Arquivos Colunistas - Página 119 De 305 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Colunistas

Máscaras de outras terras no Carnaval do Recife

Nem sempre o Carnaval do Recife encontra-se povoado pelos “máscaras da terra”, como desejava o poeta Ascenso Ferreira: E somente ficaram os máscaras da terra: Parafusos, Mateus e Papangus... e as Bestas-Feras impertinentes, os Cabeções e as Burras-Calus... realizando, contentes, o Carnaval do Recife. Personagens para aqui trazidos pelas companhias teatrais europeias, logo ganharam às ruas a partir do final da primeira metade do Século 19, inserindo na paisagem carnavalesca o nossos coloridos palhaços, pierrôs, colombinas, dominós, arlequins e outros tantos personagens. Acontece que outros mascarados, originários da vida rural de remotas regiões da Península Ibérica, vieram integrar manifestações populares do nosso Carnaval, a exemplo do Urso do Carnaval e do nosso popularíssimo Caboclo de Lança. Assim, recebo da amiga Lavínia Maria Uva, que me envia notícias da realização em Lisboa, no mês de maio de 2019, do 14º Festival Internacional da Máscara Ibérica, com a participação de grupos de máscaras vindos de Portugal, Espanha, China (Macau), Colômbia, Hungria, Itália, País de Gales e Uruguai. Ao receber as fotos, algo que já desconfiava, que me fora revelado nas minhas leituras do livro de Júlio Caro Baroja, El Carnaval (1979), alguns dos nossos “máscaras da terra” do Carnaval do Recife têm sua origem na Península Ibérica. Assim lá estavam figuras semelhantes ao nosso caboclo de lança dos maracatus rurais, diabinhos, La Ursas e Caiporas de Triunfo, trasmudados na Máscara Gallega, nos Guirrios das Astúrias, nos mascarados da Trácia e no Kortilun gorria des Labour .... Como sempre afirmo nos meus escritos e no meu livro, recentemente publicado Carnaval do Recife (Cepe, 2019): nada de novo diante dos nossos olhos; tudo, de novo. *Por Leonardo Dantas Silva

Máscaras de outras terras no Carnaval do Recife Read More »

Lafepe: "Prevemos crescer 30% na produção de medicamentos"

