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Entrevista com Gisela Abad: "Continuamos sendo o Leão do Norte"

Designer lança livro em que analisa como um animal que não pertence à fauna brasileira tornou-se símbolo da identidade pernambucana, como nas revoluções deflagradas no Século 19. Ao longo do tempo, ele também passou a estampar estandartes de maracatus, escudo de time de futebol e até logomarcas. Quem nasce nesse lindo rincão/Do Norte brasileiro em geral/É hospitaleiro de coração/E tem na luta uma bravura sem igual/Eu sinto orgulho em ouvir/O coração no transporte/Repetir: Eu sou de Pernambuco/ Leão do Norte. O trecho do frevo de bloco Eu Sou de Pernambuco, de autoria do “velho Raul Moraes” demonstra toda a potência simbólica contida na imagem do Leão do Norte para refletir a identidade dos pernambucanos. Destaque-se a “bravura sem igual”, demonstrada nos vários movimentos revolucionários. Presente nos brasões do Estado e do Recife, no escudo do Sport, nos estandartes dos maracatus, nas criações do artesão Nuca, a figura do leão, no entanto, sofreu, ao longo dos anos, mudanças, desde que passou a estampar marcas e produtos. É o que constata a designer Gisela Abad no seu livro Um Leão na Paisagem, que será lançado no sábado (31). “É engraçado, quando o leão vira marca, parece que foi domesticado. É hilário, em algumas delas, ele parece um cãozinho”, constata a designer. Mesmo sendo “domesticado” ao figurar em embalagens de produtos ou logomarca de empresas, o Leão do Norte, segundo Gisela , permanece como representação da identidade pernambucana, denotando coragem e ousadia. “No campo político, o pernambucano continua se representando como o Leão do Norte. Como Estado, a gente ainda se coloca e diz mesmo: “Eu sou Leão do Norte!”, assegura a designer. Como surgiu a ideia de pesquisar a simbologia do Leão do Norte? Em 2004, a Fundação Gilberto Freyre digitalizou um acervo de marcas e rótulos registrados pela Junta Comercial de Pernambuco do ano de 1876 até 1926. A 2Abad (sua empresa de design) criou a imagem para esse projeto e foi quando eu tive contato com essas marcas fenomenais, que representam quase um marco inaugural do design pernambucano. Então, quando eu entrei no mestrado em 2008, me lembrei desse acervo e resolvi me debruçar sobre ele. Quando cataloguei, vi que a maior parte das marcas eram representadas por animais e, entre esses animais, em primeiro lugar sobressaía o elefante e, em segundo lugar, o Leão do Norte. Eu analisei as marcas registradas, mas ao pesquisar em jornais, é possível encontrar farmácias, tinturarias, vassouras, bolachas, vários comércios e produtos que utilizam a figura do Leão do Norte e que não foram registradas. E aí me perguntei por que tanta marca de Leão do Norte, se nem é um animal da fauna brasileira? E por que o pernambucano é conhecido como Leão do Norte? Bom, sabemos que, geograficamente Pernambuco fazia parte da região Norte e depois passou a ser Nordeste. A leitura também pode ser feita a partir do brasão de Duarte Coelho, mas outras províncias também tinham brasões e isso não as fez ser golfinho do Sudeste, por exemplo. Só o fato de estar no brasão de Duarte Coelho não é suficiente, é apenas um fator que começa no que eu chamo da paisagem semiótica. Então, que coisa tão forte é essa em termos de signo que passa a representar os pernambucanos ou Pernambuco e que salta para as marcas? E quando ela salta, como se comporta? Quando desenhamos os vetores do nosso Leão do Norte, percebemos que ele é insurreto, corajoso, bravio, ele não se curva. E esse brasão de Duarte Coelho já existia desde que ele veio de Portugal? Não. Ele só recebe o brasão em 1545, perto de falecer. Ele não era uma figura de nobreza, a mulher dele, dona Brites, era. Inclusive ela acabou se tornando nossa governadora porque ele voltou para Portugal e ela ficou aqui. Ela era um Leão do Norte, ficou sendo governadora por mui- to tempo com o brasão do leão. Também havia outros tipos de leão. Certamente, o leão de Judá tem um papel nessa identificação do pernambucano como Leão do Norte, mas não encontra- mos desenhos dele em lugar nenhum por causa da perseguição aos judeus. Também havia o brasão da família de Nassau, que é o da Casa de Orange, que tem três leões. Além desses, também tem o Leão Coroado, personagem da Revolução de 1817, que tinha uma careca redondinha – como uma coroa – mas não havia ilustração, quadro ou representação dele. Não existe sequer uma descrição física do Leão Coroado, só se sabe que ele tinha essa tonsura na cabeça. Existe também o leão de São Jerônimo que, no sincretismo com a África, é Xangô, um orixá muito forte. E São Jerônimo é aquele santo, reza a lenda, que, no século 3 depois de Cristo, tirou uma farpa da pata de um leão, que ficou domesticado. O leão também é bastante representado no Maracatu, não é? O Maracatu, na verdade, começa como nação, depois vira uma manifestação de grupo, de dança, de festa carnavalesca, e você encontra uma quantidade enorme de maracatus representados por leões: tem Leão Mimoso, Leão Formoso e o Maracatu Leão Coroado, que é um dos mais antigos. Algo curioso que descobri recentemente é que há muitas figuras de leões na região de Carpina pois, antes de ter este nome, entre as décadas de 30 e 40 do século passado, Carpina se chamava Floresta dos Leões. Por que o Leão do Norte virou rótulo? Como se deu esse processo dele enquanto marca? Fala-se muito da união dos brasileiros com portugueses, mas há alguns pontos históricos em que essa relação desanda e, no Século 19, foi bem grave, porque enfrentávamos um grande declínio econômico, já existia a separação entre Brasil e Portugal e não nos sentíamos confortáveis com os portugueses tomando conta do nosso mercado. Assim, a denominação de Leão do Norte era usada para o filho da terra ou para a própria terra, Pernambuco. Então, ao colocar o nome Leão do Norte numa padaria, o proprietário está dizendo: sou pernambucano, sou da terra.

