Crítica| O Farol
Após a divulgação oficial dos indicados ao Oscar, é comum surgirem aquelas listas de “esnobados” pela academia. E se fosse para falar de injustiçados, sem dúvida, O Farol seria um deles. O filme até recebeu uma indicação na categoria melhor fotografia. Só. No entanto, merecia bem mais que isso. Segundo longa do diretor americano Robert Eggers, que antes recebeu muitos elogios da crítica pelo trabalho com o terror, A Bruxa. A história acompanha o zelador Ephraim Winslow (Robert Pattinson) em sua jornada de auxiliar do faroleiro Thomas Wake (Willem Dafoe) nas tarefas com um farol localizado em uma ilha da Inglaterra. O isolamento mexerá com a dupla que entrará numa espiral de alucinações e violência. A fotografia homenageia os filmes do movimento expressionista alemão. É marcada pelo contraste entre o preto e branco em um competente jogo de luz e sombra que potencializa uma atmosfera de sonhos. A direção de fotografia é de Jarin Blaschke, que também trabalhou com Eggers em A Bruxa. O Farol foi rodado em 35mm e com proporção de tela de 1.19:1, diferente do padrão 1.33:1. Quanto ao elenco, destaque para a dupla Robert e Dafoe. Robert Pattinson já provou que tem talento e, a cada novo filme, vem enterrado a ligação com a franquia adolescente Crepúsculo. A prova disso é sua boa atuação em longas como Bom Comportamento e The Rover – A Caçada. O Farol é um dos seus melhores trabalhos, com uma caracterização e interpretação anos-luz de distância do Edward da saga vampiresca. Mas quem realmente impressiona é Willem Dafoe, que brinda o espectador com uma atuação soberba. Nos monólogos do faroleiro Thomas Wake, marcados por grande ira e poesia, Dafoe parece estar possuído por alguma força sobrenatural. O Farol merecia, sim, indicações nas categorias principais. Melhor ator coadjuvante para Willem Dafoe, melhor direção para Robert Eggers e também (por que não?) melhor filme. Em Recife, ainda é possível assistir ao filme no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco. Confira aqui os horários.