Arquivos Sustentabilidade - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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Catharina Machado Ferreira

“Nossas iniciativas de sustentabilidade não começaram com essas três letrinhas – ESG. Está na nossa ancestralidade”

As ações de ESG do Grupo Cornélio Brennand são abordadas por sua diretora de Pessoas & Sustentabilidade, Catharina Machado. Ela explica as iniciativas inovadoras na área de governança, os avanços e metas no uso de energias renováveis, além dos projetos sociais que incentivam a educação e auxiliam organizações a obterem recursos financeiros. Respeito à cultura ancestral da empresa. Conexão com as tendências e o futuro dos negócios. Cuidado socioambiental. Esse tem sido o segredo da trajetória de sucesso do GCB (Grupo Cornélio Brennand) nestes 108 anos de atuação no mercado.  O que começou como uma fábrica de cerâmica, expandiu-se em três grandes operações: Vivix, fábrica de vidros planos; Atiaia Renováveis, uma das pioneiras na geração de energia limpa no Brasil, e Iron House, empresa especializada na concepção, planejamento e gestão imobiliária, a partir de projetos urbanísticos que valorizam o território, o meio ambiente e a convivência humana. Essa preocupação do GCB com o social e a preservação ambiental, segundo Catharina Machado Ferreira, diretora de Pessoas & Sustentabilidade do grupo, esteve presente desde os seus fundadores. Ao longo do tempo, foi tomando uma dimensão maior. O que pode ser constatado no Relatório de Sustentabilidade que o GCB acaba de divulgar. O documento revela também os cuidados e as inovações destinadas à governança, de modo a manter os valores, como empresa familiar, afinados com uma gestão profissional. Na entrevista a seguir, concedida a Cláudia Santos, a diretora de Pessoas & Sustentabilidade detalha as ações de ESG (relativas a meio ambiente, ao social e à governança) do Grupo Cornélio Brennand. No relatório de sustentabilidade, vocês prestam homenagem a Cornélio Coimbra de Almeida Brennand. Qual a importância do empresário para o grupo? Ele faleceu este ano. Por isso, a homenagem. Nossas iniciativas de sustentabilidade não começaram com essas três letrinhas que vieram para o mercado (ESG). É algo que está na nossa ancestralidade, desde sempre, e Cornélio Coimbra teve influência fundamental na construção do nosso legado. Tinha visão empreendedora, coragem, ética e foco no longo prazo. O legado deixado por ele está muito forte na nossa cultura e decisões empresariais. Reconhecemos essa força da ancestralidade, da cultura, do que ele acreditava, como guia para a construção do nosso futuro.  A família Brennand está na quinta geração, e a nova geração mantém viva a missão de seu Cornélio, que é gerar valor econômico e social nos territórios onde atuamos. Nossas decisões equilibram-se no crescimento econômico com responsabilidade socioambiental. Talvez seja esse legado nosso maior aprendizado: o cuidado com a comunidade do nosso entorno, o equilíbrio econômico, o desenvolvimento dos nossos fornecedores, a integridade na relação com os nossos colaboradores. Tudo isso está ancorado no papel social da nossa governança. Nesse quesito governança, o grupo conta com um programa de formação de acionista. Como ele funciona? Chama-se Proa (Programa de Desenvolvimento dos Acionistas) e visa desenvolver os talentos de cada um dos familiares da melhor forma. Esse processo trabalha fortemente o dom de cada um porque alguns integrantes da família têm mais afinidade e conseguem contribuir melhor, por exemplo, com ações relacionadas ao legado familiar. Já outros podem contribuir mais para os negócios.  O programa existe para manter a família próxima do GBC, do entendimento do que é o grupo e do seu desenvolvimento. A ideia é obter o melhor de cada um e não encaixar todos no mesmo padrão. Em 2024, como consta no relatório, foi lançado o Proinha, que é esse mesmo programa mas voltado para os membros da família de até 15 anos.  O grupo também possui Comitês de Legado e de Formação e ainda conta com a Academia Governança. A senhora poderia explicar cada uma dessas iniciativas? A Academia de Governança é como se fosse a trilha de desenvolvimento, são os programas formais para desenvolver os membros da família e os executivos sêniores da organização, isto é, os presidentes e os diretores. São abordados diversos assuntos, como compliance, o impacto da inteligência artificial dos negócios etc. O Comitê de Formação é direcionado aos membros da família que estruturam as raias de desenvolvimento que o Proa vai oferecer, ou seja, quais os temas que os familiares terão que conhecer. No Comitê de Formação entram os processos dos critérios seletivos. Isto porque, para cada um dos fóruns de governança, há uma seleção, quase como um programa seletivo que uma pessoa participa quando vai trabalhar em alguma empresa, na qual ela tem que cumprir determinados requisitos. O Comitê de Legado funciona para não deixar a história da empresa morrer. É muito importante o grupo contar com membros da família de diversas gerações, inclusive dos mais novos, com esse papel, para que a empresa não se distancie da sua história e dos valores dos nossos fundadores. Temos que honrar nossa história, sem perder nossos valores, nossas raízes, mas olhando para o desenvolvimento, para o futuro, para o mercado, para as tendências. E é importante ressaltar que se cada novo membro da família quiser gerir o grupo do seu jeito, acaba fragilizando a organização por não ter governança, nem esse arcabouço de diretrizes, de acompanhamentos que fazem uma empresa que tem mais de 100 anos estar no mercado.  Inclusive, hoje na nossa estrutura organizacional, todas as posições de gestão, ou seja, diretoria e presidência, são ocupadas por executivos de mercado. Os membros da família integram as posições dos fóruns de governança que atualmente são ocupados por membros da terceira e da quarta geração.  Estamos num contexto de preocupação com a preservação ambiental. Como o grupo atua nesse sentido? A questão ambiental está consolidada na nossa cultura de sustentabilidade e, a cada relatório, isso vai amadurecendo. Ano passado, de forma transversal para todo o grupo, tivemos um plano de estratégia climática e o aperfeiçoamento dos inventários de emissão de gases de efeito estufa. Então, 100% das operações do grupo realizam esse inventário.  Na Vivix, em 2024, fizemos uma revisão do planejamento estratégico, incluindo um pilar climático que busca soluções de combustível mais limpo para nosso processo produtivo. Também aumentamos nossa circularidade, aproveitando mais os cacos de vidro

