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"A UPE já nasceu interiorizada", entrevista com a reitora Socorro Cavalcanti

A Universidade de Pernambuco completa 60 anos e a sua reitora aborda a trajetória dessa instituição de ensino superior que apresenta a maior capilaridade do Estado. Ela também ressalta a robustez do complexo de saúde para formação de alunos e o atendimento gratuito da população, e fala dos desafios e dos projetos futuros. A Universidade de Pernambuco chega aos 60 anos de fundação como a instituição de ensino superior com mais capilaridade do Estado. Uma característica que vem desde a sua origem, quando faculdades do Recife, de Nazaré da Mata, de Petrolina e Garanhuns se uniram para formar a Fesp (Fundação de Ensino Superior de Pernambuco) que depois se converteu na UPE. Nessas seis décadas de atuação no ensino, pesquisa e extensão, a UPE se destaca também por ter construído um complexo de saúde robusto, composto pelo Cisam (Centro Universitário Integrado de Saúde Amaury de Medeiros), o Hospital Universitário Oswaldo Cruz, com tradição no tratamento das doenças infecto-parasitárias (foi o primeiro no Estado a receber um paciente com Covid) e de câncer, e o Procape (Pronto Socorro Cardiológico), o único hospital do Norte e Nordeste específico para tratar doenças do coração (só existem dois no Brasil). Atualmente, a universidade conta com mais de 1.200 docentes, mais de 4.700 servidores e mais de 20 mil estudantes, distribuídos nos cursos de graduação e de pós-graduação. Para falar da trajetória e dos planos da instituição, a reitora Maria do Socorro Mendonça Cavalcanti conversou com Cláudia Santos e Rafael Dantas. A professora também abordou os desafios que a UPE – assim como as demais universidades públicas do País – enfrenta, como o orçamento insuficiente e a redução no número de alunos. Problemas que a reitora acredita que serão solucionados e que não vão atrapalhar os projetos da Universidade de Pernambuco para ampliar o número de cursos e de campi no futuro. A Universidade de Pernambuco (UPE) está completando 60 anos, e a senhora é a primeira reitora empossada. Qual a importância dessa presença feminina na reitoria de uma das instituições de ensino mais relevantes do Estado? A presença de mulheres em espaços de decisão é essencial para uma sociedade mais justa e igualitária. Esse tema vem crescendo bastante. Com certeza, a presença feminina, nesses espaços, não só garante uma representatividade mais ampla, mas também traz perspectivas e experiências diversas que podem enriquecer as decisões tomadas e promover um desenvolvimento mais equitativo. Hoje, no ensino da graduação na UPE, aproximadamente 53% são ocupados por mulheres, 60% dos cargos de gestão da universidade também são, e 70% da força de trabalho da Universidade de Pernambuco é feminina. Além da presença feminina, a história da UPE é marcada por outro fator relevante que é a interiorização desde a sua fundação. Fale um pouco dessa trajetória e contextualize em que circunstâncias a universidade foi criada? A UPE iniciou suas atividades em 1965, como Fesp (Fundação de Ensino Superior de Pernambuco), uma instituição privada criada a partir da união de faculdades isoladas que existiam em Pernambuco: a Faculdade de Ciências Médicas, a Escola Politécnica, a Faculdade de Odontologia, a Faculdade de Administração, entre outras. Em meados de 1969 e 1970, a Faculdade de Formação de Professores de Petrolina, a Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata e a Faculdade de Formação de Professores de Garanhuns agregaram-se à Fesp. Então, costumamos dizer que a UPE já nasceu interiorizada. Em 1990, a Fesp foi estadualizada e tornou-se Universidade de Pernambuco, no entanto, os alunos ainda pagavam uma mensalidade. A expansão do ensino superior, ou seja, o maior crescimento, deu-se a partir de 2005, quando tivemos o primeiro curso interiorizado, que foi em Caruaru, o curso de Administração e Marketing. Na época, era Marketing, Moda e Sistema de Administração. Atualmente, temos 66 cursos de graduação. A partir daí, a expansão para o interior foi ocorrendo e foram criados os campi de Serra Talhada, Arcoverde, Mata Sul e, mais recentemente, Ouricuri e Surubim. Em 2009, um decreto deu a gratuidade total à Universidade de Pernambuco e, em 2020, esse decreto transformou-se em lei, garantindo, de fato, que hoje a universidade seja pública e gratuita. A UPE é a universidade com maior capilaridade no Estado. Qual a importância dessa interiorização dos cursos de ensino superior para o desenvolvimento das pessoas e de Pernambuco? A UPE é a universidade que está mais distribuída no Estado de Pernambuco, indo do Sertão ao litoral. Atualmente são 17 unidades de educação e 12 campi, dois estão na capital, que é o Campus Santo Amaro e o Campus Benfica, e 10 campi, no interior. Essa interiorização do ensino superior dá às pessoas que não moram no Recife a oportunidade de cursarem uma universidade pública. Muitas delas jamais teriam essa chance de frequentar esses cursos. Outro aspecto importante, na história da universidade, foi a expansão da pós-graduação, a partir de 2013. Hoje temos 16 programas de doutorado e 28 mestrados, dos quais, 13 estão também em unidades da UPE do interior do Estado, dando oportunidade às pessoas que jamais pensariam em fazer uma pós-graduação, em função das dificuldades de deslocamento ou da necessidade de deixarem suas casas ou seus empregos para estudar na capital. Assim, além de oportunidades para as pessoas e de proporcionar maior integração entre diferentes áreas do conhecimento, a interiorização também contribui para o desenvolvimento do território. Com a mão de obra mais capacitada, mais qualificada, aumentam também o mercado de consumo. Além disso, a presença da universidade no interior reflete-se em pesquisas voltadas para as particularidades de cada região, como estudos sobre a Caatinga, por exemplo, no Sertão e no Agreste. Muitos dos programas de pós-graduação que estão no interior trabalham numa visão voltada à realidade, e as teses buscam resolver ou apontar soluções para problemas locais, próprios do território. Outro aspecto importante nesse sentido são nossos programas de extensão que possibilitam o diálogo com a sociedade para que as pessoas da localidade tenham acesso a atividades e serviços oferecidos pela universidade. Além do ensino e pesquisa, a UPE também se destaca pelas

