Arquivos Colunistas - Página 262 De 308 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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Curta pernambucano mostra a força de mulheres da Ilha de Deus

Situada numa grande reserva de estuário entre os bairros da Imbiribeira e do Pina, a Ilha de Deus é exemplo de resistência. Resistência atrelada à força de mulheres que de tanto pelejar por melhores condições de vida, vêm acumulando conquistas como a construção de um conjunto habitacional e de uma ponte, cujo nome não poderia ser outro: Ponte Vitória das Mulheres. Com produção da Tarrafa Produções, o curta de estreia de Anna Andrade, Entremarés, acompanha a rotina de três irmãs que adotaram a ilha como lar e fazem do mangue fonte valiosa de sustento. Através das lentes de Adalberto Oliveira, diretor de fotografia, o tempo parece correr devagar, conforme o ritmo do vento que balança as folhas dos coqueiros e faz dançar a vegetação dos manguezais. Do brilho negro das conchas que sobram da extração do sururu ao pouso de pássaros sobre a lama do mangue, imagens que mais parecem obras de um artista plástico. Em entrevista à Revista Algomais, a diretora Anna Andrade conta detalhes do projeto e revela como sua relação com a Ilha de Deus e com os moradores do local serviu de inspiração para a realização do curta.   O que te inspirou a falar sobre a Ilha de Deus? Como surgiu o projeto? Eu moro na Imbiribeira desde pequena, tenho 35 anos. Em toda minha vida sempre ouvi falar que a Ilha de Deus era um lugar muito perigoso. Na época, ela era uma comunidade toda feita de palafita, a ponte que ligava a ilha para o lado de cá era uma ponte de madeira. Tenho vários amigos incríveis, tanto na vila quanto na ilha e cresci ouvindo histórias de violência e vivenciando outras experiencias. Sempre foi uma coisa que talvez mais nova não tenha me atentado, mas já devia ser um incomodo. Em 2009, começaram a construção da ponte Vitória das Mulheres e, na sequência, a construção do conjunto habitacional da ilha. Foi nessa época que comecei a me envolver com cultura. Sempre trabalhei com música e literatura, nunca com cinema. Em 2014, comecei a participar de várias oficinas, de roteiro, produção, direção e numa dessas oficinas decidi escrever sobre a ilha. Sempre foi muito latente a força das mulheres nesse espaço, a luta por moradia, por saneamento básico e pela melhoria da sua realidade. E quando rolou essa transformação, eu achava que não poderia falar sobre outro lugar que não a Ilha de Deus. A força da mulher é muito arraigada nesse espaço e foi isso que me motivou a escrever o roteiro do Entremarés. Qual o maior desafio enfrentado durante a produção do curta? Na verdade, não teve muito desafio, pois desde sempre tenho relação com o espaço, com a comunidade, relação estabelecida com as meninas que aparecem no curta, desde o começo da pesquisa. Não surgiram muitas dificuldades. Tive o cuidado de levar a equipe do filme para a ilha e quando fomos gravar, ficamos a semana inteira, porque uma coisa é você ir passar o dia lá, outra é dormir e acordar com os sons do lugar. A ilha é um espaço singular: na parte do conjunto habitacional há sempre muito barulho de criança, do sururu, de tudo, e quando você se desloca para os viveiros, é um oásis, é barulho de pássaros, de mato, mas também barulho de nada (nem sei se isso existe!). Gosto muito de ir pra lá e gosto muito dessa sensação do muito e do nada. Não teve muito desafio, pois a galera já sabia que eu queria fazer o filme desde 2015 e quando saí pra gravar, rolou um movimento incrível de ajuda, de companheirismo e colaboração de todos os moradores e moradoras da ilha. O maior desafio não foi produzir o filme por lá, mas sim trazê-lo para fora e fazer com que esse estereótipo de lugar violento seja quebrado.   Das histórias e vivências que você ouviu das mulheres da Ilha de Deus, qual a que mais mexeu com você? Foram muitas histórias emocionantes que talvez eu nem possa contar, pois são histórias muito particulares, de momentos em que elas abriram o coração mais do que a gente esperava e que sensibilizou muito a gente. Talvez isso esteja de alguma forma no filme. Do que aparece no curta, posso destacar dois momentos: o primeiro é o que Ginha revela que nunca teve nada e quando queria brincar de Barbie com as amigas, vinha para a Pinheiros, uma avenida perto de onde moro e que antigamente tinha casas enormes de muita gente rica que jogava muita coisa fora. Elas pegavam Barbies quebradas para brincar. Se desdobra no momento em que diz que hoje a filha tem tudo, tem Barbie, tem tablet. Outro momento pesado dos relatos das meninas é quando Sandra fala sobre a época em que a mãe delas morreu e ela tinha de ir à maré pescar para dar de comer à Rita, a caçula. Elas só podiam escolher uma refeição por dia. Se for possível revelar agora, quais os projetos para o futuro? Algum longa mais adiante? Sobre o futuro, aprovei outro curta no Funcultura deste ano, se chama Chapéu de Fogo, que é sobre a SOBAC, a Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo de Santo Agostinho. Ela já tem 67 anos em atividade, a única da Região Metropolitana. O doc vai trabalhar essa relação dos grupos de bacamarte, desse em específico, em meio a todo crescimento e empresas que se instauraram na cidade, e como eles conseguem integrar um grupo de resistência ainda nesse tempo em que vivemos.