O diretor comercial do Lafepe, Djalma Dantas, foi um dos entrevistados da última edição da Revista Algomais, sobre o setor farmacêutico/farmacoquímico de Pernambuco. Publicamos hoje as respostas na íntegra sobre o trabalho do laboratório estatal, que tem 620 funcionários, que fabrica uma série de medicamentos estratégicos para o Sistema Único de Saúde. O Lafepe produz 110 milhões de unidades de medicamentos por ano e pretende ampliar nos próximos 3 anos com aquisição de equipamentos e ampliação da sua estrutura. O diretor revelou que a empresa ampliou sua produção em 10% em 2021 e prevê um crescimento de mais 30% neste ano. A pandemia afetou o funcionamento da empresa? Como o Lafepe é considerado serviço essencial na produção de medicamentos estratégicos para atendimento ao SUS, a produção não poderia ser descontinuada. Ao contrário, a produção teve números ampliados em 2021. Para tanto, utilizamos como forma de trabalho o rodízio dos funcionários e implantamos as medidas sanitárias necessárias no enfrentamento ao contágio da COVID - 19. Houve crescimento ou decrescimento nesse período? Houve uma ampliação de 10% na produção. Atualmente quais produtos ou medicamentos são fabricados pelo Lafepe? Existem várias classes de medicamentos. Uma muito importante é a dos antirretrovirais. Esses são utilizados para o tratamento de infecções por retrovírus, especialmente o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), atuando na defesa do organismo contra micro-organismos patógenos, diminuindo a carga viral total do paciente, e auxiliando na recuperação e manutenção das funções do sistema imunológico. Nesse segmento, produzimos os antirretrovirais (Ritonavir 100 mg comprimido; Tenofovir + Lamivudina 300 + 300 mg comprimido; Dolutegravir 50 mg comprimido e Tenofovir 300 mg comprimido) para compor o coquetel distribuído pelo Ministério da Saúde no tratamento dos pacientes soro positivos para HIV/AIDS e Hepatite b. Já os antipsicóticos atípicos, uma outra classe de medicamentos também chamados antipsicóticos de segunda geração, são usados para o tratamento de certos transtornos psiquiátrico. No Lafepe, produzimos medicamentos para atender todos os pacientes da rede SUS que realizam o tratamento e controle da esquizofrenia e transtorno bipolar (Clozapina; Quetiapina e Olanzapina). Acrescentamos ainda a produção do único medicamento utilizado no combate ao Mal de Chagas (Benznidazol 100 mg comprimido) e a produção do saneante com estabilidade e concentração ideal para potabilidade da água. Nesse período de Pandemia algum novo produto ou serviço foi desenvolvido ou fabricado pelo laboratório? Em virtude da pandemia houve uma demanda urgente para produção de um elevado volume do antisséptico Álcool gel 70%. Por solicitação e orientação do Governo do Estado de Pernambuco, o LAFEPE utilizou sua estrutura física e expertise de sua mão de obra para desenvolver e produzir internamente este produto, com o objetivo de atender toda a rede pública hospitalar do Estado. Devemos observar que uma nova formulação foi desenvolvida pela equipe técnica do LAFEPE, tendo em vista a escassez de insumos advindos do exterior, principalmente da China. Devemos acrescentar que neste período de pandemia o LAFEPE manteve o processo de transferência de tecnologia de novos medicamentos utilizados na primeira linha de tratamento de pacientes soro positivos para HIV/AIDS. Há novos produtos ou insumos em processo de desenvolvimento? Sim. Parte considerável da produção do Lafepe é decorrente da conclusão de processos de transferências iniciados anos atrás e recentemente concluídos com êxito, inclusive com o abastecimento do Ministério da Saúde com esses produtos. Há alguma perspectiva de crescer em 2022? O Lafepe apresenta novas Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo, articulação com outros laboratórios para a internalização de novos medicamentos estratégicos à saúde pública, tudo supervisionado pelo Ministério da Saúde, a partir deste ano de 2022, um crescimento da ordem de 30% no volume de medicamentos. Quais os principais desafios e planos do Lafepe para os próximos anos? Ampliar o parque fabril e modernizar os equipamentos de produção, com o objetivo de possibilitar a absorção de novos processos tecnológicos farmacêuticos, tornando o LAFEPE competitivo e atualizado com a indústria 4.0. Passa pelo desafio também a atualização permanente dos nossos processos produtivos, em atendimento às constantes exigências dos órgãos regulatórios da indústria farmacêutica.

Lafepe: "Prevemos crescer 30% na produção de medicamentos" Read More »

Socorro (por Bruno Moury Fernandes)

