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Para onde vamos? A falta que faz o planejamento

*Por Rafael Dantas Parceria com a Pernambuco, o Nordeste e o Brasil perderam a capacidade de planejamento que tiveram no passado. O papel que instituições como o Condepe (Instituto de Desenvolvimento de Pernambuco), a Fidem (Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife) ou mesmo a Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) tiveram no passado já é pouco conhecido pelas novas gerações. Se no presente colhemos alguns frutos do que foi pensado décadas atrás, no futuro há um grande mar de incertezas diante das tendências globais e de desafios novos e antigos com que convivemos no Estado. Na reunião de agosto da Rede Gestão, organização formada por 32 empresas e instituições especializadas em consultoria e prestação de serviços, o consultor Francisco Cunha realizou um levantamento histórico da capacidade de planejamento do Estado e apontou uma constatação preocupante: “Existem razões históricas que tornaram o Brasil um País sem planejamento, mas faço um destaque especial em Pernambuco. Embora se tenha preservado a capacidade formulativa privada, a estrutura de planejamento pública hoje é uma pálida sombra do que já foi”. ORIGEM PROMISSORA DO PLANEJAMENTO DO ESTADO Após uma longa trajetória de construção de instituições que deram suporte ao planejamento de longo prazo do Nordeste e de Pernambuco – como o Condepe, a Fidem e a Sudene – planejar o crescimento passou a ser tratado como sinônimo de burocracia. Curiosamente, muitos dos eixos que estão na agenda do dia de desenvolvimento econômico local foram gestados nesse período mais profissionalizado que desenhou os rumos do Estado. O Porto de Suape e todo o seu complexo industrial, por exemplo, foram “profetizados” pelo padre dominicano francês Louis-Joseph Lebret na década de 1950. Ele veio a Pernambuco, na ocasião, não pela sua trajetória religiosa, mas pela sua vertente de planejador de referência internacional. O ponto inicial que começou a mover o esforço por construir uma estrutura de planejamento em Pernambuco, no entanto, foi até anterior à vinda do padre. Em 1948, Pernambuco e o Nordeste viviam uma situação inusitada de ter a disponibilidade de energia após o início das operações da Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco). Na sequência das discussões sobre para onde a região caminharia com esse novo cenário nasceram o Banco do Nordeste (1952) e a Codepe - Comissão de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (1952). Foram os estudos e relatórios publicados por Lebret e as instituições, entre meados dos anos 1950 e 60, que apontaram os polos de desenvolvimento espalhados pelo território pernambucano. É identificada a necessidade de conexão ferroviária com o interior produtivo. O próprio padre Lebret indica que Pernambuco precisaria de um porto ao sul, devido à limitação geográfica de expansão industrial no Recife. Estão entremeados nesses insights as sementes de projetos estruturadores como a Transnordestina, o Complexo de Suape e dos programas de incentivo à industrialização de cidades protagonistas do Agreste e Sertão pernambucanos. O economista Sérgio Buarque considera que a capacidade de planejamento que foi construída no País décadas atrás foi sendo enfraquecida diante da prioridade das gestões com os temas de curtíssimo prazo. “Isso é uma tendência do Brasil inteiro dos governantes serem atropelados pelas emergências e terem uma visão imediatista. Não conseguem planejar, menos ainda planejar no longo prazo. Tem uma frase famosa de um intelectual francês que eu gosto de citar, que diz assim: ‘quando é urgente já é tarde demais’. Além disso, muitos governantes não acreditam no planejamento”. Particularmente sobre Pernambuco, o economista descreve que o enfraquecimento do planejamento acontece com o esvaziamento da estrutura da Condepe-Fidem nas últimas três décadas. “Não houve uma renovação de quadros técnicos, que foram envelhecendo. Há ainda os baixos salários. Essa instituição teve uma importância grande em Pernambuco. Em paralelo, nos últimos anos, surge um sistema bem estruturado, que é a Seplag (Secretaria de Planejamento). É um centro de excelência, mas para gestão e monitoramento. Com muito pouco de planejamento”. Com uma estrutura decadente, o Condepe-Fidem resiste com quadros antigos, comprometidos e qualificados, mas muito esvaziado. Ainda no ano passado, em uma entrevista a Algomais, a então presidente Sheilla Pincovsky falou da iminência de aposentadoria de vários técnicos da instituição. Um cenário que se não for revertido de forma ágil, parte da memória desse período mais robusto de planejamento pode ser perdido, sem uma passagem de bastão para um novo momento da agência. “Apesar do pioneirismo da atividade de planejamento estratégico público, Pernambuco foi perdendo ao longo do tempo essa capacidade. Isso se deu pelo envelhecimento das estruturas e pela perda de capacidade formulativa pública, confundida em determinado momento com capacitação em gestão”, avaliou Francisco Cunha. Para exemplificar isso, ele usou a ilustração de um hardware, a estrutura física ou institucional, sem software que faria operá-la, que está muito ligado aos recursos humanos”. “Apesar do pioneirismo da atividade de planejamento estratégico público, Pernambuco foi perdendo ao longo do tempo essa capacidade”Francisco Cunha PREJUÍZOS DE HOJE DA FALTA DE PLANEJAMENTO Durante a apresentação na reunião da Rede Gestão, Francisco Cunha destacou como Pernambuco perdeu algumas oportunidades, conectadas com as novas tendências do Século 21, por uma ausência de planejamento que as colocasse no horizonte do Estado. Uma dessas situações foi não ter avançado na conquista de um cabo submarino nos últimos anos. Hoje, todas essas infraestruturas chegam ao Brasil pelo Ceará e se conectam com São Paulo e o Rio de Janeiro. Um deles tem uma conexão com Salvador, mas nenhum com Pernambuco. Outra macrotendência global que tem fortes implicações em Pernambuco são as mudanças climáticas. Com o risco de avanço do mar no litoral e a previsão de desertificação de parte do interior do Estado, qual o planejamento do Estado para enfrentar esses problemas e surfar nas oportunidades que podem surgir com essa transição? Essa é uma pergunta com algumas sinalizações de estudos técnicos, como o Plano Estadual de Mudanças Climáticas, mas com baixa aplicação. “Uma parte disso que está se tentando executar hoje é a agenda do Século 20. Já tem alguma coisa do Século 21 surgindo com o Porto Digital, mas a gente está muito atrasado. O

