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PAIS.DA .PATRIA

O que houve com a pátria da democracia?

*Por Francisco Cunha Considero-me, desde que me entendo por gente, um cinéfilo, especialmente admirador dos filmes norte-americanos pela qualidade de suas produções no famoso padrão “hollyhoodiano”. E uma coisa que sempre me chamou a atenção foi que, filme sim, filme não, aparece uma sala de audiência de justiça, com um juiz (ou juíza) no alto, réu e advogados, de um lado, e acusação e operadores do direito, do outro, não raro na presença de um júri popular. Existem até filmes cujo enredo é, justamente, o desenrolar de um julgamento, como é o caso do extraordinário 12 Homens e uma Sentença (de 1957, dirigido por Sidney Lumet e protagonizado por Henry Fonda, Lee J. Cobb e Martin Balsam) que, aliás, teve uma boa refilmagem em 1997 com a participação do grande Jack Lemmon. Essa super exposição da Justiça para mim sempre foi, além de objeto de admiração, uma evidência do valor que os norte-americanos davam à democracia, ao princípio de que todos são iguais perante à lei e de que, em última análise, a justiça se fará, doa em quem doer. A propósito, uma coisa que também sempre me admirou foi que não lembro de ter visto nenhum caso de filme que colocasse qualquer sombra de dúvida sobre a idoneidade dos juízes. Lembro de muitos enredos em que aparecem advogados e, até, procuradores corruptos mas juízes, nunca! Pois bem, qual não foi minha surpresa e, porque não dizer, profunda decepção, ao constatar que toda essa magna exaltação da justiça e da defesa dos valores democráticos vai por água abaixo quando todo o aparato judiciário e institucional dos EUA não consegue colocar um freio nas pretensões e ações francamente antidemocráticas de Donald Trump e seus celerados apoiadores. Meu real espanto grandemente acentuou-se quando não se conseguiu fazer com que Trump fosse responsabilizado e devidamente punido pelo incentivo e comando da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, com o objetivo declarado de impedir a promulgação da eleição da qual tinha saído vitorioso Joe Biden. Uma invasão que colocou sob risco de vida não só os congressistas mas o próprio então vice-presidente da República, Mike Pence, presidente do Congresso e, em última análise, responsável final pela promulgação que Trump queria impedir sob a falsa alegação de que a eleição havia sido fraudada. As provas da reponsabilidade direta de Trump são cabais com filmagem exaustiva do seu discurso incentivador durante o qual chega a apontar a direção do Capitólio para a turba alucinada. E, mesmo assim, quatro anos depois, nada. E, olhe, que não estou falando da multidão de outros crimes de que ele é acusado. Restrinjo-me àquele que me parece crucial para o futuro da democracia norte-americana, a invasão e depredação do local que mais se identifica fisicamente no mundo com a representação popular e, ao fim e ao cabo, com a democracia, talvez secundado apenas pelo edifício do Congresso Nacional em Brasília, pelas imagens pictóricas, imponentes e representativas que têm. Certamente, não por acaso ambos tenham sido objeto de ataque e depredação planejada… E mais estupefato fiquei quando, ato contínuo após tomar posse do seu segundo mandato, Trump, cumprindo promessa de campanha, anistia os marginais que já haviam sido condenados pela invasão e depredação do Capitólio, colocando livres na rua, inclusive, elementos perigosíssimos acusados de crimes ainda piores. Isso, sem falar na enxurrada de decretos teatralmente assinados no salão oval da Casa Branca, uma boa parte deles flagrantemente inconstitucionais, na terra em que a Constituição, promulgada pelos famosos “pais da pátria” em 1787, é considerada sagrada e praticamente “imexível”, tendo passado praticamente incólume, inclusive, pelo trauma supremo de uma guerra civil fraticida. Diante desses absurdos que vemos se desenrolarem no chamado “grande irmão do norte” minha questão é justamente a do título: o que houve com a pátria da democracia? Ninguém vai se rebelar contra todos esses absurdos? O sujeito vai solapar os princípios democráticos norte-americanos à vista de todos sem que ninguém se oponha? Onde foi parar o grande apreço norte-americano pela justiça e pela democracia? Será que estamos vendo finalmente o tão propalado “declínio do império americano” (nome, aliás, de um filme canadense de 1987, esse apenas razoável)? Espero que esse tempo sombrio e alucinado seja um interregno entre tempos de sensatez e bem aventurança e nos salvemos da loucura e das bravatas. Espero que tudo isso seja um apagão restaurável, evidência de fraqueza momentânea de princípios. E que esteja certa a avó do amigo Anselmo Alves: “muita farinha é sinal de pouca carne”. Oremos! *Francisco Cunha é consultor e sócio da TGI

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Prepare-se para cair no frevo: cuidados essenciais com corpo e alimentação no Carnaval