Em recente almoço, um cidadão de bem que diz me querer bem, durante conversa sobre vacina em crianças, perguntou-me em tom desafiador e provocativo, se eu daria vacina aos meus filhos. O tom da pergunta e o papo que antecedeu a esta indagação, trazia uma carga política/ideológica na discussão, como tem sido comum. Mas o mais decepcionante, e daí o tom desafiador na indagação, é que o cidadão – membro de uma determinada seita bovina – conhece profundamente sobre algo particular na minha vida: o autismo no meu filho. Sabe ele também, porque já conversamos sobre isso, que existem estudos que indicam que vacina (especificamente a tríplice viral) pode ser um gatilho para aquelas crianças que possuem predisposição genética a desenvolver o autismo, tese que apesar de não encontrar aceitação na comunidade científica internacional, assusta qualquer pai que ame e cuide dos seus filhos. Então, no fundo, o que estava por trás da discussão, além da defesa à política negacionista, era a tentativa de me constranger perante as demais pessoas, a fim de se levantar o tão sonhado troféu do “eu tenho razão” ou “o que fará agora este comunistazinho de merda?” Afinal, o que eu poderia argumentar ou fazer diante da minha fragilidade humana? Essa fragilidade emocional diante de tema tão caro a mim e a minha esposa, parecia ser o prato principal daquele almoço. Uma farta refeição para fascista se esbanjar e se lambuzar com o molho da minha dor e, de sobremesa, o meu sofrimento. Esperava o cabeça branca que eu caísse no mesmo erro que ele: politizar o tema vacina. Mas eu me recuso a cair nessa. Eu tenho admiração por ideias de esquerda e tomei remédio de combate a verme lá no início da pandemia, amigo. Por aí você tira. Minha resposta, a qual ele provavelmente não conseguiu ouvir, porque como todo fascista não se interessou pelo diálogo, foi a de que eu não sabia o que fazer. Ele aumentou o som e não ouviu eu dizer que realmente não sei o que fazer diante da possibilidade de vacinação dos meus filhos. A única coisa que eu sei é que vou seguir a ciência e me recuso a dar ou deixar de dar vacina aos meus filhos com base na opinião de miliciano. Eu quero ouvir a ciência! Somente a ciência. Mas e quando nem mesmo a ciência se entende sobre o assunto? O que fazer? Neste mesmo almoço, um médico que estava presente me orientou a não vacinar as crianças em hipótese alguma, alegando inclusive problemas cardíacos que a vacina pode desenvolver nos rebentos. Uma semana antes, em sentido oposto, num encontro de amigos, outro médico me disse que seria uma irresponsabilidade caso eu não vacinasse meus filhos. A Anvisa diz que eu devo vaciná-los. A Presidência da República, para ser ameno, parece não ter muita simpatia por essa orientação. O médico do meu filho, em Florianópolis, diz que eu não devo vacinar. A médica do meu filho, no Recife, diz que eu seria um idiota caso eu não vacinasse as crianças. Diante de tudo isso, só me resta pedir socorro à medicina, aos cientistas, ao Cremepe, ao Papa. Peço socorro a Deus. Ao cidadão que tentou me jantar em pleno almoço, peço perdão por não o ter amado suficientemente para dele merecer respeito e compaixão. Diante de tantas opiniões antagônicas e desencontradas no Brasil de hoje, em plena pandemia, peço a Deus que traga a cura para a maior de todas as canalhices já vistas, que é a de politizarmos esse tema tão crucial em nossas vidas: a vacina!

Socorro (por Bruno Moury Fernandes) Read More »