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6 imagens da Prefeitura do Recife antigamente

As eleições municipais tomaram as ruas, as redes e, em breve, chegarão à televisão. Nesse momento em que a população olhar com mais atenção ao poder público da sua cidade, a coluna Pernambuco Antigamente faz um passeio pela sede da maior Prefeitura do Estado, ao Palácio Capibaribe Antônio Farias, no Recife. O projeto é do arquiteto Jorge Martins Junior. As obras do edifício tiveram início no final do ano de 1967. O site oficial do poder municipal da capital pernambucana informa que "O edifício-sede da Prefeitura do Recife, Palácio Capibaribe Antônio Farias, foi construído no final dos anos 60, e inaugurado em 1975." Os jornais da época indicam que houve uma cerimônia de inauguração em 10 de fevereiro de 1977, conforme a notícia abaixo do Diario de Pernambuco. A notícia indica que antes da sede atual, a prefeitura funcionavam prédios alugados ou de propriedade do município nas "Ruas da Aurora e Afonso Pena, na Praça da República e próximo ao Mercado da Encruzilhada". Inicialmente, chamava-se apenas Palácio Capibaribe. O nome do prédio é uma homenagem dada ao prefeito do Recife entre os anos de 1975 e 1979, o empresário e político Antônio Farias. Marcelo Alcoforado afirmou que ele " Não era um político arrebatador ou dono de grandes dotes oratórios, mas era prospectivo, ancorado na racionalidade, sensatez, objetividade e correção em tudo que envolvesse o seu nome. Assim, como prefeito, Antônio Farias não aumentou tributos, dedicou-se ao social, enfrentou uma grande enchente, investiu na infraestrutura dos alagados e morros, e aumentou o número de unidades de saúde e educação".  A imagem de abertura é da Biblioteca do IBGE, um registro belíssimo do prédio. Não há informação da data da foto. Abaixo, uma fotografia publicada na página Recife de Antigamente, coletada originalmente no Diário da Manhã, de 1968, com o prédio ainda em obras. As duas fotografias abaixo são do ano de 1979, uma contribuição do Acervo do Patrimônio Cultural da Secretaria executiva de Licenciamento da PCR. Elas são do bairro, mas o edifício do poder municipal se destaca. O destaque da foto abaixo é para o porto, mas o palácio da prefeitura aparece ao fundo, no lado superior esquerdo. Do mesmo Acervo do Patrimônio Cultural da Secretaria executiva de Licenciamento da PCR, a foto abaixo data de 1988, da Rua do Apolo, tendo o prédio do executivo municipal do Recife também ao fundo da imagem. *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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Cuando llegue la Inundacion de Antonio Lomas Domingo ESP

