Rafael Dantas, Autor Em Revista Algomais - A Revista De Pernambuco - Página 295 De 443

Rafael Dantas

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Flaira Ferro lança novo clipe

A artista pernambucana Flaira Ferro lança nesta terça (28) o clipe Lobo Lobo, sétima faixa de seu segundo e elogiado álbum autoral Virada na Jiraya. Lançado em 2019, o disco foi produzido pelo músico Yuri Queiroga, e Lobo Lobo é o quarto lançamento audiovisual e independente disponibilizado pela artista em seu canal do youtube. Depois das produções realizadas com grandes elencos em “Coisa Mais bonita”, “Revólver” e “Suporto perder”, o público recebe desta vez um clipe de performance solitária correspondente aos tempos de isolamento e pandemia. Filmado e produzido durante a quarentena, Lobo, Lobo reúne imagens caseiras editadas com material de acervo das projeções de seu show ao vivo. Fruto da parceria com a artista visual Mary Gatis, que assina a direção e a montagem do trabalho junto com Flaira, Lobo, Lobo é uma sátira aos vampiros do cotidiano que disfarçam suas más intenções em personagens aparentemente inofensivos. Os versos de abertura trazem a denúncia imediata na constatação do “olhar clínico para detectar cínicos de aura inofensiva que dão a mordida quando você se distrai”. A lente vermelha que abre o clipe traz o tom alarmante da paleta de cores que, do meio pro fim, envolve-se em preto, branco e azul. Flaira se transfigura em vários personagens numa edição ágil e cheia de sobreposições de quadro que formam uma sequência vibrante afinada ao rock cheio de ira, humor e ironia. A composição é uma parceria com os artistas Igor de Carvalho e Mayara Pêra e o clipe estará disponível a partir das 19h da terça no canal de youtube da artista. Veja o clipe a partir das 19h no Canal do Youtube de Flaira Ferro https://www.youtube.com/channel/UCVizSbbXeMSDriKxUlCk_cg/videos  

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Dicas para um boa alimentação na pandemia

Para ajudar as pessoas a se alimentarem de forma saudável por um baixo custo, o Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPE, em parceria com o Departamento de Nutrição (DN) e o Laboratório de Nutrição Experimental e Dietética (LNED), produziu o “Guia para alimentação de ‘menor custo’ e estilo de vida saudáveis em período de distanciamento social pela Covid-19”. O material apresenta informações nutricionais para melhoria da função imunológica, orientações para a manutenção de hábitos saudáveis, alimentação e a Covid-19, além de receitas práticas de algumas preparações e orientações para a prática de atividade física e estilo de vida saudável durante o distanciamento. Outro ponto fundamental para a manutenção da boa alimentação são as boas práticas de higienização de alimentos. Os cuidados com o pré-preparo e preparo de alimentos são fundamentais para controlar a contaminação, evitando problemas de intoxicação e doenças relacionadas ao consumo inadequado dos alimentos. HOBBY – “A culinária nos faz compreender o significado da saúde, favorece o resgate das tradições familiares, promove a autoconfiança, ajuda a aliviar o estresse, desenvolve a criatividade, ativa a memória e a capacidade de concentração, proporciona satisfação, melhora a capacidade de organização. É um momento de terapia que beneficia a saúde mental.", pontua a professora. Seguindo a perspectiva de ver a culinária como alternativa de lazer, alívio de estresse e que proporciona momento de união entre famílias, o projeto “Fluir com a Vida” da Diretoria de Qualidade de Vida (DQV) da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida (Progepe), elaborou uma coletânea para registrar a produção culinária de técnicos e docentes, bem como suas memórias afetivas acerca dessas experiências que tornam a convivência com a pandemia menos desafiadora. Àqueles que se interessarem, o “Fluir com a Vida” continua a receber receitas por meio do clube@ufpe.br. O objetivo é que novas coletâneas sejam feitas.

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Imunidade coletiva pode ser alcançada com até 20% de infectados, sugere estudo

