Nascimento de Joicy”, vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo, “O pequeno príncipe em cordel”, na categoria adaptação, de Josué Limeira com ilustrações de Vladimir Barros, na categoria projeto gráfico “Bichos Vermelhos”, de Lina Rosa, e em publicação sobre Arquitetura, Urbanismo, Artes e Fotografia, “Marianne Peretti: a Ousadia da Invenção”, organizado por Tactiana Braga, completa os pernambucanos indicados.

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Raimundo Carrero realiza oficina literária na Fenelivro

Um dos objetivos principais da Feira Nordestina do Livro (Fenelivro) é o incentivo à formação de novos leitores e escritores. E, para cumprir este papel, a feira oferecerá gratuitamente, na terça-feira (11/10) e quarta-feira (12/10), às 16h, a oficina de Criação Literária. A atividade ministrada pelo escritor Raimundo Carrero é voltada para amantes da literatura e aspirantes a escritores. Na ocasião, o autor pernambucano vai apresentar os segredos da ficção, através de exercícios e do estudo de escritores clássicos e consagrados. “Durante a oficina será possível distinguir uma cena de um cenário, um diálogo direto de um diálogo indireto e ainda fazer uma reflexão sobre estilos. Mostrarei, por exemplo, que o narrador não é o autor”, afirma Carrero. Em sua segunda edição, programada para se realizar de 7 a 12 de outubro, no Centro de Convenções de Pernambuco, a Feira Nordestina do Livro (Fenelivro) coloca a mulher em primeiro plano. A partir do tema Literatura, Substantivo Feminino, a organização oferece uma programação totalmente focada na produção e no olhar da mulher sobre a contemporaneidade. Por isso, homenageará a romancista a Luzilá Gonçalves e a poeta Celina de Holanda. A lista de convidadas vai das mais novas vozes da literatura a nomes consagrados. Com isso, a programação cultural dá a palavra a mulheres como autora infantojuvenil Paula Pimenta, a pernambucana Micheline Verunscky, a youtuber carioca Babi Dewet e a poeta paranaense Alice Ruiz. “Estamos trazendo autoras que chamam a atenção pelo que dizem, pelo que escrevem e pelo que vivem. Tivemos o cuidado de garantir que o público terá acesso a todas as tendências e não ficará indiferente a nada que for apresentado”, sustenta o curador Evaldo Costa. A Fenelivro, realizada mais uma vez em parceria pela Companhia Editora de Pernambuco e a Associação do Nordeste das Distribuidoras e Editoras de Livros (Andelivros), contará com 80 estandes, onde estarão representadas as mais importantes editoras do País. Um público estimado em torno de 100 mil pessoas deverá circular pelo Cecon durante os sete dias do evento, acompanhando uma intensa programação cultural, com lançamentos de livros, debates, mesas-redondas e muita contação de história. Todas as atividades serão gratuitas.

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Caruaru terá Feira do Livro do Agreste

  Lançamentos de livros, palestras, debates, espetáculo de teatro, oficinas e show para celebrar a literatura, os escritores do Brasil e, em especial, de Pernambuco. Todas estas atividades estão programadas para a Feira Nacional do Livro do Agreste – Fenagreste, que acontece em Caruaru, de 10 a 14 de agosto. O evento é uma realização da Associação do Nordeste das Distribuidoras e Editoras de Livros – Andelivros e da Companhia Editora de Pernambuco – Cepe, com apoio do Governo de Pernambuco e Prefeitura de Caruaru. A Feira Nacional do Livro do Agreste será realizada no Espaço Cultural Tancredo Neves e reunirá intelectuais das mais variadas vertentes literárias: de jornalistas a romancistas, poetas a autores da literatura infanto-juvenil, que autografarão obras e participarão de animados bate-papos com o público durante a feira. O evento será aberto ao público a partir das 9h dia 11 e funcionará, diariamente, das 9h às 21h, oferecendo dezenas de atividades gratuitas. Na noite do dia 10, haverá a solenidade de abertura. Entre as presenças já confirmadas na programação da feira, a da psicóloga clínica, educadora sexual, comunicadora social e escritora Laura Muller, que lançará o livro "Meu Amigo Quer Saber...Tudo Sobre Sexo" e responderá as perguntas da plateia seguindo o mesmo formato do programa global "Altas Horas", do qual participa. A escritora Luzilá Gonçalves e o salgueirense Raimundo Carrero também já têm lugar certo na programação do evento. Luzilá autografa livro e participa de debate sobre quais as motivações para escrever romances. Já Carrero autografa o seu "O Senhor Agora Vai Mudar de Corpo", livro escrito após a dura recuperação de um AVC. Carrero participará ainda de mesa-redonda ao lado do bodocoense Cícero Belmar, que autografa o recém-lançado "Escrever Ficção Não É Bicho-Papão". A fotografia também está contemplada na feira. A professora de fotografia do curso de Design da UFPE, Daniela Brachi, ministrará a palestra Fotolivros Contemporâneos, que traçará um panorama sobre a tendência atual de trabalhos editoriais produzidos por fotógrafos e artistas visuais. Também haverá sessão de projeção de fotografias. A tarde da sexta-feira será marcada por um lançamento coletivo. Professores de Comunicação Social e Design da UFPE com livros publicados participarão de um bate-papo conduzido pelo jornalista Eduardo Maia, seguindo o estilo do programa "Café Colombo", comandando por ele na Rádio Universitária. Eles falarão sobre as suas obras e motivações para a escrita. A Feira Nacional do Livro do Agreste vai oferecer ainda uma programação exclusiva para as crianças. Diariamente, às 11h e às 15h, haverá contação de histórias. Está programada ainda a exibição do filme Pedrinho e a Chuteira da Sorte e lançamento do livro homônimo do jornalista Marcelo Cavalcante. Teatro infantil e concurso de cosplay, em que os participantes se fantasiam de personagens da cultura pop japonesa, também estão programados. Além dos debates, mesas-redondas, lançamentos e sessões de autógrafos, shows musicais estarão à disposição dos visitantes, gratuitamente. No dia 12, o cantor, e agora ator, Maciel Melo fará show e, logo após, sessão de autógrafos do livro "A Poesia e a Estrada", uma autobiografia que foge da forma convencional e linear de contar a vida de alguém. Maciel retoma a carreira nos palcos após recente participação na novela Velho Chico, da Rede Globo. OFICINAS - Um dos focos principais da Feira Nacional do Livro de Caruaru é a capacitação, por meio de oficinas, cujas inscrições serão gratuitas. A oficina de Criação Literária será ministrada por Raimundo Carrero e acontecerá nos dia 11 e 12 de agosto. O escritor vai apresentar os segredos da ficção, através de exercícios e do estudo de escritores clássicos ou consagrados. Já a "Eu, Repórter: a elaboração da notícia pelo cidadão" fica a cargo dos jornalistas, Sheila Borges e Diego Gouveia. A dupla ensinará os participantes a produzir notícia conhecendo esse processo e criando um método próprio de apuração e validação da informação. Outras opção é a oficina de Editora Cartonera, que será comandada pelos integrantes do selo independente Lara Cartonera, David Henrique e Gledson Lamartine. Em uma manhã, eles mostrarão como confeccionar livros artesanalmente, com capas de papelão. A Feira Nacional do Livro do Agreste reunirá 50 estandes, onde estarão representadas quase 200 editoras e distribuidoras. A expectativa é reunir, nos cinco dias do evento, 60 mil pessoas, entra adultos, jovens e crianças. A Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL) figuram como importantes apoiadores da iniciativa. "É muito importante que tenhamos tido a oportunidade e os meios necessários para fazer uma feira com o tamanho e a densidade que o Agreste precisa e merece", destacou o presidente da Cepe, Ricardo Leitão.      