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Entre o esgotamento do modelo e as novas oportunidades globais para a economia de Pernambuco

Economistas apontam que Estado precisa repensar sua estratégia de desenvolvimento diante do fim dos incentivos fiscais, da precariedade da infraestrutura e das transformações climática, tecnológicas e geopolíticas *Por Rafael Dantas O mundo está em uma rápida transição movido pelas mudanças climáticas e pela crise do multilateralismo. O Brasil faz um esforço para se industrializar – se conectar à economia sustentável e de baixo carbono – e o Estado precisa de um novo projeto de desenvolvimento para se inserir nessas mudanças. Esse foi o recado dos economistas da Ceplan (Consultoria Econômica e Planejamento), Tânia Bacelar e Paulo Guimarães, no evento Pernambuco em Perspectiva – Estratégia de Longo Prazo, projeto promovido pela Rede Gestão e pela Revista Algomais. Entre os aspectos críticos a serem superados estão a infraestrutura precária e a perspectiva de médio prazo do fim dos incentivos fiscais para atração de novos empreendimentos. Duas ameaças que podem se tornar oportunidades para os atores locais. “As escolhas estratégicas que fizemos olharam muito mais para o Século 20; precisamos agora pensar o Século 21 com os pés no chão”, alertou Tânia Bacelar, sugerindo uma análise da herança da qual o Estado parte em 2025 para projetar o novo caminho para as próximas décadas. Francisco Cunha, sócio da TGI, analisa que o ciclo de desenvolvimento traçado na década de 1950 pelo padre Joseph Lebret se esgotou e que é necessário repensar o novo horizonte estratégico para o Estado. Após tantos empreendimentos terem se consolidado, como o Porto de Suape e a Refinaria Abreu e Lima, praticamente o único projeto estratégico que não vingou foi a Transnordestina, destacou o consultor. “O redesenho do modelo exige a articulação da sociedade, do governo e da academia. O desafio não é apenas superar a crise, mas construir um novo paradigma de desenvolvimento para as próximas décadas”, sentenciou Francisco Cunha. GRANDES TRANSFORMAÇÕES GLOBAIS A economista Tânia Bacelar destacou que o Brasil e Pernambuco precisam se adaptar a quatro grandes transformações globais que já moldam o presente e definirão o futuro: um novo padrão de relação com a natureza, diante da crise climática; a mudança nos padrões técnicos, marcada pelo avanço da era digital, da biotecnologia e da genética; a reconfiguração geopolítica, com a transição de um mundo unipolar para um cenário multipolar; e a mudança demográfica, expressa no envelhecimento da população e na queda da fecundidade. Diante desse cenário internacional, a economista ressalta que o Brasil enfrenta desafios centrais, como adequar seus padrões de produção e consumo a modelos de menor impacto ambiental, construir estratégias eficazes de interação entre múltiplos atores globais e adaptar negócios e políticas públicas às mudanças demográficas em curso. Além disso, o País precisa superar entraves estruturais como a elevada concentração de renda, a baixa produtividade, a polarização política e a dependência excessiva do crédito. Ao mesmo tempo, ela ressalta que as transformações abrem oportunidades para o Brasil se reposicionar no cenário mundial, aproveitando sua biodiversidade, sua matriz energética relativamente limpa, seu potencial agrícola e a força de seu mercado interno para construir um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo. Todas as lições e desafios que servem também para repensar o futuro de Pernambuco. “O Brasil é parte da solução da crise climática mundial; não podemos esquecer que somos o único país com o bioma Caatinga”, ressaltou Tânia Bacelar. Acerca do avanço dos empreendimentos em energias renováveis, que é uma das grandes transformações globais, Paulo Guimarães destacou que já existem investimentos fortes no Nordeste, que é o grande player do Brasil neste novo momento energético. “O Nordeste já instalou mais de três usinas de Itaipu em energia renovável e Pernambuco está nesse contexto.” CRITICIDADE DA INFRAESTRUTURA E OPORTUNIDADES Ao mesmo tempo que há todo esse potencial energético e da bioeconomia, o desenvolvimento de ambos demanda infraestruturas de distribuição – como as linhas de transmissão – e de logística, a exemplo de estradas e ferrovias. Dois fatores que se inscrevem como crônicos para o Estado. “Infraestrutura em Pernambuco é o nosso calcanhar de Aquiles. Fizemos um porto, mas a infraestrutura econômica de Pernambuco é muito ruim”, lamenta Paulo Guimarães. Além das conexões com o Sertão e o Agreste – que ainda não receberam a duplicação da BR-232 após São Caetano – e do déficit secular de ferrovias, mesmo os deslocamentos dentro da RMR (Região Metropolitana do Recife) e para o Litoral são críticos. Na palestra, Tânia Bacelar exemplificou a dificuldade de levar os turistas para Porto de Galinhas, que é um dos principais balneários do País. A ausência de infraestrutura hídrica limita o crescimento do polo de confecções no Agreste, a falta da ferrovia compromete o desenvolvimento do polo gesseiro no Araripe, reduz a competitividade do potente polo avícola e encarece toda a logística do Polo Automotivo de Goiana. São apenas alguns exemplos de como esse entrave, que está conectado às demandas do século passado, limita a conexão do Estado com as oportunidades do futuro. Ao mesmo tempo que se trata de um desafio, a possibilidade de atração de investimentos nas estradas, nas linhas de transmissão, na ferrovia e nas grandes obras hídricas são simultaneamente oportunidades. Esses empreendimentos além de serem estruturadores, ampliando a competitividade nos territórios beneficiados, geram empregos no curto prazo nas regiões com economia menos dinâmica do Estado. A atração desses investimentos seria fundamental para haver uma reversão no cenário do mercado de trabalho local. Pernambuco continua liderando o ranking nacional de desemprego, com taxa de 10,8% em 2024, quase o dobro da média brasileira, segundo dados do IBGE. Apesar disso, o Estado vem apresentando uma trajetória de queda: em 2023, o índice era de 13,4% e, em 2022, chegava a 15,9%. Ainda assim, a situação permanece distante de realidades como a de Santa Catarina, que registra apenas 2,2% de desocupação. “Pernambuco tem 5% da população e 2,5% do PIB. Então, está faltando PIB para botar a população [para trabalhar] também. Um dos grandes problemas de Pernambuco é a dinâmica do mercado de trabalho”, afirmou Tânia Bacelar. Além da redução de oportunidades, há uma concentração de empregos e do PIB no Litoral