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SebraePernambuco ConexaoESG

Sebrae promove Conexão ESG para impulsionar práticas sustentáveis em Pernambuco

Evento gratuito nos dias 13 e 14 de agosto reunirá empresas, governo e sociedade para debater negócios de impacto e soluções ambientais, sociais e de governança O Sebrae/PE realiza, nos dias 13 e 14 de agosto, a primeira edição do Conexão ESG – Impacto que constrói futuros, um encontro gratuito voltado a fortalecer o ecossistema de impacto positivo em Pernambuco. A programação será sediada na instituição, no Recife, e busca mobilizar empresas, governo e sociedade civil na adoção de práticas ambientais, sociais e de governança (ESG), gerando valor para micro e pequenos negócios. As inscrições já estão abertas no site do Sebrae. A abertura contará com a executiva e escritora Jandacira Araújo, reconhecida por sua atuação em prol da diversidade e da presença de mulheres negras e indígenas em espaços de liderança. Na palestra magna, a professora da PUC-RS e especialista em neurociência e comportamento humano, Danni Suzuki, discutirá como a integração entre inteligência emocional, narrativa estratégica e humanização pode impulsionar a inovação organizacional. Ao longo dos dois dias, o público participará de palestras, painéis, oficinas, rodas de conversa e exposições de soluções inovadoras, além de ter acesso a casos de sucesso, oportunidades de networking e articulação de negócios sustentáveis. Entre os temas abordados estarão economia circular, transição energética, diversidade, capital humano, cidades inteligentes, territórios regenerativos, encadeamento produtivo e financiamento verde. “A grande proposta do evento é inspirar e mobilizar negócios de impacto positivo com foco em micro e pequenas empresas, incentivando a adoção de práticas ESG como caminho para gerar valor, competitividade e novas oportunidades”, afirma o superintendente do Sebrae/PE, Murilo Guerra. O Conexão ESG será carbono zero, reforçando o compromisso da instituição com a sustentabilidade. Segundo o especialista em Sustentabilidade do Sebrae/PE, Ricardo Arruda, a proposta é ampliar o diálogo e transformar desafios socioambientais em oportunidades para os pequenos negócios e para a economia local. A expectativa é reunir cerca de 250 participantes, entre empresas âncoras, startups, organizações da sociedade civil, gestores públicos, lideranças e empreendedores. ServiçoConexão ESG – Impacto que constrói futuros📅 13 e 14 de agosto de 2025, das 8h às 17h📍 Sede do Sebrae Pernambuco – Rua Tabaiares, 360, Ilha do Retiro, Recife🔗 Inscrições gratuitas: pe.loja.sebrae.com.br/conexao-esg