De roupas leves e tênis confortáveis a uma alimentação equilibrada e hidratação reforçada, especialistas compartilham dicas indispensáveis para garantir energia e segurança durante os dias de folia O carnaval é sinônimo de festa, alegria e muita energia. No entanto, para aproveitar todos os dias de diversão sem comprometer a saúde, é essencial cuidar do corpo e da alimentação. O personal trainer Elton Alves, o fisioterapeuta Diogo Novaes e a nutricionista Julia Acioli trazem orientações valiosas para os foliões que desejam cair no frevo com disposição e bem-estar. Segundo o personal trainer Elton Alves, o uso de um bom tênis é fundamental para o conforto durante as longas horas de folia. "Um calçado adequado com bom amortecimento reduz o impacto nas articulações e proporciona mais comodidade nos movimentos", explica Elton Elton também ressalta a importância de alongamentos e mobilidades antes, durante e após os dias de festa. "Ainda que seja difícil manter a disciplina no calor do momento, parar por alguns minutos para alongar ajuda a reduzir a rigidez muscular, e fazer mobilidades irá ajudar as articulações", orienta. Para um Carnaval mais saudável, ele recomenda, além disso, o uso de roupas leves e respiráveis, que permitam a ventilação do corpo. Lesões - O asfalto, por ser uma superfície dura, aumenta o impacto nas articulações, especialmente joelhos, tornozelos e quadril. Se você já tem algum histórico de dor ou lesão, o risco pode ser maior. “Para diminuir os riscos de problemas, use tênis com bom amortecimento, que ajudam a absorver o impacto e reduzem a sobrecarga nas articulações. Além disso, mantenha a postura corporal ao caminhar ou dançar, evitando movimentos bruscos. Alongar-se e fazer mobilidade antes de sair e ao final do dia também ajuda a diminuir a rigidez muscular e protege as articulações”, informa Elton Alves.  Ouça seu corpo - É importante ouvir seu corpo. Se sentir muito cansaço ou dores, faça uma pausa e procure relaxar, mesmo durante a folia. Alterne momentos mais animados com períodos de descanso, preferencialmente sentado ou em um ambiente mais tranquilo e arejado. Hidratação e alimentação adequada também são indispensáveis. “Durante os intervalos dos dias de Carnaval, priorize o sono e evite excesso de atividades físicas intensas para permitir que o corpo se recupere. E lembre-se: dormir de 7 a 9 horas por noite é essencial para estar pronto para o dia seguinte”, lembra o profissional de educação física.  Como cuidar do corpo para curtir o carnaval sem dores nas ladeiras de Olinda Entre os pulos no frevo, a subida das ladeiras e a energia contagiante dos blocos de rua, o Carnaval de Olinda exige cuidado redobrado para evitar lesões e desconfortos físicos. O fisioterapeuta Diogo Novaes compartilha orientações valiosas para garantir uma folia saudável e sem dores. Priorize o alongamento “Dedique alguns minutos antes e depois da folia para alongar o corpo. Um bom alongamento aumenta a flexibilidade, ativa a circulação e prepara os músculos para o esforço repetitivo, reduzindo o risco de lesões”, orienta Diogo Novaes, reforçando as orientações de Elton Alves. Movimentos para as pernas, lombar e panturrilhas devem ser prioridade, já que essas áreas são muito exigidas durante o Carnaval. Evite exageros e proteja suas articulações O impacto causado pelo asfalto e as descidas íngremes das ladeiras pode sobrecarregar articulações, principalmente dos joelhos. "Utilizar um tênis com bom amortecimento é fundamental para diminuir a pressão sobre as articulações. Também é importante respeitar os limites do corpo, evitando saltos muito frequentes ou movimentos bruscos que forcem os joelhos ou tornozelos", explica o especialista. Cuidado com a lombar Os movimentos intensos e contínuos ao som do frevo podem impactar a região lombar, especialmente se a postura não for mantida. “Enquanto você dança ou caminha atrás dos blocos, tente manter uma postura mais alinhada, evitando arqueamentos exagerados da coluna”, aconselha Diogo. Descanso é parte essencial da festa Mesmo durante a folia, é fundamental encontrar momentos para relaxar. "Busque áreas mais tranquilas para se sentar e descansar, aliviando a pressão das articulações e dando uma pausa para o corpo se recuperar. A cada duas ou três horas, tente alternar entre momentos de grande atividade e períodos de repouso", orienta Diogo Novaes. "Lembre-se de que é melhor desacelerar um pouco e aproveitar o feriado inteiro, do que exagerar no primeiro dia e perder o restante", finaliza o fisioterapeuta. Mantenha alimentação saudável durante os festejos de momo Para a nutricionista Julia Acioli, a base de uma folia saudável está na alimentação adequada e equilibrada. "Priorize carboidratos complexos como a batata-doce, inhame, macaxeira e, que garantem energia de longa duração. Combine com boas fontes de proteína, como peito de frango, ovos, atum e cortes magros de carne vermelha, para auxiliar na saciedade e evitar a perda de massa muscular", aconselha. Ela destaca a importância de lanches práticos e nutritivos. "Castanhas, frutas desidratadas e barrinhas de proteína são ótimas opções para levar com você. Porém, é necessário redobrar o cuidado com alimentos vendidos na rua, especialmente os que precisam estar bem condicionados, pois podem estragar rapidamente no calor." A hidratação também é um ponto-chave para a nutricionista. "Beba água constantemente e alterne com isotônicos ou água de coco, que ajudam a repor os sais minerais perdidos pelo suor. Outra boa estratégia é levar um gel de carboidrato na bolsa ou pochete, especialmente em situações de longas horas de folia, pois o gasto energético é elevado e geralmente a alimentação fica comprometida. Esses géis oferecem uma reposição rápida de energia, mas é fundamental lembrar que não substituem uma refeição." Julia reforça que evitar bebidas alcoólicas em excesso é essencial para manter a energia e o bem-estar. Alimentos perecíveis e seus riscos nas ruas Alimentos perecíveis, como maionese, carnes, cremes e preparações com leite ou ovos, podem estragar rapidamente quando expostos ao calor. No Carnaval, com altas temperaturas e grande circulação de pessoas, esses alimentos vendidos na rua são um risco maior para intoxicação alimentar. “O consumo de alimentos contaminados pode causar náuseas, vômitos, diarreia, febre e dores abdominais, prejudicando a folia e podendo necessitar atendimento médico”, alerta a nutricionista

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Recife Chuvas

É a economia... e o meio ambiente: a inevitável conexão com as mudanças climáticas

