Arquivos Colunistas - Página 258 De 304 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Colunistas

Se eu fosse eu

Martha Medeiros escreveu uma crônica, em 2000, fazendo menção a Clarice Lispector que também escreveu a respeito em 1968. A ideia original é de Clarice. Martha copiou. Clarice fez o perturbador e intrigante exercício de refletir sobre o que ela faria se fosse ela mesma. Martha também. Agora faço eu. Porque umas das coisas que eu faria se eu fosse eu mesmo, era copiar uma boa ideia sem ter vergonha de copiá-la. Sobretudo uma ideia genial. Então, neste momento, estou sendo eu mesmo. Se eu fosse eu, trabalharia apenas quatro dias da semana e dedicaria os outros três ao ócio. Não o ócio qualquer, mas o criativo, enaltecido na obra de Domenico De Masi. Usaria calça jeans e camiseta. Abandonaria terno e gravata. Assistiria mais a documentários do que a filmes. Nas reuniões, substituiria a xícara de café por uma taça de vinho. Uma para cada reunião. Mesmo nos dias com mais de cinco reuniões. Se eu fosse eu, elogiaria a beleza feminina, em alto e bom som, e não me preocuparia se iriam me interpretar como assediador. Acordaria somente quando o sono cessasse. Não abriria mão de sobremesas no almoço. Peidaria em qualquer ambiente. Moraria numa casa e não em apartamento. Criaria cachorros. Beijaria minha mãe todos os dias. Se eu fosse eu, não juntaria dinheiro e pararia de me preocupar com o futuro dos outros. Faria churrasco dia sim, dia não. Me dedicaria mais a escrever do que a advogar. Faria aula de canto. Diria na cara de quem não gosto que não gosto. Conversaria abertamente sobre todas as minhas fraquezas e defeitos, sem me preocupar com imagem, rótulos ou conceitos. Se eu fosse eu, viajaria sozinho quando bem entendesse. Não esconderia qualquer sentimento: raiva, paixão, ódio, amor, afeto. Opinaria sobre tudo nas redes sociais. Compraria uma vespa. Esmurraria políticos corruptos em encontros sociais, utilizando-me covardemente do elemento surpresa. Mandaria à merda meia dúzia de chatos. Tiraria um período sabático, por um ano, pensando no que deveria fazer na segunda metade da vida que me resta. Se eu fosse eu, dedicaria metade do dia ao meu filho, Joaquim, e desligaria o celular durante esse período. Faria turismo futebolístico pela Europa, durante três meses seguidos, somente assistindo a jogos e bebendo cerveja até cair. Diria a um ingrato o quanto ele foi ingrato comigo (sei que você está lendo isso, seu ingrato!). Mas lhe diria o quanto foi importante na minha vida. Estudaria psicanálise. Andaria a pé, por aí, sem destino. Eu só não sei se aguentaria ser eu mesmo o tempo todo. Minha vida seria um inferno, creio eu. E este ser que ora crer, sou eu mesmo. Porque toda crença vem de mim, inobstante se exteriorizar apenas aquele que, insistentemente, faz morada em mim, mas que no fundo não reflete quem verdadeiramente sou.

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Por um bairro todo caminhável

