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Cinema: Diretora de arte, Séphora Silva fala sobre os desafios da profissão em Pernambuco

As belas imagens de alguns filmes às vezes chamam mais atenção que a própria história que está sendo contada. Produções como O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson, com sua fotografia e cenários por demais coloridos e marcados principalmente pelo uso da cor rosa, enchem os olhos de qualquer espectador, inclusive dos menos atentos. Isso se deve ao trabalho de um profissional de grande importância para o processo de produção de um filme: o diretor de arte. Pernambuco tem nomes de peso que se destacam na função, como Thales Junqueira (Aquarius, Divino Amor) e Renata Pinheiro (Hotel Atlântico, Zama). Para falar sobre as alegrias e desafios relacionados à profissão, conversei com Séphora Silva, outro importante nome relacionado à direção de arte e cenografia no estado. Arquiteta de formação, trabalhou no drama dirigido por Tuca Siqueira, Amores de Chumbo, história que tem como pano de fundo o período da Ditadura, e, recentemente, no filme de horror Recife Assombrado, de Adriano Portela.   O que te levou a trabalhar com direção de arte? Foi o acaso. Eu já era arquiteta e conheci uma produtora de Recife que me apresentou esse mundo desconhecido dos bastidores do cinema- porque cinéfila eu sempre fui. Ela me convidou para ser assistente de arte num curta (Maracatu, Maracatus de Marcelo Gomes, 1994) e eu acabei sendo picada pelo bicho do cinema. Nunca mais saí dele. Qual o maior desafio enfrentado por quem trabalha com direção de arte em Pernambuco? Primeiro, formação na área. No início, apesar de ser arquiteta, eu não tinha nenhum conhecimento da técnica, do que era uma produção de cinema e tive necessidade de estudar sobre isso. Foi quando ganhei uma bolsa para fazer o curso de Capacitação e Formação em Audiovisual na Universidade de Guadalajara – México. Lá eu pude entender e praticar todo processo de produção e fui me especializando na área de arte (cenografia, maquiagem, figurino, arte). Depois voltei para Recife e entrei no mercado de audiovisual exercendo várias funções antes de ser diretora de arte. Achei fundamental exercer funções de produção de arte, objetos, cenografia, além de fazer cursos de efeitos especiais/maquiagem, antes de me lançar como diretora de arte, pois, vejo essa função muito mais conceitual e creio que requer experiência e pratica de pesquisa/referências e projeto de arte propriamente dito. Não consigo conceituar uma arte sem escrever um texto, fazer um projeto referenciado com muita pesquisa, elaborar paleta de cores. Depois de entender o que é arte em cinema, me deparei com o entendimento que a direção de arte não é considerada área fundamental /essencial para uma produção audiovisual. O que acontecia em Recife é que projetos de audiovisual acabavam com previsão de equipes muito pequenas e orçamentos muito baixos para a arte, embora os roteiros sejam sempre detalhistas e rebuscados no que se refere a direção de arte. E equipe pequena, ou composta por pessoas com pouca experiência na área e verba mínima, são uma combinação que acaba comprometendo a qualidade do trabalho. E isso é perceptível na tela. Mas isso também já vem mudando há alguns anos e acredito que vai melhorar. Algo que acredito que ajudaria bastante nesse entendimento é a divulgação dessa área pelos meios de comunicação, por exemplo, quando se fizer uma matéria sobre alguma produção citar a arte, entrevistar o/a profissional responsável pelo trabalho. O que acontece na mídia local é que sempre se restringe a informar sobre a direção, elenco, produção e nunca a arte é citada ou referida nas matérias. Tô achando ótimo você me entrevistar e eu poder falar isso!   Qual caminho inicial deve percorrer quem deseja trabalhar na área? Na minha opinião, quem quer trabalhar na área não tem que apenas ter bom gosto estético, sugiro que, além do curso superior de cinema onde a formação em direção de arte é muito restrita, tentem uma formação na área de arquitetura, artes visuais, design. Isso dá uma diferencial muito grande no resultado do trabalho. E também recorrer a oficinas e workshops na área onde se possa compartilhar experiências com outros profissionais. Arte em cinema não é apenas um trabalho intuitivo que requer muita criatividade para lidar com as pressões e mudanças que acontecem diariamente numa produção, é um trabalho que precisa ser referenciado e por isso ter um projeto embasador é tão importante. Com um projeto consistente, as mudanças podem acontecer sem que o resultado seja comprometido em sua essência. Isso garante a qualidade final no trabalho e dá pra ver claramente na tela. Dos trabalhos que já realizou qual mais te marcou profundamente? Todos os trabalhos são um grande aprendizado, pois, arte no cinema é muito específica de momentos/situações determinados pelo roteiro, então fica difícil dizer qual foi mais marcante. Na verdade, tenho um carinho especial por todos eles. Posso citar como exemplo “Três Contos de Reis” (Maria Pessoa, 2005), minha primeira participação como diretora de arte e cenógrafa para um curta que se passava em 1860 e foi dificílimo fazer a reconstituição de época. Recife é uma praça difícil para produção de época e foi uma responsabilidade muito grande, mas o resultado ficou ótimo, o mais autêntico possível, verossímil mesmo, posso até dizer. E ficou bonito. Dos longas, o desafio maior até o momento foi fazer o “Recife Assombrado” (Adriano Portela, 2017), que está em finalização, porque é um gênero muito específico: terror. Tô aguardando para ver o resultado. E tem o “Amores de Chumbo” (Tuca Siqueira), que foi o primeiro longa que fiz direção de arte e cenografia (sempre assumo a cenografia, essa é uma vantagem de ser arquiteta) e me rendeu dois prêmios (Festival de Cinema de Triunfo e Fest Ibero-Americano de Cinema de Caruaru, ambos em 2018) importantes na área. Prêmio é sempre um reconhecimento do nosso trabalho e fiquei muito feliz com isso. Direção de arte no teatro e cinema: qual setor tem mais oportunidades de trabalho no Brasil? Por quê? Na prática não tenho como te falar do Brasil, posso te falar de Recife, a praça onde trabalho. Na teoria,

