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Urbanismo

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Infraestrutura atual não atrai novos ciclistas, alerta Ameciclo

Apesar do aumento na quilometragem das ciclovias, infraestrutura segue precária, com baixo padrão de segregação e integração quase inexistente com outros modais. Mesmo com o crescimento no número de quilômetros de ciclovias na Região Metropolitana do Recife (RMR), a percepção de quem pedala segue marcada por insegurança e frustração. Para a Ameciclo, os avanços ainda não são capazes de atrair novos usuários nem de garantir conforto e proteção aos ciclistas. Em entrevista ao repórter Rafael Dantas, o coordenador da entidade, Daniel Valença, aponta os principais gargalos da mobilidade ativa, critica a ausência de integração entre modais e defende que o poder público precisa, enfim, priorizar investimentos na mobilidade sustentável. Como a Ameciclo avalia o aumento da infraestrutura para a ciclomobilidade na RMR? O que avançamos e o que permanece como ponto crítico? A Ameciclo avalia que houve um avanço no número de quilômetros de infraestrutura cicloviária, principalmente na cidade do Recife. No entanto, é preciso qualificar esse avanço: será que ele está trazendo, de fato, benefícios para quem pedala e para a população em geral? Investir em quem pedala é investir em uma cidade mais segura, menos poluída e com menos engarrafamentos — mas o que temos visto é uma infraestrutura extremamente precária. Grande parte da malha cicloviária é composta por ciclorrotas e ciclofaixas. As ciclorrotas não têm segregação do fluxo de veículos motorizados e muitas vezes estão localizadas em vias de alto fluxo e velocidade, como a Rua do Riachuelo (dividindo espaço com o BRT) e a Avenida Beberibe (em frente ao mercado), onde ciclistas disputam espaço com ônibus e todo o caos da via. Já as ciclofaixas, geralmente em vias secundárias ou terciárias, têm pouca segregação e sofrem com invasões por motos em movimento ou carros estacionados. A pergunta que fazemos é: deixaríamos um filho, uma mãe ou uma pessoa idosa usar essas vias com segurança? A resposta, para quem pedala no Recife, é não. O que os estudos mostram sobre as expectativas dos ciclistas em termos de infraestrutura? Nossa pesquisa Perfil Ciclista mostra que, em 2013, quando havia pouca infraestrutura, os ciclistas apontavam arborização e educação no trânsito como principais demandas. Hoje, com a infraestrutura visível, mesmo que precária, a principal reivindicação é justamente mais estrutura cicloviária. Isso indica que quem já pedala se fideliza ao modal, mas o sistema atual não atrai novos ciclistas. O número de pessoas que pedalam há mais de cinco anos aumentou, enquanto o de iniciantes caiu — ou seja, não estamos conseguindo renovar esse público. A infraestrutura precisa oferecer segurança imediata, com mais segregação e melhor tratamento nos cruzamentos, mas também precisa ser atrativa: mais larga, confortável, permitindo que as pessoas pedalem lado a lado. A Prefeitura até tem um bom Manual de Desenho de Ruas, com padrões adequados de qualidade, mas ele precisa ser efetivamente seguido. A infraestrutura precisa oferecer segurança imediata, com mais segregação e melhor tratamento nos cruzamentos, mas também precisa ser atrativa. Quais os números de violência no trânsito referentes aos ciclistas? O medo de atropelamento é hoje um dos principais entraves para que mais pessoas adotem o modal? Os números são assustadores. Entre 2022 e 2024, a violência no trânsito em geral mais do que dobrou — um aumento de 140%, com crescimento mês a mês. Os dados da CTTU mostram que saímos de 2 mil sinistros para mais de 4.400. E vale lembrar que a CTTU chega em apenas cerca de 40% dos sinistros. Isso significa que, no Recife, mais de dez pessoas por dia são vítimas de sinistros no trânsito. Em relação aos ciclistas, o relatório mais recente de segurança viária da CTTU, lançado em 2023, aponta que dez ciclistas morreram em 2023 em solo recifense. Além disso, quase 500 ciclistas foram vítimas de sinistros com atendimento do SAMU. Esse número é considerado com vítima justamente porque o SAMU foi acionado. É importante destacar que esse dado de 473 ciclistas vítimas é muito maior que o de 2022, mas também porque passaram a incluir os atendimentos do SAMU, o que não era feito anteriormente. Mesmo assim, é alarmante: dá quase um ciclista ferido por dia e um morto por mês. O medo de pedalar, de fato, não está necessariamente associado apenas a morrer atropelado. A sensação de insegurança no trânsito é o que afasta as pessoas da bicicleta e as empurra para outros modos, mesmo que mais perigosos, como as motos, ou menos sustentáveis, como os carros. Como é a integração entre a bike e os demais modais na RMR? Avançamos em algo? Olha, eu vou até citar um fato curioso que eu vi: um terminal integrado, que foi privatizado — acho que em Paulista — recebeu até um bicicletário novo, supermoderno, que tem identificação biométrica para você colocar a sua bicicleta lá dentro. Então, é uma novidade pra gente ter conseguido saber desse bicicletário em terminais de integração. Mas, não há nenhuma integração. O que tinha um pouco era o bike-metrô, mas o metrô está completamente precarizado. E a própria Bike PE, que também tem diminuído a qualidade das bicicletas, não consegue fazer realmente uma integração com Olinda e Paulista. Pela distância entre as estações e pela falta de infraestrutura cicloviária que integre essa região. O que previa o plano diretor era que toda a infraestrutura cicloviária estivesse conectando o Recife e as cidades vizinhas por bicicleta. E isso poderia fazer essa integração modal. Mas não há nenhum avanço, na verdade, de integração entre bicicleta com ônibus ou com metrô. Fala-se muito em mobilidade sustentável atualmente. O deslocamento por bicicletas traz vantagens para a cidade, para a saúde e ainda não polui. As políticas públicas locais e nacionais apontam para uma maior atenção e investimento ao modal? Existe, sim, um arcabouço legal já muito consistente para priorizar os modos sustentáveis — bicicleta, caminhada e transporte coletivo. A Política Municipal de Mobilidade Urbana e o Manual de Desenho de Ruas são avanços. Mas, na prática, falta vontade de mudar a infraestrutura e atacar o problema na raiz. Os investimentos ainda se concentram no