Eventos extremos, como as chuvas da semana passada, mostram que a resiliência urbana e políticas ambientais são essenciais para o desenvolvimento econômico Todo final de ano fazemos matérias de perspectivas econômicas para analisar o que vem pela frente. Para um dos especialistas nacionais que entrevistei, perguntei sobre os possíveis impactos das mudanças climáticas na economia. Ele sugeriu que eu entrevistasse um ambientalista. Ele falava de PIB, inflação, desemprego… não de meio ambiente. Além de todos os transtornos e até vítimas, as chuvas desta semana, mais uma vez, fecharam comércios, cancelaram aulas e deixaram casas inundadas e vários bairros sem energia. Vidas perdidas, patrimônios destruídos e cidades paradas esperando a chuva parar. Mais uma demonstração de que não dá para falar de economia sem tratar de meio ambiente. Os investimentos para tornar as cidades mais resilientes não são baixos. Em uma região com tantas famílias vivendo às margens dos rios e nos morros, a necessidade de políticas robustas de moradia ganham outra dimensão. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO RECIFE NO EVENTO DA FIEPE O novo secretário de Desenvolvimento Econômico do Recife, Carlos Andrade Lima, é um dos convidados da mesa de abertura do IV Seminário Brasil de Economia. O seminário, que acontece na próxima quarta-feira (12.02), é promovido pela Fiepe e o Conselho Regional de Economia de Pernambuco. Em 2024, o Recife foi responsável pela criação de um a cada três empregos com carteira assinada em Pernambuco. O número ratifica a posição da capital como principal cidade geradora de empregos formais do Estado. INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS EM JABOATÃO DOS GUARARAPES A Direcional Engenharia expande sua presença em Jaboatão dos Guararapes com o lançamento dos empreendimentos Viva Vida Jardim Botânico e Direcional Conquista Jaboatão, que integram os programas Minha Casa, Minha Vida e Morar Bem Pernambuco. Os projetos somam 720 unidades habitacionais e incluem infraestrutura de lazer completa, além de obras de contrapartida social, como pavimentação de ruas e melhorias no abastecimento de água. “Com o lançamento de dois empreendimentos em Jaboatão dos Guararapes, reforçamos nossa atuação estratégica em uma cidade onde temos alcançado resultados expressivos”, afirma Renato Bezerra, superintendente comercial e de incorporação da Direcional em Pernambuco. NISSIN LANÇA PRODUTO DE OLHO NO MERCADO DO NORDESTE A Nissin Foods amplia sua conexão com o público do Norte e Nordeste ao lançar o Nissin Lámen sabor Cuscuz com Calabresa, um tributo à culinária regional. Com embalagem assinada pelo xilogravurista J. Borges, o produto não só celebra um dos pratos mais emblemáticos do Nordeste, mas também reforça a estratégia da empresa de valorizar a cultura local. “O cuscuz é uma verdadeira paixão no Nordeste, e trazer essa combinação em um lámen é nossa forma de celebrar a energia, os sabores e as histórias dessa terra tão vibrante”, afirma Danielle Ximenes, gerente da marca. A empresa, que é líder no segmento de macarrão instantâneo, possui uma das suas fábricas em Pernambuco, na cidade de Glória de Goitá. A outra unidade fica no interior de São Paulo. SETOR DE BARES E RESTAURANTES BATE RECORDE DE EMPREGOS EM 2024 NO PAÍS O setor de alimentação fora do lar criou 230 mil novas vagas em 2024, atingindo 5,74 milhões de trabalhadores, o maior número da série histórica iniciada em 2016, segundo a PNAD do IBGE. Com um crescimento de 4,2%, bem acima da média nacional de 0,8%, bares e restaurantes reforçam sua importância para o mercado de trabalho. Além disso, o salário médio no setor subiu 5,8%, chegando a R$ 2.190. Para que esse crescimento continue, empresários defendem medidas como a desoneração da folha de pagamento e o fortalecimento do trabalho intermitente.

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Vista aérea diurna da BR 232 - em Pernambuco, com dezenas de carros

A BR-232 e o futuro econômico de Pernambuco

Dentre vários condicionantes, o desenvolvimento regional assenta-se sobre duas propostas: educação e logística. Em se tratando do primeiro tema, vários documentos, matérias e crônicas têm registrado a importância ímpar da expansão do ensino técnico e superior ocorrido a partir de 2004, quando dezenas de universidades, mais de 100 campi foram abertos no interior do Brasil, destacando-se a região Nordeste. No caso de Pernambuco a presença dos institutos e universidades federais, somando-se à interiorização da UPE (Universidade de Pernambuco) e seguindo-se das escolas e faculdades privadas, permitiu que a juventude que mora fora da região metropolitana tivesse acesso ao ensino superior. Há alguns desafios a serem pontuados em uma outra oportunidade. Debruçando-se um pouco sobre o mapa de Pernambuco, há de se considerar que um grupo de grandes e médios municípios se encontram à sua margem, iniciando-se pelo Recife, Moreno, Vitória de Santo Antão, Pombos, Gravatá, Bezerros, Caruaru, São Caetano, Tacaimbó, Belo Jardim, Sanharó, Pesqueira, Arcoverde, Custódia, Serra Talhada, Salgueiro e Parnamirim. Este traçado, desde o início do Século 19, conforme é tão bem documentado pelo engenheiro Maurício Pina em seu livro BR-232 – Um Caminho de Engenharia e História, representa a rota preferencial entre o leste-oeste do Estado. Também não é difícil verificar que nesta relação encontram-se várias cidades com população superior a 80 mil habitantes e que representam polos dinâmicos da economia regional, destacando-se a capital, Vitória de Santo Antão, Gravatá, Caruaru, Belo Jardim, Pesqueira, Arcoverde, Serra Talhada e Salgueiro. O surpreendente é ver que são poucas as lideranças que têm levantado de forma sistemática e consistente a urgência da duplicação desta rodovia como condição sine qua non para o desenvolvimento pernambucano. Para a maioria dos gestores das instituições públicas, normalmente sediadas no Recife, há de se considerar que não tenham a real dimensão do que representa o Estado e por isso facilmente se veem envolvidos em outras questões que, apesar de importantes, não se assemelham a essa. Entretanto, em se tratando de gestores municipais e das bancadas estaduais e federais, é algo pouco compreensível. Será que essas lideranças não trafegam nessa rodovia? Considerando que os aeroportos do interior estão instalados em Caruaru, Serra Talhada, Araripina e Petrolina, é quase certo que venham ao Recife ou tenham que ir a Brasília quase todas as semanas. Em dias normais, o tráfego para quem se desloca pelo Sertão é congestionado em vários trechos, tornando-se um exercício de paciência entre Arcoverde e São Caetano, quando se encontra o segmento duplicado da rodovia. Neste sentido é incompreensível não haver um movimento arco-íris, congregando as lideranças, independente de partidos ou ideologia para lutar por esta causa. GOVERNAR É ELEGER PRIORIDADES, FUNDAMENTALMENTE Nos últimos meses voltou à discussão a duplicação da rodovia no trecho entre São Caetano e Serra Talhada, havendo o governo estadual destinando algo ao redor de R$ 50 milhões para o projeto técnico. Lembrando que, no governo anterior, havia sido aberta a licitação visando o projeto entre São Caetano e Custódia, não saindo do ponto inicial, ao que consta. Aguarda-se pela apresentação do projeto para que se possam iniciar as negociações com o Governo Federal, que mantém a jurisdição sobre a estrada, de forma a que se destine os recursos para a obra em si. Apesar dos anúncios, fogos, rojões e outdoors, o fato é que essa é uma tarefa que exigirá foco, esforço e meios. Colocar o projeto na pasta e partir para Brasília faz parte do manual, mas seria importante contar com os deputados e senadores de Pernambuco abraçando a ideia e destinando ao menos as emendas de bancada de um ano como contrapartida coletiva à obra, o mesmo podendo se esperar dos gestores das cidades diretamente ligadas ao seu traçado. DA HIPÓTESE AO FATO A obra de Maurício Pina é rica em detalhes e comenta o esforço de um número expressivo de políticos e engenheiros pernambucanos e até do exterior que esteve envolvido no planejamento, construção e financiamento dessa obra, destacando alguns como o engenheiro Abdias de Carvalho que, com toda a justiça, empresta seu nome à avenida pela qual se inicia a rodovia no Recife, passando por governantes como Nilo Coelho e Jarbas Vasconcelos. A decisão do governador Jarbas em destinar parte substancial da privatização da Celpe para duplicar o trecho da BR-232, compreendido entre o Recife e São Caetano, foi a mais importante decisão estratégica tomada por um governante de Pernambuco nos últimos 30 anos. Pois bem, que todos estejam juntos em um movimento que transforme a hipótese em fato e que se estabeleça um plano de médio prazo que vise à ligação Recife-Araripina e Recife-Petrolina com estradas duplicadas, com anéis viários, onde se fizerem necessários, e as obras complementares de pontes, viadutos e vias paralelas, demandadas. Aguarda-se também a conclusão da ferrovia Transnordestina. Uma outra luta não menos árdua, mas que fica para outra hora. No momento, que se trabalhe na duplicação do que existe e está em uso permanente, a BR-232. *Por Geraldo Eugênio, professor da UFRPE em Serra Talhada