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Gente & Negócios: Francisco Cunha, Jacques Barcia e Thiago Monteiro na Agenda 2019

A Agenda 2019, principal evento empresaria do final de ano do Recife, terá como palestrantes o consultor Francisco Cunha, da TGI Consultoria em Gestão, o futurista Jacques Barcia e o arquiteto Thiago Monteiro. O encontro empresarial, que acontecerá no Teatro Riomar, será pela primeira vez aberto ao público, com ingressos custando R$ 180. Francisco terá a difícil missão de apontar as perspectivas dos cenários do próximo ano para o Recife, Pernambuco, Brasil e para o mundo. Thiago Monteiro apresenta alguns dos cases da Haut de empreendimentos sustentáveis e mais humanizados na cidade do Recife. Apontando perspectivas para o futuro, Jacques Barcia aponta algumas tendências sobre a democracia após todo o momento de crise vivido por diversos Países do mundo ocidental. Você pode adquirir ingressos para a Agenda 2019 no link: https://www.sympla.com.br/agenda-2019__368555   Nx Boats lança nova embarcação O estaleiro pernambucano Nx Boats, comandado pelos empresários do segmento náutico Jonas Moura e Elizabeth Moura, lança com coquetel no próximo dia 22 de novembro, no Cabanga Iate Clube, no Pina, para cerca convidados e revendedores da empresa em todo o Brasil, a sua sexta embarcação fabricada em Pernambuco, a NX 340 Sport Coupe. Com 4 anos no mercado, a empresa contabiliza 337 barcos fabricados que primam pelo design arrojado, excelente navegabilidade e acabamento Premium. Os empresários já contabilizam o sucesso da nova embarcação com sete unidades vendidas, antes mesmo do lançamento oficial e com expectativa de fechar mais vendas no dia do evento. Para esse novo projeto o estaleiro investiu R$ 2,1 milhões em moldes e linha de produção e espera obter retorno do investimento em 15 meses. “Já contamos com 15 revendas autorizadas no Brasil e estamos presentes em 15 estados da federação. “Desde nossa fundação em 2014, crescemos cerca de 20% ao ano e nossas embarcações já cruzaram fronteiras e o atlântico, exportando para os EUA, Argentina, Uruguai e Turquia. Em 2019, pretendemos ampliar para o Paraguai e Emirados Árabes”, comemora Jonas Moura. Segundo Jonas, na linha de produção de barcos até 40 Pés, o estaleiro pernambucano é o que mais cresce no Brasil. Em faturamento para barcos de até 40 Pés, a empresa figura entre os três maiores estaleiros do Brasil. . . Kalulu Design & Comunicação expande sua atuação em PE Agência de publicidade, natural de Caruaru e com forte expertise em branding, amplia sua experiência no Estado, investindo em estratégias personalizadas de marketing. A Kalulu Design e Comunicação, agência de publicidade capitaneada pelos sócios Marcos Tenório e André George Medeiros, tem quase 7 anos de atuação no segmento de comunicação pernambucano, tendo atendido empresas de renome internacional como Natura, a agência iniciou seus trabalhos a partir da necessidade de suprir a demanda por serviços de marketing digital no Agreste. “Identificamos essa lacuna, juntamos um grupo de amigos com boas ideias e propusemos esse novo mercado, que era iniciante localmente. Trabalhamos em duas frentes no início: Redes Sociais e Webdesign, serviços que anteriormente eram desenvolvidos, com frequência, por empresas de informática, o que levava a pouca