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Sem tabu: falar de bem-estar deve ocupar os fóruns de discussão dos altos executivos

*Por Nathália Grizzi Os dados do Ministério da Previdência Social são alarmantes: quase 500 mil afastamentos por saúde mental no Brasil em 2024; crescimento de 134% para esse tipo de afastamento em apenas dois anos; impacto estimado de R$ 3 bilhões na economia por causa desses afastamentos. Diante desses números, a resposta do Governo veio com a modificação da Norma Regulamentadora nº 1, editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A NR-1 estabelece as disposições gerais sobre segurança e saúde no trabalho e exige a implantação do GRO (Gerenciamento de Riscos Ocupacionais) e do PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos). A sua modificação mais recente, que entrou em vigor em maio deste ano, obriga as empresas a incluírem em seus gerenciamentos os fatores de riscos psicossociais. Mas, para além do cumprimento da norma, o mais importante para a alta liderança é primeiro quebrar o tabu e falar verdadeiramente sobre bem-estar e saúde mental e, depois, entender como aplicar métodos para implantação de uma cultura de produtividade consciente. Segundo dados de uma pesquisa realizada no Reino Unido com 1.989 empregados em tempo integral, o tempo médio de produtividade desses trabalhadores é de apenas 2h53min por dia. Não é coincidência que o Brasil registre recordes de adoecimento mental no mesmo momento em que dados globais revelam níveis históricos de improdutividade. Ambientes tóxicos geram pseudoprodutividade, que gera sobrecarga, que gera adoecimento, que gera mais custos e menos resultados. É um ciclo vicioso que está custando bilhões às organizações brasileiras. E qual é a origem desse problema e, mais importante do que isso, como resolvê-lo? Embora o mundo tenha evoluído drasticamente, nossa relação com o trabalho permanece fundamentalmente disfuncional. Criamos organizações que operam como máquinas de estresse, onde a ideia de “estar ocupado” é confundida com “ser produtivo”, recompensando aquelas pessoas que operam dentro dessa lógica. Quantas vezes você se viu obrigado a participar de reuniões improdutivas, a suportar uma sobrecarga constante sem resultados proporcionais ou mesmo diante de comunicações ineficientes, sejam institucionais ou com a liderança direta? Esses são apenas alguns sintomas organizacionais que demonstram a crise da pseudoprodutividade. Como então operar a transformação do paradigma da pseudoprodutividade para um ambiente de produtividade consciente? Primeiro e o mais importante: é fundamental entender que isso passa por uma mudança de cultura organizacional e que, necessariamente, tem que ser abraçada pela liderança, afinal, o exemplo arrasta! Segundo, é preciso ter método. Dentro de um framework de produtividade consciente, pode-se dividir as ações estratégicas em 5 pilares: 1) Redesenho do Tempo; 2) Recuperação Estratégica do Estresse; 3) Redesenho da Forma de Trabalho; 4) Redesenho das Comunicações; e 5) Segurança Psicológica e Pertencimento. Pilar 1 – Redesenho do Tempo. Frases que resumem esse pilar: “quando tudo é urgente, nada é urgente” e “nada realmente grandioso nasce do tempo que sobra”. É preciso implantar métodos para redução de reuniões, fazendo apenas aquelas que sejam realmente necessárias, com pauta clara e para tomada de decisões. Além disso, ferramentas simples como a aplicação da Matriz de Eisenhower e a criação de blocos de trabalho e concentração profunda precisam ser aplicadas no dia a dia para gestão de demandas e maior produtividade. Nesse bloco, também é fundamental usar estrategicamente a inteligência artificial como mecanismo de expansão de inteligência humana e de uso eficiente do tempo. Pilar 2 – Recuperação Estratégica do Estresse. Pausas são fundamentais. Não é bobagem investir em espaços de descompressão, em locais onde as pessoas possam parar, respirar e se conectar com outras pessoas. Pilar 3 – Redesenho da Forma de Trabalho. É urgente acabar com a cultura de super-herói dentro das organizações. Uma pessoa só não pode e não vai dar conta de tudo. As pessoas são diferentes e têm talentos diferentes. Reconhecer essas diferenças e alocar esses talentos estrategicamente em equipes multidisciplinares com objetivos e resultados-chave (OKRs) claros de curto, médio e longo prazo é simples e eficiente. Ter acompanhamentos estratégicos com reuniões focadas em evolução e não em problemas é outro mecanismo poderoso. Pilar 4 – Redesenho das Comunicações. Ter regras claras para comunicações facilita a dinâmica dos blocos de trabalho e concentração profunda. Essas regras incluem, necessariamente, uma clareza sobre prioridades, urgências e os canais de comunicação adequados para cada uma delas. Quando existe clareza estratégica, o “não” desempenha um papel fundamental na absorção de novas demandas e na alocação de tempo. Pilar 5 – Segurança Psicológica e Pertencimento. É preciso criar espaços seguros e de trocas verdadeiras. Isso só se constrói com diálogos e feedbacks radicalmente honestos e respeitosos e com vulnerabilidade, nos quais líderes admitem erros e limitações – seus e dos seus liderados – e fazem disso um material potente para a melhoria contínua da organização. No fim, o recado é simples: é preciso entender que a cultura de bem-estar não é antagonista aos resultados. Ao contrário: ela é a aliada mais poderosa, pois, no final das contas, tudo ainda é sobre pessoas. Sustentabilidade humana garante sustentabilidade e perenidade dos negócios. *Nathália Grizzi é advogada e sócia das áreas especializadas de Martorelli Advogados