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Um centro mais caminhável para o pedestre

Pedestrianização radical para o Bairro do Recife ou seja, tornar as ruas e demais espaços da região acessíveis aos pedestres. Essa foi a proposta que surgiu dentro do CAM - Cidades Algomais na última edição do Rec’n’Play. Moradores da cidade, sejam especialistas ou não, participaram de um debate conduzido pelo consultor Francisco Cunha sobre a caminhabilidade na região. A discussão resultou no apontamento dos principais problemas da mobilidade ativa e propôs soluções. Intervenções públicas para garantir maior segurança e conforto, campanhas de educação e novas legislações que regulem as calçadas estão entre as principais proposições para esse bairro central da capital pernambucana. Além de defender a caminhabilidade para a reativação e revitalização dos espaços públicos, Francisco Cunha promoveu uma caminhada passando pelas principais vias do Bairro que era o motivo do debate. Com uma intensa participação dos inscritos no evento do Rec’n’Play, foram assinalados vários problemas que dificultam a mobilidade a pé na região. O pavimento, a má qualidade das calçadas, a falta de padronização e a própria ineficiência da legislação são algumas questões-chave. Para exemplificar isso, foi tratado no debate a inclinação irregular das calçadas. “A legislação e fiscalização não são eficientes para regular os proprietários dos imóveis. Eles fazem as calçadas do jeito que querem, colocam a inclinação da forma que acharem melhor. A norma brasileira que rege a construção e manutenção de calçadas estabelece que no passeio abrangendo uma faixa a partir de 1,20m x 2,10m, a inclinação é no máximo de 3%, segundo as normas da ABNT. No Recife existe inclinação de até 20%”, alerta. O arquiteto e urbanista Roberto Montezuma, professor da UFPE, criticou o fato de que cada morador ou proprietário do imóvel, quando constrói a calçada defronte de sua residência, escolher qualquer tipo de pavimento que achar conveniente. “Um fator que dificulta a circulação da população, em especial de pessoas com mobilidade reduzida e idosos”, ressaltou o especialista. Diante da dificuldade histórica de construção e padronização das calçadas na cidade do Recife, Francisco Cunha defendeu uma mudança na distribuição do orçamento que permita ao poder público realizar essas obras em benefício dos pedestres. “A conclusão a que cheguei, depois de muito tempo defendendo uma parceria público-privada das calçadas, é que devemos: destinar pelo menos 20% do orçamento da pavimentação para a construção, manutenção e atualização de calçadas.” No livro Calçada: o primeiro degrau da cidadania urbana, publicado em 2013, Francisco Cunha considera o passeio como medidor da qualidade de urbanização da cidade. Dentro desse contexto, ressalta ser possível inferir que os problemas nesses espaços não afetam apenas os pedestres, mas a saúde urbana do Recife. Um dos aspectos mais discutidos pelos participantes foi a falta de educação no trânsito, associada diretamente à cultura “carrocrata”. Vários relatos apontaram que a prioridade do pedestre nas calçadas é completamente desrespeitada pelos veículos. A pouca iluminação dos passeios, a ausência de arborização e de sinalização, insegurança, má localização dos postes e demais equipamentos públicos e os problemas de coleta de lixo foram outros aspectos destacados como dificultadores para a caminhabilidade no bairro que, em verdade, são comuns a grande parte da cidade. Muitos desses problemas discutidos no evento estão relacionados à legislação, fiscalização e ao comportamento dos moradores ou motoristas. Por essa razão, a maioria das soluções propostas no CAM - Cidades Algomais abrangeu medidas educativas e de regulamentação. Especificamente para o Bairro do Recife, foi sugerido que seja realizada uma melhoria da sinalização do transporte público, que é quase inexistente. A realização de uma parceria público-privada para os estacionamentos, o fechamento de ruas exclusivas para pedestres (a exemplo do que aconteceu com a Av. Rio Branco) e a disseminação de wi-fi no bairro são outras sugestões registradas no debate. Uma maior integração à comunidade do Pilar localizada na região e o estímulo ao aumento do número de moradores na ilha foram outros direcionamentos propostos. De acordo com o Censo 2010, o Bairro do Recife possui uma população moradora de apenas 602 pessoas. Por Rafael Dantas