preocupação com questões de design e usabilidade para a comunicação do cliente”, pontua o designer Marcos Tenório, que também é Diretor de Criação na agência. Com um investimento inicial de R$ 70 mil na abertura da empresa, e uma entrada progressiva no mercado recifense, a agência projeta um crescimento de cerca de 30% somente para o próximo ano. “Hoje mais de 60% dos nossos clientes estão na capital pernambucana. Além disso, temos trabalhos desenvolvidos para profissionais e empresas de locais como São Paulo, Rio de Janeiro e Pará, e que rodam o país inteiro, a exemplo dos materiais de divulgação do espetáculo de Nelson Rodrigues, Senhora dos Afogados, bem como, do documentário O Cravo e a Rosa, que narra a vida e obra de Rosamaria Murtinho e Mauro Mendonça – ambas produções dirigidas Jorge Farjalla. Pedra fundamental do marketing, mas que, em alguns momentos, é deixada de lado por profissionais e empresas de diversos setores, o branding ou gestão de marca é um dos elementos centrais do sucesso da Kalulu.  “Observamos outra carência da região Agreste quando começamos: uma empresa especializada em branding. Normalmente, as marcas eram desenvolvidas por profissionais autônomos ou agências de publicidade, mas que nem sempre conversavam com a identidade e o contexto em que a marca estava inserida. Criamos então nosso departamento especializado em branding, no qual trabalhamos todos os aspectos da criação e gestão de marcas, seguindo metodologias projetuais próprias da área de design”, esclarece o publicitário André George Medeiros, à frente do núcleo de Planejamento e Negócios da empresa. Segundo os sócios, a união do branding com as mídias digitais foi justamente o que consolidou a agência no cenário de comunicação pernambucano, a partir do Agreste, possibilitando parcerias com grandes marcas, como Unicred Centro Pernambucana (atual Sicredi), Shopping Difusora, Casttini Planejados, Kivita Alimentos, além de empresas naturais de outros estados e, com atuação nacional, como a Natura e a Sorrifácil. . . Modigliani Bistrô traz novidades para o final do ano Adriana Alliz e Roberto Vasconcelos, sócios do Modigliani Bistrô, anunciam o lançamento de um novo menu de almoço executivo para as sextas feiras, a partir de dezembro. O novo cardápio é assinado por Luciana Sultanum. O bistrô promete ainda preços promocionais para confraternizações de final de ano na casa. "Estamos fazendo um menu fechado promocional (entrada, prato principal e sobremesa, com preço diferenciado) para confraternizações. Está nos planos dos sócios lançar em breve um novo espaço no Bistrô, uma varanda ao ar livre junto ao restaurante. "Estamos com essa ideia de inovar no espaço, com uma proposta de happy hour, para atingir mais forte também um público também mais jovem", afirma Adriana. . Rota dos Coqueiros é finalista da premiação PPP Awards Brasil A Rota dos Coqueiros – via pedagiada que dá acesso a praias do Litoral Sul e à Reserva do Paiva – é finalista do PPP Awards Brasil 2018, como a ‘Concessionária do Ano’. É a premiação mais importante de PPPs do país, que acaba de divulgar a shortlist. Ao todo, 35 iniciativas nacionais finalistas, em diversas categorias, concorrem ao PPP Awards Brasil. Realizado pela Sator e Radar PPP, a iniciativa destaca projetos de Parcerias Público-Privadas (PPP) e concessões.