Curtas-Metragens selecionados para a Mostra Competitiva do 14º Animage

Festival Internacional de Animação de Pernambuco anuncia 71 filmes na competição de 2024 O ANIMAGE - Festival Internacional de Animação de Pernambuco anunciou os curtas-metragens selecionados para a Mostra Competitiva da sua 14ª edição, que ocorre de 1 a 6 de outubro de 2024, no Recife. O festival deste ano bateu recorde de inscrições, com 2.200 filmes de 100 países. Desses, 71 curtas foram escolhidos para participar do circuito competitivo, representando 32 países, incluindo 10 produções brasileiras. O evento contará com uma programação gratuita e variada, acessível a todos os públicos, distribuída em cinco locais da cidade. Os curtas selecionados serão exibidos durante o festival e competirão em nove categorias, incluindo Melhor Curta - Grande Prêmio ANIMAGE, que oferece um prêmio em dinheiro de R$ 4.000,00, além da estatueta. Outras categorias premiadas incluem Curta Infantil, Curta Brasileiro, Direção, Roteiro, Direção de Arte, Técnica, Som e Prêmio do Público, este último definido pelo voto dos espectadores. A comissão de seleção desta edição foi composta por profissionais de diversas regiões do Brasil, garantindo uma seleção diversificada e representativa do cinema de animação mundial. Os filmes selecionados para a mostra são:A Drifting Guitar, de Sophie Roze (França, 2024, 29´)  A Menina com os Olhos Ocupados, de André Carrilho (Portugal, 2024, 8´)  A Menina e o Pote, de Valentina Homem (Brasil, 2024, 12´)  A Night at the Rest Area, de Saki Muramoto (Japão, 2024, 11´)  Absorta, de Luiza Pugliesi Villaça (Brasil, 2024, 8´)  Ahoj leto, de Martin Smatana e Veronika Zacharová (Eslováquia, 2024, 11´)  Ana Parideira, de Juliana Barretto (Brasil, 2024, 13´)  Au Revoir Mon Monde, de Estelle B, Florian M, Quentin D, Baptiste D, Maxime F e Astrid N (França, 2023, 5´) Baghe Golabi, de Shadab Shayegan (Alemanha, 2024, 7´)  Baking With Boris, de Maša Avramović (França, 2023, 8´)  Beautiful Men, de Nicolas Keppens (Bélgica, 2023, 18´)  Becarias, de Marina Donderis, Núria Poveda e Marina Cortón (Espanha, 2023, 10´) Cacophonie, de Vincent de Lille (França, 2024, 3´)  Carrotica, de Daniel Sterlin-Altman (Alemanha, 2024, 13´)  Cherry, Passion Fruit, de Renato José Duque (Portugal, 2024, 5´)  Cuando llegue la Inundación, de Antonio Lomas Domingo (Espanha, 2024, 6´) Detlev, de Ferdinand Ehrhardt (Alemanha, 2024, 13´)  DIVVY: A Voodooville Short, de Nova Chimera (Reino Unido, 2024, 5´)  Dona Beatriz Ñsîmba Vita, de Catapreta (Brasil, 2023, 20´)  Egor!, de Maria Afonina (Rússia, 2023, 3´)  Fly By, de Filip Dobeš (República Tcheca, 2023, 3´)  Freak of Nature, de Alexandra Lermer (Alemanha, 2024, 8´)  Gina Kamentsky’s Pinocchio in 70mm, de Gina Kamentsky (Estados Unidos, 2024, 3´) Hadu, de Damilola Solesi (Nigéria, 2024, 7´)  Hermanos Casablanca, de Santiago O´Ryan e José Navarro (Chile, 2023, 8´)  Hide & Seek, de Rami Abbas (Palestina, 2024, 7´)  I Am a Chair, de Mingzhu Jing (Reino Unido, 2023, 1´) I Will Die in This House, de Adriana Bendžalová (República Tcheca, 2023, 7´)  Its a Gray, Gray World, de Seyed Mohsen Pourmohseni Shakib (Irã, 2023, 6´)  JOKO, de Izabela Plucinska (Polônia, 2024, 15´)  Kakomando, de Alexandra B, Delaly T, Bertil S e Clémence C (França, 2023, 7´) Kissing Day, de Ligebita Libera (Turquia, 2024, 8´)  La Eterna Búsqueda del Quién, de Raquel Salome Velasquez (Colômbia, 2024, 2´) Lastsummer, de 玉珠 林, 尤尤 KE (Taiwan, 2023, 4´)  Lulina e a Lua, de Marcus Vinicius Vasconcelos e Alois Di Leo (Brasil, 2023, 14´) Madeleine, de Raquel Sancinetti (Canadá, 2023, 15´)  Manu Sonha com Onças, de Daniel Oliveira Garcia (Brasil, 2023, 5´)  Márcio Gomes, o Astronauta no Espaço, de Pedro Brum (Brasil, 2024, 3´)  Matta and Matto, de Bianca Caderas e Kerstin Zemp (Suíça, 2023, 10´)  Mee and Burd, de Greg McLeod (Reino Unido, 2023, 8´)  Moja Mama, de Agnieszka Popińska (Polônia, 2024, 13´)  Nebsei, de Gabrielle Frewayni Tesfaye (Etiópia, 2023, 11´)  Noggin, de Case Jernigan (Reino Unido, 2024, 7´)  Nube, de Diego Estrada e Christian Narvaez (México, 2023, 7´)  OOMPH, de Oliur Rahman e Henry Egware (Reino Unido, 2023, 3´)  Our Uniform, de Yegane Moghaddam (Irã, 2023, 6´)  Papillon, de Florence Miailhe (França, 2024, 15´)  Pária, de Daniel Bruson (Brasil, 2023, 8´)  Pietra, de Cynthia Levitan (Portugal, 2024, 13´)  Play With Me, de Julie Zheng (China, 2024, 2´)  Poppy Flowers, de Evridiki Papaiakovou (Estônia, 2024, 4´)  Rainboy, de Barbara Brunner (Suíça, 2023, 5´)  Receita de Vó, de Carlon Hardt (Brasil, 2024, 3´)  São Só Diabretes, dos Estudantes da Escola Básica Maria Pais Ribeiro - A Ribeirinha, Leonor Pacheco e Dimitrije Mihajlovic (Portugal, 2023, 3´)  Shoes and Hooves, de Viktória Traub (Hungria, 2024, 15´)  Sopa Fria, de Marta Monteiro (Portugal, 2023, 10´)  Stuffed, de Louise Labrousse (França, 2024, 10´)  Tapir Memories, de Pedro Nel Cabrera Vanegas (Colômbia, 2023, 9´)  The Car That Came Back From the Sea, de Jadwiga Kowalska (Polônia, 2023, 11´) The Death Of James, de Sam Chou (Canadá, 2024, 13´)  The Deer, de Baran Sedighian (Holanda, 2023, 5´)  The Meatseller, de Margherita Giusti (Itália, 2023, 17´)  The Moving Canvas - EXIDE, de Arjun Mukherjee (Índia, 2023, 2´)  The Wild-Tempered Clavier, de Anna Samo (Alemanha, 2024, 7´)  Théo là-haut, de Rachel A, Lien F, Laurent G, Antonin J, Caroline L e Arthus M (França, 2023, 4´) There Are People in the Forest, de Szymon Ruczynski (Polônia, 2023, 10´) Tri ticice, de Zarja Menart (Eslovênia, 2024, 8´)  Tümpel, de Lena von Döhren e Eva Rust (Suíça, 2023, 8´)  Usual Day, de Heorhii Vasiliovich Blinov (Ucrânia2024, 1´)  Votre Attention S'il Vous Plait, de Colette Natrella (França, 2024, 4´) Wander to Wonder, de Nina Gantz (Bélgica, 2023, 13´) O festival é realizado com apoio de várias instituições culturais e governamentais, incluindo o Sistema de Incentivo à Cultura da Fundação de Cultura Cidade do Recife, FUNCULTURA, e o Governo de Pernambuco, entre outros parceiros. O ANIMAGE é uma celebração da criatividade e inovação no cinema de animação, oferecendo ao público uma oportunidade única de apreciar algumas das melhores produções do gênero no cenário global.