Avanço da Covid-19 exige agilidade na gestão de pessoas nas empresas

Com uma parcela significativa da população vacinada, a nova onda de contaminações da Covid-19 não tem sido tão letal quanto as anteriores até agora, mas tem se disseminado com uma velocidade muito grande. Além de pressionar o sistema de saúde, que já tem níveis de ocupação preocupantes, o novo momento da pandemia cria muitas dificuldades para o universo corporativo. Mesmo sem o lockdown que interrompeu a maioria dos negócios em 2020, a variante Ômicron tem desfalcado os quadros operacionais, chegando a paralisar algumas operações pela falta de mão-de-obra. Um novo cenário que exige muita habilidade na gestão das empresas, de acordo com a consultora da TGI Georgina Santos. Mesmo com a avalanche de afastamentos e com o sinal de alerta ligado sobre o endurecimento da pandemia, a consultora considera que as empresas não vivem mais o desespero dos primeiros dias da pandemia. "Parece toda história do passado que está volta. Percebemos um aumento dos casos de Covid e de gripe após o Natal e também porque as pessoas tem flexibilizado a sua proteção. Porém, não tenho sentido que o mercado está encarando essa nova onda como banho de água fria nas suas projeções, mas estão fazendo uma revisão nos protocolos, reforçando a comunicação.  Não tenho sentido preocupação demasiada em relação à economia. As empresas estão mais cuidadosas, mas sem pânico", afirma a consultora. Georgina aponta, no entanto, que há uma dificuldade operacional pela grande quantidade de pessoas afastadas simultaneamente. Ela relata que uma das empresas em que ela atua recebeu 58 atestados de sintomas gripais. "Essa empresa não se desesperou por isso. Evidentemente houve um prejuízo na linha de produção. Eles sabem que tem o aperto, tem menos pessoas. As empresas estão trabalhando com alternativas, analisando um problema de cada vez. Fazem seus planos, mas se a pandemia piorar, sentam e rediscutem". Um dos casos mais icônicos desde início de ano foi o caso do cancelamento de vôos de algumas companhias aéreas por falta de equipes de comissários de bordo, devido aos inúmeros afastamentos por atestados médicos. Além do setor aéreo, uma pesquisa desta semana da Abrasel indicou que 76% de bares e restaurantes tiveram afastamento de funcionários por Covid ou gripe. Outro levantamento, feito pela Associação Médica Brasileira, indicou que nos dois últimos meses 87% dos médicos foram acometidos pela Covid-19. De acordo com Georgina Santos, os relatos de afastamentos em massa dos funcionários com Covid-19 ou influenza tem levado as empresas a construir “backups” no seu quadro de profissionais, segundo a consultora. Ela conta que há um esforço corporativo para que mais de um pessoa domine cada atividade para que em uma ausência repentina, causado pelo coronavírus ou por qualquer outro motivo, a empresa não seja tão impactada. Outra questão já consolidada é em relação ao home office. Georgina afirma que, como a maioria das notificações é de casos leves, muitos profissionais que testam positivo para Covid-19 ou Influenza, mas são assintomáticos, seguem suas funções de forma remota, quando isso é possível. "Muitas pessoas seguem produzindo, dentro do que é possível ser feito a distância. Estamos aprendendo a conviver com as possibilidades de parar a qualquer momento, a repensar os planos. Seja pela Covid-19 ou por qualquer outro problema. Estamos aprendendo a lidar com as incertezas".

Avanço da Covid-19 exige agilidade na gestão de pessoas nas empresas Read More »