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3 em cada 4 usuários se sentem inseguros no transporte e mais de 60% consideram a tarifa ruim ou muito ruim

Pesquisa da Unifafire revelou as principais percepções acerca da mobilidade urbana na Região Metropolitana do Recife A nova pesquisa realizada pela UNIFAFIRE Inteligência de Mercado revela um panorama alarmante do transporte público na Região Metropolitana do Recife (RMR), com destaque para dois fatores que geram forte insatisfação entre os usuários: a segurança e o custo da tarifa. Os dados, coletados com 851 entrevistados entre os dias 29 de maio e 6 de junho de 2025, mostram que 75% dos usuários consideram a segurança nos veículos como "ruim" ou "muito ruim", percentual que sobe para 74,89% quando se trata de terminais e paradas. A sensação de insegurança está entre os pontos mais críticos do sistema, exigindo intervenções urgentes por parte do poder público. CRÍTICA AO PREÇO DAS PASSAGENS Em relação ao preço das passagens, 60,8% dos usuários avaliam o custo da tarifa de forma negativa, o que revela uma percepção de desequilíbrio entre o que se paga e a qualidade do serviço oferecido. Apenas 15,5% consideram o valor justo. Esse cenário se agrava quando cruzado com os índices de superlotação, falta de conforto e tempo de espera excessivo — todos apontados como insatisfatórios pela maioria dos entrevistados. PRECARIEDADE JOGA CONTRA O TRANSPORTE PÚBLICO A soma desses fatores cria um ciclo de insatisfação: o transporte público é essencial para mais de 60% da população, que o utiliza com frequência para ir ao trabalho ou à escola, mas enfrenta um serviço precário, caro e inseguro. A percepção negativa sobre a segurança vai além da violência urbana — inclui também a precariedade dos veículos e a ausência de medidas preventivas que garantam a integridade dos passageiros. PERCEPÇÃO POSITIVA DO VEM Apesar do cenário crítico, a pesquisa aponta que ações de modernização, como a adoção do cartão VEM, são vistas de forma positiva. Mais de 61% dos entrevistados acreditam que o uso do cartão melhorou a experiência no transporte público. O dado indica que, quando há investimento em melhorias tecnológicas e de gestão, há também reconhecimento por parte da população. No entanto, para reverter o atual quadro de insatisfação, será preciso ir além da bilhetagem eletrônica e enfrentar de frente os gargalos estruturais — com prioridade para segurança e custo acessível.