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“A literatura é a arte do incômodo”. Ney Anderson lança Apocalipse Todo Dia

Novo livro do autor pernambucano retrata fissuras emocionais e sociais do Recife contemporâneo e já recebeu elogios de grandes nomes da literatura brasileira O escritor pernambucano Ney Anderson apresenta ao público Apocalipse Todo Dia (Editora Patuá), uma antologia de contos curtos que mergulha nas tensões invisíveis — e sempre à espreita — da vida urbana. Ambientada principalmente em um Recife caótico, solar e brutal, a obra revela personagens marcados por traumas, fé, desejo e violência cotidiana. Após o lançamento na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), o autor prepara sessão especial em Olinda, na Casa Estação da Luz, amanhã, dia 29 de agosto, às 19h. Com apresentação de Marcelino Freire, que define os textos como “contos curtinhos repletos de assassinatos, almas penadas e vizinhos suspeitos”, o livro reafirma a força literária de Anderson. O autor radicaliza o estilo que já havia mostrado em O Espetáculo da Ausência, também da Patuá, apostando em narrativas enxutas, tensas e carregadas de silêncios. “Tudo é matar ou morrer”, resume Freire. “Ney pinta e borda. Sem dó. Com graça (e desgraça).” A recepção crítica confirma o impacto da obra. Para Ana Paula Maia, trata-se de “um memorial para se lembrar de que o amor é eterno”. Raimundo Carrero enxerga “um amadurecimento radical de estilo”, enquanto Paulo Scott considera o livro “uma obra que merece ser relida, aplaudida, que nos prende e pede revisitas”. Santiago Nazarian destaca o humor ácido do autor; Marcela Dantés vê “uma notável coleção de personagens com aquilo que têm de mais humano”; já Tito Leite afirma que Anderson “abre os pulmões de uma Recife, e quem respira são os leitores”. Mais do que cenário, Recife é quase um personagem da coletânea, com suas ruas históricas, casarões em ruínas e dramas urbanos. Mas os contos ultrapassam fronteiras e poderiam se passar em qualquer capital brasileira. Violento, intenso e visceral, Apocalipse Todo Dia é um retrato fragmentado do presente — uma arqueologia emocional que expõe as contradições do nosso cotidiano. CONFIRA ABAIXO NOSSA CONVERSA COM O AUTOR “A literatura é a arte do incômodo” O que te inspirou a escrever "Apocalipse todo dia"? O meu trabalho é muito focado na observação diária do cotidiano. Gosto de anotar ideias, frases, situações que eu vejo no dia a dia, diálogos etc. Mas sempre com a cabeça do autor. O que me interessa é tentar captar algo ficcional por trás das coisas reais. Explico. Eu não copio a realidade e transponho para os meus contos. Não. Não sou um cronista no termo técnico da palavra. Ou um repórter escrevendo matérias. É outro universo. Quando eu observo alguma situação interessante, tento fabular algo maior, um drama, uma história que sirva à literatura. Algo que não existe nessa “realidade” que observo. Isso a partir das coisas mais simples, do corriqueiro, do que ninguém parece ver. Eu gosto de determinados climas e sensações. Agora, a minha criação não é cem por cento assim. Necessariamente, sinto a necessidade de estar sempre escrevendo, criando, pensando, tentando resolver questões. E vem tudo junto. “Apocalipse Todo Dia” nasceu dessa forma. Eu quis escrever um livro com contos curtos e cortantes, alguns chocantes. Não apenas para assustar ou causar repulsa, mas para fazer o leitor sair do lugar comum, tirá-lo da zona de conforto. Nesse sentido, Apocalipse Todo Dia é feito dos assombros cotidianos. Muito deles podem até passar despercebidos, pois quase sempre a urgência dos dias é tão frenética, que parece nos envolver numa espécie de armadura. A impressão é que ninguém se choca com mais nada, tudo caminha com uma certa normalidade, mesmo quando alguma coisa grotesca acontece. O exemplo clássico é a morte de alguém num estabelecimento, onde as pessoas nem ligam e seguem a soa rotina com tranquilidade, quase passando por cima do corpo da pessoa estendida esperando o carro do IML.   Quando está no seu momento criativo ou na edição do material, você pensa nos efeitos que ele vai ter nos leitores? O primeiro leitor que tento agradar sou eu mesmo. Se não prestar para mim, não vai prestar para mais ninguém. Eu sou a primeira pessoa que precisa ficar satisfeita com o texto que acabou de ser escrito. Embora, para o texto ficar pronto mesmo, demora bastante. Às vezes dias, semanas, meses e até anos. Pode ser o menor dos contos. Agora, eu sempre faço um exercício após a conclusão. Ler determinado texto para pessoas com gostos variados. Faço isso para ver a reação delas. Dos leitores/ouvintes beta. Se a pessoa ouve e não esboça nenhuma reação, o objetivo não foi atingido. Agora, se eu conseguir incomodá-los de alguma forma, aí, sim, consegui o que queria. Não um incômodo gratuito, mas aquele que faz o leitor parar para refletir sobre tantas camadas que existem nas entrelinhas dos contos. O sorriso nervoso. A literatura é a arte do incômodo. Não um simples passatempo. No entanto, mesmo com certos temas aparentemente pesados, existe um “divertimento” na leitura. Pois o leitor compreende que está lendo uma história de ficção. Todo leitor buscar se entreter. Ele procura, no final das contas, um livro bem escrito e que prenda a sua atenção.  Você disse que o Recife é esse lugar onde suas obras são ambientadas e é quase um personagem do texto. Mas a cidade é feita por muitas. Como é a sua relação com o Recife e qual é a cidade que você convive, te inspira e está presente nas suas obras? A minha lupa vai sempre para os dramas humanos. Dessa rotina estafante que as pessoas e os personagens precisam conviver diariamente. Gosto das coisas inconclusas, das lutas, da sobrevivência. Não a cidade cartão-postal das propagandas turísticas. Eu sou um ficcionista que pensa o Recife, de fato, como uma personagem dentro das histórias. Os seus becos, as suas figuras sombrias, as conversas nas mesas de bar, os ônibus lotados, a euforia do carnaval etc. Os meus textos mostram esses pedacinhos do Recife que se complementam como um enorme quebra-cabeça. Tem até, aqui e ali, algo mais solar, claro. Porque o

