O fim de ano é tempo de celebrar e estar com amigos e família, mas também é o período de fazer o balanço financeiro. De acordo com a Radiografia do Crédito e do Endividamento das Famílias nas Capitais Brasileiras, um estudo da Fecomércio SP, consumidores estão mais endividados e com confiança abalada neste fim de ano. E isso acaba refletindo em diversos aspectos da vida financeira de todos os membros da família, que precisam arcar com os custos do ano que está por vir.
Já o estudo focado em Pernambuco, feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e analisado pela Fecomércio PE aponta para uma inadimplência entre setembro e outubro de 78,2%. Também apresenta um percentual de 30,3% de famílias com contas em atraso e 15,7% de famílias sem condições de quitar suas dívidas. Mas quais seriam as causas para esses números? A crise econômica pela qual passa o Brasil, com os números de desemprego, com certeza é uma delas, mas também a falta de organização financeira que a realidade de muitas famílias. Por isso, é preciso ficar atento com os gastos e dar o primeiro passo: criar o hábito de saber exatamente quais são as entradas e saídas de dinheiro em cada mês.
“Organizar-se financeiramente é algo difícil para a maioria, pois temos a força da estrutura econômica do país e do apelo ao consumismo. Então, como poupar? Primeiro, estabeleça uma hierarquia dos bens e serviços que você e sua família consomem; segundo avalie cada decisão, cada oferta, cada tentação e analise se o que está prestes a comprar é uma necessidade ou apenas um desejo; terceiro, organize suas escolhas, evite fidelidade a marcas caras, compre bens e serviços pela funcionalidade, rendimento, utilidade, durabilidade e não pela marca, pela imagem, pela fama”, explica o Doutor em Economia, Especialista em Finanças e professor da Faculdade Nova Roma, Antonio Carvalho.
E os gastos são especialmente maiores no início do ano por diversos fatores: IPVA, IPTU comprometem os bolsos dos trabalhadores, mesmo aqueles que, em dezembro, recebem as parcelas do 13º salário. Mas nem tudo está perdido, é possível se organizar para esse gasto extra.
“Os impostos recorrentes (IPTU, IPVA) geralmente não podem ser antecipados, porém, oferecem descontos se pagos em cota única, assim, ao invés de parcelar e gerar um compromisso por muitos meses, comprometendo o orçamento, junte, separe, poupe e tente pagar à vista e ganhar esse desconto, gerar essa economia de dinheiro”, pontua o professor.
No Recife, por exemplo, é possível obter descontos no IPTU caso o contribuinte esteja adimplente em dois casos: 10% no pagamento em cota única ou escolher um imóvel que vai ter a redução, ambos a partir do Programa de Parcelamento Incentivado (PPI), que pode oferecer até 100% de descontos para juros e multas e opções para parcelar.
Gastos escolares – Para as famílias com filhos os gastos são ainda maiores no início do ano por conta do material escolar e matrícula em colégios particulares. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae), havia uma estimativa, no início deste ano, de aumento de 8 a 10% nos produtos escolares nacionais e até 20% nos importados. Os números podem assustar, mas é possível se preparar para eles.
“As estratégias para economizar são comprar os materiais já conhecidos antes do início das aulas. No período imediatamente anterior ao início, esses itens sofrem aumentos alarmantes de preços. Se não comprou ou para aqueles itens que somente tomar conhecimento após receber a lista, pesquise muito. Historicamente as diferenças de preços do mesmo item entre diferentes estabelecimentos chegam a até 100%. No caso dos livros, tente comprar, se possível, direto da editora, pois as livrarias adicionam seus custos e margens de lucro, logo, ficam bem mais caros. Para a matrícula no colégio, tente negociar, se possível antecipar e ganhar desconto”, detalha o professor Antonio Carvalho.