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Cidero Belmar Foto Carlos Lima

Festival Palavra Cifrada reúne grandes nomes da literatura no Recife 

De segunda (26) a sábado (31), vários locais, como bibliotecas, livrarias e escolas serão palco de atividades voltadas à literatura e às artes. Cídero Belmar será um dos convidados. Foto: Carlos Lima Grandes nomes da literatura nacional e internacional estarão no Recife nesta semana (26 a 31/8) para o Festival Palavra Cifrada, que chega à capital pernambucana depois de passar por Garanhuns, Afogados da Ingazeira e Vitória de Santo Antão com oficinas, aulas, performances e debates. Em sua terceira edição, o evento, que é gratuito e 100% traduzido em LIBRAS, reúne autores premiados nacionalmente, como Marcelino Freire, Xico Sá, Maria Valéria Rezende, Raimundo Carrero, Ronaldo Correia de Brito e muitos outros e outras. A programação inclui homenagens a Clarice Lispector, Solano Trindade, Julio Verne e João Ubaldo Ribeiro e Kafka, além de shows e palestras com destaque para a produção literária contemporânea. No primeiro dia da programação, o evento começa às 10 horas, no Erem Pe. Nércio Rodrigues, na Linha do Tiro. Camilla Inojosa, autora de oito livros infantis, conversa com crianças e pais sobre o lúdico na criação literária e na imaginação, com uma atividade chamada “Quando a palavra quer somente brincar”. Na parte da tarde (15h30), na mesma escola, o escritor e mediador de leituras Paulo Caldas promove o bate-papo “A palavra-labirinto”, onde aponta os segredos da leitura abordando desde os títulos clássicos até os contemporâneos.  Já na quarta-feira (28), a programação tem início às 15 horas na Biblioteca Pública Estadual com a aula master “A Poesia feminina e as conquistas feministas no Mundo”, que será ministrada pela pernambucana vencedora do Prêmio Jabuti de Literatura, Cida Pedrosa.  A partir das 16 horas, na Livraria do Jardim, o premiado escritor Raimundo Carrero apresenta a conferência “A palavra-amigo, a palavra-saudade”, em que fala sobre seu amigo Ariano Suassuna (1927-2014) e sua contribuição para a literatura, o teatro e a cultura brasileiras.  Ainda na quarta-feira, haverá uma sessão de cinema seguida de debate sobre a obra “Sargento Getúlio”, de João Ubaldo Ribeiro, adaptada para as telas por Hermano Penna. Eleito um dos cem melhores filmes realizados no Brasil, a obra vai ser dissecada por Jonatas Ferreira e Marcelo Perez, convidados para discutir “que palavras estão cifradas na obra - no livro e no filme - podem ser ditas e interpretadas no Brasil atual. A sessão começa às 18 horas também na Livraria do Jardim.  QUINTA-FEIRA  Na quinta (29), a programação começa às 14 horas na Biblioteca Pública do Estado, com o bate-papo “A Palavra Assombrada”, entre o escritor Beto Beltrão e o diretor de cinema Adriano Portella. No debate, eles “desassombram a palavra no Recife assombrado, com ecos de Augusto dos Anjos e Gilberto Freyre”.  Às 14h30 o festival estará no Espaço Pasárgada, com o lançamento da pesquisa “Mapas e itinerários - Editoras independentes e alternativas do Estado”, coordenada pelo escritor e editor Wellington de Melo. No mesmo local, às 15h30, acontecerá a palestra “As Narrativas silenciosas”, tratando de acessibilidade e escuta das comunidades narrativas surdas em Pernambuco, com a multiartista e consultora surda Letícia Lima. Já às 17 horas, na Livraria do Jardim, a conversa “A Palavra teatro”, com Ronaldo Correia de Brito e Leidson Ferraz, discutirá a crítica em arte e teatro. Encerrando as atividades do dia, o debate “O romance geracional e as questões de gênero na literatura e cinema brasileiros” acontecerá às 18 horas, na mesma livraria, com Marcelino Freire e Thiago Corrêa apontando tendências e mostrando a literatura brasileira a partir dos romances que mais marcaram época ou gerações no Brasil.  