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67% dos usuários do transporte público na Região Metropolitana do Recife estão insatisfeitos

Estudo realizado pela Unifafire revela que um terço dos passageiros da RMR consideram que o serviço piorou nos dois últimos anos. Com envelhecimento da frota de ônibus, colapso do metrô e trânsito engarrafado, especialistas defendem uma política de gestão metropolitana com foco no transporte coletivo, na integração modal e na mobilidade ativa. *Por Rafael Dantas O Recife figura entre as capitais mais engarrafadas do Brasil há bastante tempo. No entanto, uma pesquisa recém-realizada pela Unifafire revelou que a doença crônica que afeta a mobilidade urbana da capital e das cidades que compõem a região Metropolitana (RMR) se agravou para um terço da população. O estudo revelou que 33,69% considera que o transporte público piorou nos dois últimos anos e 67,72% dos usuários estão insatisfeitos com o serviço. O colapso do Metrô, o envelhecimento da frota de ônibus e o número de mortes de ciclistas são alguns sintomas sentidos na pele dos cidadãos. A pesquisa, que ouviu 851 moradores da RMR, tem 95% de margem de confiança. “A maioria não enxerga retrocessos significativos mas, também, não percebe avanços concretos na qualidade do serviço. Esse quadro de "mesmismo" é preocupante, pois indica que as políticas públicas implementadas não foram capazes de reverter os graves problemas crônicos do sistema, mantendo um status quo insatisfatório para a população”, indicou o estudo, que foi liderado por João Paulo Nogueira de Oliveira, coordenador da Unifafire Inteligência de Mercado. A rotina diária de Yuri Lenen, 33 anos, ilustra as dores do sistema de transporte público da RMR. Ele mora em São Lourenço, mas trabalha no Recife, no bairro de Boa Viagem. Contador e professor universitário, ele pega dois ônibus e faz um percurso de metrô tanto para ir quanto para voltar. Da sua cidade, ele vai até o TIP (Terminal Rodoviário do Recife), que é integrado ao Metrô, de onde segue até a Estação Joana Bezerra e aciona um segundo ônibus para a Zona Sul. Ele gasta em torno de duas horas nesse deslocamento, que se fosse feito de carro seria de 28 quilômetros. Além do demasiado tempo desperdiçado, ele considera que mesmo quando consegue fazer o trajeto sentado, “o conforto é péssimo”. A lotação, os poucos assentos e a temperatura estão entre as principais queixas. “Não tem ar-condicionado nos ônibus que eu pego e na maioria dos vagões do metrô. É uma verdadeira sauna!” "Não tem ar-condicionado nos ônibus que eu pego e na maioria dos vagões do metrô. É uma verdadeira sauna! [O transporte] vem piorando bastante, principalmente o metrô, que está péssimo. Às vezes, desço das estações e pego um Uber." Yuri Lenen Um dos sintomas mais perceptíveis da crise do transporte, segundo os dados da pesquisa Unifafire, é justamente o desconforto, relatado por 70,3% dos respondentes. A superlotação é considerada ruim ou muito ruim por 71,59% dos passageiros.  Acerca do tempo de espera, uma reclamação tão decisiva para a difícil rotina de Yuri, o estudo indicou que há uma grave insatisfação de 66,08% dos entrevistados. Apenas 11,38% consideram a frequência do serviço satisfatória. A pesquisa indicou também que 50,47% das pessoas não consideram que os ônibus e o metrô são pontuais. As queixas de Yuri não param por aí. Ele reclama da demora para chegada dos ônibus, de até 40 minutos, do tempo que fica preso nos engarrafamentos, das quebras do metrô e da imprevisibilidade da chegada das composições. É um teste de paciência diário, que ele classifica como “desumano”.  Apesar de viver essa rotina há muito tempo, ele percebeu uma piora nos últimos anos. A doença crônica parece ter entrado em estado avançado. “Vem piorando bastante, principalmente o metrô, que está péssimo. Às vezes, desço das estações e pego um Uber”, afirmou o passageiro que planeja adquirir um carro ao final do ano para diminuir o sofrimento. A dinâmica diária do contador não é uma exceção na metrópole. O local de moradia e de trabalho, a busca por serviços de saúde ou educação e, mesmo, o tempo de lazer não está separado pelas linhas invisíveis que dividem os municípios. Logo, o desafio de vencer as travas da mobilidade são também coletivas. Da mesma forma, o movimento que ele planeja fazer do sistema público para o transporte privado é quase uma regra na RMR. Mesmo com o trânsito pesado e os preços elevados para compra e manutenção do veículo, quem tem a mínima possibilidade faz a migração.  De acordo com os dados da Urbana-PE, os ônibus perderam 48% dos passageiros nos últimos 12 anos. De acordo com Bernardo Braga, coordenador técnico da instituição, uma parte significativa dessa demanda migrou para outros modais, especialmente para a moto e o mototáxi. Uma transição que traz ainda outras externalidades negativas para as cidades e para a população. “Já é possível perceber os impactos dessa migração no sistema de saúde com os sinistros envolvendo motos, no aumento do conflito no ambiente urbano, entre outros. O uso excessivo do transporte individual motorizado penaliza gradativamente a população, elevando os seus custos e o tempo gasto nos deslocamentos e restringindo acesso às oportunidades geradas nas cidades”, avalia Bernardo. "Já é possível perceber os impactos dessa migração [para moto e mototáxi] no sistema de saúde. O uso excessivo do transporte individual motorizado penaliza a população, elevando os seus custos e o tempo gasto nos deslocamentos e restringindo acesso às oportunidades geradas nas cidades". Bernando Braga A crise no sistema de transporte público, alimentada por falhas que vão do planejamento deficiente ao subfinanciamento crônico da operação, desencadeia a fuga dos passageiros – e, em consequência, das receitas – ampliando ainda mais a pressão sobre o trânsito. Para usar uma expressão da saúde, trata-se de uma metástase no tecido urbano: os efeitos se espalham por todos os modais, penalizando a população e agravando a situação das empresas – públicas ou privadas – que operam no setor. O RAIO X PARA A OPERAÇÃO DOS ÔNIBUS O ônibus é o principal meio de transporte da RMR segundo a pesquisa da Unifafire, sendo adotado por 35,15% dos moradores. O segundo lugar já é ocupado pelos carros