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Lorena Tenorio

"Damos oportunidade para a criança ou o jovem entender que pode fazer a diferença na sua realidade"

Coordenadora-executiva do Instituto Conceição Moura, Lorena Tenório conta como a organização investe para transformar Belo Jardim a partir da educação. A meta é colocar a cidade entre as 10 mais bem posicionadas no Ideb estadual, a partir de iniciativas de cunho educacional mas, também, cultural, como sessões gratuitas de cinema e a abertura de um museu. A educação tem sido um dos caminhos mais eficazes para ofertar novas perspectivas a pessoas em condição de vulnerabilidade social e econômica. E foi pela via da aprendizagem que o Instituto Conceição Moura resolveu investir para contribuir com crianças e jovens da cidade de Belo Jardim, a vislumbrarem um futuro de possibilidades. Trata- -se de um grande desafio para essa organização, mantida pelo Grupo Moura que tem a meta ousada de incluir o município do Agreste pernambucano no ranking dos 10 mais bem colocados no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) no Estado. Para atingir o objetivo, o instituto atua desde a primeira infância, com ações para melhorar a qualidade da educação da região, a partir do incentivo às escolas de tempo integral, reforço escolar, formação de jovens e aulas de robótica. Também são oferecidas aulas de teatro e percussão, uma forma lúdica, para a garotada desenvolver a criatividade, a leitura e a escrita. O incentivo cultural, na verdade, é outro ponto forte de atuação do instituto, que ainda mantém um cinema (o único da cidade). Além disso, no início de fevereiro vai inaugurar um museu, que terá como exposição permanente o maquinário da antiga fábrica de Mariola que se transformou na sede do instituto. Nesta entrevista, Lorena Tenório, coordenadora-executiva da organização, fala das ações do instituto, cuja criação foi inspirada no legado de Conceição Moura que, junto com o marido Edson Mororó, fundou a Baterias Moura. Como surgiu a ideia da criação do Instituto Conceição Moura? O instituto teve início a partir de uma grande inspiração: dona Conceição Moura que, junto ao seu marido Edson Mororó Moura, fundou a Baterias Moura. Ela é recifense e foi morar em Belo Jardim. Como tinha um olhar social, queria dar à cidade o que recebeu quando ali chegou. Ela trabalhava o social, capacitando artesãos e catadores de lixo, fez campanha de 5S nas escolas, entre outras iniciativas. Foi a partir desse legado que a família resolveu fundar o Instituto Conceição Moura. Segundo Mariana Moura, vice-presidente do instituto, ele simboliza a realização de um sonho e a possibilidade de tangibilizar, como família empresária, o propósito de servir a negócios que servem à sociedade. É parte da cultura do grupo e da família contribuir com a cidade, com a comunidade, enquanto agentes de transformação. Antes do instituto, não havia, em Belo Jardim, nenhuma organização do Grupo Moura nesse sentido. Havia na Acumuladores Moura, que é uma das empresas do Grupo, ações pontuais de responsabilidade social, como um projeto de voluntariado chamado Semear, que ainda existe, mas a estruturação de um braço social veio a partir da criação do Instituto Conceição Moura, 10 anos atrás. Quais os objetivos e ações realizadas pelo Instituto Conceição Moura? O instituto tem como missão contribuir com crianças e jovens para que sejam agentes de transformação no mundo. Ou seja, damos oportunidade para a criança ou o jovem entender que pode fazer a diferença na sua realidade, no seu mundo, seja em Belo Jardim, no Recife, em São Paulo ou no exterior. Fazemos isso por meio da educação. Nossa atuação é da primeira infância à vida adulta e cada projeto é voltado para uma faixa etária. O instituto tem quatro frentes de atuação. Em uma delas, com foco na primeira fase da vida, trabalhamos com educadores e responsáveis pelas crianças de 0 a 6 anos de idade. Em colaboração com o município, capacitamos e orientamos para que a criança, tanto na primeiríssima infância (0 a 3 anos), quanto na primeira infância (até os 6 anos), tenha uma infância bem vivida, com menos estresse, com reduções de situações que possam causar algum dano nessa fase, que é muito importante para o ser humano tornar-se um adulto mais responsivo, mais feliz, com menos traumas. Todo investimento na primeira infância reverbera futuramente na economia do País. Em outra frente, o instituto trabalha junto ao município de Belo Jardim com as escolas da região, para a construção de uma educação de qualidade. Acreditamos fortemente nas escolas em tempo integral. Mais tempo dentro da escola significa que a criança passa mais tempo aprendendo, em contato com os professores, tendo oportunidade de fazer aulas eletivas e menos tempo ociosa, diminuindo as chances de estar em situações de risco ou em contato com drogas, o que também diminui a violência. Outra frente em que atuamos é na arte e na cultura. Temos uma escola teatro e de musicalização onde a criança começa a partir dos 8 anos e vai até os 21. Temos um grupo percussivo de maracatu e de coco para trabalhar as raízes pernambucanas, um grupo de teatro, além do cinema, que é o único da cidade, onde fazemos exibições de filmes aos sábados e domingos para a comunidade de forma totalmente gratuita. Na verdade, tudo no instituto é gratuito. O cinema também é utilizado como ferramenta educativa, trazendo filmes com temáticas que possam ser trabalhadas na sala de aula. Outra frente do instituto é a formação de jovens que também é voltada para a construção de senso crítico, de empreender, de diminuir a defasagem escolar. É um trabalho em parceria com o Alicerce da Educação para identificar e diminuir o gap no desenvolvimento escolar da criança e/ou jovem. Por exemplo, se um aluno está no 8º ano do ensino fundamental 2, mas sua competência escolar em português e matemática é do 6° ano, trabalhamos esse gap para tentar ajudá-lo. Além disso, temos a robótica, voltada para os jovens dos ensinos fundamental 2, médio, técnico e superior, em que conseguimos, de certa forma, inspirar, contribuir, influenciar na formação deles. Hoje há muitos jovens em faculdades ou cursos de engenharia e muitos engenheiros que saíram do instituto. O

