Percentual de endividados e inadimplentes recua em Pernambuco – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Percentual de endividados e inadimplentes recua em Pernambuco

Da Fecomércio-PE

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e analisada localmente pela Fecomércio-PE, o percentual de famílias que declaram estar endividadas no estado de Pernambuco recuou 2,9 pontos percentuais em setembro, encerrando então o terceiro trimestre em 78%.

O resultado de setembro representa uma melhora na dimensão do endividamento das famílias no estado, que desde de fevereiro oscilou entre patamares de 79% a 81%. Não obstante essa melhora no curto prazo, a proporção de famílias endividadas se mantém acima do nível de um ano atrás, na comparação com setembro de 2020, quando o percentual era de 75,7%.

O mês de setembro também registrou o terceiro mês consecutivo de queda no percentual de famílias com contas atrasadas, que era de 33,2% em junho, final do segundo trimestre, e agora chegou a 30,9% no final do terceiro trimestre. Na comparação com o nível registrado a um ano atrás, observa-se que o índice de inadimplência não sofreu mudança significativa, com aumento de 0,5 pontos percentuais.

Já o percentual de famílias que se dizem sem condições de pagar as contas atrasadas ficou no mesmo patamar observado em agosto, quando chegou a 15,1%, após cinco meses seguidos de alta. Na comparação com setembro de 2020, o indicador recuou 2,1 pontos percentuais.

Pernambuco: percentual de famílias, segundo as situações de endividamento (valores em % do total de famílias) – janeiro/2020 a setembro/2021

Fonte: CNC. Elaboração Fecomércio-PE.

A PEIC-CNC também investiga mensalmente a dimensão do endividamento familiar, segundo a percepção das famílias. Em setembro, 20,3% das famílias se disseram muito endividadas, nível que ficou muito acima do percentual observado no mesmo mês de 2020, quando o percentual registrado foi de 12,8%.

O demonstrativo por tipo de dívidas aponta que o cartão de crédito reduziu levemente sua participação entre os débitos declarados pelas famílias endividadas no mês de setembro, comparado ao mês anterior, mas persiste como o principal vetor do endividamento familiar. As dívidas com carnês e com cheque especial, por outro lado, vêm avançando fortemente.

Essa dinâmica sugere que as contratações de crédito vêm potencializando o endividamento, em que, possivelmente, boa parte pode estar sendo direcionada para a quitação de débitos com financeiras e cartões, uma vez que este, sendo o principal vetor de endividamento, tende a ser o principal tipo das dívidas em atraso.

Para se ter uma ideia do avanço do crédito, segundo dados do Banco Central, o saldo das operações de crédito no Sistema Financeiro Nacional, ou estoque de crédito, às pessoas físicas do estado cresceu 2,4% em agosto em relação a julho, sendo o maior aumento para o mês de agosto, desde 2008, quando foi de 3,0%. Já na comparação anual, em relação a agosto de 2020, o crescimento foi de 20,2% – maior aumento da comparação anual, desde dezembro de 2011.

Em um cenário de inflação elevada, com previsão de encerrar o ano muito acima do teto meta em 2021, além de um mercado de trabalho ainda bastante fragilizado, com alto percentual de trabalhadores por conta própria, na informalidade e menores remunerações no emprego formal, o orçamento familiar mais apertado vem levando ao aumento da busca por crédito na composição da renda. É necessário ficar atento a esse avanço, que pode aumentar as obrigações financeiras entre as famílias no médio prazo, tendo em vista a perspectiva do avanço das taxas de juros sinalizado pela Selic.

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