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Stellantis inicia exportações para o Oriente Médio a partir de Pernambuco

Primeiras unidades serão embarcadas ainda em 2025 pelo Porto de Suape, reforçando a presença global da companhia e ampliando o impacto econômico do polo automotivo de Goiana. A Stellantis anunciou o início das exportações do Jeep Commander para o Oriente Médio, ampliando a presença da montadora em mercados estratégicos como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã, Catar, Kuwait e Bahrein. Até o fim de 2025, mais de 500 unidades devem ser enviadas pelo Porto de Suape (PE), consolidando o protagonismo do polo automotivo de Goiana no cenário internacional. O modelo, que já soma 7.958 unidades exportadas para 14 países da América Latina, foi totalmente desenvolvido e fabricado no Brasil, sendo o primeiro SUV de sete lugares da Jeep produzido no país. Desde seu lançamento em 2021, o Commander acumula mais de 70 mil unidades vendidas no mercado nacional e ocupa a liderança em seu segmento. “A ampliação das exportações do Jeep Commander para o Oriente Médio comprova a força do produto desenvolvido no Brasil e sua competitividade em mercados altamente competitivos. O modelo simboliza a capacidade de inovação e de desenvolvimento tecnológico da engenharia nacional da Stellantis, que segue na vanguarda do setor automotivo, conectando sofisticação, versatilidade e tecnologia a diferentes públicos ao redor do mundo”, afirma Matias Merino, vice-presidente de Supply Chain para a América do Sul. Além de reforçar a imagem do Brasil como produtor de veículos de alto padrão, as exportações também ampliam os resultados econômicos de Pernambuco. O Hub de Veículos do Porto de Suape movimentou mais de 80 mil veículos em 2024, sendo 77% fabricados em Goiana, e já ultrapassou 39 mil unidades exportadas somente no primeiro semestre de 2025. Esses números consolidam o papel estratégico do estado no comércio internacional e a relevância da Stellantis na indústria automotiva sul-americana.