Carurus e angus - A Bahia de Gilberto Freyre

Na sua obra, Gilberto Freyre olha a comida enquanto um método de interpretação da cultura, e da sociedade nos cenários do Nordeste e do Brasil. Gilberto entende a comida como uma maneira expressiva de comunicação e sabedoria tradicional. Assim, ele mostra na sua obra as matrizes africanas como tema recorrente para um vasto patrimônio cultural do brasileiro. A Bahia, em Gilberto Freyre, é sempre um encontro com o continente africano, que é admirado e revelado com destaque, e emoção, nas usas pesquisas, o que mostra um valor por ele cultivado, e que está permanentemente presente nas suas leituras sobre o brasileiro. “Vários são os alimentos predominantemente africanos em usos no Brasil. No Norte especialmente na Bahia, em Pernambuco, no Maranhão, Manuel Querino anotou os da Bahia, Nina Rodrigues os do Maranhão, o mesmo com Pernambuco. Desses três centros de alimentação afro-brasileira é a Bahia o mais importante. A doçaria de rua aí desenvolveu-se como em nenhuma cidade brasileira, estabelecendo-se verdadeira guerra-civil entre o bolo de tabuleiro e do doce feito em casa (...). (...) quitutes feitos em casa e vendidos na rua em cabeça de negras mas no proveito da senhoras: mocotós, vatapás, mingaus, pamonhas, canjicas, acaçás, arroz-doce, feijão-de coco, angus, pão-de-ló de arroz, pão-de-ló-de-milho, rolete de cana, rebuçados.(...).” (Gilberto Freyre. Casa-Grande & Senzala. Editora Global: São Paulo, 2004) Este comércio intenso nas ruas, com as chamadas “vendas”, marcou o consumo e a diversidade de comidas possíveis de serem adquiridas nas ruas da cidade do São Salvador. Também, as leituras sobre o dendê, sem dúvida, marcam um estilo de entender a Bahia pela boca, numa verdadeira civilização, a civilização do dendê. “(...) o caruru e o vatapá feitos com íntima e especial perícia na Bahia. Prepara-se o caruru com quiabo ou folha de capeba, taioba, oió, que se deita ao fogo com água. Escoa-se depois a água, espreme-se a massa que novamente se deita na vasilha com cebola, sal, e camarão, pimenta-malagueta seca, tudo ralado na pedra-de-ralar e lambuzado de azeite-de-cheiro. Junta-se a isto a garoupa ou outro peixe assado. O mesmo processo do efó”. (Gilberto Freyre. Casa-Grande & Senzala. Editora Global: São Paulo, 2004) Ainda, os temas afro-muçulmanos são presentes e marcantes na obra de Gilberto Freyre. Há uma valorização do euro-africano, que são os ibéricos encharcados da civilização Magrebe. “O arroz de hauçá é outro quitute afro-baiano que se prepara mexendo com colher de pau o arroz cozido na água e sal. Mistura-se depois com o molho em que entram pimenta-malagueta, cebola e camarão tudo ralado na pedra. O molho vai ao fogo com azeite-de-cheiro e água.” (Gilberto Freyre. Casa-Grande & Senzala. Editora Global: São Paulo, 2004) Todos esses são exemplos de acervos gastronômicos que são reveladores das maneiras como Gilberto busca trazer o Nordeste, as suas bases multiculturais, e as suas relações com o continente africano, tanto pelo Oceano Atlântico quanto pelo Pacífico. E assim, pela comida, Gilberto vê a Bahia e come a Bahia.

Carurus e angus - A Bahia de Gilberto Freyre Read More »

recife

A recostura do centro do Recife (por Francisco Cunha)