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Olinda tem que ser também patrimônio de Pernambuco

*Por Francisco Cunha Depois de uma longa convivência com a Olinda histórica, cheguei à conclusão de que, embora ela seja patrimônio da humanidade, infelizmente não é patrimônio de Pernambuco e só tem salvação se vier a sê-lo, inclusive com uma rubrica permanente no orçamento do Estado. Até me tornar um jovem adulto, não conhecia Olinda direito. Praticamente só ia por lá na época do Carnaval ou como resultado de uma ou outra ida furtiva, sempre dentro de um automóvel. De dia, ao Alto da Sé ou, à noite, ao Cantinho da Sé e ao saudoso bar Relicário onde hoje funciona o Museu de Arte Sacra, antigo Palácio Episcopal, e nada mais. Isso, até que tive que comparecer, quando cursava a faculdade de arquitetura, num dia normal de semana, a uma aula de campo de história, marcada pelo inesquecível professor José Luiz Mota Menezes, a ser dada na igreja de Nossa Senhora da Graça, uma das mais antigas do Brasil, junto ao Seminário, no ponto mais alto da colina histórica. Saí de casa, no Bairro do Espinheiro, de ônibus, depois do almoço, saltei no Varadouro e subi a pé, bem devagar, a ladeira Quinze de Novembro quando a tarde já ia quase pelo meio. Então, de súbito, comecei a ser arrebatado pela beleza da velha Marim dos Caetés. Primeiro, a uniformidade das casas de porta e janela, de um lado e do outro da ladeira, depois a chegada na Rua de São Bento, junto à prefeitura, antigo Palácio dos Governadores. Uma parada para respirar e duas visões arrebatadoras: ao sul, o Recife no fundo, já visto parcialmente do alto; e, a leste, a bela igreja do Convento de São Bento, ambos emoldurados pelo casario histórico. Segui pela rua olhando de ambos os lados os sobrados, alguns com mais de 300 anos, passei pela casa de Ivaldevan e Sônia Calheiros, sede do bloco carnavalesco Eu Acho é Pouco, até chegar no Mercado da Ribeira, na frente do qual um pedaço de muro do antigo Senado de Olinda registra, escrito numa estrela de mármore, o pioneiro “grito da república” dado entre nós por Bernardo Vieira de Melo, em 1710, durante as escaramuças da chamada Guerra dos Mascates, conforme citado no hino de Pernambuco: A República é filha de Olinda Alva estrela que fulge e não finda De esplender com seus raios de luz Liberdade! Um teu filho proclama! Dos escravos o peito se inflama Ante o Sol dessa terra da Cruz! Continuando meu percurso, desço a ladeira, chego aos Quanto Cantos, aquele mesmo citado na famosa música de J. Michilis, imortalizada por Alceu Valença pelos carnavais afora (Me Segura Senão Eu Caio):  Nos quatro cantos cheguei E todo mundo chegou Descendo ladeira Fazendo poeira Atiçando o calor... Embalado pela lembrança dos frevos rasgados que já tinha ouvido por ali, resolvi enfrentar a fatídica Ladeira da Misericórdia. No meio da subida, mesmo com falta de ar, olhando para os lados, me veio à cabeça o belíssimo poema Olinda do grande Joaquim Cardozo que fala de calçadas “cascateado nas