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As habilidades para o emprego do futuro

O estudo O Futuro do Emprego, realizado pelo Fórum Econômico Mundial em 2018, concluiu que o rápido avanço da tecnologia – como automação, robotização e digitalização – pode eliminar cerca de 75 milhões de vagas de emprego em todo o mundo até 2022. Para se ter uma ideia tamanho do impacto, a relação entre o trabalho humano e aquele feito por máquinas e algoritmos, que hoje é de 71% para 29%, será de 58% para 42%. E, em 2025, pode alcançar a proporção de 52% para 48%. Ao mesmo tempo, de acordo com o estudo, a tecnologia deve criar cerca de 133 milhões de empregos, em virtude de novas necessidades que surgirão em outras áreas. Ao contrário do que vinha sendo avaliado, então, o estudo mostra que haverá um saldo positivo de 58 milhões de empregos. Mas o desafio ainda é maior do que se imagina, porque não basta apenas ter qualificação técnica para as novas oportunidades de trabalho, é preciso também desenvolver novas habilidades. Algumas delas, inclusive, devem se tornar mais importantes do que a própria profissão – que estará em constante transformação, podendo até desaparecer. Habilidades como pensamento analítico e análise sistêmica serão as mais exigidas para se candidatar às profissões tecnológicas. Haverá forte demanda por profissionais capazes de criar, com base na inteligência artificial e na internet das coisas, os algoritmos e os robôs que vão executar a maior parte das atividades do futuro. Por outro lado, o estudo também revela que, com a automação, o ser humano terá mais tempo para se dedicar às atividades tipicamente humanas. Nesse sentido, habilidades como criatividade, iniciativa, pensamento crítico, persuasão, negociação e resiliência serão ainda mais exigidas do profissional que não quiser perder sua vaga para um robô. Mas não bastam somente essas habilidades para se garantir um emprego no futuro. Existem duas outras habilidades que são ainda mais importantes. A primeira é a capacidade de aprender sozinho. E isso porque o conhecimento técnico tende a deixar de ser formal e linear, como já acontece em escolas e universidades, e passará a ser verticalizado e descentralizado. O reflexo dessa tendência já pode ser sentido atualmente em alguns mercados, que não mais exigem o diploma como uma condição para a contratação. A segunda das habilidades mais importantes é a responsividade, que é capacidade de responder de maneira rápida e adequada a novas situações. Como a mudança será uma constante em qualquer profissão daqui por diante, em virtude dos avanços tecnológicos, até mesmo as profissões em alta no futuro poderão ser afetadas. Por isso, o profissional que não se adequar rapidamente reforçará a tese, atribuída à Charles Darwin, na qual não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.

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Se eu fosse eu

Martha Medeiros escreveu uma crônica, em 2000, fazendo menção a Clarice Lispector que também escreveu a respeito em 1968. A ideia original é de Clarice. Martha copiou. Clarice fez o perturbador e intrigante exercício de refletir sobre o que ela faria se fosse ela mesma. Martha também. Agora faço eu. Porque umas das coisas que eu faria se eu fosse eu mesmo, era copiar uma boa ideia sem ter vergonha de copiá-la. Sobretudo uma ideia genial. Então, neste momento, estou sendo eu mesmo. Se eu fosse eu, trabalharia apenas quatro dias da semana e dedicaria os outros três ao ócio. Não o ócio qualquer, mas o criativo, enaltecido na obra de Domenico De Masi. Usaria calça jeans e camiseta. Abandonaria terno e gravata. Assistiria mais a documentários do que a filmes. Nas reuniões, substituiria a xícara de café por uma taça de vinho. Uma para cada reunião. Mesmo nos dias com mais de cinco reuniões. Se eu fosse eu, elogiaria a beleza feminina, em alto e bom som, e não me preocuparia se iriam me interpretar como assediador. Acordaria somente quando o sono cessasse. Não abriria mão de sobremesas no almoço. Peidaria em qualquer ambiente. Moraria numa casa e não em apartamento. Criaria cachorros. Beijaria minha mãe todos os dias. Se eu fosse eu, não juntaria dinheiro e pararia de me preocupar com o futuro dos outros. Faria churrasco dia sim, dia não. Me dedicaria mais a escrever do que a advogar. Faria aula de canto. Diria na cara de quem não gosto que não gosto. Conversaria abertamente sobre todas as minhas fraquezas e defeitos, sem me preocupar com imagem, rótulos ou conceitos. Se eu fosse eu, viajaria sozinho quando bem entendesse. Não esconderia qualquer sentimento: raiva, paixão, ódio, amor, afeto. Opinaria sobre tudo nas redes sociais. Compraria uma vespa. Esmurraria políticos corruptos em encontros sociais, utilizando-me covardemente do elemento surpresa. Mandaria à merda meia dúzia de chatos. Tiraria um período sabático, por um ano, pensando no que deveria fazer na segunda metade da vida que me resta. Se eu fosse eu, dedicaria metade do dia ao meu filho, Joaquim, e desligaria o celular durante esse período. Faria turismo futebolístico pela Europa, durante três meses seguidos, somente assistindo a jogos e bebendo cerveja até cair. Diria a um ingrato o quanto ele foi ingrato comigo (sei que você está lendo isso, seu ingrato!). Mas lhe diria o quanto foi importante na minha vida. Estudaria psicanálise. Andaria a pé, por aí, sem destino. Eu só não sei se aguentaria ser eu mesmo o tempo todo. Minha vida seria um inferno, creio eu. E este ser que ora crer, sou eu mesmo. Porque toda crença vem de mim, inobstante se exteriorizar apenas aquele que, insistentemente, faz morada em mim, mas que no fundo não reflete quem verdadeiramente sou.