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FIEPE firma cooperação para impulsionar investimentos sustentáveis na Caatinga

Parceria com Instituto Amazônia+21 busca transformar o bioma em polo de desenvolvimento socioambiental e econômico A Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) deu mais um passo em sua agenda de sustentabilidade ao firmar um acordo com o Instituto Amazônia+21 para atrair investimentos de impacto socioambiental na Caatinga. A iniciativa, assinada pelos presidentes Bruno Veloso (FIEPE) e Marcelo Thomé (Instituto Amazônia+21), pretende mobilizar recursos comerciais e filantrópicos para viabilizar soluções sustentáveis em um bioma que ocupa 84% do território pernambucano e 11% do país. Durante o lançamento da Facility Investimentos Sustentáveis, Veloso ressaltou a importância estratégica da iniciativa. “Esse trabalho identifica grandes projetos com vários parceiros. Vamos aprofundar e dar prosseguimento a essa atuação, que vai desenvolver diversos projetos estruturadores para o nosso estado. A Caatinga representa 11% do território nacional e 84% do território de Pernambuco. O que discutirmos é uma oportunidade de pensar em novos caminhos. Nossa gestão tem como um dos pilares a governança social, ambiental e corporativa, e iremos assumir o compromisso de ajudar a transformar boas ideias em ações concretas, com impacto real para quem vive e empreende em uma região com tanto potencial de desenvolvimento”, afirmou. Para Thomé, a criação de um fundo catalítico voltado à Caatinga é um instrumento essencial para garantir segurança jurídica e atrair capital em larga escala. “A gente precisa não só conservar o bioma Caatinga, como também restaurar. Quanto mais ativos naturais tivermos, mais negócios e inclusão econômica. É um ciclo de prosperidade virtuoso a partir da mobilização inteligente e orientada do capital, primeiro numa etapa filantrópica, para originar os projetos e, na sequência, trazendo veículos comerciais e recursos em volume para que esses bons projetos virem negócios”, destacou. A relevância do acordo foi reforçada por lideranças do setor produtivo e ambiental. “Na Caatinga habitam em torno de 30 milhões de pessoas e é um território de grandes possibilidades. Essa forma de financiamento vai poder transformar toda essa potencialidade em negócio, emprego e melhoria de qualidade de vida”, avaliou Anísio Coelho, presidente do Contema/FIEPE. Já o secretário estadual de Meio Ambiente, Daniel Coelho, destacou que “desenvolvimento é termos solução sustentável, que a gente precisa caminhar de mãos dadas com economia e meio ambiente”. O evento contou ainda com a participação de representantes do Ibama, CPRH e dirigentes regionais da FIEPE, que ressaltaram a urgência de políticas conjuntas para garantir desenvolvimento econômico sem comprometer a preservação ambiental.

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Ler para dizer: a semente da palavra nas mãos das crianças

*Por Matheus Lopes de Abreu Há algo de profundamente humano na palavra que nasce do encontro entre olhos e letras. Sempre que observo uma criança lendo, percebo que não é apenas um código que se decifra: é o mundo que se expande, é o pensamento que se organiza, é a língua que encontra seu ritmo dentro de nós. A leitura, para a infância, não é luxo nem ornamento; é a raiz silenciosa de toda expressão oral e escrita consistente. Como educador há alguns anos, sei que um bom texto – seja ele dito ou escrito – não se constrói no improviso. Ele é fruto de um repertório, de um estoque íntimo de palavras, imagens, ritmos e sentidos que a leitura oferece. Sem esse repertório, a criança se vê restrita a um vocabulário limitado, a uma estrutura de pensamento engessada, a um horizonte estreito. Com esse repertório, a criança descobre-se autora e narradora de si mesma. Ler é sempre um encontro: um livro fechado é apenas um objeto à espera de vida. A ciência da linguagem confirma o que a experiência em sala de aula já nos ensina: ler desenvolve a consciência fonológica, amplia o vocabulário, fortalece a compreensão sintática e afia a capacidade de argumentar. É no contato frequente com narrativas, poemas, reportagens, crônicas, ensaios e outros gêneros textuais que a criança internaliza modelos discursivos, compreende diferentes pontos de vista e aprende a articular ideias com coesão e coerência. Mas há também o que não cabe nos relatórios e nas tabelas. Ler é ouvir vozes que atravessam séculos e geografias, é encontrar-se em personagens, é sentir a vitalidade da língua percorrendo o pensamento e a imaginação. Uma criança que lê não apenas escreve melhor: ela fala melhor, pergunta melhor, escuta melhor. Por isso, na educação, acredito ser imprescindível oferecer livros como quem oferece caminhos. Qual caminho você escolheria para o seu filho? É papel da escola – e compromisso de todos que a integram – cultivar espaços de leitura que sejam, ao mesmo tempo, livres e cuidadosamente orientados, de modo que a criança possa explorar o prazer de ler e, simultaneamente, aprender a técnica de escrever e argumentar. Se quisermos formar escritores e oradores capazes, precisamos primeiro formar leitores atentos e apaixonados. Porque só quem bebe na fonte da leitura é capaz de devolver ao mundo palavras que alimentam, que convencem, que encantam e que fertilizam o terreno para uma comunicação viva. Portanto, é preciso olharmos para a leitura como uma espécie de semente: invisível no início, mas destinada a florescer em cada texto que a criança ousar criar – seja no papel ou no sopro da sua própria voz. *Matheus Lopes de Abreu é produtor cultural e coordenador pedagógico da rede Maple Bear Global School

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Governo Federal se reúne com sindicato para discutir futuro do Metrô do Recife