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População ocupada em serviços cresce 11% e retoma patamar pré-pandemia em PE

A Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2021, divulgada pelo IBGE, revelou que a população ocupada no setor de serviços em Pernambuco cresceu 11% entre 2020 e 2021, atingindo 395.158 pessoas. Esse aumento representa um retorno ao patamar pré-pandemia. A pesquisa analisou 15 atividades de serviços, com destaque para os serviços profissionais, administrativos e complementares, que empregaram 48,4% do total. Além disso, o número de unidades locais do setor aumentou 34,5%, chegando a 35.706 em 2021, o melhor resultado desde 2007. A receita bruta de serviços em Pernambuco em 2021 foi de R$ 50,4 bilhões, colocando o estado em 10º lugar no ranking nacional. A população ocupada no setor de serviços em Pernambuco teve um crescimento significativo de 11% entre 2020 e 2021, alcançando 395.158 pessoas, marcando o retorno ao nível pré-pandêmico. A pesquisa também apontou que os serviços profissionais, administrativos e complementares foram os principais responsáveis por empregar 48,4% do total de trabalhadores no setor. Além disso, houve um aumento notável de 34,5% no número de unidades locais do setor em 2021, chegando a 35.706, o melhor resultado desde o início da série histórica em 2007. A receita bruta de serviços em Pernambuco em 2021 alcançou R$ 50,4 bilhões, posicionando o estado como o 10º colocado no ranking nacional. Esse montante é cerca de um terço do total gerado pelos serviços profissionais, administrativos e complementares. Embora Pernambuco tenha experimentado um aumento de 25,6% em relação a 2020 e um impressionante crescimento de 79,8% em relação a 2012, o estado teve uma leve queda em sua participação na receita bruta de serviços do Nordeste, passando de 22,2% em 2012 para 21,9% em 2021. Em 2021, o setor de serviços em Pernambuco pagou aproximadamente R$ 10,3 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações, classificando o estado como o 10º maior pagador no país. Os serviços profissionais, administrativos e complementares concentraram 46,3% desse valor. No entanto, houve uma diminuição na média salarial, que era de 1,9 salário mínimo em 2012 e caiu para 1,8 salário mínimo em 2021, apesar do aumento geral dos salários.

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Polo Médico: entre investimentos e desafios