SEXTA-FEIRA Na sexta-feira (30), um grupo de poetas abre o festival realizando performances nos mercados públicos da Boa Vista, Casa Amarela, Encruzilhada e Peixinhos a partir das 10h. À tarde, a partir das 17h, a programação continua na Livraria do Jardim, com uma conversa “A importância do teatro de texto e do texto para o teatro numa sociedade cada vez mais teatral”, entre o escritor Cícero Belmar e o crítico Luís Reis. Às 18 horas, a conferência “A Palavra bem perto do coração" com Anco Márcio Tenório Vieira e Ianá Gallindo, homenageia o primeiro romance da recifense Clarice Lispector, “Perto do coração selvagem”, publicado há 80 anos. Pré-Balada literária com Marcelino Freire |  Encerrando a programação da sexta-feira, Marcelino Freire comanda bate-papos e recitais e outras atrações com poetas e agentes culturais da cidade. Marcelino Freire trará o evento Pré-balada literária para a Livraria do Jardim às 19 horas. Trata-se de uma versão intimista da festa literária que nasceu em 2006, onde o autor mobiliza livreiros, donos de bar, donos de sebo, escritores e escritoras para celebrar a atividade literária. No último dia de programação, sábado (31), a partir das 15h na Livraria do Jardim, o festival se inicia com o recital “A Palavra Trindade - Um livro faz 80 anos”, com o poeta Samarone Lima lendo Solano Trindade: Poemas d'uma vida simples. Na ocasião, os microfones estarão abertos para diversos autores/autoras. Em seguida, às 16h, uma das principais vozes da literatura brasileira do século 21, Maria Valéria Rezende, realiza a conferência “Essa tal felicidade em Felicidade clandestina de Clarice Lispector”, em que comenta “a felicidade, no âmbito literário ou não, e até onde toda literatura é clandestina”.  Mais tarde, às 18h, mais dois nomes fortes da literatura em língua portuguesa se unem para a conferência “Franz Kafka e as metamorfoses na América Latina”, Gonçalo Tavares, de Portugal, e Xico Sá, cearense radicado em São Paulo. Os autores conversam sobre como a literatura do autor tcheco ainda hoje pode ser tomada como exemplo para o “espanto” na vida cotidiana.  A edição 2024 do Palavra Cifrada termina com o show “A Palavra sagrada”, em que Carlos Gomes, Maju Cavalcanti e Anderson Andrade apresentam o show lítero-musical “Na boca muitos nomes”. Poesia e música, gesto e linguagem, abordando temas como a ancestralidade e a tradição da música de povos originários, num grande concerto, a partir das 20h, na Livraria do Jardim.  O Festival Palavra Cifrada é realizado pela produtora Nós Pós. Sob a direção geral do produtor cultural Alexandre Melo e com a direção de

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Ecletismo do Núcleo Popular da Orquestra Criança Cidadã agita a Caixa Cultural Recife

Apresentação inclui um repertório diversificado com rock, forró, samba e MPB, destacando o talento dos jovens músicos do projeto social. Neste domingo, 25 de agosto, às 15h, o Núcleo Popular da Orquestra Criança Cidadã retornará ao palco do Teatro da Caixa Cultural Recife para uma apresentação especial. Diferente do repertório clássico que caracteriza o projeto social, esta performance contará com uma variedade de gêneros musicais brasileiros, incluindo rock, forró, samba e MPB. Sob a coordenação da professora Viviane Bezerra, a banda pop do projeto reúne alunos que, além de seus instrumentos regulares, demonstram habilidades no canto e em instrumentos adicionais, como guitarra, teclado e bateria. O público pode esperar uma tarde animada com arranjos sofisticados de músicas de grandes nomes da música brasileira, como Alceu Valença, Hermeto Pascoal, Tom Jobim e Rita Lee. A apresentação promete ;combinar a energia dos jovens músicos com um repertório que celebra a diversidade da música popular brasileira. Com mais de vinte músicos se revezando no palco, o espetáculo é o resultado de intensos ensaios que começaram no início de 2024. A entrada é gratuita e limitada à capacidade do local, com distribuição de ingressos a partir das 14h na recepção da Caixa Cultural Recife. O evento faz parte da Série Grupos Representativos – Temporada 2024 da Orquestra Criança Cidadã, que visa promover a inclusão social e o desenvolvimento cultural de jovens através da música. Mais informações sobre o calendário de apresentações da Orquestra Criança Cidadã estão disponíveis no site oficial do projeto. Serviço:

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Filme-documentário “Mestre Biu, Estrela de Ouro” estreia em Pernambuco

Dirigido por Gualberto Ferrari, o filme percorre sete cidades pernambucanas contando a história de Mestre Biu Alexandre, figura emblemática do Cavalo Marinho O filme-documentário “Mestre Biu, Estrela de Ouro” estreia neste sábado (24), em Condado, homenageando os dois anos de falecimento de Mestre Biu Alexandre, fundador do Cavalo-Marinho Estrela de Ouro. O documentário, dirigido pelo argentino Gualberto Ferrari, será exibido em sete cidades pernambucanas, incluindo Petrolina, Garanhuns, Caruaru, Nazaré da Mata, Vitória de Santo Antão e Recife. Em cada cidade, o evento será gratuito e contará com uma apresentação do grupo Cavalo Marinho Estrela de Ouro, além de uma sessão de perguntas e respostas com o diretor. Produzido na Zona da Mata Norte, Agreste e Sertão de Pernambuco, assim como em Igarassu e Olinda, o filme apresenta a trajetória de Mestre Biu e sua dedicação à arte do Cavalo Marinho, uma manifestação cultural profundamente enraizada na cultura popular pernambucana. A narrativa explora não apenas a beleza das apresentações do Cavalo Marinho, mas também os desafios enfrentados por uma família humilde que mantém viva essa tradição, abordando questões sociais, históricas e culturais. Além de celebrar a vida e a obra de Mestre Biu, o documentário destaca a importância da transmissão de conhecimentos culturais de geração em geração. O filme, que será exibido em locais emblemáticos das sete cidades, visa não apenas preservar a memória do Mestre, mas também inspirar novas gerações a valorizar e perpetuar o rico patrimônio cultural de Pernambuco. Serviço: Exibição do filme-documentário "Mestre Biu, Estrela de Ouro" Todas as exibições são gratuitas, e os ingressos serão distribuídos ao público uma hora antes do início das sessões.

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Teatro Santa Isabel recebe espetáculos do V Festival de Ópera de Pernambuco

Prepare-se para o V Festival de Ópera de Pernambuco 2024, que acontecerá no Teatro de Santa Isabel, em Recife, de 23 de agosto a 8 de setembro. Criado e dirigido pelo maestro Wendell Kettle, o evento trará três produções operísticas: "O Menino Maluquinho", "A Princesa do Catete" e "O Elixir do Amor". Os ingressos variam entre R$ 30 e R$ 100, disponíveis na bilheteria do teatro. O festival é realizado pela Academia de Ópera e Repertório e pela Sinfonieta da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com incentivo do Funcultura. Destaques do FOPE 2024 Um dos grandes destaques deste ano é a estreia da ópera "O Menino Maluquinho", uma homenagem ao célebre personagem de Ziraldo, composta por Wendell Kettle. Exclusiva para crianças, a obra se destaca por sua abordagem inovadora, onde jovens talentos desempenham todos os papéis de canto, atuação e dança. Outra obra significativa é "A Princesa do Catete", uma ópera rara de 1883, composta por Euclides Fonseca com libreto do pernambucano Carneiro Vilela, parte do acervo da Biblioteca José Antônio Gonsalves de Mello, no Instituto Ricardo Brennand. Encerramento com "O Elixir do Amor" O festival se encerra com a apresentação de "O Elixir do Amor", de Gaetano Donizetti, uma comédia clássica que exige grande virtuosismo dos cantores e da orquestra. Esta produção oferece uma oportunidade única de intercâmbio com outros projetos operísticos no Brasil, recebendo cantores de destaque do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Ingressos e Informações Os ingressos para o V Festival de Ópera de Pernambuco podem ser adquiridos exclusivamente na bilheteria do Teatro de Santa Isabel, com valores a partir de R$ 30 (meia-entrada). Não perca a chance de participar deste evento cultural icônico em Recife. Programação "O Menino Maluquinho", de Wendell Kettle; dias 23/08 (19h), 24/08 (17h e 19h) e 25/08 (16h e às 18h) | Ingressos: R$ 40 (meia-entrada) e R$ 80 (inteira) "A Princesa do Catete", de Euclides Fonseca; dias 29/08, 30/08 e 31/08 (20h) e 01/09 (19h) | | Ingressos: R$ 30 (meia-entrada) e R$ 60 (inteira) "O Elixir do Amor", de Gaetano Donizetti; dias 05/09, 06/09 e 07/09 (19h) e 08/09 (18h) | | Ingressos: R$ 50 (meia-entrada) e R$ 100 (inteira) Serviço V Festival de Ópera de PernambucoDe 23 de agosto a 08 de setembro - Teatro de Santa IsabelIngressos a partir de R$ 30 na bilheteria do Teatro de Santa Isabel ou no site https://www.guicheweb.com.br/pesquisa/festivaloperape

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Christal Galeria receberá a riqueza das obras de Maria Carmen e Vera Bastos