Reuniões em Brasília, protestos e audiências públicas questionam a promessa de Lula de manter sistema fora do programa de desestatização Os metroviários de Pernambuco devem se reunir hoje (20) com a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. O encontro foi articulado durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Recife. Na ocasião, a categoria realizou uma paralisação de 24h em protesto contra a privatização do sistema. Até hoje pela manhã, a reunião não estava confirmada na agenda oficial do ministério, que informou à Algomais que "As tratativas para realização dessa agenda estão em curso". A assessoria de imprensa da Presidência da República confirmou que foi deliberado que o MGI receberia o Sindicato dos Metroviários e que a própria Secretaria Geral também participaria da reunião. Durante o ato em Brasília Teimosa, o presidente chegou a levantar uma camisa do movimento, mas a sua presença não foi confirmada nas articulações que o movimento tem feito em Brasília. O Sindicato dos Metroviários anunciou que fará reunião também com o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Até o momento o ministério ainda não respondeu à Revista Algomais. A temperatura das manifestações dos trabalhadores subiu após uma matéria da CNN informar que o próprio presidente Lula viria ao Recife em setembro para fazer um anúncio da concessão. Diferente do que foi publicado na reportagem, a assessoria de imprensa da Presidência da República negou a previsão da agenda para a capital pernambucana em setembro. CONTEXTO DO CONFLITO A transferência para o Governo do Estado e na sequência para a iniciativa privada é uma defesa da governadora Raquel Lyra. No entanto, o movimento de resistência à privatização tem reforçado a mensagem de que o presidente Lula se comprometeu durante a campanha de 2022 em retirar a empresa do Programa Nacional de Desestatização (PND), criado pelo Governo Bolsonaro. Além da cobrança da palavra do presidente, a argumentação do movimento é também de alertar para os resultados da concessão do Metrô de Belo Horizonte. Com menos de três anos de privatização do serviço, a passagem disparou e já é de R$ 5,80. A pretendida expansão do sistema também não aconteceu. O sistema vive uma crise sem precedentes desde que entrou no PND. Com investimentos e recursos para custeio escassos, houve uma redução da frota de trens, queda na velocidade da operação e uma diminuição significativa de usuários. Além disso, o sistema passou a fechar aos domingos, a exemplo do que acontece também no Metrô de BH. ARTICULAÇÃO POLÍTICA LOCAL NA CÂMARA E NA ALEPE Após a paralisação dos Metroviários durante à visita presidencial, lideranças políticas locais intensificaram mensagens de crítica ao projeto de concessão, desenhado pelo Governo Bolsonaro, mas que segue em curso no Governo Lula. A vereadora Liana Cirne (PT) protocolou o Requerimento nº 7327/2025 na Câmara Municipal do Recife, manifestando oposição à proposta de concessão do Metrô do Recife à iniciativa privada. O documento faz um apelo ao presidente Lula, à governadora Raquel Lyra e a ministros do governo federal, defendendo que a gestão do sistema permaneça pública, com investimentos diretos para modernização e ampliação. Na justificativa, a parlamentar alerta para riscos já observados em outras concessões, como aumento de tarifas, redução de linhas pouco lucrativas e perda de transparência. Para Cirne, o metrô é um patrimônio público estratégico, fundamental para trabalhadores e estudantes em situação de vulnerabilidade, e deve ser mantido sob controle estatal para garantir tarifas acessíveis e integração metropolitana. Na Alepe, acontece hoje uma audiência pública, convocada pelo deputado Waldemar Borges, Presidente da Comissão de Administração Pública, solicitada pelo Deputado João Paulo com a finalidade de discutir "a tarifa zero, a evasão de receitas e o surf ou morcegamento nos transportes metropolitanos no Recife". O encontro será mais um palco de debate do sistema, que deverá ter em breve uma audiência pública exclusiva para discussão dos rumos do Metrô do Recife. DEPUTADO FEDERAL CRITICA PRIVATIZAÇÃO Em recente entrevista, logo após as manifestações, o deputado Carlos Veras, único representante do PT-PE na Câmara Federal, realizou duras críticas ao processo de concessão ao sistema. Antes da paralisação, a senadora Teresa Leitão (PT-PE), a deputada estadual Dani Portela (PSOL-PE) e a vereadora do Recife Cida Pedrosa (PCdoB-PE) foram algumas das vozes no parlamento contrárias ao projeto de privatização. A defesa dessa ala, alinhada ao discurso sindical, é que sejam realizados os investimentos de recuperação do sistema, como aconteceu na primeira gestão do Presidente Lula, no início dos anos 2000. Na época, os trens foram reformados, aconteceu a ampliação do percurso, com inauguração da Linha Sul e o quadro operacional foi reforçado com um concurso público. Anos depois, foram comprados ainda os VLTs, que aposentaram as locomotivas movidas a diesel, e os novos trens elétricos da companhia espanhola CAF. PARCERIA COM OS URBANITÁRIOS Uma das novidades recentes da articulação é uma parceria com o movimento dos urbanitários, que também resistem à privatização da Compesa pelo Governo do Estado de Pernambuco. Tanto no caso da privatização dos sistemas sobre trilhos como das companhias de abastecimento tem históricos de concessões fracassadas, marcadas por redução da oferta de serviços, aumento de tarifas e ampla dificuldade de regulação do poder público. A manutenção de ambos os projetos desconsidera as discussões técnicas e as experiências recentes. No próprio de Pernambuco, a falência da malha ferroviária, que fazia o transporte de cargas, aconteceu pouco tempo após a privatização em 1999. O novo projeto da Transnordestina, que nasceu em 2006, também entregue à iniciativa privada, completa 19 anos sem transportar um quilo de carga no Estado que tem o maior porto do Nordeste e um robusto parque industrial. A Algomais já discutiu ambos os projetos nas reportagens especiais O desafio para ofertar água e tratamento de esgoto em Pernambuco e Qual a saída para o Metrô do Recife?. AÇÃO NAS REDES E NAS RUAS O historiador e influenciador Jones Manoel, que possui 1,3 milhão de seguidores no Instagram e mais de 545 mil inscritos no YouTube, tem reforçado as críticas ao processo de privatização do Metrô