*Por Rafael Dantas Pernambuco abriga no Recife um dos maiores polos médicos do Brasil, com grandes hospitais públicos, privados e filantrópicos. Como todos os setores do País, a pandemia atingiu fortemente a saúde, que ainda não superou por completo as sequelas da pandemia. Porém, enquanto ainda busca a sustentabilidade e tenta se equilibrar ante as altas taxas de inflação médica, a capital pernambucana assiste também à chegada de novas estruturas e, principalmente, de mais tecnologia. As novas forças do setor não estão concentradas na Ilha do Leite, principal região do Polo Médico recifense, mas espalhadas também em bairros como o Pina, Santo Amaro e Caçote. Há investimentos milionários privados e públicos em andamentos e alguns recém-inaugurados. Os problemas, porém, que constam na agenda do setor, estão em um campo nacional ou até internacional. A receita entre a política e a economia, que preocupa a classe empresarial da saúde, foi o combustível dos debates do 10º Congresso Fenaess, promovido pela Fenaess (Federação Nacional dos Estabelecimentos e Serviços de Saúde) e pelo Sindhospe (Sindicato dos Hospitais Particulares de Pernambuco). Reforma tributária, Piso da Enfermagem e a inflação médica são alguns dos assuntos que os representantes dos hospitais querem discutir. NOVAS ESTRUTURAS DO SETOR NO RECIFE Uma das mais recentes novidades no setor foi a inauguração de um hospital dentro do Riomar Shopping: o MaxDay Hospital, fruto de investimentos de R$ 35 milhões. O hospital atende procedimentos de pequena e média complexidade, oferecendo alta médica no mesmo dia. O conceito inovador de hospital dia contribui para a maior segurança dos pacientes, de acordo com Alberto Souza Leão, um dos diretores do empreendimento. “O paciente chega e sai em, no máximo, 12 horas. Sem complicação ou exposição desnecessária”. A conexão com o shopping traz comodidades ao empreendimento, como acesso facilitado para médicos com clínicas nas proximidades e a possibilidade de desfrutar das opções de restaurantes do local. O Max Day Hospital representa um investimento 100% pernambucano. Com uma área de 3 mil m², a unidade conta com um centro cirúrgico, composto por nove salas, incluindo salas de recuperação, além de 35 leitos e UTI. A capacidade da unidade é de realizar, por dia, de 60 a 70 cirurgias. O Hospital Santa Joana Recife também recebeu fortes investimentos recentes, em seu setor de oncologia. A rede Americas, do UnitedHealth Group Brasil, investiu R$ 6 milhões para o Cancer Center, unidade oncológica do hospital. A estrutura proporciona tratamento integrado para casos oncológicos adultos e pediátricos, com capacidade para atender 10 pacientes simultaneamente. “Com o investimento, a receita do Cancer Center teve um crescimento de 100%. Também houve aumento de 50% no volume de atendimento. A expectativa é de uma ampliação ainda maior com a transferência da estrutura do Centro para a nova torre do Santa Joana, que está prevista para inaugurar no segundo semestre de 2024”, afirmou a diretora-executiva do hospital, Érica Batista. O Santa Joana também inaugurou uma Clínica Hiperbárica em parceria com a Clínica Regenere. A unidade oferece tratamento para casos de complicações cirúrgicas, úlceras varicosas, lesões decorrentes do diabetes e radioterapia. “Essa modalidade terapêutica intra-hospitalar é pioneira em Pernambuco e proporciona uma abordagem mais prática e rápida para pacientes internados”. No conjunto de novidades do último ano do setor médico do Recife está o novo prédio do HCP (Hospital do Câncer de Pernambuco). Fruto do investimento de R$ 8 milhões, a unidade aumentou a capacidade de atendimento em 30%. O edifício Governador Eduardo Campos conta com uma área de 8.890 m², abrangendo o Centro de Quimioterapia, a enfermaria de onco-hematologia, 20 leitos de UTI e um novo centro cirúrgico. “Nesse novo prédio, estruturamos toda a quimioterapia no térreo e aumentamos em 20 leitos a nossa unidade de terapia intensiva. Temos um total de 30 leitos de UTI. Com essa operação, já estamos atendendo bem melhor a população, também com um novo equipamento de radioterapia. Atendemos 100% SUS e somos também 100% oncológicos. Somos um dos quatro hospitais do País dessa forma e seguimos trabalhando bastante para ter melhores equipamentos e para reequipar o nosso centro cirúrgico. Além desses investimentos, estamos promovendo ações de gestão para fortalecer a transparência do hospital para mostrar à comunidade o que estamos recebendo e onde estamos gastando as doações e recursos que estão sendo disponibilizados”, afirmou o superintendente do HCP, Sidney Neves. No Imip, a superintendente Tereza Campos destacou uma série de ações para qualificar a prestação de serviços. “Na assistência, inauguramos a UTI Cardiológica Pediátrica, que tem capacidade para 10 leitos. A reestruturação física e a aquisição de equipamentos foram financiadas pelo Governo do Estado de Pernambuco”. O hospital está construindo também uma usina de energia solar, dentro dos esforços socioambientais. A gestora destaca ainda o reforço da segurança dentro do complexo hospitalar, com a instalação de um novo modelo de controle de acesso. “O Imip deu um passo importante para a qualificação do ensino e da pesquisa com a criação do Comitê Institucional de Cooperação Internacional e a reestruturação da Biblioteca Ana Bove, que ganhou instalações modernas e novos recursos tecnológicos. Por fim, no início de 2023, concluímos a implantação do Prontuário Eletrônico do Paciente, inovação que reduziu o consumo de papel no hospital, além de padronizar e garantir mais segurança com os dados dos nossos usuários”, explicou Tereza Campos. Esses empreendimentos estão longe de contemplarem tudo o que está sendo erguido no Polo Médico do Recife, mas sinalizam os esforços de reestruturação, ampliação de serviços e da capacidade de atendimento, aportes em tecnologia, além da construção de novos centros hospitalares. INVESTIMENTOS EM ANDAMENTO Se a cidade já visualizou algumas inaugurações no pós-pandemia no Polo Médico, há um conjunto de novos investimentos, envolvendo recursos maiores no horizonte de 2024. O Hospital Santa Joana Recife, por exemplo, investiu mais de R$ 100 milhões na construção de um novo prédio hospitalar, com 15 andares e cerca de 15 mil m². A unidade vai ser inaugurada em 2024 e está integrada ao atual complexo hospitalar, no bairro das Graças. A nova torre abrigará um centro cirúrgico, com 132

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Workshop de Logística acontece amanhã no Cone Multimodal