O Bairro do Recife hoje é uma ilha, embora tenha começado como um pequeno povoado portuário na ponta do istmo que ia desde o sopé das colinas de Olinda até o estuário dos rios Capibaribe, Beberibe, Jordão, Tejipió e Jiquiá, de frente para a linha dos arrecifes que protege a costa da “fúria do mar” e propiciou à localidade excelentes condições para o aportamento de navios, desde os primórdios da colonização, no início dos anos 1500. A região virou ilha com a abertura de uma passagem do Rio Beberibe direto para o mar, hoje junto ao Terminal de Açúcar, durante os trabalhos inconclusos de construção de uma base naval (que terminou sendo transferida para a cidade de Natal), no final da década de 1940. Uma área importante do bairro ainda é ocupada por atividades portuárias, mas a maior parte é destinada a atividades comerciais e de serviços que tiveram um grande incremento após a instalação do Porto Digital lá no início dos anos 2000. Pois é, justamente, neste território hoje insular que acontece no mês de novembro a segunda versão do festival Rec’n’Play que, dentre outros temas, conforme pode ser visto em matéria desta edição da Algomais, vai tratar de cidades inteligentes. Na versão do ano passado, tive oportunidade de coordenar no próprio festival uma oficina sobre a caminhabilidade no bairro (inclusive com caminhada guiada) e uma das conclusões a que chegamos foi que a cidade inteligente é caminhável ou, então, não é inteligente! Este ano proponho que a discussão se amplie para avançar em direção a uma primeira proposta de caminhabilidade radical da parte que não é porto na ilha do Recife. Um exemplo muito bom que pode servir de referência para isso é o chamado Boulevard Rio Branco cuja pedestrianização a prefeitura inaugurou no final do ano passado. E se todo o bairro fosse daquele jeito ali? A justificativa para isso é que muita gente já circula por lá e as distâncias no bairro são perfeitamente percorríveis a pé, desde que, claro, a condições de caminhabilidade (como regularidade do piso, acessibilidade, sombra, fachadas ativas, etc.) sejam garantidas. Isso, sem excluir os carros como pode ser visto no Boulevard Rio Branco. Parece ousado? Mas para que uma coisa possa vir a ser implantada, algum tipo de de antecipação “sonhática” precisa existir. Como disse o escritor francês Victor Hugo: “Nada como o sonho para construir o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã”.

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Nosso tempo (Por Joca Souza Leão)

Agora eu sei por que velho gosta de reler o que já leu há muito tempo. Não é lá muito justo, mas é assim: velho vive sem pressa e jovem vive apressado. Ou seja, quem tem a vida toda pela frente tem pressa, não há tempo a perder; quem já tá mais pra lá do que pra cá faz uma coisa de cada vez, sem pressa. Ganhei de Margarida Dantas um livrinho de Cícero, Saber Envelhecer, qu’eu já tinha lido com uns 40 anos. Reli. Como o livro não mudou (ao longo dos seus mais de dois mil anos), mudei eu. Meus olhos não são mais os mesmos. Nada em mim é mais o mesmo. E minha bagagem não é fardo; ao contrário, ajuda-me a caminhar. “(Há um) provérbio muito antigo e famoso que recomenda ser velho cedo se quisermos sê-lo por muito tempo. De minha parte, prefiro ser velho por menos tempo do que sê-lo prematuramente” – recomendou Cícero. Valeu a releitura. Enfim, tenho mais relido do que lido. Devagar. Sem pressa. Sem pular biografias, prefácios, comentários, crítica. De novidade, mesmo, só as traduções. Até outro dia, por assim dizer, quase tudo que a gente lia era traduzido de segunda mão, não da língua original, mas do francês (muitas vezes, para o português de Portugal). Li Dostoiévski de segunda (ou terceira) mão. Tradução do espanhol pela portuguesa Natália Nunes. Agora, tô relendo Crime e Castigo, tradução do paraibano Paulo Bezerra, direto do russo. E tá lá, na boca de Raskolnikov: “(...) dias e noites deitado num canto pensando... na morte da bezerra.” Empaquei aí, enjicado com a expressão em russo. Achei que Bezerra, nordestino, teria abusado do regionalismo. Mas, qual o quê? A expressão vem de longe. No tempo e na geografia. “Não tendo mais bezerros para oferecer em sacrifício a Deus, Absalão sacrificou a bezerrinha do seu filho caçula, que, inconformado, passou o resto da vida ao lado do altar que se prestara ao sacrifício, pensando na morte da bezerra”. (Andei doando meus livros para bibliotecas populares e escolas públicas, mas, ainda bem, preservei o velho exemplar de Locuções tradicionais no Brasil, de Câmara Cascudo). Mas diga-me, caro leitor, leitora, o que há de novo para ler neste país? Nosso retrocesso não é apenas político e social. É civilizatório. E, do jeito que a coisa vai, talvez queiram rediscutir a abolição da escravatura. Aí, melhor reler Joaquim Nabuco. Melhor reler Drummond: Esse é tempo de partido, Tempo de homens partidos. (...) A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua. Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos. As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra.