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Por um bairro todo caminhável

O Bairro do Recife hoje é uma ilha, embora tenha começado como um pequeno povoado portuário na ponta do istmo que ia desde o sopé das colinas de Olinda até o estuário dos rios Capibaribe, Beberibe, Jordão, Tejipió e Jiquiá, de frente para a linha dos arrecifes que protege a costa da “fúria do mar” e propiciou à localidade excelentes condições para o aportamento de navios, desde os primórdios da colonização, no início dos anos 1500. A região virou ilha com a abertura de uma passagem do Rio Beberibe direto para o mar, hoje junto ao Terminal de Açúcar, durante os trabalhos inconclusos de construção de uma base naval (que terminou sendo transferida para a cidade de Natal), no final da década de 1940. Uma área importante do bairro ainda é ocupada por atividades portuárias, mas a maior parte é destinada a atividades comerciais e de serviços que tiveram um grande incremento após a instalação do Porto Digital lá no início dos anos 2000. Pois é, justamente, neste território hoje insular que acontece no mês de novembro a segunda versão do festival Rec’n’Play que, dentre outros temas, conforme pode ser visto em matéria desta edição da Algomais, vai tratar de cidades inteligentes. Na versão do ano passado, tive oportunidade de coordenar no próprio festival uma oficina sobre a caminhabilidade no bairro (inclusive com caminhada guiada) e uma das conclusões a que chegamos foi que a cidade inteligente é caminhável ou, então, não é inteligente! Este ano proponho que a discussão se amplie para avançar em direção a uma primeira proposta de caminhabilidade radical da parte que não é porto na ilha do Recife. Um exemplo muito bom que pode servir de referência para isso é o chamado Boulevard Rio Branco cuja pedestrianização a prefeitura inaugurou no final do ano passado. E se todo o bairro fosse daquele jeito ali? A justificativa para isso é que muita gente já circula por lá e as distâncias no bairro são perfeitamente percorríveis a pé, desde que, claro, a condições de caminhabilidade (como regularidade do piso, acessibilidade, sombra, fachadas ativas, etc.) sejam garantidas. Isso, sem excluir os carros como pode ser visto no Boulevard Rio Branco. Parece ousado? Mas para que uma coisa possa vir a ser implantada, algum tipo de de antecipação “sonhática” precisa existir. Como disse o escritor francês Victor Hugo: “Nada como o sonho para construir o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã”.