A edição 2023 do Workshop de Logística promete agitar o Cone Multimodal no Cabo de Santo Agostinho (PE) amanhã (24). O evento, realizado pelo Grupo Painel Logístico de Mídia & Eventos em parceria com o Cone Multimodal, reúne empresários, industriais e entidades da sociedade civil interessados em explorar o cenário atual e futuro da logística. Com a promessa de apresentar soluções inovadoras e conteúdo relevante, o workshop é uma oportunidade de reunir os principais players do setor. São esperados mais de 500 participantes. Experiência Abrangente de Logística O congresso será marcado pela apresentação de "Cases de Sucesso" de renomadas empresas como Via, Pepsico, Grupo Matheus, Iquine e Suape, entre outras. Além disso, um showroom de soluções logísticas estará disponível para os participantes, proporcionando uma experiência prática e interativa. A expectativa é proporcionar um ambiente de interatividade e inovação, com lançamentos de equipamentos, tecnologias e serviços. O diretor executivo do Grupo Painel Logístico, Deivid Roberto, destaca: "Tudo em um só lugar e com muitas oportunidades de negócios". Oportunidades e Interação O Workshop de Logística atua como uma vitrine de negócios itinerante. Esta edição marca a terceira vez em que Pernambuco recebe o evento, fortalecendo a conexão entre os profissionais do estado e as tendências logísticas. O evento conta com a presença de palestrantes, como o presidente da ANS, Paulo Rebello, e a interação com empresas como a Prestex, a Elo Logística e a FTLOG. As inscrições estão abertas e podem ser feitas através do link: https://shre.ink/9LiP. Detalhes do Evento: Data: 24/08/2023 Horário: Das 8h30 às 17h Local: CONE MULTIMODAL Endereço: Rod. Br-101 Sul, Cabo de Santo Agostinho - PE

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Quais as perspectivas do Novo PAC para o Estado de Pernambuco?

*Por Rafael Dantas O anúncio do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) promete para Pernambuco um volume de R$ 91,9 bilhões, a serem executados nos próximos quatro anos. Frente aos baixíssimos indicadores de investimento das últimas gestões do Governo Federal, o otimismo da classe política e empresarial é grande. Porém, há um conjunto de peças colocadas nesse tabuleiro econômico e político que precisam se acertar para que o Estado colha os frutos desses empreendimentos. A cautela se dá, principalmente, pelo fato de o PAC ter um histórico recente de baixa execução de projetos. No entanto, ao menos no plano de jogo – dos projetos apresentados – o programa indica estar no caminho certo. No conjunto de investimentos anunciados no PAC, há algumas peças chaves montadas pelo Governo Federal em comunicação com o Governo do Estado. Um terço de todos os recursos previstos para Pernambuco (R$ 30,9 bilhões) estão nas pastas que englobam infraestrutura, mobilidade e cidades. Somente no Programa Água para Todos, por exemplo, estão previstos R$ 10,3 bilhões para a revitalização das bacias hidrográficas, em projetos de preservação, conservação e recuperação. Para virar o tabuleiro da estagnação econômica e da baixa competitividade no Estado, entre as obras previstas mais importantes para Pernambuco estão a Transnordestina, os investimentos de recuperação e adequação das rodovias, as adutoras, a retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima e o Minha Casa Minha Vida. Para o Metrô do Recife está previsto apenas um estudo para a requalificação. Sobre o esperado Arco Metropolitano aparece nas planilhas do programa uma alínea de construção da variante do Contorno de Recife (BR-101/408). Além das obras já anunciadas em âmbito nacional, a partir do próximo mês o Governo Federal promete lançar editais para outros projetos prioritários de estados e municípios que somam R$ 136 bilhões. As áreas beneficiadas nessa nova fase são desde a urbanização de favelas, construção de unidades de saúde básica, creches, entre outras. Há uma expectativa, portanto, de que o Estado ou os municípios pernambucanos consigam novos projetos aprovados nessa outra fase do PAC. DO MARKETING À EXECUÇÃO DAS OBRAS O economista Sérgio Buarque descreve o PAC como uma coleção de projetos e intenções, muitos deles já existentes ou antigos, empacotados com um grande marco de marketing do Governo Lula. Ele considera positivo o fato de o programa estar mais aberto a concessões e PPPs (parcerias público-privadas), mas avalia que essa postura não se reflete nos projetos que foram pensados para Pernambuco. A efetividade desses anúncios é a grande dúvida que ele levanta, a partir do histórico do programa. "O PAC é uma coleção de projetos e intenções. Agora, isso lembra o que todo governo faz no primeiro ano, que é o plano plurianual, que vai para a aprovação do Congresso, e está previsto de ser realizado precisamente em quatro anos. A diferença é que eles empacotaram e fizeram marketing. Isso não é ruim. Mas está criando expectativas muito grandes de coisas que a gente não tem muita certeza de como é que vão ser, porque o Governo Federal tem limitações e porque boa parte do que está pensado depende da disposição dos empreendedores privados", ressalva o economista. Do montante de R$ 1,7 trilhão projetado de investimento para todo o País, dos cofres do Orçamento Geral da União estão previstos R$ 371 bilhões. O restante está na conta das empresas estatais, com R$ 343 bilhões; de financiamentos, R$ 362 bilhões; e do setor privado, R$ 612 bilhões. Sérgio Buarque lembra que a parcela de recursos anunciada pelo Governo Federal de investimentos diretos representa pouco mais de 20% do total do PAC. No entanto, esse montante por ano é muito superior à média executada pelo Brasil nos últimos anos. Ele considera que a implementação dos projetos requer um esforço financeiro substancial para alcançar o volume destinado ao Orçamento Geral da União, bem como segurança jurídica e incentivos para envolver o setor privado. TRANSNORDESTINA DE VOLTA A PERNAMBUCO Alguns dos projetos que voltam a surgir no PAC 3, estiveram presentes nas edições anteriores, a exemplo da própria Transnordestina. Iniciada em 2006, a concessão se arrasta há 17 anos na gestão da iniciativa privada. Mesmo com aportes diretos do Governo Federal e financiamentos públicos para a execução do empreendimento, a TLSA retirou o trecho Salgueiro-Suape da ferrovia em dezembro. Como já previsto nas últimas semanas, a linha pernambucana da Transnordestina voltou ao mapa de investimentos. Não se pode falar ainda num xeque-mate do retorno das obras da ferrovia em direção à Suape. Porém, o trecho local voltou ao tabuleiro e precisa avançar novas casas para ser executado. "É fundamental essa integração ferroviária. Tivemos problemas na execução dessa obra, que é antiga. Foi uma vitória, porque ela estava no limbo. Pernambuco foi aglutinando forças e a gente conseguiu botar a classe política no palco e a classe empresarial na plateia para requerer que, imediatamente, a Transnordestina entrasse no PAC e, depois, no PPA. No PAC entrou, no PPA é o próximo passo”, projeta o consultor Francisco Cunha. Após a formulação de um manifesto com assinaturas de mais de 30 organizações e as articulações empresariais para que o pleito chegasse ao Governo Federal, a próxima batalha, na avaliação do consultor, é garantir um cronograma para que as intenções saiam do papel. “Vamos agora voltar às reuniões para ver como a gente amplia a pressão. Fizemos um gol, mas ainda tem um longo caminho pela frente." São esperadas novas definições sobre os recursos, o modelo de execução e gestão, além dos prazos para cada etapa das obras do empreendimento tão aguardado pelo setor produtivo de Pernambuco. As expectativas é de que seja executado inicialmente pela Infra S/A, com investimentos na ordem de R$ 4,5 bilhões. Além das palavras do presidente Lula e do ministro de transportes Renan Filho, o consultor destaca ainda a presença de dois pernambucanos à frente da Sudene e do Banco do Nordeste como fatores positivos para o avanço da linha ferroviária em Pernambuco. Para o economista Sérgio Buarque, tanto na Transnordestina (Salgueiro-Suape), como nos demais