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Sobre os livros que ensinam a escrever (1) (Por Paulo Caldas)

O recente lançamento do livro “Escrever ficção não é bicho papão” (Autoajuda Literária), cujo conteúdo propõe dicas de como dar os primeiros passos na carreira literária, abriu espaços para discussão sobre o tema.  No prefácio do “A arte da ficção” John Gardner (Civilização Brasileira), um dos textos mais elogiados do gênero, o autor escreve: “Este livro propõe-se a ensinar a arte da ficção ao principiante que pretende levar seu ofício a sério. Antes de tudo, admito que o aprendiz de escritor, potencial e virtual usuário deste livro, tenha efetiva capacidade de tornar-se um autor de sucesso se assim o desejar, uma vez que a maioria das pessoas que conheci e que queria isso – sabendo o que realmente significava – alcançou, de fato, seu objetivo. Tudo o que se exige do candidato a escritor é uma nítida compreensão do que pretende ser e do que tem a fazer nesse sentido. Se, por mais que se esforce, isso não for possível, esta obra o ajudará, pelo menos, a concluir que não foi posto no mundo para escrever livros”. Assim, convidamos autores pernambucanos para opinar sobre este tipo de publicação. Opiniões “Ensinar a escrever não é ensinar técnicas. As técnicas podem e devem ser ensinadas e estudadas. Para ensinar a escrever é preciso mostrar como fazer. Assim como na literatura existe o autor que diz ‘Em vez de mostrar, alguns autores ensinam a escrever dizendo como fazer e outros mostram como fazer’. É o caso de ‘A preparação do escritor’,  de Raimundo Carrero. Ali ele vai conduzindo um processo de intertextualidade e o leitor vai vendo como um texto original se forma a partir de dois parágrafos distintos de Joyce e Thomas Mann. Só não aprende quem não quer”. João Gratuliano. “Já usei ‘Como resolver problemas de roteiros’, de Script Doctor Syd Field, autor especializado em roteiros de cinema, mas cujas ideias sempre criam boas saídas, também, para impasses literários. Como pensar no passado dos personagens para resolver uma questão do presente”. Marcelo Trigo. "São ótimos para disciplinar o processo de criação, estimulam a pensar. Dos que consultei ‘Os segredos da ficção’, e ‘Preparação do escritor’, ambos de Raimundo Carrero. ‘Sobre a escrita’, de Stepham King, me agradou  pela objetividade e por alinhar conceitos que vemos em Carrero. É interessante observar que não devemos usá-los como manual”. Roberto Beltrão. "Foi depois de ler 'Para ler como um escritor', de Francine Prose, liguei para a Editora Zahar e eles sugeriram a oficina de Criação Literária de Raimundo Carrero e com ele comecei a carreira de autora. No momento pretendo ler ‘Como funciona a ficção’ de James Wood". Camilla Inojosa. “Um livro dos melhores, uma síntese das principais teorias está em ‘Cartas a um jovem escritor’, de Mário Vargas Llosa, inclusive tem na internet uma versão em PDF gratuita, em espanhol. Há tradução em português e ofertas de usados/novos também na internet. Por aqui, Carrero está revisando um dos seus livros nesta área, ‘Os segredos da ficção’ ou ‘A preparação do escritor’, ambos muito interessantes”. João Carlos Barros.  

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