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renan lima abdc

"O data center é a espinha dorsal da transformação digital"

ABDC busca fortalecer o setor e impulsionar a infraestrutura digital no Brasil. Confira a entrevista com o presidente da Associação Brasileira de Data Centers (ABDC), Renan Lima. Renan Lima, cofundador e presidente da Associação Brasileira de Data Centers (ABDC), destaca o papel estratégico dos data centers na economia digital e os desafios para a expansão da infraestrutura no país. Em entrevista, ele aborda a importância da regulamentação, incentivos para investimentos e a necessidade de qualificação profissional para acompanhar o crescimento do setor. Qual a perspectiva de crescimento do setor de Data Centers no Brasil nos próximos anos? O cenário atual é satisfatório? A perspectiva para o mercado de Data Centers no Brasil é de crescimento acelerado, com a previsão de triplicar a capacidade instalada atual até 2029, o que representará um investimento de aproximadamente R$ 100 bilhões. Este crescimento está sendo impulsionado por fatores como a digitalização das empresas, o avanço do cloud computing, o edge computing e, principalmente, pela crescente demanda gerada pela Inteligência Artificial (IA), que exige grandes Data Centers tanto para o processamento de inferências quanto para o treinamento de novos algoritmos. Embora esse crescimento represente um avanço significativo, ainda corresponde a um market share pequeno em relação ao volume global de investimentos no setor. Por exemplo, apenas nos Estados Unidos, foram anunciados investimentos superiores a R$ 3 trilhões em Data Centers nos próximos anos. Apesar disso, o Brasil possui vantagens competitivas que o tornam altamente atrativo para investidores internacionais, como: Esses fatores posicionam o Brasil como um dos destinos mais promissores para atrair uma parcela significativa dos investimentos globais em Data Centers, especialmente em um momento de expansão exponencial da economia digital e de maior ênfase na sustentabilidade. Hoje a maioria dos Data Centers está concentrado em São Paulo? A maior parte dos Data Centers no Brasil está concentrada em São Paulo, principalmente devido à alta densidade populacional e econômica da região. Esses fatores são fundamentais para o desenvolvimento de grandes campus de Data Centers voltados ao Cloud Computing, uma vez que garantem proximidade com clientes, maior demanda e uma infraestrutura de telecomunicações bem desenvolvida. Contudo, a descentralização dessa infraestrutura é crucial para atender a novas demandas estratégicas e impulsionar o desenvolvimento regional. Qual a importância de descentralizar essa infraestrutura? A descentralização, dentro da estratégia de Edge Computing, é essencial para levar o processamento computacional mais próximo das operações na ponta, o que reduz a latência e viabiliza serviços de alta performance, como a Internet das Coisas, veículos autônomos e aplicativos que exigem resposta em tempo real. Esse movimento não apenas moderniza a indústria, mas também promove o desenvolvimento econômico em regiões menos exploradas, ao descentralizar a concentração de investimentos tecnológicos. Além disso, os grandes Data Centers voltados para treinamento de algoritmos de inteligência artificial, que não exigem baixa latência por não precisarem estar próximos aos usuários, podem ser estrategicamente localizados em regiões fora do eixo tradicional. O Nordeste é um exemplo promissor, pois combina vantagens estratégicas como ser o ponto de chegada de grande parte dos cabos submarinos que conectam o Brasil ao resto do mundo e possuir uma matriz energética majoritariamente renovável, com destaque para a produção de energia eólica e solar. Essa localização também minimiza custos com infraestrutura elétrica, já que a proximidade com a geração reduz a necessidade de grandes investimentos em transmissão e distribuição. Portanto, a descentralização da infraestrutura de Data Centers não é apenas uma questão de eficiência operacional e redução de custos, mas também uma oportunidade de equilibrar o desenvolvimento tecnológico no país, promovendo maior integração regional e competitividade no mercado global. Quais as políticas públicas que a associação pleiteia para incentivar a instalação de mais infraestruturas dessa no País? A associação identifica três políticas públicas essenciais para impulsionar a instalação de mais Data Centers no Brasil. A primeira diz respeito à facilidade de conexão elétrica com a rede. Hoje, o processo para grandes consumidores, que demandam acima de 100 MW, é excessivamente demorado, levando cerca de um ano e meio para sua aprovação. Esse procedimento envolve a concessionária de energia, o Ministério de Minas e Energia (MME) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Apesar de reconhecermos a complexidade da rede interconectada brasileira, o contexto global impõe uma criticidade alta, já que o país enfrenta uma oportunidade única de atrair esses investimentos. Os prazos prolongados criam incertezas que acabam afastando clientes finais dos Data Centers brasileiros, direcionando-os para países com processos mais ágeis. A segunda política prioritária é a redução e estabilidade tributária para GPUs e supercomputadores voltados à inteligência artificial. O Brasil não possui uma indústria nacional de fabricação desses equipamentos e enfrenta competição com países que oferecem benefícios fiscais claros e abrangentes para Data Centers. Um exemplo é o estado da Virgínia, nos Estados Unidos, que se tornou o maior hub global de Data Centers graças aos incentivos fiscais. Cerca de 90% dos projetos na região não seriam instalados sem essas vantagens. No Brasil, os benefícios tributários existentes, como os Ex-tarifários, são limitados, pois a classificação de produtos é restrita e requer constante renovação sem garantias de longo prazo. A insegurança gerada por essa inconstância desestimula grandes investidores que planejam investir no país por longo prazo, mas enfrentam altos impostos e/ou inseguranças tributárias de longo prazo. O terceiro ponto pleiteado é uma regulamentação de inteligência artificial favorável. Após solucionar os desafios da matriz elétrica e dos benefícios fiscais, este se torna o próximo fator decisivo para atrair investimentos. Uma regulamentação restritiva pode afastar grandes empresas de tecnologia e TI que buscam expandir suas operações no Brasil. A indústria de IA ainda está em sua fase inicial, e suas implicações indiretas são pouco compreendidas. Por isso, é essencial que o governo trabalhe em conjunto com entidades de classe, o setor privado e as grandes empresas de tecnologia para desenvolver políticas que promovam segurança jurídica e garantam o crescimento dessa indústria emergente. Essas três frentes — conexão elétrica eficiente, redução e estabilidade tributária, e regulamentação favorável à inteligência artificial — são pilares fundamentais para posicionar o