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floresta amazonica vista de cima

Brasil enfrenta desafio para ampliar financiamento climático às florestas na COP30

Estudo da CPI/PUC-Rio revela que apenas 2% dos recursos internacionais destinados ao país foram aplicados em ecossistemas florestais, apesar do aumento geral no financiamento climático O financiamento climático está no centro das negociações da COP30, marcada para novembro em Belém, onde países em desenvolvimento, como o Brasil, buscam captar US$ 1,3 trilhão anuais das nações mais ricas para ações ambientais. Um estudo recente do Climate Policy Initiative, vinculado à PUC-Rio, revela que apenas 2% dos recursos internacionais recebidos pelo Brasil foram direcionados às florestas, apontando para um desafio significativo na preservação desses ecossistemas vitais. Joana Chiavari, advogada especialista em Direito Ambiental e diretora do CPI/PUC-Rio, destaca a importância estratégica das florestas tropicais para o combate às mudanças climáticas: “Elas desempenham um duplo papel: como fontes de emissão de CO2 (quando desmatadas ou degradadas) e como sumidouras de carbono (quando conservadas), podendo, ainda, capturar CO2 da atmosfera através da restauração florestal. Desta forma, as florestas têm capacidade de mitigar ou agravar a crise climática, dependendo da sua gestão”. O estudo também indica que o setor que engloba florestas, agricultura e pesca enfrenta mais resistência para atrair capital privado devido à complexidade do retorno sobre investimento, apesar de o financiamento para esse segmento ter crescido 286% globalmente entre 2018 e 2023. No Brasil, entre 2021 e 2022, o país recebeu R$ 26,6 bilhões por ano em financiamento climático internacional, um crescimento de 84% em relação ao período anterior, com destaque para investimentos em energia renovável, que representam 53% do total. Embora os recursos direcionados para florestas sejam insuficientes, o governo brasileiro tem adotado iniciativas para atrair capital estrangeiro, como a Plataforma de Investimentos Climáticos e Transformação Ecológica (BIP), o Eco Invest Brasil e a emissão de títulos soberanos sustentáveis. “Compreender o status atual de financiamento é crucial para medir o impacto dessas iniciativas e ampliar sua efetividade”, finaliza Chiavari.

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Cecilia Costa UFPE

“A APA Aldeia-Beberibe é um tesouro ameaçado. Precisamos de coerência e coragem para defendê-la”