D epois da expulsão dos holandeses em 1654, o que restou do Recife ou, mais propriamente, da “Cidade Maurícia” (Mauritiópolis), mandada construir por Maurício de Nassau para ser a capital da dominação neerlandesa no Brasil (os atuais bairros de Santo Antônio e São José), foi uma terra completamente arrasada pela guerra de reconquista (a Ressureição Pernambucana, 1645-1654). E o que a sucedeu foi o que depois viria a ser entendida como a Cidade Barroca, aquela do predomínio das ordens terceiras, confrarias e irmandades religiosas, com seus templos, capelas e pátios, cada um mais caprichado do que o outro, numa espécie de “campeonato” de religiosidade e beleza sacra sob a égide dos estilos arquitetônicos Barroco e Rococó. Praticamente todos os habitantes eram afiliados de um dessas confrarias... Essa atividade foi tão intensa que, ao final do século 18, a cidade arrasada pela guerra havia sido redesenhada e reconstruída tendo como âncoras urbanísticas, justamente, os templos e seus pátios, configurando aquilo que Nestor Goulart Reis, no seu excelente livro Imagens de Vilas e Cidades do Brasil Colonial, chama, ao comentar um impressionante mapa do Recife de então de “sistema de pátios coloniais, espaços urbanos em frente às igrejas para, além de apoiar procissões de fiéis, fazia ventilar e respirar o espaço urbano”. Esta cidade reconfigurada pelos templos e pelos seus pátios sobreviveu, com acréscimos de outros espaços e outras edificações não religiosas, até a primeira metade do século 20 quando os bairros centrais foram atacados pela tirania da “modernização”, das “grande avenidas”, conforme muito bem assinala o magistral poeta Joaquim Cardozo no seu icônico poema Recife Morto, de 1924: Recife, Ao clamor desta hora noturna e mágica, Vejo-te morto, mutilado, grande, Pregado à cruz das novas avenidas. E as mãos longas e verdes Da madrugada Te acariciam. Cardozo, com base no que viu no Bairro do Recife, na reforma do porto (finalizada em 1917) e a reconfiguração do território que teve seu tecido colonial arrasado e substituído por um traçado inspirado na reforma que o Barão Haussmann promoveu na Paris medieval e o prefeito Pereira Passos promoveu no Rio de Janeiro republicano. Ele anteviu o que aconteceria poucos anos depois em Santo Antônio e São José. Esses bairros foram objeto de uma espécie de “esquartejamento”, justamente em forma de cruz, com a abertura das Avenidas Guararapes e Dantas Barreto como se pode ver pelo mapa feito por Douglas Fox em 1904. O resultado dessas intervenções “esquartejadoras” foi um território desconectado que não consegue ser “lido” pelo transeunte, inclusive com a perda de articulação do extraordinário patrimônio Barroco/Rococó que tanto encantou e encanta os historiadores da história da arquitetura. Agora que a Prefeitura do Recife tomou a histórica decisão de colocar em andamento o projeto Recentro para revitalizar a área central da cidade que já está chegando ao meio século de existência (a primeira capital a completar 500 anos em 2037), é mais do que chegada a hora de cuidar da “recostura” deste território fantástico como museu vivo que é da história da cidade. A alternativa que se presta bem para isso é aquela que, ancorada na nossa experiência de milhares de quilômetros caminhados pela região central, tem como base a Cidade Barroca retratada pelo mapa divulgado por Nestor Goulart. Dos templos e pátios assinados, apenas um (a Igreja e o Pátio do Paraíso derrubados para construir a Avenida Guararapes) não existe mais. E se fizermos um simples exercício de interligação de pontos temos a figura “recosturada” acima. Claro que essa é apenas uma ideia condutora que precisa ser traduzida num roteiro atraente que, além de promover a “recostura” do território fragmentado, seja mobilizador do interesse dos recifenses e dos “de fora” (ou “adventícios” na expressão de Gilberto Freyre) por essa região que tem, praticamente, em cada esquina um registro ainda vivo da história da cidade. Os caminhantes domingueiros estão preparando uma sugestão a ser feita à Prefeitura e ao projeto Recentro. Tudo pelo Centro do Recife vivo, dinâmico, revitalizado, pujante como já foi e tem tudo para voltar a ser. A hora é essa! *Francisco Cunha é arquiteto e consultor empresarial

A recostura do centro do Recife (por Francisco Cunha) Read More »

Videoporto chega em Fernando de Noronha

A Videoporto Mídia | Experiência levou suas telas digitais para o Arquipélago de Fernando de Noronha e passa agora a levar comunicação de alta tecnologia a todas as pessoas que desembarcam diariamente na ilha. Por mês, cerca de 14 mil turistas, brasileiros e estrangeiros, passam pelo aeroporto de Noronha, onde estão instalados os monitores digitais com informações de serviços, notícias e conteúdos publicitários. “Para a Videoporto essa é uma grande conquista. Fernando de Noronha é um destino que atrai pessoas de várias localidades do Brasil e do mundo todo. Estamos proporcionando aos nossos clientes a oportunidade de se comunicar com um público estratégico, formador de opinião e de grande poder de compra”, destaca o sócio-diretor comercial da Videoporto, Fernando Carvalho. “Todos que passarem pelo aeroporto serão impactados pelas mensagens exibidas nas nossas telas digitais. Todo conteúdo veiculado na nossa programação é atualizado de forma remota e, praticamente, em tempo real. Isso oferece comodidade e agilidade aos nossos anunciantes”, diz o diretor de operações, Davison Souza.