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reforma tributaria

Reforma Tributária: o Brasil tem o maior IVA do mundo

*Por Rosa Freitas Para começar 2025, o tema Reforma Tributária se aproxima cada vez mais. Ainda em dezembro de 2024, no apagar das luzes do ano legislativo, o Congresso Nacional concluiu a votação da reforma. Em 15 de janeiro, tivemos a sanção presidencial. Com as emendas feitas no Congresso Nacional, que incluíram a carne na isenção da cesta básica e outras deduções, teremos um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) que supera o teto previsto anteriormente e chega ao valor de referência de 27,9%. Isso faz com que o Brasil assuma o incômodo posto de maior imposto sobre o consumo do mundo, desbancando o título da Hungria. Lembremos que o Brasil adotou o IVA Dual, pois é composto pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que integra o ISS e o ICMS, e pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que substitui o PIS e a Cofins. Além do Brasil, o Canadá e a Índia também adotam esse modelo de tributação. Teremos também a eliminação do IPI genérico, sendo substituído pelo IPI/ZN (Imposto sobre Produto Industrializado da Zona Franca de Manaus) e pelo IS (Imposto Seletivo). Cabe agora ao Poder Executivo enviar uma nova proposta para adequar a alíquota e mantê-la no patamar da trava de 26,5% inicialmente prevista. Em 2025, já começou a reforma com a obrigatoriedade da nota fiscal eletrônica e, em 2026, teremos a introdução do IBS na fase de testes. NA PRÁTICA, O QUE MUDA? O que será impactado primeiro é a convivência, por sete anos, do IBS com os impostos que já conhecemos: ICMS e ISS. As grandes e pequenas empresas terão que operar com dois sistemas, o que aumentará os custos com serviços contábeis e gerará inúmeras questões, muitas das quais devem ser judicializadas. Os grandes municípios que já têm estruturas jurídicas e fiscais para realizar os lançamentos precisarão se esforçar para dar conta da reforma. Entretanto, os pequenos municípios serão imensamente impactados nessa transição, pois muitos não contam com a estrutura e o planejamento necessários para implementar as mudanças. De imediato, todos terão que emitir a nota fiscal de serviços. Mas não é só isso. A reforma exigirá a preparação de recursos humanos e tecnológicos em um Brasil continental, que congrega o pré-moderno, o moderno e o pós-moderno. Os novos impostos têm outras hipóteses de incidência que parecem semelhantes, mas não são. O IBS, esse grande imposto que substitui o ICMS e o ISS, incidirá também sobre outras operações, como aluguéis e seguros (que deixarão de ser tributados pelo Imposto sobre Operações Financeiras - IOF). Além disso, o aumento de suas tarifas impactará o setor de serviços. A opção do legislador foi acolher a indefinição que vivemos em não saber mais a diferença entre bens imateriais e serviços, especialmente a diferença entre serviços e bens tecnológicos. MATRIZ DE INCIDÊNCIA AMPLA E SEUS IMPACTOS A matriz de incidência ampla, ou “sobre tudo”, a princípio, poderia reduzir o valor das alíquotas, uma vez que incluirá um maior número de operações afetadas pela tributação. No entanto, a redução da alíquota nunca foi o objetivo da reforma; o sistema foi criado para facilitar a atividade fiscal e a eficiência estatal, utilizando massivamente tecnologia e inteligência artificial. Mesmo assim, teremos alguns avanços, como a total isenção da cesta básica de bens e serviços e o cashback para as pessoas de baixa renda (inscritas no Cadastro Único). SETORES SENSÍVEIS O setor mais impactado pela reforma será o setor de serviços. Todas as modalidades de serviços serão oneradas com a reforma, mesmo aquelas que atualmente possuem alíquotas reduzidas de 30% ou 60% em relação à alíquota de referência. Mesmo as modalidades que pagarem com redução da alíquota ainda enfrentarão um aumento significativo, pagando aproximadamente o dobro da alíquota atual. As alíquotas reduzidas de 30% e 60% ficarão em torno de 19,45% e 11,12%, considerando a alíquota padrão de 27,8%, em contraste com a tarifa atual de 5%. As mudanças realizadas na Câmara e no Senado tenderam a impactar a alíquota de referência, pois incluíram outros itens que não estão presentes na cesta básica de bens e serviços, como a carne, que deveria ser contemplada com a redução de 60% ou isenção. Alguns itens também foram retirados da incidência do IS (Imposto Seletivo), como as armas. Contudo, o PLP 68, aprovado e sancionado em 16 de janeiro, ainda pode ser contestado em alguns pontos e ter alguns dispositivos vetados pelo Presidente da República, mas nada substancial. Se a alíquota de referência for mantida como está, ela tende a subir e se tornará a maior do mundo, uma vez que os 26,5% correspondem à segunda maior, apenas atrás da Hungria, que possui 27%. JUSTIÇA FISCAL A tributação no setor de serviços era muito baixa no Brasil, cerca de 5%, e muitos municípios sequer regulamentaram essa questão, embora essa omissão seja considerada uma ilegalidade de responsabilidade, prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal. Os serviços são mais consumidos pelas classes média e alta, e menos pela base da pirâmide. Essa baixa incidência causava injustiça fiscal, pois quem se encontra mais na base da sociedade consome mais bens e menos serviços, os quais eram subtributados. Dessa forma, a cadeia produtiva será onerada, e o mercado precisará considerar esse aumento na carga tributária. Esta transição do sistema exigirá que as empresas operem com o sistema antigo e o novo, o que também gerará custos com serviços de consultoria contábil e tributária. Assim, será fundamental buscar as melhores formas de adaptação. OS SISTEMAS COMPUTACIONAIS E A FISCALIZAÇÃO Os Fiscos estaduais e municipais também precisarão adequar sua atuação, especialmente em conjunto, para fiscalizar o IBS. Isso será mais específico pois todas as transações ocorrerão em ambiente digital, tornando a fiscalização muito mais rápida, específica e eficiente. Considero que a produtividade dos auditores fiscais de tributos será reduzida, uma vez que a operacionalização por meio da tecnologia da informação e da inteligência artificial diminuirá a sonegação. O imposto atual que mais gera contencioso tributário administrativo e judicial é justamente o ICMS que será operado de forma diversa e não

