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Netflix: O Retorno de Simone Biles - Parte 2 (Crítica)

Ao longo da carreira, um atleta enfrenta todo tipo de adversário, inclusive ele próprio. Porém, de todos os adversários, um é implacável: o tempo. Falo do correr dos anos, dos dias em que surgem dores nunca antes sentidas, e o desempenho começa a despencar. Esse é o tema que serve de liga à narrativa dos dois últimos episódios da série documental "O Retorno de Simone Biles", da Netflix. O episódio 3 acompanha a chegada de Biles aos 27 anos. A atleta americana reflete sobre os desafios comuns às ginastas nessa idade e sobre a vantagem de estar mais madura. A experiência em muitas competições a deixa mais confiante. Por outro lado, a idade a faz temer quanto a como seu corpo reagirá aos treinos e provas. O documentário faz um apanhado das idades das atletas no decorrer da história da ginástica olímpica. Vai da década de 50, quando a ginasta ucraniana Maria Gorokhovskaya foi campeã olímpica geral aos 30 anos, às Olimpíadas de Montreal, em 1976, ano em que a romena Nadia Comăneci ganhou o ouro no individual geral aos 14 anos. Biles é exceção em meio a média atual da idade das ginastas. É a ginasta americana mais velha à ir às olimpíadas desde a década de 50. O último episódio foca na participação de Biles nas Olimpíadas de Paris e da rivalidade com Rebeca Andrade. A participação da brasileira era o que faltava à série (e o que nós brasileiros ansiávamos por ver). "Rebeca não é humana", Biles declara. Enfim uma adversária capaz de tirar o sono da americana. O episódio instiga o raro desejo de torcer contra a protagonista de uma história. O final desse embate é do conhecimento de quem acompanhou as Olimpíadas, como também o fato de que Rebeca deu muito trabalho à atleta americana. Tendemos a colocar os atletas em pedestais de perfeição e força a ponto de esquecermos de que são seres humanos sujeitos às mesmas dores de qualquer pessoa. "O Retorno de Simone Biles" mostra isso, ao retratar uma atleta que, apesar de ter sido alçada ao topo, desceu ao mais profundo da dor, encarando medo e sofrimento. A história de Simone Biles prova que através da resiliência é possível recomeçar e ressurgir mais forte.

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Autismo é tema central de nova série coreana da Netflix

Protagonista excêntrico, Q.I. altíssimo, habilidades especiais que o tornam diferenciado em sua profissão. De qual personagem e série estou falando? Características particulares que descreveriam muito bem Sheldon Cooper, da sitcom "The Big Bang Theory". Ou seria o Dr. Shaun Murphy, da série médica "The Good Doctor"? Eu também apostaria em Sam, de "Atypical". Com exceção de TBBT (ainda que não revele oficialmente a condição de Sheldon), as outras duas produções citadas têm em comum o protagonista estar no espectro autista. Baseada na mesma proposta, estreou recentemente na Netflix a coreana "Uma Advogada Extraordinária". O episódio piloto repete os conflitos iniciais enfrentados pelo protagonista de "The Good Doctor". Na história, Woo Young Woo (Park Eun Bin) é uma advogada de 27 anos com síndrome de Asperger. Seu talento e inteligência a qualificam a uma vaga de emprego em um grande escritório de advocacia. Da mesma forma que Shaun enfrentou desconfiança entre os médicos, Woo é desacreditada logo de início. A fotografia da série contribui com a narrativa, pincelando, em parceria com a equipe de efeitos especiais, as visões e pensamentos de Woo, como sua admiração por baleias. O que remete a Sam, de "Atypical", e seu fascínio por pinguins. A bela Park Eun Bin, atriz que encarna Woo, propõe à personagem um misto de meiguice e excentricidade. "Uma Advogada Extraordinária" terá novos episódios a cada semana. Já estão disponíveis os quatro primeiros desta temporada.