A Christal Galeria receberá hoje, no dia 14 de agosto, a partir das 18h, a exposição "A Arte como Resistência", que celebra o legado artístico das falecidas artistas Maria Carmen e Vera Bastos, mãe e filha. A mostra, com curadoria de Joana D´Arc Lima, incluirá uma rica coleção de pinturas, desenhos, colagens e esculturas que retratam a vida das artistas entre as décadas de 1970 e 2000. A exposição estará aberta ao público a partir do dia 15 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, e aos sábados, das 9h às 13h. Joana D´Arc destaca que Maria Carmen de Queiróz Bastos foi uma figura fundamental para a arte brasileira, destacando-se entre um grupo predominantemente masculino nos anos 1960 e 1970. Ela participou de exposições coletivas em outros estados e no exterior, além de Bienais e Salões Nacionais de Artes. A exposição também visa reconhecer a importância de Vera Bastos, que, influenciada pela mãe, desenvolveu uma poética surrealista própria. Maria Carmen explorou temas políticos, eróticos e oníricos, e Vera, ao seguir a tradição da mãe, também contribuiu com uma abordagem inovadora à arte. Desde sua inauguração em 2021, a Christal Galeria tem se dedicado a exibir artistas importantes da cena artística pernambucana e nacional. Com uma programação que abrange exposições tanto institucionais quanto experimentais, a galeria busca revelar talentos e oferecer um espaço de influência e reflexão artística. A Christal Galeria está localizada na Rua Estudante Jeremias Bastos, 266, Pina, Recife, e mais informações podem ser obtidas pelo Whatsapp (81) 98952-7183 ou pelo e-mail contato@christalgaleria.com.br.

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Maju Oliveira e Anderson Andrade. Credito das fotos e de Nathalia Queiroz

Espetáculo poético “Na boca muitos nomes” estreia no Teatro Hermilo Borba Filho

Apresentação faz um diálogo entre voz, corpo, ritmo e som, com base no recital de poemas autorais da artista Maju e do artista Oliveira. Foto: Nathalia Queiroz O espetáculo de poesia "Na boca muitos nomes", idealizado pela poeta e musicista Maju e pelo poeta e músico Carlos Gomes Oliveira, estreia no dia 16 de agosto, às 19h, no Teatro Hermilo Borba Filho, no Bairro do Recife. Esta apresentação surge de uma imersão intitulada "Mover é um rasgar-se e remendar-se: processos de um corpo em poesia", que envolveu um processo de três meses com especialistas em corpo, interpretação de Libras e artes visuais. O projeto, incentivado pela Lei Paulo Gustavo, explora a poesia através de uma combinação única de elementos cênicos e performáticos. Após a estreia no Teatro Hermilo Borba Filho, o espetáculo será exibido no Festival Pernambuco Meu País em Triunfo, Sertão de Pernambuco, no dia 18 de agosto, e no Festival Palavra Cifrada na Livraria do Jardim, Recife, no dia 31 de agosto. A performance visa além da leitura convencional de poesia, propondo arranjos vocais inovadores e o uso do violão pelos poetas Maju e Oliveira, incorporando timbres e melodias que enriquecem a experiência poética. "Na boca muitos nomes" integra a poética dos livros recém-lançados de Maju e Oliveira e conta com a participação da tradutora de Libras Anderson Andrade, da bailarina e terapeuta somática Isabela Severi, e da artista visual Bárbara Melo. O espetáculo explora a interação entre poesia, música, Libras, dança, teatro e artes visuais, oferecendo uma experiência multimodal que valoriza a acessibilidade e a expressão artística em suas diversas formas. “Os profissionais do corpo, da tradução em Libras e das artes visuais estarão com a gente nessa imersão, trazendo para os seus corpos as próprias vivências sobre os poemas e performances, devolvendo suas “vozes”, suas “personas”, para a construção do espetáculo, sobretudo na presença de Bela Severi cenicamente nos corpos dos poetas, Anderson Andrade numa tradução em Libras enriquecida com o diálogo desse corpo em poesia, e de Bárbara Melo, pondo suas obras visuais repletas de rasgos, como cenário e cena poética”, detalham os poetas Maju e Oliveira.

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1824: a derrota revolucionária e os efeitos do fim da Confederação do Equador

