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2021

José Graziano da Silva: “Um de cada três nordestinos está passando fome”

No ano em que o livro Geografia da Fome completa 75 anos, a insegurança alimentar disparou no País. A crise econômica que se arrasta há anos e a pandemia colocaram (ou devolveram) alguns milhões de brasileiros a não ter sequer o alimento na mesa. Outros tiveram sua alimentação comprometida em quantidade ou qualidade pela falta de recursos para adquiri-los. Para analisar o cenário em que chegamos, o jornalista Rafael Dantas entrevistou José Graziano da Silva, ex-Ministro da Segurança Alimentar e Combate à Fome (entre 2003 e 2004) e ex-diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) entre 2012 e 2019. Referência global no tema, o doutor em Ciência Econômica foi responsável por comandar a implementação do programa Fome Zero no início do Governo Lula. O quanto a pandemia agravou a situação da fome no País? E qual o cenário podemos esperar para 2021? A pandemia agravou muito a situação da fome no país. Primeiro aumentou muito o número de pessoas em situação de insegurança alimentar, diminuindo, portanto, as pessoas em segurança alimentar, as pessoas que se alimentavam bem. Os últimos dados disponíveis antes da pandemia, da Pesquisa do Orçamento Familiar (POF) de 2018, mostravam que mais de 63% da população estava em segurança alimentar, ou seja, dois de cada três brasileiros. Isso cai em 2020, segundo a pesquisa da Rede PENSSAM, para menos de 45%, ou seja, praticamente um de cada dois brasileiros não tem segurança alimentar garantida. E em termos de fome, os indicadores mais duros, mostram a insegurança alimentar grave aumentou de 5,8% em 2018 para 9%. Praticamente quase dobra. O número de insegurança alimentar moderada passa de 10% pra 11,5%. Somados os dados da insegurança alimentar moderada e mais grave passa de 16,2% em 2018 para 20,5% em 2020. Isso em dezembro de 2020, no fim do Auxílio Emergencial, ou seja, um de cada cinco brasileiros passava fome. Há algum olhar mais específico para a situação da fome Nordeste, que sempre foi a região mais vulnerável e alvo principal dos programas sociais do País? A situação do Nordeste é ainda mais grave. O Nordeste em 2018 tinha 52% da população em segurança alimentar. Praticamente um de cada os nordestinos em segurança alimentar. Isso cai para 28% em 2020. É uma queda muito forte. O número de pessoas com fome (insegurança grave) passa de 8% para 14%. Somando a alimentar grave e a moderada, nós passamos de 23% em 2018 para 31% em 2020. É um número assustador. Um de cada três nordestinos está passando fome. Só para você comparar, em uma pesquisa feita em 2018 na Venezuela, que é um país sempre apontado como tendo muita fome na América Latina, o levantamento dava 8%, que é o número do Nordeste em 2018, 8% em situação alimentar grave. Então, o Nordeste hoje é um espelho do que se passa em termos de segurança alimentar na Venezuela. Quais as principais estratégias para combater a fome no curto prazo, neste momento de intensa crise, e no médio/longo prazo? A estratégia de combater a fome hoje, no meio dessa pandemia, passa por uma transferência de renda para o mais pobre. Fortalecer o Bolsa Família e o Auxílio Emergencial, mas um auxílio emergencial de um valor muito superior. Hoje a estimativa do PROCON é de que os itens da cesta básica, que inclui alimentação e higiene, chegam perto de mil reais. Um auxílio emergencial de R$ 250 e até mesmo R$ 350 não vai livrar a situação dos mais necessitados. O auxílio emergencial precisa ser entendido como um tipo de seguro para as pessoas poderem ficar em casa sem passar fome. Senão fica aquela situação: Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. Se ficar passa fome, se sair de casa o Covid mata. Não pode. A médio e longo prazo não há dúvida de que temos que restabelecer as políticas de segurança alimentar e nutricional como política de Estado e não como política de governo. Não pode um governo entrar e acabar com o PAA (Programa de Aquisição Alimentar), acabar com a merenda escolar, com o Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional). Essas são políticas permanentes de Estado, não podem ser modificadas ao sabor do interesse desse ou daquele governo. Em todas as palestras que tenho visto, o Sr. tem dito que se reeditasse o Fome Zero hoje, incluiria também o Gordo Zero, em referência à má nutrição das populações com situação de insegurança alimentar leve. É possível fazer isso diante do custo dos alimentos mais saudáveis?  De fato, se tivéssemos que reeditar um programa tipo Fome Zero, que me parece ser a saída para enfrentar não só a fome nesse momento. Nós precisamos ter uma mobilização social. Sem dúvida quem acaba com a fome não é um governo, é a sociedade. Então, mais do que nunca, nós precisamos de uma mobilização social e não apenas uma campanha temporária, como nós estamos vendo acontecer nesse momento agudo da pandemia. Uma mobilização permanente da sociedade para implantar políticas de segurança alimentar. Mas se tivesse que reeditar, sem dúvida, um componente importante era combater a obesidade. O Brasil tem hoje um problema de subnutrição grave, com a fome, mas tem um problema de má alimentação que é muito maior. A insegurança alimentar leve atinge quase 24 milhões de pessoas no Nordeste, por exemplo. Essas pessoas comem mal, são potenciais obesos. Essas pessoas não comem produtos frescos, frutas, verduras, legumes, ovos, leite, carne. Essas pessoas com o tempo, com o consumo de muito açúcar, muita farinha, tendem ao sobrepeso e senão a obesidade. E a obesidade tem um fator agravante quando atinge crianças e mulheres. Temos que cuidar disso sobre o risco de comprometer uma geração futura de brasileiros. Como o incentivo à Agricultura Familiar e à agroecologia poderiam ser parte da solução deste problema? O incentivo a agricultura familiar é a saída pra baratear o custo da alimentação saudável e tornar esses alimentos saudáveis mais acessíveis localmente. Hoje quando a gente fala em incentivo a agricultura familiar,