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Investimentos impulsionam economia de Pernambuco com quase R$ 18 bilhões em 2024

Estado atrai novos empreendimentos e fortalece infraestrutura para o desenvolvimento econômico Atração de investimentos foi um dos destaque de Pernambuco do balanço anunciado pela Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco em 2024. A Adepe captou R$ 17,8 bilhões em novos negócios, fortalecendo setores como indústria, agroindústria, serviços e economia criativa. No total, 82 empresas anunciaram implantação no estado, enquanto 109 ampliaram suas operações. A Adepe também prospectou 335 empresas, participando de mais de 20 feiras nacionais. Entre os maiores investimentos, destaca-se a Stellantis, que anunciou R$ 13 bilhões para expansão do Polo Automotivo em Goiana. Incentivos fiscais e impacto no emprego Os programas de incentivo fiscal Prodepe e Proind estimularam investimentos de R$ 1 bilhão, com a geração prevista de 3.517 empregos. Em cinco reuniões do Conselho Estadual de Políticas Industrial, Comercial e de Serviços (Condic), novos projetos foram aprovados, contribuindo para um saldo positivo de 123.793 postos de trabalho nos últimos dois anos, segundo o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Infraestrutura para o crescimento Com investimento de R$ 26 milhões, a Adepe impulsionou a infraestrutura de polos empresariais e beneficiou mais de 20 municípios com obras estruturais. Projetos incluem a ampliação da Feira do Gado em Tabira, a requalificação do Empório e centro multicultural de Pesqueira e a pavimentação do Distrito Industrial de Caruaru. Mercados públicos, matadouros e feiras também foram revitalizados em diversas regiões. Fortalecimento de arranjos produtivos O programa PE Produz, com um aporte de R$ 27 milhões em dois editais, beneficiou 10 mil produtores e impactou 100 mil pessoas. Além disso, 44 feiras e eventos foram apoiados para fomentar negócios, incluindo o Rec'n'Play, Casa Cor Pernambuco e Cine PE. A Adepe também promoveu 22 reuniões das Câmaras Setoriais Produtivas, abrangendo segmentos como apicultura, avicultura e energia. Fomento à economia criativa A economia criativa ganhou impulso com iniciativas como a inauguração da Loja de Artesanato do Shopping Recife e a 24ª Fenearte, que movimentou R$ 108 milhões. O lançamento do Programa Pernambuco Artesão e a participação em eventos internacionais ampliaram o mercado para artesãos locais. Ao todo, 1.311 novas carteiras foram emitidas, totalizando 15.523 artesãos cadastrados no estado. A gestão da Adepe inclui importantes espaços culturais e de negócios, como o Mercado Eufrásio Barbosa e a Loja Moda Autoral (Mape).

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Ricardo Haziz Asfora

"Não podemos deixar essa ferramenta poderosa, que é a cannabis medicinal, se esvair"