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Gente & Negócios: In Loco University discute tendências da publicidade no Recife

A In Loco realizou ontem o primeiro evento In Loco University no Recife. Um encontro leve e dinâmico que trouxe José Saad (falando sobre Creative Data & Content Insights 2019), Denis Gustavo (com palestra sobre Criatividade + Tecnologia: construindo grandes marcas e histórias de sucesso) e Victor Araújo (com a apresentação Criatividade X Eficiência: como criar campanhas bem sucedidas no mobile). Especialistas das áreas de comunicação, tecnologia e design, os palestrantes apontaram tendências do mercado publicitário e contaram um pouco de suas experiências profissionais, além de grandes cases de referência globais. . A In Loco University é um espaço criado pela empresa pernambucana para discutir soluções tecnológicas, com debates gratuitos. Ontem (12) o evento reuniu profissionais dos setores de marketing, publicidade, tecnologia, entre outros. É mais uma iniciativa inteligente da In Loco de fomento neste mercado em constante inovação. Hoje (13) acontece o segundo debate no Recife com o tema Privacidade e LGPD: fatos e mitos. A In Loco abriu mais algumas vagas, que podem ser acessadas pelo link: https://bit.ly/2D721pp . . Clubitshirt desembarca no RioMar com novidades para o fim do ano   A Clubitshirt, marca pernambucana de blusas femininas, desembarca pela primeira vez em um shopping da cidade para apresentar para o grande público t-shirts em malha versáteis. Mais de 200 estampas estão disponíveis no quiosque da marca aberto ao público no Shopping RioMar. A Clubitshirt já é conhecida pelos frequentadores de espaços coletivos e eventos de economia criativa, como a Parada Criativa, a Casa Viva, o Bazar Prime e o I Love Bazar. O quiosque é o maior investimento que a marca fez em sua trajetória, que começou em 2016. “Tomamos essa iniciativa como estratégia para dar visibilidade à nossa marca, buscando mostrar a qualidade e credibilidade dos nossos produtos para um público maior”, comentou a empresária Emanuelle Nogueira, uma das sócias da marca. A Clubitshirt fica no RioMar até o dia 31 de dezembro. O quiosque fica no piso L1, perto do DeltaExpresso. . . Da Fonte, Advogados amplia atuação no Sudeste A unidade paulista do escritório Da Fonte Advogados amplia a expertise em Direito Internacional com a volta do advogado Luiz Otávio Monte Vieira da Cunha da temporada de dois anos nos EUA. Durante o período, o advogado prestou assessoria jurídica em parceria com escritórios de New York a clientes interessados em investir e captar recursos nos EUA através da estruturação de negócios na área imobiliária, na constituição de fundos de investimentos, sociedades comerciais e joint ventures. A advogada e sócia do escritório Da Fonte, Advogados, Gabriela Duque, é quem lidera a equipe da capital paulista. Com mais de 15 anos de experiência na assessoria a empresas, Gabriela é especialista em Licitações, Contratos Administrativos, PPP e forte atuação também em Contencioso Cível. . . Parla Deli investe em pães artesanais Seguindo uma tendência de mercado, Marcelo Silva anuncia que até o final de novembro as unidades da Parla Deli (Casa Amarela e Aflitos) estarão oferecendo aos sues clientes uma grande variedade de pães artesanais feitos com farinha importada e fermentação natural. Não irão faltar baguetes, ciabattas, focaccias e croissants. Em 2015, segundo os dados da Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Abip), o setor de panificação registrou um crescimento de 2, 7% e um faturamento próximo aos 85 bilhões de reais, muito disso se deve a diversificação nos itens oferecidos para os clientes. . . Almir Reis no Congresso Internacional de Direito Laboral O advogado especialista em direito previdenciário e também sócio do escritório Reis & Pacheco Advogados, Almir Reis, embarca a Portugal para participar do 10º Congresso Internacional de Direito Laboral. O encontro jurídico acontece dias 13 e 14 deste mês, na Universidade de Coimbra. Juntamente com outros seis advogados da equipe, vão se atualizar sobre direitos e garantias previdenciárias e trabalhistas, fazendo relação entre o Brasil e aquele país lusitano, além de reformas trabalhistas nas duas nações, seguridade social e outras questões ligadas ao tema.   *Mande sugestões de notas para rafael@algomais.com    

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A partida de Gena, um herói do futebol pernambucano