Cecília Costa, pesquisadora da UFPE, destaca a importância da Área de Proteção Ambiental, situada na  Região Metropolitana do Recife, e os riscos de projetos como o Arco Viário e a Escola de Sargentos. Ela ressalta a necessidade urgente de políticas públicas que valorizem os serviços ambientais para proteger esse patrimônio natural. Cecília Costa, doutora em ecologia e pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco, acumula mais de uma década de estudos na APA (Área de Proteção Ambiental) Aldeia-Beberibe, situada na Região Metropolitana do Recife. Com trabalhos que vão desde o levantamento de biodiversidade até a percepção ambiental das comunidades locais, ela é uma das vozes acadêmicas na defesa desse território que está sob alvo de muitas tensões. Nesta entrevista, Cecília detalha a riqueza biológica da região, os riscos impostos por projetos como o Arco Viário e a Escola de Sargentos, e a urgência de implantar políticas públicas que reconheçam e remunerem os serviços ambientais prestados pela floresta. Ao longo da conversa, a professora compartilha percepções valiosas sobre a defaunação (perda de animais) histórica no Nordeste, a presença de espécies ameaçadas como a jaguatirica, o papel estratégico da vegetação na recarga dos aquíferos e o potencial da APA para se tornar referência em desenvolvimento sustentável. Ela alerta: “Precisamos sair da politicagem e ter coerência. O desenvolvimento precisa ser compatível com os objetivos da APA”. A APA Aldeia-Beberibe pode resistir à pressão da especulação imobiliária já existente e dos grandes empreendimentos anunciados, como o Arco Metropolitano e a Escola de Sargentos do Exército? Já existem várias questões que precisam ser resolvidas, e é muito importante não ampliar ainda mais o problema. Esses empreendimentos promovem mais desmatamento e fragmentação da Mata Atlântica nesse território, trazendo ainda mais gente para o local, o que pode comprometer definitivamente os objetivos da APA. Além da fragmentação e do desmatamento, e do Arco Viário Metropolitano é a maior ameaça à integridade da APA pois causa atropelamentos da fauna, poluição sonora e atmosférica. Essa será uma rodovia que receberá intenso tráfego de caminhões para conectar o Porto de Suape com as empresas que estão mais ao norte da região metropolitana. Além da poluição atmosférica, existem as cargas perigosas que representam um risco para a contaminação das águas superficiais e do lençol freático da região, usados para abastecimento da população.  Os projetos do Arco e da Escola de Sargentos têm uma série de impactos negativos para a conservação da biodiversidade e dos serviços ambientais da região, mas o principal problema é o adensamento populacional. Infelizmente, o governo nunca conseguiu resolver as consequências disso. Não há fiscalização que dê conta de impedir a constante invasão de áreas para moradias, além do aumento dos empreendimentos imobiliários que ampliam o uso dos recursos naturais, além da produção de lixo, esgoto e impermeabilização do solo.  Existe algum território em Pernambuco em que o poder público conseguiu dar conta da especulação imobiliária? Não tem. O maior exemplo que a gente tem talvez seja a praia mais linda do Brasil, que é Porto de Galinhas. Ela está altamente adensada, com esgoto sem tratamento e já em processo de verticalização, que também já começou a acontecer em Aldeia.  Então, a gente tem que evitar projetos que promovam mais adensamento populacional no território, porque assim a gente consegue manter os serviços ambientais desse território que são tão importantes para a qualidade de vida na Região Metropolitana do Recife.  De quais serviços ambientais a senhora está tratando? Uma coisa importantíssima acerca da Mata Atlântica em avançado processo de regeneração, como é o caso da APA, é que ela remove e armazena o gás carbônico da atmosfera. Esse é o principal causador do aquecimento global, das mudanças climáticas que estamos vendo. Toda vez que a mata aumenta sua biomassa, ou seja, está se tornando mais densa, significa que ela está estocando carbono. E toda vez que ela está se tornando mais rala ou sendo removida, significa que ela está liberando gás carbônico para a atmosfera.  O trecho de floresta no território do Exército aumentou bastante em biomassa nos últimos 40 anos e, desde a criação da APA em 2010, outros trechos também estão se recuperando. Então esse é o cenário ideal para a remoção de carbono da atmosfera, de modo que uma alternativa rentável e sustentável para a região é o pagamento aos moradores por serviços ambientais e a venda de créditos de carbono.  Há também duas áreas de abastecimento público de água dentro da APA Aldeia-Beberibe. Uma delas é a barragem de Botafogo e a outra é o Açude do Prata, que fica dentro do Parque Estadual de Dois Irmãos. Esta última, é uma água de excelente qualidade, por estar dentro de uma unidade de conservação de proteção integral, sendo um ótimo exemplo para compreender como a natureza contribui para produzir água de qualidade, além de reduzir os custos com o tratamentoda da água. Assegura a boa saúde da população que usa dessa água.  As florestas da APA Aldeia-Beberibe também provêm vários outros serviços ambientais que quase ninguém dá valor, pois não se paga por eles e nem se pensa sobre eles. Se eu perguntar quanto você pagou de taxa de polinização este mês, você vai falar: “Não paguei nada”. Apesar disso, você se alimentou de mamão, laranja, milho, café e muitos outros frutos ou grãos, o que significa que os insetos fizeram o serviço de polinização.  Quanto você pagou de taxa de ar puro? Quanto você pagou de taxa de produção de solo fértil? Quanto você pagou de taxa de chuva?  Você certamente vai me responder: “Também não paguei por nada disso”. Mas então quem está fazendo esse serviço? São milhares de espécies que trabalham dia e noite gratuitamente para manter todos esses serviços e assim assegurar nossa qualidade de vida. Mas se não dermos as condições necessárias para que os ecossistemas continuem trabalhando, eles irão colapsar e nossa qualidade de vida também. Já existem lugares onde os polinizadores estão desaparecendo e os agricultores têm que alugar colmeias ou pagar para as pessoas levarem os pólens de