ladeiras”: Olinda, Das perspectivas estranhas, Dos imprevistos horizontes, Das ladeiras, dos conventos e do mar. (...) Muros que brincam de esconder nas moitas, Calçadas que descem cascateando nas ladeiras. Chego resfolegante ao topo, do lado da Igreja da Misericórdia e defronte da Academia Santa Gertrudes, no local onde o Capitão Temudo opôs a última resistência olindense aos holandeses na invasão de 1630. Quando me viro, a vista do Recife funciona melhor do que um balão de oxigênio. Refeito do esforço, sigo pela primeira rua de Olinda, no topo da colina, passo pelo Observatório (aquele citado no poema de Cardozo: “Sábio silêncio do Observatório / Quando à noite as estrelas passam sobre Olinda”) e pela caixa d’água de 1936, primeira construção modernista daquela altura no Brasil, até chegar na frente da Catedral da Sé, antiga Igreja do São Salvador do Mundo, construída pelo nosso primeiro capitão hereditário, Duarte Coelho Pereira. No largo, restabelecido da subida da Misericórdia, me deparo com a vista, esta sim de tirar o fôlego, do Recife e não tenho como não lembrar dos versos de Carlos Pena Filho: De limpeza e claridade é a paisagem defronte. Tão limpa que se dissolve a linha do horizonte. As paisagens muito claras não são paisagens, são lentes. São íris, sol, aguaverde ou claridade somente. Olinda é só para os olhos, não se apalpa, é só desejo. Ninguém diz: é lá que eu moro. Diz somente: é lá que eu vejo. Em seguida, enfrento, como obstáculo final, a ladeira do Seminário para chegar a meu destino, a igreja onde seria ministrada a aula de campo. Trata-se de um belo exemplar da arquitetura colonial-maneirista, na época recém-restaurada, com uma singela nave na qual, sentados nos bancos, assistimos a extraordinária aula de José Luiz. Terminadas as obrigações acadêmicas, descemos a ladeira do Seminário e paramos no Cantinho da Sé para brindar com algumas cervejas geladas o final da tarde e a descoberta de uma Olinda paisagística e histórica até então insuspeitada. Terminamos, como no poema de Cardozo, presenciando o momento em que “as estrelas passam sobre Olinda”. Esse episódio que classifico, à moda do poeta Manuel Bandeira, de “meu primeiro alumbramento” olindense se deu antes da elevação de Olinda, em 1982, pela Unesco, a patrimônio da humanidade como resultado de uma iniciativa liderada pelo renomado designer pernambucano Aloísio Magalhães, na época secretário de Cultura do MEC. Depois, passei a ir regularmente à cidade até que resolvi escrever um livro sobre o Recife e entendi que deveria começar por Olinda já que acreditava, como ensinou Gilberto Freyre, ser a velha Marim dos Caetés a “mãe do Recife” (assim como Igarassu pode ser considerada a “avó”). Na verdade, atirei no que vi e acertei no que não tinha visto. Inicialmente pensei em dedicar um fim de semana para percorrer o sítio histórico mas fiquei, junto com o amigo de infância Plínio Santos, quase um ano frequentando a área todos os domingos e, no final, terminamos por escrever um guia (Um