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Saiba o que é o bruxismo

Às vezes uma dor de cabeça pode não ser uma corriqueira cefaleia tensional ou enxaqueca, mas um sintoma do bruxismo, que pode ocorrer em crianças, jovens e adultos. Manifesta-se de duas formas diferentes: o bruxismo de vigília, que ocorre durante o dia, e o bruxismo do sono, que acontece durante o período noturno. Trata-se de uma alteração funcional caracterizada pelo hábito involuntário de ranger ou apertar os dentes. O problema está associado a vários fatores, entre eles o estresse, ansiedade e doenças neurológicas. Não por acaso, de acordo com o levantamento realizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), pouco mais de 30% da população de todo o mundo tem essa condição. No Brasil os números são ainda piores, chegando à casa dos 40%.  Os casos mais preocupantes podem, inclusive, causar a disfunção da articulação temporomandibular (ATM), responsável pela ligação entre o maxilar inferior (mandíbula) e o osso temporal do crânio, localizado à frente das orelhas em cada lado da cabeça. Provoca dores, dificuldade em abrir ou fechar a boca e zumbidos. Dentista especializada em ortopedia funcional dos maxilares, Maria Regina Ferreira, aponta de que maneira a doença afeta a saúde das pessoas. “O bruxismo pode fazer com que os dentes fiquem soltos ou bastante doloridos e na grande maioria dos casos, desgastados. Uns dos principais sintomas são as dores de cabeça, na mandíbula e no pescoço”.  O bruxismo nada mais é do que uma descarga de tensão. “É uma espécie de válvula de escape do corpo humano. Todo o problema está diretamente ligado à sobrecarga emocional”, revelou a dentista. Há 15 anos trabalhando na área, Maria Regina revelou que o diagnóstico é bastante complicado, porque, muitas vezes as pessoas não sabem que devem ser examinadas por um dentista ou um cirurgião bucomaxilofacial. Acometido pela dor, o paciente costuma passar por vários especialistas antes de identificar a doença. “Às vezes o enfermo sofre com os sintomas da cefaleia. Logo ele pensa em marcar uma consulta com um neurologista. Geralmente, ele peregrina bastante antes de ter o diagnóstico”, afirmou Josimário Silva, chefe do Serviço de Cirurgia Maxilofacial do Hospital Jayme da Fonte. A dificuldade e a demora decorrente do diagnóstico resultam no avanço dos sintomas. “Alguns pacientes chegam até mesmo com fraturas na raiz do dente e disfunção acentuada na articulação”, disse a dentista. Na grande maioria dos casos em estágio avançado, é necessária a intervenção com medicamentos e relaxantes musculares. “O ideal mesmo é você tratar de imediato com a ortopedia funcional dos maxilares com aparelhos específicos que vão aliviar a tensão dos dentes e da articulação”, destaca. O aparelho mais usado pela especialista é o pistas planas modificado. O objeto é duplo, ficando um no maxilar e outro na mandíbula e o seu grande diferencial é que ele absorve toda a força que a articulação temporomandibular está sofrendo. “O músculo continua trabalhando, mas com o tempo ele vai relaxando e alivia os sintomas. O uso regular pode alcançar resultados significativos e até mesmo reduzir os danos”, disse a especialista. No caso das disfunções de ATMs, por se tratar de um problema que envolve várias estruturas da face e de origem diversa, é indispensável que a intervenção seja multiprofissional. “O tratamento é coletivo e exige a participação direta de outros especialistas, como dentista, psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e cirurgião bucomaxilofacial”, advertiu Josimário Silva, alertando que se a pessoa não for tratada corretamente pode afetar a sua qualidade de vida. “É uma das patologias que mais afeta o bem-estar. A dor incessante é o principal sintoma”. Existem casos em que ocorrem lesões ao disco articular da ATM, localizada à frente do ouvido. Em casos mais severos, pode ser necessária a cirurgia, sendo muito comum as cirurgias realizadas por vídeo, chamada de artroscopia