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Faz-Me Rir (Netflix)

Que rir é o melhor remédio, todos já sabem, ou ao menos conhecem o ditado. Por isso nada melhor que procurar alguma comédia para relaxar e esquecer, ainda que por breve período, dos problemas. Aos que preferem caminho oposto ao que está em alta nos streamings, sugiro a série francesa "Drole", no Brasil, Faz-Me Rir. A série acompanha quatro amigos comediantes na busca por espaço no cenário parisiense de stand-up. Nézir (Younès Boucif), um jovem de grande talento na escrita de roteiro e esquetes, Aïssatou (Mariama Gueye) bela comediante que fica famosa ao fazer piada de um momento íntimo de seu casamento, Apolline (Elsa Guedj), jovem de família rica que tem como sonho tornar-se comediante, ainda que contra a vontade da mãe e, por fim, Bling (Jean Siuen), comediante que, após curto momento de sucesso no passado, gerencia ao lado da irmã o clube de stand-up Drôle. Mas não só de piadas vive a produção. A relação entre Nézir e Apolline dão tom romântico à série, ainda que flertando com o clichê do romance entre o homem pobre e a mulher rica. "Faz-Me Rir" deixa a desejar quando propõe a discussão de temas sérios, porém não os aprofunda, como o racismo. Em uma das cenas, Aïssatou e a irmã são abordadas por dois policiais simplesmente por serem negras e estarem com sacolas de compras. Não são presas pois Aïssatou é reconhecida como comediante. O debate se esgota aí, não é desenvolvido na trama. Criada por Fanny Herrero, a mesma showrunner de "Dix Pour Cent" (também disponível na Netflix), "Faz-Me Rir" não está entre as dez mais vistas do catálogo da Netflix. Bom motivo para saber o porquê disso e ainda dar boas risadas, não acham?

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Space Force: série da Netflix satiriza novo braço militar dos EUA

A partir de um tuíte de Donald Trump, em 2018, que anunciava os planos para a criação de uma Força Espacial, surgiu a inspiração para a mais nova série da Netflix: Space Force. Criada pela dupla Steve Carell e Greg Daniels, do sucesso The Office, a nova aposta do serviço de streaming traz como protagonista o general Mark R. Naird (Carell), um piloto condecorado convocado a liderar uma nova divisão das Forças Armadas: a Space Force. Acompanha com muita liberdade criativa, claro, os primeiros anos da força espacial dos EUA lançada por Trump em 2019. O programa vem dividindo opiniões da crítica especializada, principalmente de alguns que esperavam mais alfinetadas no Trump. Por sinal, os dois primeiros episódios dão a impressão de que a série seguirá por esse caminho como quando satiriza as tomadas de decisões via Twitter do presidente ou quando mostra uma sequência hilária com militares e cientistas decidindo se enviam ou não um chimpanzé, que já está no espaço, para (acreditem!) consertar um satélite sabotado pelos chineses. A China, inclusive, é tratada como verdadeira pedra no sapato dos americanos na missão de retorno à Lua. Já a partir do terceiro episódio as coisas desandam para um misto de comédia romântica com algumas pitadas de drama. Space Force ganha em qualidade com a presença do ator John Malkovich e sua boa química com Steve Carell. Malkovich encarna o Dr. Adrian, braço direito de Naird e conselheiro nas tomadas de decisões. Outro nome conhecido é o da atriz Lisa Kudrow, a Phoebe de Friends. Lisa interpreta a esposa de Naird, Maggie, que aparece na cadeia já no primeiro episódio. Alguns núcleos secundários destoam do principal, como por exemplo, as cenas com a filha do general, Erin (Diana Silvers), que por vezes quebram o ritmo da narrativa. Ainda que os criadores tenham perdido a oportunidade de tornar a série um pouco mais ácida, considerando o pano de fundo promissor de lambanças do governo Trump, no fim, Space Force termina o primeiro ano de forma positiva. As muitas perguntas não respondidas e algumas pontas soltas prometem uma segunda temporada bem movimentada.  

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