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Pernambuco sedia oficina regional do Plano Nacional de Arborização Urbana

Evento integra construção participativa de política nacional e reforça protagonismo do estado em ações climáticas e sustentáveis Nesta sexta-feira (4), Pernambuco recebe a quarta Oficina Regional do Plano Nacional de Arborização Urbana (PlaNAU), voltada à região Nordeste. A iniciativa faz parte da construção participativa do plano coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com apoio técnico do ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade. A oficina conta ainda com a parceria da Prefeitura do Recife e do Governo de Pernambuco, reunindo representantes do poder público, sociedade civil, especialistas e conselhos profissionais ligados ao urbanismo, à sustentabilidade e à arborização. O PlaNAU será oficialmente lançado durante a COP30, em Belém, como um marco na consolidação de políticas públicas voltadas ao aumento e à qualificação das áreas verdes nas cidades brasileiras. As oficinas regionais têm papel estratégico nesse processo, ao considerar as especificidades territoriais e estimular o fortalecimento da governança ambiental urbana. “Esse processo possibilita a identificação de lacunas, como possibilidades de financiamento, produção de mudas, tecnologias de monitoramento, etc. Além disso, promove a coleta de boas práticas e estimula a troca de conhecimentos entre municípios e estados, permitindo que iniciativas bem-sucedidas sejam replicadas ou adaptadas, a partir de diretrizes que serão delineadas no plano”, afirma Léa Gejer, Coordenadora Técnica do ICLEI Brasil. Associado ao ICLEI desde 2019, o Governo de Pernambuco tem se destacado em políticas de sustentabilidade climática, como a criação da plataforma Clima PE, que compila dados para orientar ações nos municípios. O Recife, por sua vez, é membro da rede desde 2015 e foi pioneiro na América Latina ao implementar um seguro contra desastres climáticos, além de desenvolver o seu Plano Local de Ação Climática (PLAC). A realização da oficina no estado reforça esse histórico de protagonismo e compromisso com a resiliência urbana. “Sediar a oficina é um passo importante para a nossa gestão na Semas. Essa iniciativa fortalece as ações de arborização urbana e amplia o alcance do Programa Plantar Juntos, que atua diretamente na recuperação da vegetação nativa do estado. A troca de experiências com outros estados e setores é fundamental para aprimorar as políticas públicas e definir com mais clareza o papel de cada ente federativo nessa agenda estratégica para o futuro das cidades e do meio ambiente”, destaca o secretário de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha, Daniel Coelho.

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Gravatá investe mais de R$ 1 milhão na requalificação do Alto do Cruzeiro

Revitalização do mirante e restauração da Cruz Monumental buscam impulsionar turismo e economia local A Prefeitura de Gravatá deu início às obras de requalificação do Alto do Cruzeiro, um dos principais pontos turísticos da cidade, com investimento superior a R$ 1 milhão. A iniciativa, viabilizada com recursos próprios e emenda parlamentar do deputado federal Waldemar Oliveira, contempla a revitalização completa do mirante e a restauração da Cruz Monumental — símbolo de fé e identidade do povo gravataense. A intervenção será conduzida pelas Secretarias Municipais de Obras e Serviços Públicos e de Turismo, Cultura, Esportes e Lazer. O projeto tem como foco ampliar o potencial turístico do local, valorizando o patrimônio histórico e cultural, além de oferecer mais conforto, segurança e acessibilidade para moradores e visitantes. A meta é transformar o espaço em um polo de convivência e lazer, fomentando a economia e o turismo religioso. Segundo o secretário Marllon Lima, a obra fortalece a imagem do Alto do Cruzeiro como um dos maiores atrativos da cidade. “Acabamos de assinar a ordem de serviço de requalificação do Alto do Cruzeiro, nosso maior cartão postal. Vai ser totalmente revitalizado para que mais eventos possam acontecer”, afirmou. O prefeito Joselito Gomes também celebrou a conquista como um marco para a cidade: “O Alto do Cruzeiro é uma referência em Gravatá. Os gravataenses amam estar aqui, as pessoas que nos visitam também. Conseguimos a emenda do deputado federal, Waldemar Oliveira, e chegou o momento, a hora de executar esse projeto e o ambiente aqui, se já é agradável, ficará ainda melhor”. As obras seguem os critérios da nova Lei de Licitações (nº 14.133/2021), assegurando legalidade, transparência e qualidade técnica.