de ATMs (artroscopia é uma modalidade cirúrgica que usa técnica endoscópica, a inserção de uma câmera através de uma incisão cirúrgica, aplicada dentro da articulação temporomandibular). "A grande vantagem dessa técnica em relação à cirurgia aberta é a breve recuperação do paciente que tem suas funções mastigatórias e de fonação reestabelecida em pouco tempo", explicou Josimário Silva. No procedimento aberto a recuperação pode chegar a um mês. A fisioterapia é outro recurso utilizado para tratar tanto o bruxismo, como a disfunção da ATM. Segundo Monialy Barros, tutora de do curso de fisioterapia na Faculdade Pernambucana de Saúde, o procedimento tem apresentado ótimos resultados após a reeducação do paciente. “Para reduzir os sintomas é necessário diminuir a intensidade dos músculos mastigatórios, reposicionar a mandíbula ao crânio, para melhorar a função e a amplitude de movimento, e minimizar a dor muscular”. Para o tratamento são usadas técnicas como manobras de relaxamento, luz infravermelha, ultrassom, calor com compressas quentes na região e corrente elétrica de baixa voltagem com finalidade analgésica. A psicóloga Rita de Cássia Barros, 56 anos, foi diagnosticada com o problema há cerca de dois anos. “Percebia algumas alterações no meu corpo, mas não conseguia identificar. Quando abria a boca, faziam tantos estalos que eu até evitava. No processo de evolução os sintomas ficaram mais fortes”, revelou. Ela se consultou com um neurocirurgião e um clínico-geral, mas de nada adiantou. “Apenas me atentei para o bruxismo ao conversar com uma amiga que sofria o mesmo problema. É preciso que os profissionais de saúde tenham uma maior sensibilidade para diagnosticar a patologia”, ressaltou a psicóloga. “O tratamento foi fundamental. Depois que eu comecei a usar o aparelho a minha vida mudou completamente”. Todo o problema foi resultado do alto nível de estresse de Rita e para obter bons resultados, ela resolveu tratar a questão pela raiz. “Tive que aprender a lidar com certas situações”, disse a psicóloga. Para auxiliar no tratamento, ela recorreu à a medicina alternativa. "A meditação da atenção plena me ajudou a entender melhor o meu corpo e a controlar as minhas emoções". Ela também recorreu aos florais do sistema da Califórnia que oferece duas essências específicas para o bruxismo. Essas substâncias começam a ser alvo de estudos científicos.

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Oscar: No Portal da Eternidade

Vincent van Gogh foi um dos pintores mais influentes da história da arte ocidental. Em pouco mais de uma década, pintou mais de dois mil quadros . Vendeu apenas um em vida, o quadro “Vinhedo Vermelho”. Viveu cercado por polêmicas como quando cortara parte da orelha esquerda após uma discussão com o pintor francês Paul Gauguin. O novo trabalho do diretor americano Julian Schnabel, o filme No Portal da Eternidade, retrata com singeleza e bom gosto parte dessa história. O filme acompanha Van Gogh em suas inquietações. A câmera sempre muito perto dos personagens dá à narrativa um caráter intimista e nos transporta para o mais profundo das dores do pintor holandês. A fotografia é uma obra de arte à parte, com imagens que mais parecem quadros pintados por um talentoso pintor. O responsável pelo bom trabalho é o francês Benoît Delhomme, que tem no currículo a direção de fotografia do longa Teoria de Tudo.     O roteiro foi escrito a seis mãos por Jean-Claude Carrière, Louise Kugelberg e, acumulando a função de roteirista, Julian Schnabel. Para quem ainda não conhecia o trabalho do diretor, Schnabel ganhou em 2007 o prêmio de melhor direção em Cannes pelo filme O Escafandro e a Borboleta. Willem Dafoe encarna Vincent van Gogh. Após ser indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante por A Sombra do Vampiro e Projeto Flórida, disputa agora o prêmio de melhor ator. Parada nada fácil considerando concorrentes como Rami Malek por Bohemian Rhapsody e o favorito Christian Bale protagonista de Vice.  