*Por Houldine Nascimento É duro, mas os nossos heróis também se vão. Um dos atletas mais importantes do futebol pernambucano, Gena faleceu, nessa segunda (12), aos 75 anos. A história do saudoso lateral-direito se confunde com os tempos gloriosos do futebol local. Dentro de campo, ele foi responsável por feitos extraordinários: conquistou 11 títulos estaduais consecutivos: seis com o Náutico (1963-68) e cinco com o Santa Cruz (1969-73). Com a camisa alvirrubra, participou da memorável campanha do Timbu na Taça Brasil de 1967, quando obteve o vice-campeonato e o clube foi o primeiro de Pernambuco a disputar a Taça Libertadores, no ano seguinte. De fato, Genival Costa de Barros Lima, o Gena, é dos raros casos de jogadores que tiveram projeção nacional atuando essencialmente no nosso estado. Gena também era exemplo de jogo limpo, tanto que recebeu da CBF o Prêmio Belfort Duarte, destinado a atletas que passaram ao menos dez anos e atuaram em 200 jogos sem sofrer uma expulsão. Em toda a carreira, ele foi além e jamais recebeu um cartão vermelho. Fica o registro e a homenagem a um dos grandes nomes do esporte em Pernambuco. * Houldine Nascimento é jornalista

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Janela de Cinema do Recife: pluralidade de propostas marca segundo dia de festival

Na última quinta, segundo dia do 11º Janela Internacional de Cinema do Recife, a pluralidade de propostas ditou o tom da competitiva de curtas brasileiros no cinema São Luiz. A noite também ficou marcada pela exibição do grande vencedor da 71ª edição de Cannes, Assunto de Família. Curtas intimistas como o Bup, da diretora pernambucana Dandara de Morais, e o paulista Mesmo com Tanta Agonia, de Alice Andrade Drummond, dialogaram com propostas bem diferentes como a do curta documental Conte Isso Àqueles que Dizem que Fomos Derrotados, que acompanha três ocupações em Minas Gerais organizadas pelo MLB – Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas. No melhor estilo “câmera na mão” somos levados à tensão e nervosismo de uma noite de ocupação, experiência reforçada pela quase escuridão total.   Pluralidade confirmada pela presença do Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno, uma viagem psicodélica guiada pelo cearense Leon Reis e da divertida ficção-científica Plano Controle. Dirigido por Juliana Antunes, o curta acompanha uma jovem em seu embate com a operadora de celular que não consegue fornecer um serviço de teletransporte (isso mesmo!) de qualidade. Após a exibição dos curtas, os realizadores participaram de um debate. Em uma das sessões mais disputadas até agora no festival, foi exibido o ganhador da Palma de Ouro deste ano, o filme japonês Assunto de Família, de Hirokazu Kore-eda. A história acompanha uma família de ladrões que resolve adotar uma menina, vítima de violência doméstica. O longa é a aposta do Japão para o Oscar 2019. O segundo dia de festival chegou ao fim com o longa Inferninho da dupla Guto Parente e Pedro Diógenes.

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O que está acontecendo com esses moços?