Diretor da Aliança Medicinal, Ricardo Hazin Asfora, fala dos planos de triplicar a capacidade produtiva que hoje é de 5 mil frascos por mês de cannabis para uso em tratamento de doença. A perspectiva é de aumento da demanda, caso seja aprovada a lei que regulamenta o acesso do medicamento pelo SUS. Também explica como é feito o cultivo da planta em contêineres. Foto: Rafael Dantas O uso medicinal da cannabis ainda enfrenta desafios no Brasil. O baixo conhecimento médico, os preconceitos relacionados à planta e a ausência de regulamentações ainda são entraves que pouco a pouco estão sendo enfrentados. Uma experiência bem-sucedida em Pernambuco é da Aliança Medicinal já atendendo nove mil associados que fazem terapia com o óleo extraído a partir da produção realizada em contêineres, no município de Olinda. Trata-se de uma verdadeira fazenda urbana em ampliação. Os primeiros movimentos da associação foram dados pela presidente Hélida Lacerda. Seu filho tinha até 80 ataques epiléticos por dia, mesmo usando várias medicações, antes de usar o óleo produzido a partir da cannabis. A organização nasce do esforço dela de compartilhar o benefício com outras mães que sofriam com as dores dos filhos. Ricardo Hazin Asfora, diretor-executivo da Aliança Medicinal, conversou com o jornalista Rafael Dantas sobre as perspectivas de avanço no uso medicinal da cannabis a partir das recentes regulamentações na Câmara do Recife e na Alepe. Além disso, o engenheiro agrônomo, responsável pela estruturação da produção, explica os planos de expansão e comenta também sobre os benefícios até para o Sistema Único de Saúde diante da possibilidade de maior popularização dos tratamentos com a planta. Qual a importância das recentes legislações aprovadas para o uso medicinal da cannabis? Primeiro tivemos a lei do município do Recife (Lei Nº 19324/2024). Ela foi aprovada na Câmara Municipal mas não veio com política determinada. O município terá que instituir a política para depois ocorrer uma regulamentação. Algumas semanas depois, foi aprovada a Lei Estadual 18.757/2024 que já veio com uma política determinada. Agora, aguarda apenas a regulamentação antes de chegar aos pacientes. Essas leis vêm para facilitar a disponibilização do medicamento pelo SUS que hoje só acontece com ações judiciais. Com a lei não precisa ter todo o trâmite jurídico para ter acesso a cannabis que deverá estar disponível e com previsão de orçamento. Pelo processo judicial, os cofres públicos não conseguem fazer uma previsão de orçamento. Então, resta apenas a regulamentação para tornar o uso medicinal da cannabis possível pelo SUS? Quais são as próximas etapas? Isso virá provavelmente da Secretaria Estadual de Saúde que vai iniciar esse processo representando o Governo do Estado. Estamos nessa etapa de regulamentação. Não podemos prever o tempo para isso porque o trâmite público não é tão simples de se efetivar. Mas a nossa expectativa é que nos próximos seis meses tenhamos essa regulamentação bem encaminhada. Há alguma preocupação com a regulamentação? O “como” esse processo vai ser feito é muito importante. Há dois caminhos a seguir. O primeiro é apenas suprir a demanda existente para cumprir o que a lei determinou. O outro, que seria ideal e muito mais viável para o Estado, seria entender a importância dessa terapêutica e compreendê-la como um caminho para desafogar o SUS, diminuindo internações e emergências de tantas pessoas que chegam aos hospitais. Como o uso dessas terapias poderia ajudar a diminuir a pressão no SUS? Imagine o filho de Hélida, presidente da Aliança Medicinal. Ele tinha 80 crises de convulsão por dia. Logo, ele vivia nos hospitais. Quanto custa internação e atendimento de urgência ou emergência? O tratamento de média ou grave complexidade com a cannabis medicinal custa entre R$ 300 a R$ 400 por mês. Compare isso com sucessivos atendimentos na urgência? Isso é um ponto muito importante que estamos tentando mostrar, pois pode ajudar a viabilizar o SUS, tirando a pressão do sistema. Outra preocupação é de uma regulamentação que leve o poder público a adquirir esses produtos na indústria farmacêutica, importando-o. Isso é como normalmente se faz com as decisões judiciais, mas a compra seria muito mais cara. A gente vem discutindo essa realidade de que não é só fabricar o medicamento, mas a um custo mais eficiente. A maioria dos tratamentos atualmente que usam os óleos produzidos pela cannabis para uso medicinal são feitos com a produção nacional ou ainda tem muita gente que consome produção importada? Hoje há ainda muito produto importado que tem um trâmite custoso para o Estado e tem a demora também do acesso. Aqui, a gente consegue num dia fazer o cadastro desse paciente e, no mesmo ou no outro dia, enviar o medicamento para ele. Então, a gente tem essa prontidão de atendimento. Mas, ainda há, sim, um volume muito grande de produtos importados, inclusive por demanda judicial. Geralmente são produtos mais caros. Isso termina por tornar mais custosa a compra para os cofres públicos do que utilizar uma produção local. Qual a diferença de preços na compra desses produtos entre a produção nacional e a importada? No custo de produto, a gente pode economizar em torno de quatro a cinco vezes numa fabricação nacional. Imagina o quanto conseguiríamos economizar se todas as pessoas pudessem ter acesso ao produto local! E, como falei, se considerar a internação e emergência, é possível desafogar o Sistema Único de Saúde com o avanço desse tipo de tratamento. A gente não pode deixar essa ferramenta, que é cannabis medicinal, se esvair. Além da regulamentação, quais as barreiras para um uso mais amplo da cannabis com finalidade medicinal? É ainda preconceito? Consideramos que é o conhecimento médico. Eles não têm acesso às pesquisas durante a sua formação nos cursos tradicionais. Isso por causa da proibição que teve por tanto tempo no Brasil do cultivo, mesmo para uso medicinal. Precisamos unir forças para que o conhecimento médico venha, de fato, avançar. Hoje as pessoas vão aos médicos pedir o tratamento com a cannabis, após tentativas frustradas de outras terapias. Deveria ser o inverso. Mas o conhecimento sobre o sistema endocanabinoide

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Porto de Suape alcança segundo melhor desempenho em movimentação de cargas em 46 anos

Investimentos em infraestrutura impulsionam crescimento e consolidam liderança regional O Porto de Suape encerrou 2024 com a marca histórica de 24,8 milhões de toneladas movimentadas, registrando o segundo melhor desempenho em seus 46 anos de operação. O crescimento de 3,6% em relação a 2023 foi impulsionado principalmente pela alta de 23,4% nas operações de contêineres, totalizando 646.804 TEUs, o maior volume anual registrado no Tecon Suape. Também houve aumento de 7,9% no número de atracações, com 1.628 embarcações, incluindo a estreia dos navios New Panamax, gigantes do mar com 366 metros de comprimento. Esse avanço é resultado direto dos investimentos em infraestrutura promovidos pelo Governo de Pernambuco. "Fizemos a dragagem do canal externo, estamos recuperando o molhe de proteção e agora vamos executar a dragagem do canal interno. Com isso, esperamos que Suape cresça ainda mais em 2025, atraindo novos investimentos privados, gerando emprego para os pernambucanos", destacou o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti. Além disso, a conclusão do Trem 1 da Refinaria Abreu e Lima, prevista para o primeiro semestre de 2025, deve ampliar significativamente a movimentação de petróleo e derivados. Suape também se manteve líder nacional na movimentação de granéis líquidos e no transporte por cabotagem, além de liderar no Nordeste nos segmentos de contêineres e veículos. A importação de carros elétricos e híbridos da chinesa BYD foi um dos destaques de 2024, com 5.459 unidades desembarcadas em uma operação que durou três dias.

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