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O que já foi anunciado sobre a Transnordestina após lançamento do PAC?

Um dos maiores pleitos pernambucanos para o Programa de Aceleração do Crescimento era a realização da linha Salgueiro - Suape da Transnordestina. O trecho, que foi excluído do projeto em dezembro, ainda no Governo Bolsonaro, entrou na lista de obras previstas no Novo PAC. Mas sem muitos detalhes. Em entrevistas, no entanto, o ministro dos Transportes Renan Filho vem clareando os próximos passos para que a ferrovia saia do papel. INVESTIMENTO Em coletiva, ele mencionou que enquanto os trajetos ligando Eliseu Martins (PI) a Salgueiro, localizado no interior pernambucano, e de Salgueiro ao Porto de Pecém, no Ceará, serão executados através de financiamento privado avaliado em cerca de R$ 7 bilhões, o trecho que interliga Salgueiro ao Porto de Suape tem um custo estimado de R$ 4 bilhões, será construído com recursos provenientes do OGU. A novidade da coletiva foi a informação de quanto do recurso está previsto dentro do PAC. O ministro falou das cifras de R$ 450 milhões para o próximo ano. RENAN FILHO “O trecho de Pernambuco será inserido no PAC e tocado com recursos do OGU. Nesse primeiro momento, até que a gente consiga [os recursos], o governo tem a inserção para o próximo ano de R$ 450 milhões para iniciar a obra”, afirmou Renan Filho. Os investimentos anunciados, então, são relevantes para destravar a retomada das obras, o que já é uma grande notícia para o projeto que estava sem nenhuma previsão. Porém, ele representa ainda menos de 15% do orçamento para sua conclusão. A consolidação desse anúncio no Plano Plurianual e na Lei Orçamentária Anual de 2024 são os próximos passos.

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Megaoperação no Porto de Suape movimenta mais de 3 mil veículos

Uma megaoperação está em andamento no Porto de Suape, em Pernambuco, onde mais de três mil veículos serão movimentados entre embarque e desembarque. O processo teve início por volta das 14h30 desta quinta-feira (17) e tem previsão de conclusão na madrugada de sábado (19). Ape Crescimento expressivo do hub de veículos de Suape O hub de veículos do Porto de Suape continua a apresentar resultados expressivos. O primeiro semestre deste ano registrou um crescimento impressionante de 60% em comparação ao mesmo período do ano passado. Até o momento, o porto já movimentou 50.800 automóveis, entre importação e exportação. Essa trajetória demonstra a capacidade do porto em lidar com o aumento da movimentação e a expectativa é que esse desempenho continue até o final de 2023. Suape investe em inovação para otimizar operações Para garantir a agilidade nas operações, o Porto de Suape está adotando novas tecnologias. Em uma parceria com a Embratel/Claro e a Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, o porto implementou uma solução de Video Analytics conectada com 5G AS em abril passado. A iniciativa visa otimizar a logística nos pátios de veículos, aprimorando a operação do hub de veículos de Suape.