Se há um assunto que me intriga, esse é o suicídio. Tem o poder de deixar minha alma perturbada, curiosa e inquieta. Não precisa ser de gente conhecida não. Basta ser de qualquer estranho. Lá no Alaska, na Jamaica (sim, jamaicanos também cometem suicídio), no Japão ou aqui no Brasil. É o suicídio, não a morte. Ele, isoladamente, como ato humano, inegavelmente humano, que me remete às mais profundas reflexões sobre o valor da vida. Talvez por já ter estado perto da maldita, face a face, frequentemente falo da morte. Já senti seu horrível perfume na pele do meu pai. Já experimentei seu gosto na boca do meu pai. Sempre falo do meu pai. Da morte. Da morte do meu pai. Na minha hora, já bem velhinho, ainda assim, lembrarei da hora do meu pai. Do dia em que ele partiu. Sempre lembrarei do que fiz durante aquele dia. De cada palavra trocada. Do seu último sorriso, de dentro da piscina, antes de pegar naquele maldito fio, ainda molhado. Sei que suicídio e morte estão umbilicalmente interligados. A diferença é que o suicídio é a morte que quis acontecer. Mas quando ela advém, deliberadamente, do desejo de um jovem, aí minhas estruturas desabam. Meus neurônios murcham como num Carnaval melancólico. Impressiona-me a quantidade de moleques a cometerem suicídio. Gente que nem tirou a catinga de xixi ou o cheiro de Hipoglós dos ovos. Isso dói. Ver uma vida quase não vivida sendo interrompida. A depressão, quase sempre, é o principal gatilho para o final desastroso. E o que impressiona ainda mais é que a maioria desses jovens é rica, bem formada, bem-sucedida profissionalmente, com acesso a toda sorte de diversão e tecnologia, mas por dentro, vazia e infeliz. Parece que nada é suficiente. Nenhum prazer é suficiente. Nenhum sucesso é suficiente. O que está acontecendo com esses moços? Se você ama e valoriza a vida – como eu – não conseguirá alcançar o que passa na cabeça do suicida. Especialmente de um jovem suicida. Certamente é quando a vida é mais dura que a morte. É quando acordar todos os dias é asfixiante, e morrer passa a ser um alívio. É quando a pessoa encontra sentido no fim, no apagar das luzes. É quando o sofrimento de viver é bem maior que o sofrimento de morrer. É um mergulho de encontro à libertação do peso insuportável da vida que se vive. É quando pular de cima de um prédio é menos assustador do que o cair constante. Pois, se você sofre do mal da depressão e está, neste momento, lendo esta singela crônica, seja você, moço ou velho, quero te pedir uma coisa: me procura. Vem aqui em casa. Vamos sorrir, tomar vinho, fazer um churrasco, ouvir Stones e arrastar os móveis para dançar no meio da sala, imitando Jagger, com aquela boca sexualmente atrevida de 75 anos, dando a língua para a vida, saboreando-a como tem que ser, apesar das flores e espinhos.

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Se tem asa, pra que quer casa? (Por Joca Souza Leão)

Tudo começou com um mistério. Apareceram umas setas, como que desenhadas, no balcão do meu terraço. Em sequência, uma após a outra. “Que danado é isso?” Como nunca acreditei em disco voador, talvez tivesse chegado a hora de começar a acreditar. Pedi a Lurdes para lavar com mangueira e escovão. Dia seguinte, tavam as setas lá. Como já disse, desenhadas. Brancas. “Tão de sacanagem comigo”, pensei. Mas quem? E, sobretudo, como o sacana chega até aqui, ao 11º andar, desenha as setas e se manda? E por que setas que não indicam nem levam a lugar algum? Até que, passados três dias, Lurdes desvendou o mistério. “Seu João Augusto, venha ver uma coisa aqui.” Fui. E vi. Dois urubus solenemente pousados no balcão do meu terraço. E as setas? Simples. Os bichos cagavam e caminhavam sobre a merda. Impressionante. As pegadas secas ficavam como setas desenhadas. É isso. Um urubu pousou na sorte de Augusto dos Anjos. E dois urubus deram de pousar no meu terraço. Quanto à sorte, poeta, continuo sem ter do que me queixar. Mas, o que esses bichos têm de bonitos voando num céu azul, planando, peneirando, lá no alto, têm de feios vistos de perto. Cabeças-pretas. Assim são chamados os nossos urubus, brasileiros. Eita bichinho feio danado! Onde não tem pena, é enrugado. E, como a gente sabe o que eles comem, não há boa vontade ecológica que lhes empreste simpatia. Além de feios, nojentos. Lurdes disse que, no interior, a família dela botava uma bandeira na cumeeira da casa pros bichos não pousarem. Fez uma bandeira com um lençol velho, cabo de vassoura, e fincou num jarro, no terraço. Mas os bichos voltaram. Acho que passaram a usar a bandeira como os pilotos usam biruta de aeroporto, para saber a direção do vento. Andei lendo sobre urubus. Macho e fêmea têm uma convivência solidária. E as mesmas, mesmíssimas funções em relação ao casal e à prole. Voam sempre juntos e são monogâmicos. Ou seja, meus indesejáveis visitantes são casados até que a morte os separe. Amém! Mas longe do meu terraço, né? Tanto telhado com sombra e água fresca (de caixa sem tampa) por aí, tanta torre de igreja, tanta antena de TV, tanta árvore, tanto poste e luminária, tanto mausoléu grande e alto logo ali, em Santo Amaro, tanto esqueleto de edifício por todo canto! E eles aqui, no meu terraço. O que fazer, caro leitor? Alguma ideia? Eu, sinceramente, não sei. Machucá-los, claro, tá fora de questão. Espantar, a gente espanta. Joga água, bate palma, panela, grita xôôôôôô urubu, mas não resolve. Eles vão no susto. Mas voltam. Se urubu do interior já é malandro, urbano, então, nem se fala. Só me resta invocar São Jackson do Pandeiro: Urubu tem asa Pra que urubu quer casa? Ai, ai, ai Pra que urubu quer casa?