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Parque da Jaqueira amplia infraestrutura com bicicletário seguro e monitorado

Espaço visa incentivar o uso da bicicleta com estrutura dedicada, controle individual e atendimento personalizado. Foto: Mayara Rocha Os ciclistas que frequentam o Parque da Jaqueira, no Recife, passam a contar com um novo bicicletário que oferece mais segurança e comodidade. A estrutura foi implantada pela Viva Parques, administradora do local, com o objetivo de fomentar a mobilidade sustentável e facilitar o acesso ao parque para quem utiliza a bicicleta como meio de transporte ou lazer. O bicicletário é cercado, monitorado por câmeras e conta com atendimento exclusivo: um profissional por turno é responsável por receber as bicicletas e controlar a retirada por meio de cartões individuais entregues aos usuários. A iniciativa traz mais tranquilidade para quem utiliza a bike no dia a dia e deseja aproveitar o parque com mais conforto. Com essa novidade, a administração busca valorizar o ciclista e integrar seus hábitos ao cotidiano do espaço público. A proposta é transformar o uso da bicicleta em uma alternativa cada vez mais viável para deslocamentos curtos e sustentáveis, além de estimular hábitos saudáveis entre os frequentadores.

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Recife Expo Center lança mapa turístico para valorizar o Centro da cidade

Material gratuito estimula turismo de experiência e promove economia local no entorno do espaço de eventos. Foto: Stella Caroline Com o objetivo de estimular o turismo de experiência e valorizar os atrativos culturais do Centro do Recife, o Recife Expo Center acaba de lançar um mapa de bolso gratuito com sugestões de roteiros turísticos. A ação pretende ampliar o impacto positivo do turismo de negócios e eventos, incentivando visitantes a explorarem a região histórica da capital pernambucana. O material destaca pontos icônicos do Recife Antigo, como o Marco Zero, a Rua do Bom Jesus, o Paço do Frevo, o Cais do Sertão e o Centro de Artesanato de Pernambuco. A ideia é que o público que frequenta o espaço também tenha a oportunidade de caminhar e vivenciar o que há de mais autêntico na cultura local. “Queremos estimular o turismo de incentivo e experiência. O Recife Expo Center, além de ter uma estrutura moderna e uma localização estratégica, tem um diferencial competitivo que é a possibilidade das pessoas que fazem eventos aqui poderem contar com uma experiência de visitar a pé os principais atrativos turísticos do Recife. Além do que, ainda podem embarcar no píer da Recife Marina e fazer um passeio de catamarã pelos rios do Recife”, afirma Tatiana Menezes, diretora do Recife Expo Center. A distribuição do mapa reforça o compromisso do espaço com a valorização do território e do comércio do entorno, ao mesmo tempo em que agrega valor às experiências de quem participa de eventos no local. Com dicas práticas e um formato compacto, o guia facilita a integração entre a agenda de trabalho e momentos de lazer, ampliando as oportunidades de consumo e descoberta da cidade. A iniciativa também dialoga com a tendência do turismo urbano e sustentável, que prioriza deslocamentos a pé, vivências culturais e roteiros autênticos. O mapa será disponibilizado gratuitamente a visitantes, clientes e parceiros do Recife Expo Center. Serviço:Recife Expo Center📍 Cais Santa Rita, 156 - São José, Recife – PE🌐 www.recifeexpocenter.com.br📱 Instagram: @recifeexpocenter

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Fluxo nas estradas deve crescer até 151% no São João com alta procura pelo Litoral Sul de PE