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Lula Gonzaga guarda memória da animação em Gravatá

Além de produtor, Lula Gonzaga realizou diversas oficinas de formação de animadores de maneira itinerante pelo Brasil e até no exterior, mas um problema de saúde o impossibilitou de viajar. Os filhos decidiram então encampar um sonho de ter um espaço para guardar a memória da animação no Estado e fundaram o Museu de Cinema de Animação Lula Gonzaga, na cidade de Gravatá. “Esse espaço é o resultado do sonho do Dom Quixote Lula Gonzaga de expandir a produção e o conhecimento sobre animação. Ele viajava num Gurgel com suas oficinas. Sem poder mais ser itinerante, esse trabalho precisaria ser local”, conta Silvana Delácio,esposa do pioneiro, que recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. Lá estão expostos equipamentos antigos para a produção dos filmes, como o taumatrópio, o zoetropo e a mesa pedagógica. Só visitando para entender as suas funcionalidades num período sem câmeras digitais ou softwares avançados de edição. Além desses instrumentos, o espaço guarda desenhos, cartazes, bonecos, filmes e livros que remontam essa memória, incluindo muitas referências do curta A Saga da Asa Branca (1979), que contou com narração de Humberto Teixeira e trilha sonora autorizada por Luiz Gonzaga. “Esse é o primeiro museu de animação do Brasil. Há muitas coisas que juntei desde 1970, inclusive equipamentos originais na época em que os filmes eram feitos à mão”. O MUCA já recebeu realizadores, turistas e grupos de diversas faixas etárias interessados em mergulhar no universo da animação, além da possibilidade de realizar oficinas de produção “à moda antiga” que ainda são conduzidas pelo pioneiro. O espaço é aberto nas terças e sábados das 9h às 17h ou por agendamento pelo e-mail: cinemadeanimacao@gmail.com LIVRO   Para quem deseja conhecer mais sobre essa memória, outra dica é a leitura do livro A História do Cinema de Animação de Pernambuco, escrito pelo professor Marcos Buccini. A publicação conta desde a origem dessa atividade no Estado até o ano de 2016. “Uma aluna fez uma monografia sobre A animação no Ciclo do Super 8 em Pernambuco. Depois fiz meu doutorado contando toda a história desde 1968. O livro foi realizado com recursos do Funcultura em 2016. É uma história bem interessante que acompanha a evolução tecnológica e a questão cultural, com o forte regionalismo nessas primeiras produções”, conta o autor. Ao todo, foram 267 obras catalogadas desde o final dos anos 60. Só durante o Ciclo do Super 8 foram produzidas 11 animações no Estado, de acordo com o pesquisador. Buccini realizou mais de 50 entrevistas nesta publicação que foi lançada pela Editora Serafina. Sobre o trabalho dos pioneiros, Marcos Buccini e Rodrigo Carreiro escreveram em um artigo científico que “dos seis realizadores que resolveram encarar a empreitada de produzir um filme animado, somente dois – Lula Gonzaga e Walderes Soares – exploraram as técnicas de animação por um intervalo mais longo de tempo. Os demais tiveram apenas vivências casuais com o cinema de animação. Assim, por conta do isolamento dos agentes realizadores, da multiplicidade de técnicas e materiais em uma produção tão pequena e a falta da continuidade de novos filmes não se criou condições para o amadurecimento, o desenvolvimento e o compartilhamento das informações e dos processos no cinema de animação em Pernambuco", constatam os estudiosos. "Somente em 2000 surge uma nova geração que, estimulada pelas facilidades das tecnologias digitais, dá início a uma produção sólida de animações”.