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Nosso tempo (Por Joca Souza Leão)

Agora eu sei por que velho gosta de reler o que já leu há muito tempo. Não é lá muito justo, mas é assim: velho vive sem pressa e jovem vive apressado. Ou seja, quem tem a vida toda pela frente tem pressa, não há tempo a perder; quem já tá mais pra lá do que pra cá faz uma coisa de cada vez, sem pressa. Ganhei de Margarida Dantas um livrinho de Cícero, Saber Envelhecer, qu’eu já tinha lido com uns 40 anos. Reli. Como o livro não mudou (ao longo dos seus mais de dois mil anos), mudei eu. Meus olhos não são mais os mesmos. Nada em mim é mais o mesmo. E minha bagagem não é fardo; ao contrário, ajuda-me a caminhar. “(Há um) provérbio muito antigo e famoso que recomenda ser velho cedo se quisermos sê-lo por muito tempo. De minha parte, prefiro ser velho por menos tempo do que sê-lo prematuramente” – recomendou Cícero. Valeu a releitura. Enfim, tenho mais relido do que lido. Devagar. Sem pressa. Sem pular biografias, prefácios, comentários, crítica. De novidade, mesmo, só as traduções. Até outro dia, por assim dizer, quase tudo que a gente lia era traduzido de segunda mão, não da língua original, mas do francês (muitas vezes, para o português de Portugal). Li Dostoiévski de segunda (ou terceira) mão. Tradução do espanhol pela portuguesa Natália Nunes. Agora, tô relendo Crime e Castigo, tradução do paraibano Paulo Bezerra, direto do russo. E tá lá, na boca de Raskolnikov: “(...) dias e noites deitado num canto pensando... na morte da bezerra.” Empaquei aí, enjicado com a expressão em russo. Achei que Bezerra, nordestino, teria abusado do regionalismo. Mas, qual o quê? A expressão vem de longe. No tempo e na geografia. “Não tendo mais bezerros para oferecer em sacrifício a Deus, Absalão sacrificou a bezerrinha do seu filho caçula, que, inconformado, passou o resto da vida ao lado do altar que se prestara ao sacrifício, pensando na morte da bezerra”. (Andei doando meus livros para bibliotecas populares e escolas públicas, mas, ainda bem, preservei o velho exemplar de Locuções tradicionais no Brasil, de Câmara Cascudo). Mas diga-me, caro leitor, leitora, o que há de novo para ler neste país? Nosso retrocesso não é apenas político e social. É civilizatório. E, do jeito que a coisa vai, talvez queiram rediscutir a abolição da escravatura. Aí, melhor reler Joaquim Nabuco. Melhor reler Drummond: Esse é tempo de partido, Tempo de homens partidos. (...) A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua. Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos. As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra.

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Gente & Negócios: In Loco University discute tendências da publicidade no Recife