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Isenção de impostos para importações até US$ 50 preocupa indústria e comércio

*Por Rafael Dantas A entrada em vigor da Remessa Conforme tem gerado intensas preocupações entre os players da indústria e do comércio pernambucanos. A medida, que zera a alíquota de importação para compras até US$ 50 e reduz o ICMS para 17% para empresas estrangeiras, foi concebida com o objetivo de regulamentar e controlar as operações. No entanto, a percepção da classe empresarial é que ela pode trazer desvantagens para a atividade econômica do País. Entidades setoriais criticam a medida, apontando um desequilíbrio ainda maior na concorrência. Enquanto o Governo Federal defende a busca por maior fiscalização e dados confiáveis, analistas alertam para o risco de evasão de divisas e redução do impacto econômico nacional. A iniciativa tem um caráter voluntário e o objetivo de atingir as principais plataformas de comércio digital, como a Shein, Amazon, Shopee, Mercado Livre e AliExpress. As empresas que aderirem ao programa deverão fornecer de forma antecipada os detalhes das compras internacionais. Esses dados serão transmitidos aos Correios e às empresas autorizadas para o desembaraço aduaneiro. Com a medida, a expectativa do governo é de que a Receita Federal possa agilizar o fluxo das remessas internacionais e garantir a quitação antecipada dos tributos devidos. Convertendo para a moeda nacional, o valor da isenção concedida é para compras de aproximadamente R$ 250. Uma pesquisa recente da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) indica que mais da metade das compras no País (52,4%) é de itens com preços finais até esse valor. “Entendemos que essa medida é um absurdo. Defendo que a camisa vendida no Recife pague os mesmos tributos de uma que venha de fora. Não entendo a razão do Governo Federal não taxar. É preciso que tenhamos as mesmas condições de impostos de qualquer mercadoria do mundo. É a questão de igualar tributariamente todos”, reclama o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife, Fred Leal. A apreensão do representante da CDL Recife, que é compartilhada pelos integrantes da Fiepe e da Fecomércio-PE, tem fundamento, na análise do economista André Morais, do Corecon-PE (Conselho Regional de Economia). Ele avalia que a medida criou condições desiguais, com graves prejuízos para os empresários brasileiros. “A preocupação é muito legítima. Veja bem, uma coisa é abrirmos mais o mercado para a concorrência, outra, completamente diferente, é darmos certas vantagens para determinados segmentos. E é isso que, aparentemente, a proposta apresenta, com a justificativa de arrecadar mais. Precisamos ter uma certa equidade e isonomia para com o setor industrial brasileiro também. Senão você acaba desestimulando a indústria local. Imagina você pegar alguns setores já fragilizados e promover um certo desbalanceamento concorrencial? O efeito pode ser extremamente negativo para a economia, além de injusto”, critica o economista. Ninguém tem uma previsão de quanto deve ser o impacto em volume no faturamento das empresas brasileiras. Mas como 9 de cada 10 brasileiros pesquisam no Google antes de realizar uma compra, segundo dados da Offerwise, a queda nas vendas com o anúncio da medida pode ser intensa. “Para Pernambuco, os prejuízos envolvem desde uma forte redução no volume de vendas e nas receitas das empresas até o aumento no desemprego no curto prazo. Em outras palavras, o Remessa Conforme pode comprometer a tendência de melhoria das condições econômicas, que vinha ocorrendo nos últimos meses, tal como apontam pesquisas conduzidas pela CNC e pelo Instituto Fecomércio PE. A medida contradiz o quadro de boas expectativas derivado da recente redução da taxa Selic, pois sinaliza um desincentivo ao empreendedorismo no Estado”, desaprova o presidente da Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto. Apesar da ausência de uma previsão mais concreta sobre os impactos futuros da Remessa Conforme no comércio e na indústria, já foram realizadas estimativas dos efeitos das importações isentas de bens de consumo de pequeno valor (até US$ 50) no passado. A Confederação Nacional da Indústria calculou que apenas no último ano houve uma queda de US$ 13,1 bilhões nas vendas de mercadorias produzidas por empresas nacionais. A CNI ressalta que essa redução nas vendas desencadeia uma subsequente diminuição na produção e no crescimento do País e associa a chegada dessas mercadorias importadas, com isenção, a uma redução de 0,7% no PIB no ano anterior. OUTROS PREJUÍZOS Além da esperada evasão de recursos para outros países, a medida cria outros problemas para o cenário econômico local, que ainda não está plenamente recuperado do baque da pandemia. “A evasão de divisas para outros países significa, literalmente, um vazamento de renda para o exterior. Ou seja, um dinheiro que poderia ser utilizado no Brasil e passa a se destinar para o estrangeiro. Isso não afeta apenas a atividade econômica nacional, como também diminui as perspectivas de arrecadação de receitas do governo. Outros efeitos podem ser encadeados a partir disso, como as dificuldades de acesso a crédito para empresas brasileiras, a redução dos investimentos e das contratações e a diminuição da produção”, enumera Bernardo Peixoto. Muitos analistas ainda duvidam que as gigantes do comércio eletrônico internacional embarquem no Remessa Conforme. Isso porque há muitas exigências para adesão ao programa. Além disso, essas empresas passaram a ser mais fiscalizadas pelo governo brasileiro. Todos os analistas citaram que dois dribles mais recorrentes que as empresas estrangeiras fazem para não pagar impostos nas transações que ultrapassam o valor dos US$ 50, por exemplo, são fracionar os produtos adquiridos pelos brasileiros e realizar a venda como pessoas físicas. A expectativa do Governo Federal de que a medida vai proporcionar dados mais confiáveis sobre compradores, exportadores e produtos é muito otimista, na análise de Bernardo Peixoto. “Outra perspectiva é que, ainda assim, vão se criar outros métodos de burlar o controle alfandegário para evitar o pagamento integral de tributos. Em qualquer caso, a medida torna as condições concorrenciais mais difíceis para as empresas nacionais”. A motivação de que a medida reforce a capacidade de fiscalização do Governo Federal é questionada pelo presidente da CDL Recife. “Entendemos que é um absurdo que, apesar de toda tecnologia que temos hoje, a razão da concessão dessa isenção seja um problema de fiscalização.