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Domingo na Fundaj será de Carnaval

Frevo, maracatu, oficinas de adereços, circo, cinema e exposição. A segunda edição do Domingo na Fundaj, neste domingo 27, das 9h às 14h, no campus do Derby, será uma prévia de carnaval, com programação gratuita para toda a família. Para garantir a tranquilidade do público nas atividades externas, a Rua Henrique Dias será interditada parcialmente. No pátio interno do edifício terá atividades lúdico-educativas oferecidas pela Coordenação de Artes da Fundaj (COART). Além do jogo Twister e da pintura com pés e texturas diversas, que já estiveram presentes na primeira edição, teremos novidades. Uma delas é a oficina de adereços carnavalescos, em que as crianças vão compor máscaras tradicionais de Carnaval com tinta, glitter e outros materiais. Outra atividade que promete divertir e envolver o público é uma proposta inspirada em uma obra de Hélio Oiticica, intitulada Parangolé, na sala de videoarte Cristina Tavares. Os participantes poderão assistir vídeos que exibem o artista e outras figuras populares dançando, vestidas em seus parangolés. Em seguida, os espectadores poderão inventar seus próprios parangolés, a partir de materiais como sacos plásticos jornais. No cinema, a diversão é garantida com a exibição do filme infantil Tinker Bell Fadas e Piratas, que acontece às 10h00. Na entrada, que começa às 9h40, as crianças receberão adereços temáticos do filme. Já a Sala de Leitura Nilo Pereira recebe o público para contação de histórias sobre o Carnaval e visitação de exposição fotográfica. “Teremos uma exposição sobre Carnaval, destacando a Coleção Katarina Real com fotografias, e exposição de livros da Biblioteca. Ela foi responsável pelo resgate de diversas agremiações carnavalescas, promoveu a aceitação dos maracatus-rurais e trouxe para o centro da capital os ursos e os bois-de-carnaval, antes relegados aos subúrbios”, explica a coordenadora da Blanche Knopf, Nadja Tenório Pernambucano. O Museu do Homem do Nordeste proporcionará aos visitantes uma visita ao Muhne sem sair do lugar! No Museu 360º, os visitantes utilizarão óculos de realidade virtual para “estar” no Museu. A Galeria Vicente do Rego Monteiro recebe a exposição de roupas e máscaras de Carnaval “Aptidão para alegria: vem de berço”, disponível até depois do Carnaval. “O Museu dança, freva e canta. A ideia da exposição é mostrar que o Carnaval é uma festa republicana, uma festa para todos”, explica Ciema Mello, uma das responsáveis pela exposição. O Muhne ainda estará com uma oficina de construção de instrumentos musicais com material reciclado para crianças. Maracá, castanhola e tambor chinês são alguns do dispositivos que poderão ser confeccionados. Do lado externo, na Rua Henrique Dias, o Circo Brincantes estará montado oferecendo oficinas de malabares, tecidos, equilíbrio já a partir das 9h. No palco, as apresentações começam às 11h com orquestra de frevo e maracatu. Às 13h, o cortejo com as crianças que participaram das oficinas seguirá para essa área externa, acompanhados pela orquestra e pelo bloco Turma da Jaqueira Segurando o Talo. Serviço Domingo na Fundaj Local: Fundaj Derby, Rua Henrique Dias, 609 Dia: 27 de janeiro Horário: 9h às 14h Programação completa: Espaço para visitação Horário de funcionamento Capacidade Sala de videoarte Proposta: Hélio Oiticica - 9h às 13h 10 pessoas por Cristina Tavares Parangolés vez Sala de Leitura Nilo Pereira Contação de história e visitação da exposição 9h às 13h 20 pessoas Galeria Vicente do Rego Monteiro Exposição de roupas e máscaras de carnaval. 9h às 13h 100 pessoas Galeria Vicente do Rego Monteiro Museu 360 graus 9h às 13h 1 pessoa por vez Cinema Exibição de filme infantil: Tinker Bell Fadas e Piratas. 1h e 30 min 9h30 abertura da bilheteria 9h40 abertura da sala de cinema e distribuição dos adereços alusivos ao filme 10h 160 pessoas Corredor escada Cinema Distribuirão de adereços personalizados com temática do filme 9h30 100 crianças Pátio interno Pintura com pés e texturas diversas (crianças dos 1 aos 6 anos) 9h às 12h 100 crianças Pátio interno Twister (crianças a partir dos 7 anos) 9h às 12h 100 crianças Pátio interno Oficina: Adereços carnavalescos (crianças a partir dos 5 anos) 9h às 12h 100 crianças Pátio interno Oficina: Instrumentos musicais 9h às 12h 100 crianças Pátio interno - Rua Apresentação de blocos ou bandas de carnaval levando em desfile o público até a rua onde haverá a integração com as atividades circenses e unidades de alimentação. 12h às 13h Público geral Contatos: Karla Veloso: (81) 99964-9033 Thaís Mendonça: (81) 99948-4518 Malu Didier: (81) 99606-5812 Laís Nascimento: (81) 99444-9011