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Confiança do empresário do comércio recua no País

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) caiu 6,4% de março para abril deste ano e chegou a 95,7 pontos. Essa foi a quinta queda consecutiva do indicador, que atingiu o menor patamar desde setembro do ano passado (91,6 pontos). Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Na comparação com abril de 2020, o recuo chegou a 20,7 pontos. Esse foi o 13º recuo consecutivo neste tipo de comparação. . . Experience Lab NE acontece hoje O Experience Lab Nordeste, que tem patrocínio da Alelo e da Oi soluções, ocorrerá na noite de hoje (26). O evento digital e contará com a participação de Rodrigo Galvão, presidente da Oracle Brasil; Ana Paula Bogus, Global Head of Business da Rappi; e Conrado Schlochauer, Founder & Member at nōvi. O encontro terá como tema: “Toda empresa precisa ser uma empresa de tecnologia.” As bases da mudança partem de 3 pilares estratégicos: a transformação digital, a transformação de mindset e a transformação do aprendizado. Em pauta, os processos e as principais práticas na visão dessas 3 personalidades do mercado e as decobertas das competências que precisam ser desenvolvidas para guiar as empresas para os próximos anos. . . Prata Rara aposta em venda direta e empreendedorismo feminino Para incrementar as vendas e de oferecer oportunidade de inclusão no mercado de trabalho com venda direta, a rede de lojas Prata Rara lança no mercado o Catálogo Virtual da Prata Rara. A iniciativa tem como objetivo cadastrar revendedoras de produtos da marca de joias que é a quarta maior joalheria de prata do País. Cada revendedora terá uma espécie de loja virtual e personalizada.

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Transplantes cardíacos voltam a ser realizados na pandemia

Pernambuco é referência do Norte e Nordeste em transplantes, em especial de fígado e coração. Pela complexidade do procedimento, os cardíacos sofreram grande impacto com pandemia, com a suspensão das cirurgias. Entretanto, a partir da implementação de protocolos de testagem para o coronavírus no 2o semestre de 2020, houve melhora na segurança e nos resultados do transplante de coração, que voltaram a ser realizados. Este mês, um paciente chegou às estatísticas de sucesso: conseguiu seu transplante, apesar das dificuldades. Aos 36, anos, precisou deixar Natal (RN), onde mora, para se submeter à cirurgia, realizada com êxito no Hospital Jayme da Fonte. O cirurgião cardiovascular Diogo Ferraz, chefe da equipe que realizou o transplante no HJF, está convicto que Pernambuco conseguirá atender a expectativa para o ano que vem trabalhando para que o estado se mantenha no ranking dos procedimentos com êxito, já contabilizando mais de 200 cirurgias. “Salvar vidas é o princípio que nos conduz. A insuficiência cardíaca grave tem sobrevida aproximada de 50% em 1 ano, enquanto após o transplante cardíaco essa expectativa aumenta para 50% em 10 anos”, diz o especialista.