Videoporto chega em Fernando de Noronha Read More »

Presença do Iperid na Fabrique de la Défense em Paris

La Fabrique de la Défense (literalmente a fabrica da defesa) é um evento Franco-Europeu cujo objetivo é de propor uma reflexão densa sobre todas as temáticas voltadas para a segurança e preparar os futuros profissionais da área para contextos cada vez mais densos e assimétricos. Este ano, o evento tinha um sabor especial, já que a França assumiu desde o 1º de Janeiro a Presidência do Conselho da União Européia. Várias mesas redondas, apresentações, trocas e demonstrações num lugar contendo mais de 130 stands com o objectivo de ilustrar a diversidade dos atores da defesa e tornar a defesa mais compreensível e acessível, oferecendo experiências inovadoras, imersivas e participativas. Este ano, 13 temas foram escolhidos por serem considerados como os pontos essenciais de reflexão para o setor da Defesa Internacional Franco-Européia : Dissuasão nuclear Aeroterreste Cyber Resiliência Inteligência Energia; clima e meio ambiente Aeromarítimo Inovação Aeroespacial Pesquisa e formação Europa Percurso jovem Suporte operacional Reconstituição histórica   Neste evento foram debatidos o presente e o futuro da Defesa Estratégica Européia e suas visões em um mundo pós-pandêmico com uma mutação multidimensional acelerada. Para nós do IPERID, estar presente se torna óbvio. Entender a visão que se desenha para estes profissionais, ver as dinâmicas entre instituições públicas, a academia, o setor privado e o ensino, refletir sobre o lugar do Brasil e do Nordeste neste panorama que se desenha. Tivemos ocasião de debater e encontrar o Philippe Verluise (Diretor de um dos sites referência em Geopolítica, Diploweb), reuniões de trabalho com o Think Tank Weera, o Instituto Talleyrand e com o centro Geode financiado pelo Ministério das Forças Armadas francesas (centro multidisciplinar de pesquisa e formação dedicado aos estudos dos desafios estratégicos e geopolíticos da revolução digital da Universidade Paris 8) financiado pelo Ministério das Forças Armadas francesas. Foram também muito instrutivas as trocas com empresas do setor como o Naval Group que constrói a próxima geração de submarinos brasileiros, assim como as demonstrações de simuladores, drones e as reconstituições históricas para entender as questões estratégicas correlatas O evento foi uma ótima oportunidade para apresentar o IPERID, nossos objetivos e iniciar a estabelecer conexões do Nordeste para o Mundo. *Por Marcos Alves, Fellow Iperid França

Presença do Iperid na Fabrique de la Défense em Paris Read More »

Porto do Recife recebe obras de dragagem

O Porto do Recife começou neste mês as obras de dragagem, serviço de desassoreamento e desobstrução dos berços de atracação, canais de acesso e bacias de evolução. Esse conjunto de ações irá facilitar a navegação e chegada de navios de maior tonelagem. A empresa responsável pelo serviço é a draga holandesa Lelystad. “O crescimento nas operações do Porto do Recife não é uma expectativa, é uma realidade. Hoje nós temos uma demanda que não podemos atender devido à profundidade do nosso cais não suportar navios de maior tonelagem. O açúcar que exportamos tem um crescimento previsto de cerca de 40%. Os fertilizantes que importamos, principalmente da Bélgica, tem uma expectativa de 20% de incremento. O milho que abastece a avicultura do Estado e da Paraíba também crescerá cerca de 40%. A barrilha, um dos principais produtos que movimentamos na capital pernambucana, tem previsão de 30% de crescimento. O material metalúrgico, que apresentou um crescimento de 172,53% em 2021, possui uma expectativa de incremento de 10%. Essa nova fase do Porto do Recife, que se inicia com a obra de dragagem, tornará o nosso terminal ainda mais atrativo para novos investidores”, afirma José Lindoso, presidente do ancoradouro.