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bicicleta onibus

Bicicletas reduzem demanda por ônibus e impactam o transporte urbano

Estudo mostra que cada nova bicicleta pode substituir até 52 passagens mensais no sistema coletivo e revela efeitos econômicos e ambientais O uso crescente de bicicletas tem transformado a mobilidade urbana e reduzido a demanda pelo transporte coletivo, segundo estudo conduzido por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). A pesquisa apontou que cada nova bicicleta em circulação resulta na retirada de até 52 passagens mensais do sistema de ônibus. O fenômeno está associado principalmente a reajustes na tarifa do transporte público e ao aumento do preço dos combustíveis, dois fatores que estimulam a migração para meios alternativos de locomoção. A infraestrutura cicloviária também exerce forte influência nesse comportamento. A cada R$ 0,10 de aumento na passagem, surgem 1.068 bicicletas a mais. Quando o combustível sobe esse mesmo valor, outras 1.520 bicicletas entram em circulação. Já a construção de cada novo quilômetro de ciclovia corresponde ao acréscimo de 333 bicicletas. Os dados foram obtidos a partir da análise de um intervalo de dez anos, entre 2010 e 2019, com base em informações oficiais sobre transporte público e aquisição de novos modais. “A sustentabilidade é uma prioridade máxima para as administrações municipais, especialmente nos grandes centros urbanos, onde parcela significativa dos habitantes depende do transporte público. Devemos nos lembrar, no entanto, que os sistemas municipais de transporte enfrentam diversos desafios, incluindo disponibilidade, desempenho, segurança, conforto e valor da tarifa. Do outro lado, as bicicletas, apoiadas por incentivos públicos em razão de seu apelo ambiental, competem com o transporte público”, afirma Luis André Fumagalli, pós-doutor em Gestão Urbana pela PUCPR. A troca do ônibus pela bicicleta, segundo os pesquisadores, tende a ser definitiva. Usuários que fazem essa transição dificilmente retornam ao transporte coletivo, exceto em condições climáticas extremas. A comparação com outros veículos também é significativa: um novo carro equivale à perda de 25 passagens mensais, enquanto cada motocicleta corresponde a 201 passagens a menos. O cenário aponta para uma mudança estrutural no padrão de mobilidade, com impactos diretos na receita dos sistemas públicos de transporte. Fumagalli destaca que os dados levantados devem orientar o planejamento urbano. “As bicicletas estão absorvendo consideravelmente os passageiros do transporte público e, conscientemente ou não, a administração da cidade vem contribuindo para essa tendência por meio de investimentos em ciclovias dedicadas, serviços de compartilhamento de bicicletas elétricas e bicicletários no centro da cidade”, comenta. A pesquisa foi publicada na revista científica Journal of Infrastructure, Policy and Development. ServiçoA pesquisa completa está disponível em: https://systems.enpress-publisher.com/index.php/jipd/article/view/5452

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programa reciclagem Foto Hesiodo Goes

Pernambuco investe R$ 30 milhões para fortalecer reciclagem e coleta seletiva nos municípios

Projeto Recicla+Pernambuco vai capacitar gestores e implantar unidades de triagem em cidades do interior e Fernando de Noronha. Foto: Hesíodo Góes O Governo de Pernambuco deu início a uma das maiores iniciativas de sustentabilidade do estado com o lançamento do projeto Recicla+Pernambuco, em parceria com o Instituto Recicleiros. Com investimento de quase R$ 30 milhões, a proposta tem como objetivo qualificar a gestão de resíduos sólidos e expandir a coleta seletiva para os 184 municípios pernambucanos e Fernando de Noronha. A iniciativa prevê desde a capacitação de gestores públicos até a implantação de unidades de triagem e apoio direto a cooperativas de catadores. “O Recicla+Pernambuco, junto ao Instituto Recicleiros, é a iniciativa pioneira para que a gente possa trabalhar mais reciclagem, garantir economia circular e permitir que o nosso Estado possa crescer de maneira justa e sustentável”, declarou a governadora Raquel Lyra durante o evento de lançamento no Palácio do Campo das Princesas, no Recife. A capacitação gratuita será oferecida por meio da plataforma Academia Recicleiros do Gestor Público, com oficinas presenciais em quatro regiões. Além disso, quatro municípios ou consórcios serão selecionados para receber assessoria técnica, equipamentos, infraestrutura e apoio à criação de cooperativas. A expectativa é garantir renda e direitos para até 200 catadores e suas famílias, fortalecendo a inclusão produtiva no setor. Atualmente, apenas 15 cidades pernambucanas possuem serviço de coleta seletiva estruturado, segundo dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa). Com o Recicla+Pernambuco, a meta é transformar esse cenário e tornar o estado referência nacional em políticas de reciclagem. “O catador que estava esquecido, agora se levanta, mostrando a sua capacidade”, celebrou Luiz Mauro Paulinho, presidente da Coocencipe. Serviço:Municípios e consórcios interessados em participar da seleção para o projeto devem se cadastrar em:👉 conteudos.recicleiros.org.br/reciclapernambuco