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Pernambuco ultrapassa 1,8 milhão de doses aplicadas

Pernambuco já aplicou 1.813.124 doses da vacina contra a Covid-19, das quais 1.278.381 foram primeiras doses. Ao todo, foram feitas a primeira dose em 232.162 trabalhadores de saúde; 25.073 povos indígenas aldeados; 33.114 em comunidades quilombolas; 6.192 idosos em Instituições de Longa Permanência; 406.305 idosos de 60 a 69 anos; 383.769 idosos de 70 a 79 anos; 100.915 idosos de 80 a 84 anos; 87.589 idosos a partir de 85 anos; 977 pessoas com deficiência institucionalizadas; além de 2.285 trabalhadores das forças de segurança e salvamento. Em relação à segunda dose, já foram beneficiados 191.651 trabalhadores de saúde; 24.716 povos indígenas aldeados; 39 em comunidades quilombolas; 4.539 idosos institucionalizados; 59.679 idosos de 60 a 69 anos; 203.319 idosos de 70 a 79 anos; 38.299 idosos de 80 a 84 anos; 11.739 idosos a partir de 85 anos, além de 762 pessoas com deficiência institucionalizadas; totalizando 534.743 pessoas que já finalizaram o esquema.

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Fiocruz diz que vacina de Oxford tem efetividade contra variante P1

Da Agência Brasil A vacina Oxford/AstraZeneca contra covid-19, produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estimula resposta imune capaz de fazer frente à variante P1, que se espalhou rapidamente pelo Brasil depois de ter sido detectada pela primeira vez em Manaus. A avaliação é do vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, que apresentou hoje (22) estudos que indicam a efetividade da vacina “no mundo real”, quando a eficácia dos testes clínicos é posta à prova. “Até o momento, as informações são de tranquilidade. Os dados são de que temos, sim, uma variante de preocupação, que tem, sim, uma capacidade maior de transmissibilidade. A gente está vendo um momento da pandemia muito difícil em boa parte do Brasil, mas a boa notícia é que, apesar de todas essas características, a vacina, nesse momento e para essa variante, tem a condição de ser utilizada como uma ferramenta de controle”. A vacina de Oxford é uma das mais aplicadas no mundo atualmente e tem outras vantagens, como o custo mais baixo e a possibilidade de armazenamento em refrigeradores menos avançados, com temperaturas de 2 a 8 graus Celsius. Além disso, a vacina traz um incremento da resposta imune que vai além da produção de anticorpos. Krieger explicou que as novas plataformas tecnológicas, como a da vacina de Oxford, se caracterizam por instruírem as células humanas a produzirem traços do antígeno, que, em seguida, despertam as defesas do corpo humano. Nas plataformas consideradas tradicionais, as vacinas trazem o vírus inativado (morto), ou vivo e atenuado (enfraquecido). O que os estudos têm apontado, segundo o vice-presidente da Fiocruz, é que as vacinas de segunda geração têm demonstrado desempenho maior na defesa chamada de resposta celular, que se dá quando o corpo humano destrói as células que já foram infectadas pelo vírus, impedindo que ele as utilize para se replicar. Essa é uma linha de defesa complementar ao ataque que os anticorpos promovem contra os micro-organismos invasores. São vacinas de segunda geração tanto as vacinas de RNA mensageiro, como as da Pfizer e da Moderna, quanto as de vetor viral, como a Oxford/AstraZeneca, a Sputnik V e a Janssen. “Estamos vivenciando uma verdadeira revolução no campo das vacinas. Elas foram desenvolvidas de uma maneira muito rápida e estão demonstrando efetividades muito maiores do que as das vacinas tradicionais”, afirma. Um estudo publicado nesta semana pela Fiocruz em parceria com a Universidade de Oxford e outras instituições indica que os anticorpos produzidos pela imunização reconhecem mais a variante britânica e menos a variante sul-africana, que acumula um número maior de mutações. A variante P1, brasileira, fica em uma posição intermediária nessa escala. Quando é analisada a resposta imune celular, entretanto, dados de outro estudo publicado por uma universidade americana mostram que ela não se altera de forma significativa diante das variantes. “Os resultados são ainda melhores. Na verdade, as variantes de preocupação, até esse momento, têm causado um impacto muito menor nessa resposta celular”, disse Krieger. “Isso dá uma confiança maior de que essa vacina terá condição de manter, frente à variante brasileira, esses dados de efetividade”.

