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Um pernambucano na terra de Michelangelo

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O artista plástico pernambucano Gabriel Petribú, aos poucos, vem conquistando reconhecimento na Itália com as suas criações. Recentemente participou da Bienal de Florença e conquistou o segundo lugar no prêmio Lorenzo II Magnífico, com a obra Spread the Word. Ele foi ganhador na categoria técnica mista de pintura, que reconhece os trabalhos de artistas proeminentes do mundo da arte e da cultura.

Ao todo foram 400 artistas de 60 países participando da bienal. “Foi uma grande vitrine para mostrar o meu trabalho”, comemora o pernambucano, em entrevista concedida via WhatsApp na cidade italiana.

Gabriel coleciona no currículo 20 exposições coletivas, três individuais, incluindo Recife, Roma e Florença. Trata-se de uma trajetória de sucesso percorrida pelo jovem artista, natural do Recife, morador do Poço da Panela, que passou boa parte da infância e adolescência indo quase que semanalmente ao interior, na Zona da Mata Norte. De família influente pernambucana, foi inspirado pelo pai, Miguel Petribú, desenhista de mão cheia e, aos poucos, começou a ter contato com a arte. “Desde muito novo meu pai desenhava e pintava, logo me interessei pela pintura por causa dele”, lembra o artista.

Acompanhando-o nas visitas ao ateliê da pintora cearense Badida Campos, Gabriel começou a perceber o poder da arte como forma de expressão. “Era uma linguagem com a qual eu conseguia me retratar melhor. Foi um momento crucial na tomada de decisão de me dedicar à carreira artística”, afirma.

Em 2005, realizou uma viagem a Florença, na Itália, que possibilitou aperfeiçoar o que aprendeu no Recife. Embora seu trabalho na época fosse caracterizado como figurativo – pois tratava da cultura pernambucana, como o folclore, dança e Carnaval – Gabriel não havia tido uma formação em desenho. Por isso decidiu buscar a região da Toscana para desenvolver a habilidade. “A arte italiana, sobretudo dessa localidade, tem uma tradição muito forte nesses traços”, justifica.

O primeiro contato com Florença o incentivou a mudar-se definitivamente para a cidade italiana. E o motivo não foi apenas a arte florentina. “Moro aqui por causa da qualidade de vida, gosto de andar sem depender de transporte. Não é por filosofia ou ideologia, mas acho que a liberdade de caminhar com suas próprias pernas liberta”, esclarece.

ESTILO
Gabriel começou a carreira como primitivista, mas hoje suas obras são consideradas minimalistas, com um toque de expressionismo abstrato e concretista. Entre suas principais influências, estão o artista plástico Francisco Brennand, o pintor vanguardista Lula Cardoso Ayres e a escultora e pintora Lygia Clark. “Apesar de não realizar trabalhos semelhantes, a síntese e simplicidade da obra dela me inspira, e me levou em algumas criações a ter um aspecto mais minimalista”, pontua. Entre as influencias internacionais, destaca nomes como Umberto Bianchini e Lucian Freud.

O período em que morava em Pernambuco também está impresso nas suas obras, seja na constante presença da luz e de cores como o verde e o vermelho intensos. Gabriel costuma contar um episódio, quando estava na Academia Belas Artes, em que o professor o questionou sobre o uso dos tons fortes e saturados na composição de um determinado quadro. “Minha resposta foi simples: sou fruto de onde fui criado, carrego isso com muita satisfação, minha identidade cromática foi iniciada em Pernambuco”, justifica. Embora esteja morando em Florença, Petribú geralmente vem ao Brasil, onde permanece cerca de quatro meses ao ano. É nesse momento, segundo ele, que essa formação se renova.

Embora a pintura esteja presente em boa parte das suas obras, Petribú pretende trabalhar futuramente com a interseção entre cerâmica, ferro e vidro. “Venho pesquisando alguns laboratórios onde eu possa fazer um trabalho de experimentação dos materiais para depois partir para a criação”, detalha.

*Por Paulo Ricardo Mendes - algomais@algomais.com

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