A In Loco realizou ontem o primeiro evento In Loco University no Recife. Um encontro leve e dinâmico que trouxe José Saad (falando sobre Creative Data & Content Insights 2019), Denis Gustavo (com palestra sobre Criatividade + Tecnologia: construindo grandes marcas e histórias de sucesso) e Victor Araújo (com a apresentação Criatividade X Eficiência: como criar campanhas bem sucedidas no mobile). Especialistas das áreas de comunicação, tecnologia e design, os palestrantes apontaram tendências do mercado publicitário e contaram um pouco de suas experiências profissionais, além de grandes cases de referência globais. . A In Loco University é um espaço criado pela empresa pernambucana para discutir soluções tecnológicas, com debates gratuitos. Ontem (12) o evento reuniu profissionais dos setores de marketing, publicidade, tecnologia, entre outros. É mais uma iniciativa inteligente da In Loco de fomento neste mercado em constante inovação. Hoje (13) acontece o segundo debate no Recife com o tema Privacidade e LGPD: fatos e mitos. A In Loco abriu mais algumas vagas, que podem ser acessadas pelo link: https://bit.ly/2D721pp . . Clubitshirt desembarca no RioMar com novidades para o fim do ano   A Clubitshirt, marca pernambucana de blusas femininas, desembarca pela primeira vez em um shopping da cidade para apresentar para o grande público t-shirts em malha versáteis. Mais de 200 estampas estão disponíveis no quiosque da marca aberto ao público no Shopping RioMar. A Clubitshirt já é conhecida pelos frequentadores de espaços coletivos e eventos de economia criativa, como a Parada Criativa, a Casa Viva, o Bazar Prime e o I Love Bazar. O quiosque é o maior investimento que a marca fez em sua trajetória, que começou em 2016. “Tomamos essa iniciativa como estratégia para dar visibilidade à nossa marca, buscando mostrar a qualidade e credibilidade dos nossos produtos para um público maior”, comentou a empresária Emanuelle Nogueira, uma das sócias da marca. A Clubitshirt fica no RioMar até o dia 31 de dezembro. O quiosque fica no piso L1, perto do DeltaExpresso. . . Da Fonte, Advogados amplia atuação no Sudeste A unidade paulista do escritório Da Fonte Advogados amplia a expertise em Direito Internacional com a volta do advogado Luiz Otávio Monte Vieira da Cunha da temporada de dois anos nos EUA. Durante o período, o advogado prestou assessoria jurídica em parceria com escritórios de New York a clientes interessados em investir e captar recursos nos EUA através da estruturação de negócios na área imobiliária, na constituição de fundos de investimentos, sociedades comerciais e joint ventures. A advogada e sócia do escritório Da Fonte, Advogados, Gabriela Duque, é quem lidera a equipe da capital paulista. Com mais de 15 anos de experiência na assessoria a empresas, Gabriela é especialista em Licitações, Contratos Administrativos, PPP e forte atuação também em Contencioso Cível. . . Parla Deli investe em pães artesanais Seguindo uma tendência de mercado, Marcelo Silva anuncia que até o final de novembro as unidades da Parla Deli (Casa Amarela e Aflitos) estarão oferecendo aos sues clientes uma grande variedade de pães artesanais feitos com farinha importada e fermentação natural. Não irão faltar baguetes, ciabattas, focaccias e croissants. Em 2015, segundo os dados da Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Abip), o setor de panificação registrou um crescimento de 2, 7% e um faturamento próximo aos 85 bilhões de reais, muito disso se deve a diversificação nos itens oferecidos para os clientes. . . Almir Reis no Congresso Internacional de Direito Laboral O advogado especialista em direito previdenciário e também sócio do escritório Reis & Pacheco Advogados, Almir Reis, embarca a Portugal para participar do 10º Congresso Internacional de Direito Laboral. O encontro jurídico acontece dias 13 e 14 deste mês, na Universidade de Coimbra. Juntamente com outros seis advogados da equipe, vão se atualizar sobre direitos e garantias previdenciárias e trabalhistas, fazendo relação entre o Brasil e aquele país lusitano, além de reformas trabalhistas nas duas nações, seguridade social e outras questões ligadas ao tema.   *Mande sugestões de notas para rafael@algomais.com    

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A partida de Gena, um herói do futebol pernambucano

*Por Houldine Nascimento É duro, mas os nossos heróis também se vão. Um dos atletas mais importantes do futebol pernambucano, Gena faleceu, nessa segunda (12), aos 75 anos. A história do saudoso lateral-direito se confunde com os tempos gloriosos do futebol local. Dentro de campo, ele foi responsável por feitos extraordinários: conquistou 11 títulos estaduais consecutivos: seis com o Náutico (1963-68) e cinco com o Santa Cruz (1969-73). Com a camisa alvirrubra, participou da memorável campanha do Timbu na Taça Brasil de 1967, quando obteve o vice-campeonato e o clube foi o primeiro de Pernambuco a disputar a Taça Libertadores, no ano seguinte. De fato, Genival Costa de Barros Lima, o Gena, é dos raros casos de jogadores que tiveram projeção nacional atuando essencialmente no nosso estado. Gena também era exemplo de jogo limpo, tanto que recebeu da CBF o Prêmio Belfort Duarte, destinado a atletas que passaram ao menos dez anos e atuaram em 200 jogos sem sofrer uma expulsão. Em toda a carreira, ele foi além e jamais recebeu um cartão vermelho. Fica o registro e a homenagem a um dos grandes nomes do esporte em Pernambuco. * Houldine Nascimento é jornalista

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Janela de Cinema do Recife: pluralidade de propostas marca segundo dia de festival