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SSM BRASIL

Indústria metalúrgica no agreste anuncia expansão e exportações para Europa e EUA

A SSM Brasil, atualmente com operações em Jaboatão dos Guararapes, na RMR e em São José dos Pinhais no Paraná, revelou planos de expansão ao inaugurar uma nova unidade produtiva no município de Canhotinho, no Agreste. Esta nova etapa de crescimento está ligada ao lançamento das operações de exportação de aço e alumínio para a Europa e América do Norte, através do Porto de Suape. A emprega processos de extrusão de alumínio e transformação de aço para fabricar estruturas e molduras destinadas à fixação de placas solares fotovoltaicas. Ela irá manter a fábrica em Jaboatão dos Guararapes ativa até que a planta de Canhotinho esteja plenamente operacional e, então, efetuar a transição da produção de alumínio e da linha de produção em aço. MAIS EMPREGOS Atualmente, a SSM Brasil emprega diretamente 351 pessoas e contribui indiretamente para cerca de 4 mil postos de trabalho no estado. A expectativa é de que a nova unidade fabril esteja operacional no segundo semestre de 2024. "Prevemos que, quando a planta de Canhotinho atingir sua capacidade máxima, estaremos gerando entre 800 e 1.200 empregos, incluindo postos diretos e indiretos. Apresentamos nossas perspectivas à governadora Raquel Lyra e fomos calorosamente recebidos. Ela acolheu nossa nova iniciativa e comemorou o impacto positivo na geração de emprego e renda. Expressamos nossa gratidão pelo apoio", afirmou o CEO da SSM Carlos Bebiano. INTERNACIONALIZAÇÃO O CEO da SSM Brasil, Carlos Bebiano, acrescentou: "Estamos ampliando nossa capacidade produtiva para atender aos dois novos mercados que estamos adentrando: o europeu e também os Estados Unidos, onde começaremos nossas operações em 2025, com base no Porto de Suape. Com isso, estabeleceremos a produção de aço e alumínio em Canhotinho, enviando-os através do Porto para distribuição em toda a Europa e Estados Unidos." PRESTÍGIO POLÍTICO Estiveram no anúncio, no Palácio do Campos das Princesas, a governadora Raquel Lyra, o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto, a prefeita de Canhotinho, Sandra Paes, bem como representantes da direção da SSM Brasil. (Foto: Hesíodo Góes - Secom)

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Inteligência artificial no trabalho: ameaça ou facilidade?