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Monitor de Secas registra piora em Pernambuco e no NE

Da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) A última atualização do Monitor de Secas aponta que no Nordeste houve uma piora na condição de seca em março, devido às chuvas abaixo da média ao longo dos últimos meses, marcada pelo aumento das áreas com seca moderada e/ou grave em parte de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Por outro lado, devido às precipitações acima da média no último mês, houve uma redução das áreas com seca fraca e moderada no Maranhão – único estado nordestino que registrou melhora nas condições do fenômeno. Em Pernambuco, entre fevereiro e março, a área com seca moderada subiu de 54% para 67% nas regiões central e oeste por conta das chuvas abaixo da média nos últimos meses. Além disso, o estado voltou a registrar seca grave em 3% do seu território no sul. Esta é a pior condição do fenômeno desde fevereiro de 2020, quando 36% do estado teve seca grave e cerca de 64% de seca moderada. Os impactos são de curto e longo prazo no sudoeste pernambucano e no nordeste do estado, enquanto nas demais áreas os impactos são de curto prazo. Em março deste ano, em comparação a fevereiro, as áreas com seca tiveram redução em seis das 20 unidades da Federação acompanhadas pelo Monitor de Secas: Alagoas, Maranhão, Paraná, Piauí, Santa Catarina e Tocantins. O território capixaba, por sua vez, deixou de registrar seca, o que não acontecia desde abril de 2020. No sentido oposto, Rio de Janeiro e Minas Gerais tiveram aumento de sua área com seca, enquanto São Paulo registrou a categoria mais intensa para o fenômeno no país: seca excepcional, que não era registrada pelo Monitor no Brasil desde março de 2019. Em sete estados, 100% de seus territórios continuaram com seca no último mês em comparação a fevereiro: Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe. A Bahia passou a ter seca em 100% do estado, o que não acontecia desde março e 2019. Outros três estados registraram entre 96 e 98% de área com seca: Paraná, São Paulo e Goiás. O Distrito Federal e o Espírito Santo são as únicas unidades da Federação sem o fenômeno, conforme o gráfico a seguir.

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Roberto Gusmão: “Nós vamos ter a Transnordestina aqui”