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Associacao das Marisqueiras foto Divulgacao

Turismo sustentável de Sirinhaém conquista destaque internacional

Com projeto liderado por marisqueiras, município é finalista do 5º Prêmio de Turismo Responsável e reforça modelo de economia inclusiva Sirinhaém, no litoral sul de Pernambuco, volta a chamar atenção no cenário internacional de turismo sustentável. Após conquistar o 3º lugar no Green Destinations Stories Awards, na Alemanha, o município agora é finalista do 5º Prêmio de Turismo Responsável, promovido pela WTM Latin America 2025. A iniciativa indicada é o projeto da Associação Marisqueira de Aver ô Mar, que disputa na categoria “Melhores iniciativas para promover a diversidade, equidade e inclusão no turismo”. A ação é um exemplo de Turismo de Base Comunitária (TBC) que alia preservação ambiental, valorização da cultura local e geração de renda. As marisqueiras da comunidade pesqueira de Aver ô Mar, muitas delas descendentes de quilombolas, estruturaram uma rota turística com experiências autênticas: trilhas pelos mangues e refeições com frutos do mar extraídos de forma sustentável. A iniciativa ganhou força com o apoio do Hotel Sesc Sirinhaém e de instituições como Senac, Sesc, Sebrae e Instituto Negralinda, que ofereceram capacitação às mulheres. “Ver esse trabalho sendo reconhecido internacionalmente mostra que investir no desenvolvimento sustentável e na capacitação da população é o caminho certo”, afirmou Bernardo Peixoto, presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac PE, um dos apoiadores da ação por meio do programa DEL Turismo. Para a secretária de Meio Ambiente e Turismo do município, Bruna Marinho, “chegar à final de um prêmio internacional demonstra que Sirinhaém está alinhada com as melhores práticas globais de turismo responsável”. Já Viviane Maria do Nascimento, presidente da associação, comemora: “É muito gratificante saber o quanto nosso trabalho tem sido reconhecido, pois era um sonho distante que hoje está sendo realizado”. O case integra as ações do Programa de Desenvolvimento Econômico Local (DEL Turismo), que chegou a Pernambuco em 2023 com o objetivo de fortalecer o setor por meio do planejamento participativo e da atuação de lideranças locais. Além de Sirinhaém, fazem parte da iniciativa os destinos de Tamandaré e Fernando de Noronha, também conhecidos por suas vocações turísticas sustentáveis. Serviço:Final do 5º Prêmio de Turismo ResponsávelData: 15 de abril de 2025Local: WTM Latin America – São Paulo

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Hebert Tejo

“Temos duas novas propostas para a Escola de Sargentos do Exército com impacto ambiental muito menor”