*Por Rafael Dantas A República instalada em 1824 no coração do Nordeste brasileiro não teve vida longa. Em menos de seis meses, o governo foi derrotado e os líderes fugiram ou foram presos. O maior ícone, Frei Caneca, foi julgado e fuzilado perto do Forte das Cinco Pontas. A queda dos revolucionários derramou sangue, sonhos e deixou sequelas políticas e econômicas. Algumas estão sendo enfrentadas ainda hoje. O primeiro impacto da vitória de Dom Pedro I sobre os confederados foi a dissolução de uma forte classe política e intelectual engajada na então província. O presidente da Confederação do Equador, Manoel de Carvalho Paes de Andrade, conseguiu fugir para a Inglaterra. Frei Caneca, foi preso, condenado e morto. As demais lideranças tiveram destinos parecidos. A força que irrompeu em 1817, na Revolução Pernambucana, e em 1821, na Convenção de Beberibe, e que voltou a abalar Dom Pedro I em 1824, ficaria contida após essa derrota. O próximo movimento de grande proporção no Estado aconteceria apenas quase 25 anos depois, na Revolução Praieira. Os ideais libertários e mais avançados que circulavam na colônia foram abafados. “Com a repressão do governo central ao movimento da Confederação do Equador, vários personagens foram silenciados. No entanto, devemos considerar que foi um momento muito importante, não apenas para a história em Pernambuco, mas para a história do Brasil. Dom Pedro I consegue impor sua força nas províncias da região, no entanto, não foi suficiente para pacificar todas elas. Outros movimentos revolucionários foram surgindo, resultado, inclusive, das contestações que tinham como base liberdade e igualdade. Contestando as formas de governo e a própria repressão do governo central”, ressalta o professor de história da Universidade de Pernambuco, Carlos André Silva de Moura. Os ideais, muito sofisticados para a época, ficaram como um legado da revolução. Para isso foi fundamental o papel exercido pela imprensa, antes e durante o período da Confederação do Equador. “Os jornais como Typhis Pernambucano, coordenado por Frei Caneca, foram fundamentais para a divulgação das ideias de liberdade que foram construídas”. Seja pela imprensa ou pela habilidade retórica e de articulação dos seus líderes, essa revolução conseguiu também ter uma adesão popular. Um fato que contribuiu para a permanência dessas ideias, mesmo diante de um governo autoritário que se instalou. “A Confederação do Equador extrapolou outros movimentos anteriores, pois passou de uma simples conspiração. Concretamente, a Confederação decretou um processo de independência, também com a participação popular, que foi marcante. Além disso, os próprios questionamentos sobre a condição dos escravizados, anos depois, vai levar à criação de vários movimentos abolicionistas. Não só em Pernambuco, mas em diversas partes do Brasil”, analisa Carlos André. Ao derrotar os revolucionários pernambucanos com o exército imperial, Dom Pedro I conseguiu consolidar também a mais centralizadora Constituição, que foi imposta em 1824. Era justamente ela um dos motivos que contribuiu para a explosão da revolução. Para o historiador Flávio Cabral, professor da Unicap, essa Carta, que foi a mais longeva de toda a história do Brasil, deixou um legado perverso para o País. Ela só viria ser derrubada em 1891, já no período republicano, após o longo governo de Dom Pedro II. “Ficamos amordaçados, aceitando goela abaixo a imposição de um déspota. Era uma Constituição arbitrária que tem uma invenção maquiavélica, como dizia Frei Caneca, que era o Poder Moderador. O imperador poderia interferir em todos os poderes”, afirmou o Flávio Cabral. A centralização do poder no governo central é um “legado” dessa derrota pernambucana. Contestada pela Confederação do Equador, que defendia claramente uma posição federalista, como nos Estados Unidos, a força concentrada da governança brasileira não foi abandonada. Os debates promovidos pelo ex- governador Eduardo Campos, que defendiam uma revisão do Pacto Federativo, quase 200 anos depois daquela revolução, permanecem ainda por serem resolvidos. Inicialmente pela capital do Império no Rio de Janeiro e atualmente em Brasília, a concentração de poder no governo e nos poderes legislativos centrais é um fato. Uma expressão que exemplifica a dificuldade dos governos locais diante desse cenário é das marchas dos prefeitos com o “pires na mão” em direção ao Planalto. A busca de recursos para tocar a gestão dos municípios passou também a ser das emendas parlamentares. Seja do Governo Federal, da Câmara ou do Senado, estão na capital as decisões sobre o destino da maior parte dos recursos arrecadados no País. O relatório publicado neste ano pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios) exemplifica a continuidade do problema da concentração de poder. “O início deste ano nas prefeituras municipais é marcado, dentre outras atividades, pela preocupação com a situação fiscal, posto que ao menos metade dos municípios do País encerrou o ano de 2023 com déficit primário”, alertou o comunicado sobre as expectativas das contas municipais em 2024. Um problema de lá do Século 19 que, em outras nuances, permanece presente no Século 21. Além da centralização administrativa e econômica do Império, o “Poder Moderador”, criado por Dom Pedro I na Constituição de 1824, com frequência é evocado pela extrema direita brasileira atualmente. Na leitura contemporânea dos grupos que atentam contra a democracia, o “Poder Moderador” que, no passado, pertenceu ao imperador, seria hoje de competência dos militares. Portanto, outro fantasma que sobreviveu com a derrota da Confederação do Equador. PARA ALÉM DA CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA A manutenção do poder pelo Império contribuiu também para a estabilidade de muitas mazelas sociais do País, como a escravidão e mesmo a desigualdade na análise de Flávio Cabral. “O Império manteve o pobre no mesmo lugar, os povos originários sem condições, além da continuidade da escravidão. Muitas ‘heranças’ que temos hoje são frutos desse conservadorismo que se manteve com a Constituição de 1824. É bom lembrar que ela foi a que mais durou no Brasil”, afirmou o historiador. “O País teve muitas chances de mudança, mas desperdiçou um bocado delas”. A vitória de Dom Pedro, na avaliação de Flávio Cabral, promove uma conservação social do País. “Houve uma independência, mas sem mortificar as estruturas da propriedade, do latifúndio, da escravidão e não se promoveu uma

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