O presidente de Suape Roberto Gusmão está atento à votação de dois projetos de lei que estão próximo de serem votados no Congresso. Um deles é a lei chamada BR do Mar, que incentiva a navegação de cabotagem, feita nos portos dentro do País. Atualmente, só empresas brasileiras com navios próprios podem operar o serviço no Brasil. Pela BR do Mar, o mercado seria aberto a companhias sem frota própria, que poderiam alugar embarcações estrangeiras, desde que 2/3 da tripulação seja de brasileiros. O outro projeto é a PL 261, de autoria do senador José Serra (SP), que permite a uma empresa privada concluir obras de ferrovias, como a Transnordestina. Seria a oportunidade para Pernambuco concluir o trecho de Salgueiro a Suape, que está parado há anos. Grupos, como os que detêm as jazidas de minério de ferro, no sul do Piauí, que seriam transportadas pela Transnordestina, poderiam se interessar. Nesta entrevista a Cláudia Santos, no último dia 16, Roberto Gusmão comenta como essas novas legislações podem beneficiar o porto pernambucano. Gusmão também apontou soluções para tornar a movimentação de contêineres mais competitiva, a atração de players do setor metalmecânico para o complexo e a perspectiva de o Estado se tornar o principal produtor ensavador de gás de cozinha do Nordeste. Suape obteve o aval da Capitania dos Portos para receber navios de 366 metros de comprimento. De que forma essa autorização vai estimular a movimentação do porto? Esses navios apresentam um comprimento que é fundamental para que se tenha o maior número de contêineres carregados. São navios como o que interrompeu o Canal de Suez. Eles serão o futuro. O Panamá gastou US$ 3 bilhões para fazer uma outra passagem no seu canal que contemplasse o comprimento e a largura desses navios, que não estão ainda operando no Brasil. Um dos portos que primeiro conseguiu a autorização foi o de Santos, que é o maior da América Latina. Pela nossa estratégia de médio a longo prazos, precisamos já estar habilitados para quando houver essa demanda. Além disso, conseguimos, em março, do Ministério da Justiça e da Segurança a deliberação de que o Complexo de Suape está habilitado também quanto à segurança, no grau de risco dos portos. Muitos poucos portos têm essa certificação. O senhor mencionou o Canal do Panamá, e há uma expectativa que com a sua ampliação, Suape se consolidaria como um hub portuário. Os navios cargueiros provenientes principalmente da Ásia, trafegariam pelo canal e, em Pernambuco, passariam a carga para navios menores que a distribuiriam para outras localidades. Qual a perspectiva disso se tornar realidade? É uma perspectiva muito intensa. Hoje temos absoluta certeza que somos líder no Nordeste, principalmente nessa parte de cabotagem, que é a navegação no nosso próprio litoral. Existe uma lei que está sendo estabelecida que é a BR do Mar. Ela regulamenta essa questão da cabotagem, estabelecendo-a como prioridade, inclusive com uso de embarcações internacionais, salvaguardando a questão da mão de obra. Como somos líder em cabotagem, acreditamos, não só pelo Porto do Panamá, mas mesmo nas diversas rotas que há no mundo, que estamos habilitados e em condição de ser um hub. Já somos um hub de granéis líquidos, na parte de combustível, e nos habilitamos a ser também hub em todos os tipos de carga do Nordeste, pela localização privilegiada, pela profundidade do nosso canal (que tem quase 15,60 m e chegará em 20m), pela estrutura e infraestrutura do porto e do Complexo de Suape como um todo, mas principalmente pelo mercado. Estamos rodeados por cinco grandes capitais do Nordeste com 45 milhões de consumidores, num raio de até 800 km, o que faz com que Suape seja extremamente competitivo na parte logística, tanto do transbordo como você falou – isto é, os navios vêm carregados, deixam uma parte aqui e vai distribuindo em outros portos – como também a questão da carga completa aqui em Suape e a distribuição em caminhões para pequenas distâncias. Qual a sua expectativa para a votação no Senado do projeto BR do Mar? Acredito que serão aprovados agora neste primeiro semestre não só o BR do Mar, mas também o projeto de lei do senador José Serra (PL 261), que permite a um ente privado concluir os trechos que ainda estão faltando de ferrovias, como a Transnordestina. Hoje, se a decisão da conclusão da Transnordestina for técnica, não tenho dúvida de que Suape será o beneficiado (entre os trechos da obra que estão incompletos estão: de Salgueiro a Suape, que beneficiaria o escoamento de cargas pelo porto pernambucano, e da cidade de Missão Velha ao Porto de Pecém, que favorece o porto cearense). Mas, mesmo que a decisão não for técnica, nós nos habilitaríamos a fazer o trecho que está faltando de Salgueiro até Suape, por meio da iniciativa privada, com a chamada outorga autorizativa. Um ente privado, em vez de esperar que o governo faça uma concessão e essa concessão passe por uma licitação, ele faz uma proposição ao Governo Federal para autorizar fazer aquele trecho que ainda não foi feito. Hoje a concessão da Transnordestina está se arrastando há mais de 15 anos com um grupo que não tem uma estratégia muito bem definida como negócio. Agora, estamos falando de grupos que têm diversas jazidas de minério de ferro extremamente competitivos e que precisam de ferrovia para poderem se integrar a portos no Brasil como um todo, mas que hoje precisam de uma concessão, o que demanda um prazo muito grande, e agora vão poder fazer por meio de uma outorga de autorização. Assim, vamos conseguir ter a nossa Transnordestina para que possamos fazer um escoamento de cargas não só do Piauí, que tem diversas jazidas, principalmente de minério de ferro, mas também das outras mercadorias que Pernambuco também é líder nacional, como a gipsita (o gesso do Araripe) e as frutas do São Francisco. Será que finalmente a Transnordestina será concluída? ANTT (Agência Nacional do Transporte Terrestre) e o Tribunal de Contas sugeriram a caducidade da atual concessão da

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