Os danos ambientais provocados pela construção da Escola de Sargentos na APA Aldeia Beberibe são ressaltados pelo presidente do Fórum Socioambiental de Aldeia, Herbert Tejo. Ele diz que a obra afetará o abastecimento hídrico e espécies de flora e fauna, muitas delas que só existem na região. Mas afirma ter alternativas sustentáveis para projeto. O Fórum Socioambiental de Aldeia, presidido por Herbert Tejo, tem sido uma das principais vozes da sociedade civil na defesa ambiental da região. Após o debate acerca do Arco Metropolitano, o novo ponto de preocupação é a instalação da ESA (Escola de Sargentos de Armas do Exército). Com quase 23 anos, a organização tem como foco o equilíbrio ecológico. A principal preocupação dos seus integrantes não está na criação da Escola, mas na escolha da localização, que impacta diretamente o maior fragmento de Mata Atlântica ao norte do Rio São Francisco.   Herbert Tejo, que é mestre em gestão ambiental, e os demais membros do Fórum têm participado ativamente de debates e negociações com o Exército, o Governo do Estado e demais entidades envolvidas. O debate público conseguiu avanços significativos, como a retirada das vilas militares da área de proteção e a redução do espaço ocupado pelo empreendimento. No entanto, ainda há pontos de desacordo, principalmente no que diz respeito ao cumprimento do Código Florestal e da Lei Estadual 9860/86. Agora, uma nova proposta surge no horizonte, prometendo minimizar os impactos ecológicos do projeto e reacendendo o debate sobre a viabilidade de alternativas de locais para instalar a ESA. O Fórum Socioambiental de Aldeia tem sido uma voz muito presente da sociedade nos debates sobre o Arco Metropolitano e acerca da Escola de Sargentos de Aldeia. Como funciona essa organização? O Fórum Socioambiental de Aldeia é uma organização comunitária, sem fins lucrativos, apartidária e em 2025 está completando 23 anos. A entidade tem como missão a defesa do território da APA Aldeia-Beberibe, o combate em todas as esferas, pública e privada, às agressões ambientais e ao descumprimento do que estabelece a legislação ambiental vigente no País. A instalação da Escola de Sargentos na APA é a principal preocupação dos moradores de Aldeia atualmente? As ameaças ao território de Aldeia são muitas e de toda ordem: da iniciativa privada, com a especulação imobiliária desenfreada que resulta em adensamento populacional incompatível para uma Unidade de Conservação, e do poder público, pelas ações e omissões dos gestores públicos. No campo das ações, todos os projetos lançados nos últimos 15 anos operam na direção de degradar o meio ambiente nesta região. No campo das omissões, falham em cumprir suas obrigações de zelar e fazer valer o arcabouço legal protetivo desse território.  Até então, a maior das lutas vinha sendo contra o traçado norte do Arco Metropolitano, defendida por todos os governos desde 2012. O traçado que corta a APA Aldeia-Beberibe ao meio, inviabilizando o território como Área de Proteção Ambiental. Criamos a campanha Arco Viário, Arrudeia!, ou seja, “arrudeia” a APA. Nós nos dedicamos a estudar alternativas que o viabilizassem, para garantir a obra que reconhecemos como uma das mais importantes para o desenvolvimento do Estado.  Mas aí, no meio da luta contra o traçado do Arco, surge uma ameaça ainda maior: a localização do Complexo Militar da ESA, patrocinada por uma aliança poderosa, uma vez que se soma ao Exército Brasileiro, o Governo do Estado e o Governo Federal. Todos juntos em defesa do desmatamento evitável. Respondendo objetivamente sua pergunta: sim, a ESA hoje é nossa maior preocupação, não o projeto em si, mas sua localização irracional. Com um agravante, a ESA, onde se projeta atualmente, atrai o Arco que o governo quer. Essa convergência de duas obras é desastrosa ambientalmente para a região. Determinará o fim de uma Área de Proteção Ambiental. Haveremos de chamar de Área de Destruição Ambiental – ADA! “A ESA, onde se projeta atualmente, atrai o Arco que o governo quer. Essa convergência de duas obras é desastrosa ambientalmente. Determinaremos o fim de uma Área de Proteção Ambiental. Haveremos de chamar de Área de Destruição Ambiental – ADA!” Como têm sido as tratativas com o poder público? Quando o tema é a defesa do meio ambiente, as tratativas com o poder público são sempre difíceis. O discurso político ambiental é esquizofrênico. O discurso e a prática de quem exerce o poder costumam estar totalmente dissociados. O Exército alardeia que seu projeto da ESA, com o desmatamento que propõe e os impactos ambientais irreversíveis, é um exemplo de sustentabilidade para o mundo. O Governo do Estado, por sua vez, se afirma defensor do meio ambiente e é omisso na defesa do território. Em nenhum momento se manifestou na defesa das alternativas locacionais apontadas pelo Fórum, nem para ser contra. O Governo Federal, que brada ao mundo combater o desmatamento e preservar as florestas tropicais, vem ao Estado para criticar os ambientalistas e enaltecer o projeto desmatador. Mas reconhecemos a importância da iniciativa da governadora Raquel Lyra quando criou um grupo de trabalho por meio de decreto, o GT-ESA. Ou seja, criou uma mesa formal de diálogo composta por representantes do poder público, do Exército, o Fórum Socioambiental de Aldeia, um representante da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) e um da Alepe (Assembleia legislativa de Pernambuco). Foi importante porque até então não existia diálogo com o Exército. Nesse GT, tivemos a oportunidade de demonstrar as irregularidades legais, a desatenção com o arcabouço legal protetivo e dedicado ao território afetado, especialmente por se situar dentro de um local reconhecido pelo Estado como Área de Proteção de Mananciais e como Patrimônio Biológico de Pernambuco. Como resultado, o Exército promoveu três revisões do projeto original. Houve avanços. O desmatamento original defendido era de 188 hectares, depois foi revisado para 146 hectares, com o incremento de verticalização dos equipamentos. No final de 2023, o Exército retirou as duas vilas militares de dentro da Mata. Mas continua um desmatamento gigantesco de quase 100 hectares. Qual a principal preocupação do Fórum Socioambiental com esse projeto? Qualquer desmatamento em um bioma em extinção