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Gente & Negócios: Dasa investe mais de R$ 20 milhões no Recife

A Dasa, empresa do setor de medicina diagnóstica, está trazendo um núcleo técnico operacional (NTO) para Pernambuco. Trata-se do maior centro de processamento de exames do Nordeste, localizado no bairro de Boa Viagem e em frente ao Aeroporto do Recife. O espaço conta com uma estrutura tecnológica com capacidade para produzir 40 milhões de exames em 2019. A previsão é que em 2020, o centro atinja a marca de 50 milhões de testes realizados. No total, foram investidos cerca de R$ 20 milhões na construção do NTO Dasa Recife.   "Exames que antes eram enviados para São Paulo e Rio de Janeiro passarão a ser laudados no Recife, acelerando os prazos para entrega, com a mesma qualidade e segurança reconhecidas da companhia", explica Emerson Gasparetto, vice-presidente da área médica da Dasa. A nova planta deve otimizar em 50% o tempo de entrega para o mercado local, além de ampliar em 15% o portfólio de exames analisados na região. Os seis laboratórios da Dasa na região Nordeste serão atendidos pelo novo núcleo: Cerpe e Gilson Cidrim, no Recife; Leme e Image, em Salvador; Lab Pasteur e Unimagem, em Fortaleza e Gaspar em São Luís. Além disso, os exames do Alvaro Apoio, centro diagnóstico da Dasa que realiza análise de exames com respaldo técnico e científico da companhia para outros laboratórios, também serão processados no NTO Dasa Recife.     . Cátia Macial fará palestra na 1ª Semana Enactus Entre os dias 7 e 9 de novembro acontece em Caruaru a 1ª Semana Enactus com palestras e workshops sobre empreendedorismo, impacto social, motivação e criatividade. O evento, que acontecerá no Armazém da Criatividade, é promovido pelo  UFPE-Caruaru, uma organização sem fins lucrativos que desempenha atividades de empreendedorismo social (négocios lucrativos e inovadores que buscam ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade). A consultora da ERG, Cátia Maciel, será uma das expositoras, com a palestra "Plano, organização e ação". A ERG é também uma das apoiadoras do evento. Mais informações pelo link: http://doity.com.br/semanaenactus     Renata Gusmão contabiliza crescimento de 30% na Blackninja À frente do escritório nacional da Blackninja, a publicitária Renata Gusmão contabiliza o crescimento de mais de 30% na carteira de clientes só neste ano. Criada em 2005 e com unidade também em Miami, nos Estados Unidos, a agência tem crescido com o investimento no uso de dados e na integração do offline e online no desenvolvimento das suas estratégias de comunicação.       . Imersão em microinfusão de medicamentos A médica dermatologista Lígia Guedes, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia, esteve em São Paulo, este mês, para atualização sobre microinfusão de medicamentos na pele em tratamentos capilares e dermatoses com o idealizador da técnica o médico Samir Arbache. A técnica tem sido muito estudada para diversas doenças de pele, como psoríase, melasma, rejuvenescimento, estrias e leucodermias (sardas brancas).       Sardenberg no II Encontro Unimed Recife O jornalista e comentarista da Rádio CBN e Rede Globo, Carlos Alberto Sardenberg, fará palestra no II Encontro Unimed Recife, com clientes e cooperados a convite da presidente da Unimed Recife, Maria de Lourdes Araújo. Sardenberg vai falar sobre as perspectivas para o país pós-eleição e fará um panorama político-econômico do Brasil . Será dia 03 de dezembro, às 19h30, no Teatro RioMar.   . Simone e Rita Guedes promovem o curso Incentivos Fiscais   As empresárias Simone Lindoso e Rita Guedes, da Conceito Educação, promovem nos dias 9 e 10 de novembro, no auditório do Empresarial RioMar, a segunda edição do curso de Incentivos Fiscais. A capacitação, ministrada pelo auditor fiscal da Secretaria da Fazenda, Roberto de Abreu, é voltada para advogados tributaristas, contadores, consultores e administradores que trabalham na área. A capacitação faz análise sobre os principais projetos de incentivos do estado, desde a elaboração do pedido ou projeto até a concessão e manutenção do benefício. Mais informações: (81) 98698-2382 ou (81) 99642-0006.         . Cachaçaria Pitú fecha contrato com o cantor Wesley Safadão   A Cachaçaria Pitú acaba de fechar contrato com o cantor Wesley Safadão. A parceria será iniciada em 2019, com diversas ações especiais. A contratação é importante para a empresa, pois visa levar a marca Pitú cada vez mais longe, consolidando-se ainda mais entre os consumidores no mercado nacional.   . . Blockchain Academy e CoinWISE trazem para Recife o primeiro treinamento em Blockchain Ethereum A Blockchain Academy e a CoinWISE resolveram trazer para o Recife duas oportunidades inéditas: um curso de desenvolvimento no Blockchain Ethereum para desenvolvedores, nível básico; e um treinamento de Ethereum para Negócios - Atividades práticas e teoria para não desenvolvedores. O segundo curso é voltado para empreendedores, executivos e curiosos interessados em explorar essa tecnologia. O evento conta com a parceria do Porto Digital, que sediará os treinamentos. Quem comandará os dois cursos é a desenvolvedora Solange Gueiros, especialista em Blockchain (arquitetura e desenvolvimento), com foco em Bitcoin e Ethereum. Ela trabalha com sistemas, projetos e bancos de dados há mais de 20 anos. Segundo o estudo da Deloitte, 72% das empresas consideram Blockchain prioridade para suas operações.** Link com informações e inscrições dos cursos: https://blockchainacademy.com.br/curso/12novembro18-ethereum-para-negocios-atividades-praticas-e-teoria-para-nao-desenvolvedores/ https://blockchainacademy.com.br/curso/13e14novembro18-ethereum-para-desenvolvedores-basico/    