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Crítica| Creed II

Retomar uma franquia de sucesso é bem arriscado. O estúdio que abraçar tal missão terá a dura tarefa de agradar a fãs exigentes e ao mesmo tempo cair no gosto da crítica especializada. A franquia Rocky é um bom exemplo. Após dezesseis anos de hiato, Stallone encarnou outra vez o famoso lutador Rocky Balboa no filme homônimo, arrancando elogios de fãs e crítica em 2006. E quando muitos pensavam que acabaria por aí, chegou aos cinemas, nove anos depois, o excelente Creed (2015), dando início a uma nova fase para os filmes do garanhão italiano, que rendeu a Stallone uma indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante. A boa resposta nas bilheterias (custou US$ 35 milhões e arrecadou quase US$ 174 milhões) resultaria, inevitavelmente, numa sequência. Creed II estreia nesta quinta (24) promovendo o retorno de um personagem que, de alguma forma, marcou a trajetória de Rocky Balboa nos ringues. Na história, após assumir o posto de novo campeão dos peso-pesados, Adonis Creed (Michael B. Jordan) é desafiado por Viktor Drago (Florian Muteannu), filho de Ivan Drago (aquele mesmo que matou Apollo Creed numa luta de exibição em Rocky IV). Dolph Lundgren retorna ao papel do já aposentado lutador russo. Diferente do primeiro filme, que apresentou uma trama forte e uma subtrama consistente, focada no problema de saúde de Rocky, neste não conseguimos notar qualquer evolução em Adonis, que enfrenta aqui os mesmos conflitos existenciais do longa anterior. A dupla Sylvester Stallone e Cheo Hodari Coker (Luke Cage, NCIS: Los Angeles), responsável pelo roteiro, optou por não se arriscar, entregando uma narrativa conservadora ao extremo e uma história, por vezes, previsível.   Creed II deverá, sim, agradar aos fãs do gênero, ainda que não tenha a mesma pegada e bom nível do seu antecessor. A volta de Ivan Drago despertará, na pior das hipóteses, a curiosidade daqueles que vêm acompanhando a franquia desde o início. A produção de Creed III já recebeu sinal verde e deverá marcar o fim da carreira de Rocky nos cinemas. Em entrevista recente, Michael B. Jordan expressou o desejo de, com seu personagem, enfrentar o filho de Clubber Lang (Mr. T, aquele mesmo de Rock III) em Creed III. Penso que o melhor caminho para a conclusão da trilogia seria justamente o oposto disso. Chegou a hora de Adonis Creed sair da sombra de Rocky e usar as próprias luvas.  

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O Movimentado Mercado da Animação