Na última quinta, segundo dia do 11º Janela Internacional de Cinema do Recife, a pluralidade de propostas ditou o tom da competitiva de curtas brasileiros no cinema São Luiz. A noite também ficou marcada pela exibição do grande vencedor da 71ª edição de Cannes, Assunto de Família. Curtas intimistas como o Bup, da diretora pernambucana Dandara de Morais, e o paulista Mesmo com Tanta Agonia, de Alice Andrade Drummond, dialogaram com propostas bem diferentes como a do curta documental Conte Isso Àqueles que Dizem que Fomos Derrotados, que acompanha três ocupações em Minas Gerais organizadas pelo MLB – Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas. No melhor estilo “câmera na mão” somos levados à tensão e nervosismo de uma noite de ocupação, experiência reforçada pela quase escuridão total.   Pluralidade confirmada pela presença do Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno, uma viagem psicodélica guiada pelo cearense Leon Reis e da divertida ficção-científica Plano Controle. Dirigido por Juliana Antunes, o curta acompanha uma jovem em seu embate com a operadora de celular que não consegue fornecer um serviço de teletransporte (isso mesmo!) de qualidade. Após a exibição dos curtas, os realizadores participaram de um debate. Em uma das sessões mais disputadas até agora no festival, foi exibido o ganhador da Palma de Ouro deste ano, o filme japonês Assunto de Família, de Hirokazu Kore-eda. A história acompanha uma família de ladrões que resolve adotar uma menina, vítima de violência doméstica. O longa é a aposta do Japão para o Oscar 2019. O segundo dia de festival chegou ao fim com o longa Inferninho da dupla Guto Parente e Pedro Diógenes.

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O que está acontecendo com esses moços?

Se há um assunto que me intriga, esse é o suicídio. Tem o poder de deixar minha alma perturbada, curiosa e inquieta. Não precisa ser de gente conhecida não. Basta ser de qualquer estranho. Lá no Alaska, na Jamaica (sim, jamaicanos também cometem suicídio), no Japão ou aqui no Brasil. É o suicídio, não a morte. Ele, isoladamente, como ato humano, inegavelmente humano, que me remete às mais profundas reflexões sobre o valor da vida. Talvez por já ter estado perto da maldita, face a face, frequentemente falo da morte. Já senti seu horrível perfume na pele do meu pai. Já experimentei seu gosto na boca do meu pai. Sempre falo do meu pai. Da morte. Da morte do meu pai. Na minha hora, já bem velhinho, ainda assim, lembrarei da hora do meu pai. Do dia em que ele partiu. Sempre lembrarei do que fiz durante aquele dia. De cada palavra trocada. Do seu último sorriso, de dentro da piscina, antes de pegar naquele maldito fio, ainda molhado. Sei que suicídio e morte estão umbilicalmente interligados. A diferença é que o suicídio é a morte que quis acontecer. Mas quando ela advém, deliberadamente, do desejo de um jovem, aí minhas estruturas desabam. Meus neurônios murcham como num Carnaval melancólico. Impressiona-me a quantidade de moleques a cometerem suicídio. Gente que nem tirou a catinga de xixi ou o cheiro de Hipoglós dos ovos. Isso dói. Ver uma vida quase não vivida sendo interrompida. A depressão, quase sempre, é o principal gatilho para o final desastroso. E o que impressiona ainda mais é que a maioria desses jovens é rica, bem formada, bem-sucedida profissionalmente, com acesso a toda sorte de diversão e tecnologia, mas por dentro, vazia e infeliz. Parece que nada é suficiente. Nenhum prazer é suficiente. Nenhum sucesso é suficiente. O que está acontecendo com esses moços? Se você ama e valoriza a vida – como eu – não conseguirá alcançar o que passa na cabeça do suicida. Especialmente de um jovem suicida. Certamente é quando a vida é mais dura que a morte. É quando acordar todos os dias é asfixiante, e morrer passa a ser um alívio. É quando a pessoa encontra sentido no fim, no apagar das luzes. É quando o sofrimento de viver é bem maior que o sofrimento de morrer. É um mergulho de encontro à libertação do peso insuportável da vida que se vive. É quando pular de cima de um prédio é menos assustador do que o cair constante. Pois, se você sofre do mal da depressão e está, neste momento, lendo esta singela crônica, seja você, moço ou velho, quero te pedir uma coisa: me procura. Vem aqui em casa. Vamos sorrir, tomar vinho, fazer um churrasco, ouvir Stones e arrastar os móveis para dançar no meio da sala, imitando Jagger, com aquela boca sexualmente atrevida de 75 anos, dando a língua para a vida, saboreando-a como tem que ser, apesar das flores e espinhos.

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