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Hemobrás inaugura maior fábrica de hemoderivados da América Latina em Pernambuco

Unidade de R$ 1,9 bilhão vai fortalecer o SUS, gerar milhares de empregos e reduzir dependência externa na produção de medicamentos essenciais. Na foto, o Presidente Lula durante visita e inauguração da nova planta de produção de medicamentos hemoderivados da Hemobrás, em Goiana (PE). Foto: Ricardo Stuckert / PR A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) inaugurou, nesta quinta-feira (14), em Goiana (PE), a nova Fábrica de Hemoderivados, considerada a maior da América Latina. Com investimento de mais de R$ 1,9 bilhão, a unidade vai atender milhões de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) com medicamentos utilizados no tratamento de hemofilia, infecções e doenças raras, queimaduras graves e em pacientes de terapia intensiva. A operação também deve gerar 2 mil empregos diretos e 8 mil indiretos, impulsionando a economia local e o Complexo Econômico-Industrial da Saúde. Durante a cerimônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a importância estratégica do empreendimento para a soberania nacional. “Um país soberano, ele tem que cuidar de três coisas: da educação, de garantir alimento para todo mundo, porque a segurança alimentar é uma coisa primordial. E, ao mesmo tempo, a gente garantir a questão da saúde. Isso aqui chama-se soberania nacional. A Hemobrás veio para ficar e vai ser a maior fábrica da América Latina. E veio para mostrar que o Brasil é soberano”. Lula também destacou que a qualidade da mão de obra da empresa está entre as melhores do mundo, associando o desenvolvimento econômico ao investimento em educação e qualificação profissional. Segundo a presidenta da Hemobrás, Ana Paula Menezes, a produção nacional de hemoderivados representa não apenas um avanço tecnológico, mas um compromisso com a cidadania. “Aqui no Brasil o plasma que vem da doação voluntária, altruísta, do nosso povo tem que voltar como medicamento para o nosso povo”. A nova estrutura permitirá fracionar até 500 mil litros de plasma por ano em um prazo de quatro anos, garantindo maior segurança sanitária, reduzindo a dependência de importações e assegurando que o insumo colhido nos hemocentros públicos seja transformado em medicamentos no próprio país. A expansão da Hemobrás inclui a fabricação nacional de produtos estratégicos, como a albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação VIII e IX. Em 2024, a estatal entregou um recorde de 552 mil frascos de hemoderivados e 870 milhões de Unidades Internacionais de medicamentos recombinantes. Com os novos blocos de fracionamento e envase em operação, a expectativa é ampliar gradualmente o volume de produção e incorporar novos medicamentos ao portfólio, fortalecendo o SUS e colocando o Brasil na rota de referência internacional em biotecnologia aplicada à saúde.

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Governo lança Plano Brasil Soberano para enfrentar sobretaxas dos EUA

Medida provisória prevê R$ 30 bilhões em crédito, incentivos fiscais e proteção ao emprego para empresas exportadoras brasileiras O governo federal publicou nesta quarta-feira (13), em edição extra do Diário Oficial da União, a Medida Provisória que institui o Plano Brasil Soberano. A iniciativa reúne ações emergenciais para apoiar empresas, exportadores e trabalhadores prejudicados pelas sobretaxas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Estruturado em três eixos — fortalecimento do setor produtivo, proteção ao trabalhador e diplomacia comercial — o plano busca reduzir o impacto imediato do chamado “tarifaço” e fortalecer a competitividade do país no longo prazo. Entre as medidas anunciadas está a liberação de R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações para oferecer crédito com taxas acessíveis e ampliar o financiamento às exportações. Pequenas e médias empresas terão acesso facilitado por meio de fundos garantidores, com aportes adicionais que somam R$ 4,5 bilhões distribuídos entre FGCE, FGI e FGO. O governo também criou incentivos fiscais por meio do Novo Reintegra, elevando em até três pontos percentuais a restituição de tributos para empresas afetadas, o que representa impacto estimado de R$ 5 bilhões até dezembro de 2026. No campo tributário, a MP suspende temporariamente o pagamento de impostos para exportadores e autoriza a Receita Federal a adiar por dois meses a cobrança para as empresas mais atingidas. O plano também amplia o regime de drawback, prorrogando prazos para exportação de produtos com insumos beneficiados, sem cobrança de multas ou juros, e flexibiliza compras públicas de alimentos para merenda escolar e hospitais, priorizando produtores e agroindústrias prejudicados pelas tarifas. Para preservar empregos, foi criada a Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego, que atuará no monitoramento, mediação de conflitos e fiscalização de acordos trabalhistas. No âmbito internacional, o governo pretende diversificar mercados e acelerar negociações com blocos e países como União Europeia, EFTA, Emirados Árabes, Canadá, Índia e Vietnã. “Com o Plano Brasil Soberano, o governo federal não está apenas reagindo a uma ameaça imediata: está reconstruindo e fortalecendo o sistema nacional de financiamento e seguro à exportação, para que o país seja mais competitivo e menos vulnerável a esse tipo de medida no futuro”, afirmou o Planalto.

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