Seja na TV ou nas telonas, a maioria das pessoas é introduzida ao universo do audiovisual com a animação. Os desenhos e filmes consumidos pelos brasileiros, ainda em sua maioria norte-americanos ou japoneses, iniciaramum processo de nacionalização nos últimos anos.Uma mudança impulsionada pelas políticas públicas de incentivo à cultura. E a produção pernambucana tem se destacado neste cenário. O crescimento dos festivais no Recife e no interior, a empregabilidade de animadores e demais profissionais que atuam neste circuito e as premiações das obras pernambucanas são alguns sinais desse movimento cultural em crescimento. O  Mundo Bita, da produtora Mr. Plot, é o maior case desse novo momento da animação em Pernambuco. Consolidado em rede nacional e dando os primeiros passos no exterior, a produção alcança por mês a marca de 100 milhões de visualizações só no Youtube. “O Mundo Bita já é uma marca que tem seu espaço nas famílias com criança na faixa etária de 0 a 6 anos. E tem muito a crescer ainda, pois tem apenas 8 anos de vida. Mickey, por exemplo, tem 90. A Mônica, 50. Bita é um menino”, comenta Felipe Almeida, sócio e diretor da empresa Mr. Plot. A empresa conta atualmente com uma equipe interna de 14 profissionais. Esse número triplica se contar as produtoras e companhias de teatro que fazem shows do Mundo Bita pelo Brasil. Felipe afirma que a marca tem ainda contratos com 10 empresas que fabricam produtos licenciados, como brinquedos, artigos para aniversários e itens de higiene bucal. A animação está presente em plataformas como o Netflix e o Discovery Kids.  Outra série pernambucana em destaque é a Além da Lenda, que foi exibida na TV Brasil e na Globo Nordeste. A animação nasceu nas mãos da equipe de criação da produtora Viu Cine, que também realizou Pedrinho e a Chuteira da Sorte e está em atividade desde 2015. “Chegar ao quarto ano de produção ininterrupta para a gente é uma vitória. Produzir animação é complexo”, conta o diretor Ulisses Brandão. A Viu Cine está produzindo o primeiro longa-metragem de animação de Pernambuco com os personagens do Além da Lenda. A previsão de lançamento é para 2020. No longa trabalham cerca de 50 pessoas, juntando as diferentes etapas de produção. A carteira de projetos da produtora conta ainda com uma nova produção de Pedrinho e a Chuteira da Sorte; a estreia do primeiro projeto para o público pré-escolar e em 3D, o Zoopedia; e o Iuri Udi, a principal aposta da empresa. “Fechamos uma parceira com um grande canal de animação para o Iuri Udi. É uma série para 2021 e 2022. Temos uma grande expectativa de alcançar voos maiores com ela”, afirma Ulisses. A Mr. Plot e da Viu Cine não estão sozinhas. A ZQuatro Stúdio (que produziu Bela Criativa), a Produções Ordinárias (da série Foi assim, foi assado) e a Carnaval Filmes (de Bia Desenha e Dó Ré Mi Fadas) são outros players de destaque. O sucesso deles não acontece por acaso. De acordo com o presidente da ABCA-PE (Associação Brasileira de Cinema de Animação em Pernambuco), Tiago Delácio, os editais do Ministério da Cultura e da Fundarpe conseguiram viabilizar profissionalmente o setor. “Com a política de investimentos na cultura foi possível o surgimento das produtoras e a dedicação exclusiva de profissionais no ofício da animação. Hoje há muitos produtores e é difícil encontrar um animador desempregado em Pernambuco”, comenta o presidente da associação. Ele estima que mais de 100 animadores atuem profissionalmente no Estado. “É possível chegar em torno de 200 pessoas”. Filho de Lula Gonzaga, um dos pioneiros da animação em Pernambuco, Delácio também é produtor. Ele foi codiretor do clipe animado Eu o declaro meu inimigo, da banda pernambucana Devotos, e está trabalhando no curta Ciranda Feiticeira. Além do volume de profissionais e do alcance das produções em diversos canais, as animações têm conseguido marcar presença em grandes premiações. A última produção a se destacar foi Guaxuma, de Nara Normande, que é alagoana, mas desde o ano 2000 reside no Recife. “Guaxuma tem sido bem aceito nos mais variados festivais, tanto de cinema em geral, como festivais específicos de animação ou de documentário. O filme tem uma linguagem universal, o que facilita sua aceitação. Estou bem feliz com o retorno do público, tenho recebido muitos relatos sinceros sobre o filme”, conta Nara. Produzida em areia, a animação exibe um belo resultado estético ao fundir três técnicas: stop motion feita com bonecos, animação tradicional em 2D e esculturas modeladas na areia molhada. O filme coleciona 22 prêmios e duas menções em importantes festivais nacionais e internacionais. Nara avalia que Pernambuco vive seu melhor momento da animação. “Tem muita coisa sendo produzida, o fundo de incentivo à cultura do Estado aliado a alguns polos de tecnologia, como o Portomídia, ajudou bastante a impulsionar o cinema de animação pernambucano. Mas é também um cinema muito recente. Ainda faltam muitos caminhos e desafios para a animação se consolidar no Estado, diferente do cinema live-action (filmes com atores reais), que já ocupa seu lugar de destaque”. O Portomídia, mencionado por Nara, é o braço do Porto Digital para fomento da economia criativa. Sua primeira instalação, em 2013, focou justamente no cinevídeo animação. “Fomentamos cinco linguagens da economia criativa, mas no primeiro momento definimos que o carro-chefe seria cinevideo animação por causa da importância do audiovisual pernambucano. Percebemos que os grandes realizadores estavam todos no Sul e Sudeste e quando fomos indagar a razão disso, um dos motivos é que não era possível fazer a pós-produção em audiovisual aqui na região. Funcionamos com uma série de laboratórios para atender essa demanda no Estado”, conta Clara Arruda, coordenadora de marketing e economia criativa do Porto Digital. Na primeira fase do Portomídia, focada na pós-produção, foram investidos R$ 14 milhões na estrutura que presta serviços de educação, experimentação, empreendedorismo e exibição. Alguns projetos de destaque que passaram pelas salas desse espaço foram Ex-Mágico, Do Ré Mi Fadas e Bia Desenha. Apesar do crescimento, duas preocupações principais assombram o setor. A primeira é

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