*Por Rafael Dantas Quem tem medo da inteligência artificial? Os impactos estimados dos avanços dessas novas tecnologias são muito diversos. Os economistas do Goldman Sachs prevêem que 300 milhões de empregos no planeta podem ser automatizados pela nova onda de IA que estamos vivendo. A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) estima que 27% dos postos de trabalho dos países que integram o bloco podem sumir. Por outro lado, um conjunto de novas oportunidades e profissões já está surgindo, inclusive em Pernambuco, com a popularização dessas ferramentas. Com alta capacidade de imitar tarefas que, normalmente, exigiriam a inteligência humana, esses novos sistemas tendem a promover um tsunami de transformações no mercado de trabalho, que não podem ser desconsideradas pelos profissionais que estão na ativa, nem por quem está desenhando as políticas públicas para o futuro — mesmo no curtíssimo prazo. Diferente das revoluções tecnológicas anteriores, que substituíram principalmente trabalhos mais braçais, a atual avançou sobre atividades cognitivas. Tradução de textos, análise de diagnósticos para identificação de doenças e atendimento virtual ao cliente são apenas alguns exemplos. “As áreas mais impactadas nessa nova fronteira tendem a ser de manufatura, transporte, varejo, serviços financeiros, atendimento ao cliente, inclusive muitas atividades na área de saúde. A inteligência artificial chega primeiro aos trabalhos com nível de cognição mais baixo. Ela já consegue automatizar essas funções, em níveis mais altos do que a computação vinha automatizando até então”, afirmou Guilherme Jaime, gestor nacional da área de TI da Faculdade Estácio. Muitos profissionais, no entanto, consideram uma perspectiva de trabalho com suporte de inteligência artificial. Um recente estudo do Fórum Econômico Mundial indicou que 74,9% das organizações pesquisadas indicam a probabilidade de adotar inteligência artificial nos próximos cinco anos. Para compreender esse novo cenário do mercado de trabalho com uso fluido de inteligência artificial e até para entender as problematizações que surgirão dele, o consultor da TGI, Fábio Menezes, avalia que os profissionais e gestores precisam dar alguns passos iniciais para superar os níveis de medo e de curiosidade. “Temos que vencer os dois, ir além da curiosidade e vencer o medo inicial. É um negócio com potencial arrasador para o bem e para o mal”. O consultor sugere que gestores de empresas e profissionais instalem uma pauta de discussão sobre o impacto da IA nos seus setores e com atenção às especificidades não apenas da sua atividade, mas também regionais. “Temos estimulado que as pessoas pesquisem, estudem e façam exercício prospectivo. Não é adivinhar o que vai acontecer, mas imaginar sobre o que pode acontecer. Essas ferramentas ajudam muito na produtividade, eficiência e inclusive na qualidade. Trazem um ganho de tempo. Mas aspectos como a criatividade, a originalidade e o relacionamento vão ganhando força. Os algoritmos nos conhecem, mas não estabelecem uma relação”. PARA ALÉM DA CURIOSIDADE Anselmo Albuquerque, sócio-fundador da Jogga Digital, começou a mergulhar mesmo nas aplicações de inteligência artificial para seus negócios em fevereiro. Ele deu uns passos além da curiosidade para explorar diversas ferramentas para aumentar sua produtividade, criar conteúdo, editar vídeos e aplicar em seus negócios, com ênfase na curadoria e análise de dados. O publicitário ressalta que a IA é um auxílio e não deve substituir a responsabilidade humana nas decisões ou nas análises geradas pelas tecnologias. Anselmo também enfatiza a importância de experimentar a IA em coisas casuais e cotidianas para entender melhor seu funcionamento e potencial. “Essas ferramentas estão sendo aplicadas de maneira caseira, amadora e também de maneira profissional para estudos, desenvolvimento da ciência, da medicina, da engenharia. Ela não traz respostas perfeitas, mas auxilia. Não podemos transferir a responsabilidade dos conteúdos para a máquina. Vivemos um momento de experimentação. O segredo da qualidade das respostas da IA está no pedido que fazemos para ela, com contexto, clareza e objetivo”, afirma Anselmo. “Eu daria um recado para o profissional que está com medo: não é inteligência artificial que tira seu emprego, mas talvez uma pessoa que aprendeu a usar a IA. É importante estar à frente para que o seu negócio dure e permaneça”, aconselha. Na prática dentro da empresa, ele afirma que há um estímulo para que a equipe use inteligência artificial no cotidiano de trabalho em diversos níveis, como para gerar um comunicado de inadimplência a um cliente, para a organização de uma pauta de reunião e até fazer análise de dados para tomar as decisões mais acertadas nas prestações de serviço. Nessa aplicação mais complexa, ele lembra que são simulações que preservam as informações dos clientes, que é um dos pontos de atenção do mundo mergulhado em IA. CASE PERNAMBUCANO DE USO DA IA Após cinco anos de ser fundada, a pernambucana Di2Win prevê um faturamento em 2023 entre R$ 6 e R$ 8 milhões. A empresa é especializada em gêmeos digitais, que promovem a otimização dos processos com uso de inteligência artificial e robotização. De acordo com o CEO, Paulo Tadeu, o negócio conta atualmente com 17 clientes, mas está num momento de expansão, conquistando, mês a mês, dois a três novos contratos. Diante da experiência das empresas para as quais a Di2Win tem prestado serviços, ele considera que não houve uma destruição de postos de trabalho, mas uma liberação para que aquela mão de obra exercesse atividades mais criativas e menos repetitivas. “Focamos na redução de custo e na eficiência operacional. Algumas etapas não usam humanos, os clientes realocam os profissionais para outros espaços ou avançam em outros mercados. Essa mesma discussão aconteceu com a chegada dos softwares, da internet. Mas aconteceu uma migração das pessoas para áreas de maior valor agregado. São ferramentas que pegam o histórico passado, veem as formas de trabalho e as colocam de forma automática. O que é novo, inusitado e criativo fica com o humano”, considera o CEO. ESCASSEZ DE MÃO DE OBRA Para dar suporte ao crescimento da empresa, um dos braços de atenção é justamente no treinamento de profissionais para atuar com inteligência artificial. A Di2Win conta com 43 funcionários no Recife e no interior de Pernambuco e de São Paulo.

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