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Washington S. Ferreira Junior

Docente da UPE assume liderança da Resiclima para fortalecer pesquisa sobre mudanças climáticas

Washington S. Ferreira Júnior coordena rede global de cientistas dedicada ao impacto climático na sociedade e biodiversidade A partir de 1º de abril, o professor doutor Washington Soares Ferreira Júnior, da Universidade de Pernambuco (UPE), assume a Coordenação Geral da Rede Resiclima, um grupo interdisciplinar que reúne pesquisadores de mais de 20 instituições no Brasil e no exterior. A rede investiga a relação entre as mudanças climáticas e seus impactos socioambientais, contribuindo para a produção científica e a disseminação de informações sobre o tema. Ferreira Júnior sucede o professor Ulysses Paulino Albuquerque (UFPE), que agora lidera a Coordenação de Produção Científica da Resiclima. Com atuação em diversas frentes de pesquisa, a Resiclima busca compreender como as mudanças climáticas afetam tanto os ecossistemas quanto as populações humanas. Os estudos envolvem temas como percepção pública das mudanças climáticas, impactos na biodiversidade, saúde e nutrição, além da comunicação eficaz sobre os riscos ambientais. Segundo Ferreira Júnior, a rede trabalha de forma interdisciplinar, unindo especialistas de áreas como psicologia, ecologia e etnobiologia, com o objetivo de fornecer dados que possam embasar políticas públicas e estratégias de adaptação e mitigação. Em agosto de 2024, a Resiclima realizou no Recife sua I Reunião de Perspectivas Multidisciplinares sobre as Mudanças Climáticas. O evento resultou na divulgação de uma carta aberta à sociedade, reforçando a necessidade de ações coordenadas diante da crise climática. A capital pernambucana foi escolhida como sede do encontro por estar entre as cidades mais vulneráveis do mundo às mudanças climáticas. Sobre Washington Soares Ferreira JúniorDoutor em Botânica pela UFRPE e mestre em Biologia Vegetal pela UFPE, Ferreira Júnior é professor associado da UPE e docente permanente nos programas de pós-graduação em Etnobiologia e Conservação da Natureza e em Ciência e Tecnologia Ambiental. Suas pesquisas exploram as interações entre grupos humanos e o meio ambiente, com foco especial no uso de plantas medicinais e na evolução de sistemas médicos tradicionais.

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industria alimentos

Nova Indústria Brasil recebe R$ 9,5 bilhões do BNB para projetos sustentáveis

Iniciativa impulsiona bioeconomia, descarbonização e transição energética no Nordeste A política Nova Indústria Brasil (NIB), lançada em janeiro de 2024, recebeu R$ 9,5 bilhões em crédito do Banco do Nordeste (BNB) em seu primeiro ano de vigência. Os recursos foram direcionados para cadeias produtivas sustentáveis, infraestrutura social e descarbonização. Em Pernambuco, os investimentos ultrapassaram R$ 558 milhões, com destaque para projetos de bioeconomia e segurança energética. Dentre os valores contratados, cerca de R$ 4,3 bilhões foram destinados a iniciativas de bioeconomia, descarbonização e transição energética, enquanto R$ 3,9 bilhões contemplaram infraestrutura, saneamento e mobilidade sustentáveis. O restante foi investido no fortalecimento de cadeias agroindustriais voltadas à segurança alimentar. “Sabemos que é importante tornar nossa indústria mais competitiva, e isso passa por inovação e sustentabilidade. O reflexo será a geração de emprego e renda, reduzindo desigualdades”, destacou Paulo Câmara, presidente do BNB. A NIB estabelece metas até 2033 em setores estratégicos, incluindo moradia, mobilidade, agroindústria, saúde, transformação digital e defesa. Além do financiamento, a política busca impulsionar a indústria nacional por meio de compras públicas e incentivos à economia de baixo carbono.

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