Por Manu Siqueira
Não podemos deixar o meme maravilhoso da atriz, igualmente maravilhosa, Fernanda Torres, morrer. E, pegando carona nele, você já foi julgada por ações que só diziam respeito a você mesma? Se você é mulher e está lendo isto, com certeza a resposta é sim. Pois bem, em 2017, após sair de uma empresa, senti uma enorme vontade de ter essa experiência pela primeira vez. Já havia viajado sozinha antes, mas sempre para encontrar amigos em alguns lugares. Desta vez, queria vivenciar a solitude, estar completamente sozinha. Escolhi Salvador, na Bahia, um lugar que já conhecia, mas onde não pisava há tempos, na terra encantada do axé.
Fui sem nada planejado, apenas quatro dias para experimentar a solitude. Assim que cheguei à pousada, deixei a mala e corri para o Farol da Barra, com o objetivo de ver o pôr do sol e, claro, comer um acarajé. Fui andando e, no caminho, pedi a duas mulheres para tirarem uma fotografia minha. Isso bastou. Elas também eram do Recife e estavam hospedadas perto de mim. Ficamos amigas em três minutos. E foi muito bom. Fomos para a Concha Acústica ver o show de Carlinhos Brown e dos Filhos de Gandhy, tomamos sorvete na Ribeira, andamos pelos quatro cantos do Pelourinho, almoçamos no Mercado Modelo e nos divertimos muito. Acabei não conseguindo vivenciar plenamente o que queria, que era ter um tempo sozinha, mas foi muito válido conhecer essas mulheres, pois tivemos uma grande sintonia.
Há uns três anos, procuro ter dias completamente sozinha e sem obrigações profissionais. Como tenho uma relação de amor e devoção ao mar, prezo sempre estar em conexão com ele. A aventura começa quase sempre pela própria viagem em si. Mochila nas costas e vontade de escrever minha própria rotina sem rotina alguma. É muito bom! Mas, como tudo que é bom, também tem seu lado ruim. Se você adoecer, terá que ir sozinha ao hospital ou pedir ajuda a algum funcionário do hotel. Por isso, minha primeira dica é: hospede-se em hostel, pousada ou hotel e evite aluguéis por Airbnb. Opte por tênis ou sapatos fechados, pois sandálias, sejam baixas ou altas, são mais propensas a tropeços e "virar o pé". Brincos grandes do tipo argolas também têm mais facilidade de se enganchar em roupas e podem causar ferimentos na orelha. Um brinco prático e pequeno é sempre mais seguro.
Eu sempre levo um arsenal de remédios, afinal, é melhor prevenir do que remediar. Dicas básicas como não fazer uso excessivo de bebida alcoólica, evitar sair com desconhecidos e sempre preferir ruas mais movimentadas são, infelizmente, regras para quem é mulher. É preciso ter em mente que a mulher que viaja sozinha ainda é vista como uma extraterrestre. Em alguns casos, ela ainda é uma presa fácil, por isso, todo cuidado é pouco. Uma amiga querida teve uma experiência traumática em um hotel de grande porte quando um garçom tentou invadir seu quarto enquanto levava um lanche para ela à noite. Felizmente, deu tudo certo, mas foi um baita susto. Na praia, sempre fico atenta a quem está ao meu redor e evito levar celular e cartão de crédito. Opto por dinheiro em espécie, pois, caso seja roubada enquanto tomo banho de mar, o prejuízo será o mínimo possível.
Para mim, uma viagem curta, para me conectar com a natureza, descansar e usar pouco as telas, funciona super bem. Mas concordo que, em uma viagem mais longa, em um destino que você sonhou muito em conhecer, a companhia de alguém, seja família, amigos ou parceiros amorosos, é uma ótima opção. Outra amiga queridíssima disse, com toda a razão, que a alegria e a felicidade só podem ser profundamente experimentadas se compartilhadas, e eu concordo plenamente. Eu, se fosse você, viajaria sozinha pelo menos uma vez na vida, afinal, como disse Mário Quintana: “Viajar é mudar a roupa da alma”.
*Manu Siqueira é jornalista (mmsiqueira77@yahoo.com.br)