Porto do Recife recebe obras de dragagem Read More »

Tambaú cresceu 12% no ano passado, mas não faz projeções para 2022

Hugo Gonçalves, presidente da Tambaú Alimentos, conversou com a Revista Algomais sobre como a empresa tem enfrentado os altos e baixos da pandemia e quais as perspectivas para 2022. Após um crescimento forte em 2020 e um avanço no faturamento ainda elevado de 12% em 2021, as previsões para este ano são mais conservadoras. Como tem sido as operações da Tambaú em meio às incertezas - aberturas e fechamentos - da Pandemia? A pandemia veio através de ondas. A primeira foi assustadora porque era gigantesca e desconhecida para todos, até para a ciência. Graças a Deus, nossas operações se mantêm firmes. Vamos endurecendo ou flexibilizando os protocolos, de acordo com a orientação do governo, e tudo isso tem gerado um aprendizado. A gente sabe que não é uma brincadeira e tem encarado tudo com muita seriedade, atentos aos cenários dentro e fora da empresa. Sem ter um cenário mais preciso para o ano de 2022, como a empresa planejou o ano? A mudança dos números da Pandemia com a Ômicron mudaram em alguma coisa os planos para o ano? Temos trabalhado de forma a não criar nenhuma expectativa de grandes crescimentos para 2022 porque a gente sabe que tanto a questão sanitária da pandemia, quanto os dados macroeconômicos demonstram que não será possível uma resolução rápida dos danos no cotidiano das pessoas, na economia e em diversos setores. Nos últimos dois anos, muitas empresas foram impactadas pelas consequências da pandemia , outras encerraram suas atividades, a taxa de desemprego está muito grande, a queda no poder de compra também. Sabemos que a economia vai encolher . Os custos de matérias-primas, insumos, subiram muito e nem sempre temos como repassar . Uma inflação de dois dígitos em 2021. A massa salarial que está empregada vem sendo afetada com os aumentos dos preços e impactando no consumo. A nossa orientação interna aqui na Tambaú é não fazer grandes projeções, apenas manter o que já conquistamos. Em 2020 nós crescemos 35%. Em 2021, crescemos 12% e para este ano novo, diante dessas situações atuais, nos damos satisfeitos em manter nossa posição. Mas temos expectativas de crescimento através dos lançamentos de linhas e produtos. Além das preocupações com o mercado, como a Tambaú tem trabalhado sobre a questão emocional da sua equipe de profissionais? Temos uma equipe de aproximadamente 530 funcionários. A questão emocional é algo que nos preocupa bastante porque temos nos deparado com alguns colaboradores em situações onde é preciso um cuidado nosso. Contratação de psicólogos para dar uma assistência e acompanhá-los. Para amenizar o sofrimento deles com o isolamento, o risco iminente, as crises de ansiedade, temos buscado dar esse apoio profissional. Também criamos campanhas de saúde com uma equipe multidisciplinar para atuar no tratamento da obesidade, combater o sedentarismo e incentivar uma alimentação mais saudável. Reunimos profissionais de nutrição, psicologia e educação física com programas que foram implementados, surtiram efeitos grandes, que têm sido comemorados e que estão proporcionando um ambiente de trabalho melhor. Como foi o desempenho da empresa em 2021? Quais as perspectivas e planos para 2022? Este é um ano que traz pontos preocupantes como a escalada no aumento de preços dos insumos com o cenário da inflação de dois dígitos que o Brasil já vem enfrentando. Mas há também perspectivas de novas ações voltadas à população, por ser um ano de eleições, que podem contribuir para a retomada do consumo. Enfim, são perspectivas que já vêm sendo acompanhadas pela Tambaú e diante das quais já estamos nos preparando há um tempo, nas ações de redução de custo, aumento de produtividade e eficiência , além de investimentos que fizemos antes e agora já estão se consolidando, como a transferência para o nosso novo galpão de logística. Podemos dizer que somos realistas, porém otimistas. Enxergando com bons olhos este novo ano.

Tambaú cresceu 12% no ano passado, mas não faz projeções para 2022 Read More »