Monte Rodovias orienta uso de tags eletrônicas para evitar filas e garantir mobilidade durante o feriado junino O Litoral Sul de Pernambuco desponta como um dos destinos mais procurados do São João 2025, com expectativa de ocupação hoteleira de até 95%, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Pernambuco (ABIH-PE). Impulsionado tanto pelas festas juninas quanto pela busca por descanso, o turismo deve movimentar significativamente a região, atraindo milhares de veículos pelas rodovias que ligam o Recife às praias mais populares do estado. A Monte Rodovias, que administra a Rota do Atlântico e a Rota dos Coqueiros, prevê um aumento de até 12% no fluxo de veículos durante o período de 20 a 25 de junho. Os maiores picos devem ocorrer nos dias 23 e 24, com destaque para a Rota do Atlântico, onde o crescimento pode chegar a 151% no domingo (23). Já a Rota dos Coqueiros pode registrar alta de até 51% no mesmo dia, reforçando a tendência de lotação nos acessos a balneários como Porto de Galinhas, Muro Alto, Serrambi, Itapuama e Enseada dos Corais. Diante da previsão de tráfego intenso, a concessionária recomenda que os motoristas utilizem tags eletrônicas para agilizar o deslocamento nas cabines automáticas das rodovias. “A utilização das tags reduz o tempo de espera nos pedágios, especialmente em datas com maior movimento. Além disso, proporciona uma experiência mais prática e segura para quem vai viajar”, afirma Fábio Guimarães, gerente de operações da Monte Rodovias. As estimativas de fluxo foram baseadas em dados históricos dos feriados juninos dos últimos anos e nas tendências atuais de crescimento do tráfego rodoviário. ServiçoRodovias com atendimento 24h:📞 Rota dos Coqueiros – 0800 281 0281📞 Rota do Atlântico – 0800 031 0009

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alerta celular

Novo sistema de envio de alertas sobre fortes chuvas será testado no Recife neste sábado 

Celulares com tecnologia 4G e 5G receberão, por volta das 15h, uma demonstração do Defesa Civil Alerta, com mensagem de texto e alerta sonoro; avisos sobre riscos reais serão enviados a partir do dia 18 de junho (Da Prefeitura do Recife) Na tarde deste sábado (14), moradores do Recife e outras cidades pernambucanas receberão, em seus celulares, um alerta sonoro com mensagem de texto enviado pela Defesa Civil Nacional. Mas não há nenhum motivo para preocupação. A ação marca o primeiro teste realizado no Nordeste para o Defesa Civil Alerta, nova tecnologia de envio de avisos emergenciais à população desenvolvida pelo Governo Federal. O objetivo é testar e familiarizar a população com a ferramenta, que já está em operação nos estados do Sul e Sudeste e enviará mensagens sobre riscos reais no Nordeste a partir de 18 de junho. O teste acontece nas nove capitais nordestinas e outras 27 cidades da região, incluindo Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca e Caruaru. A mensagem será enviada para os celulares 4G e 5G fabricados a partir de 2020, gratuitamente e sem necessidade de cadastro prévio. “O Defesa Civil Alerta usa a rede de telefonia para enviar mensagens com som de sirene e aviso em tela cheia. As mensagens trarão orientações para as situações de risco, como chuvas intensas, inundações e deslizamentos”, explica o secretário executivo de Defesa Civil do Recife, coronel Cássio Sinomar. As mensagens do Defesa Civil Alerta suspendem qualquer conteúdo em uso na tela do aparelho, incluindo os que estão no modo silencioso. Há dois tipos de alertas: o extremo e o severo. O primeiro é o nível máximo de alerta, caracterizado por ameaças extremas à vida ou à propriedade, necessitando que a população adote medidas de proteção imediata. No segundo, a urgência não é imediata e a população tem mais tempo para se proteger.  OUTROS ALERTAS - Vale ressaltar que a ferramenta não substitui os alertas já existentes, funcionando de forma complementar. No Recife, a ferramenta Alerta Chuvas, desenvolvida pela Prefeitura, envia alertas para as pessoas cadastradas, com as previsões de chuva e as mudanças de estágio de risco (alerta e alerta máximo). Para receber o Alerta Chuva é bem simples. Basta entrar no portal Conecta Recife e clicar em Ação Inverno nos destaques. Os alertas, que podem ser personalizados de acordo com as informações de interesse, são enviados via WhatsApp oficial da Prefeitura do Recife (81. 99117-1407). A Defesa Civil do Recife envia também alertas via SMS para 42 mil famílias cadastradas, alertando sobre a possibilidade de chuvas fortes e saída para locais seguros. Outra forma de se manter sempre informado sobre as previsões de chuvas fortes e possibilidade de desastres é uma mensagem SMS para o número 40199, informando o CEP, para receber alertas sobre a possibilidade de ocorrência de eventos adversos, acompanhados de recomendações ou ações emergenciais para a população em situação de risco. O serviço é gratuito e oferecido pela Defesa Civil Nacional, em parceria com as defesas civis estaduais e municipais. Foto: Divulgação/PCR

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