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Ilha do Retiro vai estar cheia para o Sport sair da zona do rebaixamento

*Por Houldine Nascimento No complemento da 32ª rodada, o Sport recebe o Ceará logo mais, às 19h (horário do Recife), na Ilha do Retiro, e depende apenas de si para sair da zona do rebaixamento. Desde a 21ª rodada, o clube pernambucano está entre os quatro últimos no Campeonato Brasileiro. Um fator positivo para ajudar o Leão nessa missão é a forte presença da torcida rubro-negra. Mais de 20 mil ingressos haviam sido vendidos até a manhã de domingo (4). Milton Mendes conseguiu ajustar o time, além de mexer com o emocional dos atletas. Curiosamente, quando seu nome era cogitado para assumir o comando técnico do Sport, havia resistência por parte de alguns dirigentes. Apesar dos diversos problemas nos bastidores do Rubro-negro, Mendes demonstrou habilidade e poder de convencimento para que os jogadores se fechassem em prol da permanência do Leão na Série A. Há algumas rodadas, sobretudo antes de sua chegada, a postura do elenco em campo era apática a ponto de ser inimaginável que o Sport demonstrasse qualquer reação para evitar uma iminente queda que se desenhava a cada jornada. Para que isso fosse possível, houve um encaixe no sistema defensivo com as presenças dos volantes Jair e Marcão, além da titularidade do jovem Adryelson na zaga. O Sport ainda ostenta a condição de pior defesa do campeonato (já tomou 53 gols), mas aos poucos vai melhorando e, nas últimas partidas, mostrou capacidade para reagir conforme o panorama. Foi assim contra o vice-líder Inter, quando virou o jogo, diante do Vasco, ambos na Ilha, e quando enfrentou o Grêmio fora de casa. No setor ofensivo, Mateus Gonçalves foi o grande achado. Para sair da famigerada Z-R hoje à noite, basta um empate com gols. Contudo, a vitória se faz essencial por toda atmosfera que ronda o confronto e a própria situação do Sport no Brasileiro. Trata-se de um adversário direto na briga contra o descenso, num clássico regional e com torcida a favor. A recuperação rubro-negra só se mostrará plena na competição caso conquiste os três pontos. *Houldine Nascimento é jornalista

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