Um estudo publicado em 24 de julho na plataforma medRxiv, ainda sem revisão por pares, estima que o limiar de imunidade coletiva ao novo coronavírus (SARS-CoV-2) – também conhecida como imunidade de rebanho – pode ser alcançado em uma determinada região se algo entre 10% e 20% da população for infectada. Caso a projeção se confirme na prática, os desdobramentos tendem a ser positivos em dois aspectos. Primeiro porque significa que é pequeno o risco de ocorrer uma segunda onda avassaladora da pandemia nos países que adotaram medidas para conter a disseminação da COVID-19 e hoje já registram queda no número de novos casos. Em segundo lugar porque indica ser possível para uma cidade, um estado ou um país alcançar o limiar de imunidade coletiva mesmo tendo adotado medidas de distanciamento social que ajudam a evitar o colapso do sistema de saúde e a minimizar o número de mortes. “Nosso modelo mostra que não é preciso sacrificar a população deixando-a circular livremente para que a imunidade coletiva se desenvolva. Por outro lado, sugere que também não há necessidade de manter as pessoas em casa durante muitos e muitos meses, até que se aprove uma vacina”, afirma à Agência FAPESP a biomatemática portuguesa Gabriela Gomes, atualmente na University of Strathclyde, no Reino Unido. O modelo matemático ao qual a pesquisadora se refere foi desenvolvido em colaboração com cientistas do Brasil, Portugal e Reino Unido. Entre os coautores do artigo estão o professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) Marcelo Urbano Ferreira e seu aluno de doutorado Rodrigo Corder. “Temos trabalhado juntos com Gabriela Gomes há alguns anos usando essa abordagem para descrever a dinâmica de transmissão da malária na Amazônia brasileira, com apoio da FAPESP. Ela também já havia feito alguns estudos sobre tuberculose. O modelo que usamos é diferente dos demais, pois leva em conta o fato de que o risco de contrair uma determinada doença varia de pessoa para pessoa”, conta Ferreira. Como explica Gomes, os fatores que influenciam o risco de um indivíduo contrair a COVID-19, por exemplo, podem ser divididos em duas categorias. Em uma delas estão os de ordem biológica, como a genética, a nutrição e a imunidade. Na outra se inserem os fatores comportamentais, que determinam o nível de contato com outras pessoas que cada um de nós tem no cotidiano. “Isso tem relação com o tipo de ocupação, o local de moradia, os meios de deslocamento e até o perfil de personalidade. Uma pessoa que prefere ficar em casa lendo um livro tem um risco menor de se expor ao vírus do que quem sai com muita frequência e se relaciona com muitas pessoas”, diz a pesquisadora. De acordo com Gomes, os modelos que estimaram o limiar de imunidade ao SARS-CoV-2 variando entre 50% e 70% consideram que o risco de infecção é o mesmo para todos os indivíduos. “Temos visto que, no caso da COVID-19, quanto maior é o grau de heterogeneidade da população, mais baixo se torna o limiar da imunidade de grupo”, afirma Gomes. Métodos de cálculo e políticas públicas Medir em cada indivíduo de uma população cada um dos fatores que influenciam a suscetibilidade de contrair o novo coronavírus para então calcular qual seria o chamado “coeficiente de variação” – parâmetro-chave do modelo descrito no artigo – seria algo inviável. Por esse motivo, os pesquisadores optaram por fazer o caminho de trás pra frente. “Sabemos que se alterarmos o coeficiente de variação há um impacto na curva epidêmica projetada pelo modelo. Decidimos então fazer o reverso: usamos a curva epidêmica de países em que a epidemia já estava em fase avançada para calcular o coeficiente de variação”, explica Gomes. A versão mais recente do trabalho se baseia em dados de incidência (número de novos casos diários) da Bélgica, Inglaterra, Espanha e Portugal. “Pretendemos em breve estudar os dados do Brasil e Estados Unidos, onde a epidemia ainda está em evolução”, diz a pesquisadora. Segundo os autores, embora o coeficiente de variação seja diferente em cada país, de forma geral, o limiar de imunidade coletiva tende a ficar sempre entre 10% e 20% e isso é extremamente relevante para a formulação de políticas públicas. “Em locais onde o limiar de imunidade coletiva já foi alcançado, a tendência é que o número de novos casos continue a cair mesmo se a economia for reaberta. Mas, caso as medidas de distanciamento sejam relaxadas antes de a imunidade coletiva ser alcançada, os casos provavelmente voltarão a subir e os gestores devem estar atentos”, afirma Corder. “Conceitualmente, após atingir a imunidade coletiva, a transmissão tende a se prolongar caso as medidas de controle sejam retiradas rapidamente”, alerta. Segundo o relato de Gomes, em Portugal é possível observar duas situações distintas. A região norte, por onde o vírus entrou no país, foi bem mais impactada no início da pandemia e agora, mesmo com a economia reaberta, o número de casos novos permanece em queda. Já no sul, onde se localiza a capital Lisboa, os casos seguem tendência de alta. “Por enquanto são surtos localizados, em bairros de Lisboa, que estão sendo localmente contidos por meio de testagem e isolamento de infectados. As pessoas só foram liberadas para voltar ao trabalho em Portugal após fazerem testes”, conta a pesquisadora. Situação parcialmente semelhante ocorre no Brasil. A região de Manaus (AM), no Norte, aparentemente atingiu o pico da curva epidêmica em maio, quando houve o colapso do sistema de saúde. Depois disso, o número de novos casos tem caído mesmo com a economia aberta e as escolas retomando as atividades presenciais. Estudos sorológicos indicaram que em cidades como Manaus e Belém, no Pará, mais de 10% da população já tem anticorpos contra o novo coronavírus. Já a região Sul, que registrou um pequeno número de infecções no início da epidemia e onde o índice de soroprevalência na população estava em torno de 1% em maio, tem registrado um aumento no número de casos novos à medida que as atividades estão sendo retomadas.

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Prefeitura do Recife investe R$ 30 milhões na proteção de 40 encostas

Da Prefeitura do Recife A segurança da população que mora nas áreas de morro da cidade é uma das prioridades da Prefeitura do Recife. Para garantir a tranquilidade dessas famílias, as obras da Operação Inverno não param e ganham um reforço de mais de 30 milhões de reais para a realização de trabalhos de contenção definitiva de encostas em cerca de 40 ruas que representam pontos de risco no Recife. O investimento vai beneficiar diretamente mais de seis mil pessoas que vivem em área de risco da cidade. O prefeito Geraldo Julio autorizou o início da primeira obra ontem (27), no Jardim Monte Verde, no Ibura. “Aqui em Jardim Monte Verde, no Ibura, estamos dando início a um grande pacote de mais de 40 obras de contenção de encostas, com mais de R$ 30 milhões de reais investidos e mais de 700 empregos gerados. Aqui, especificamente, são 80 famílias beneficiadas. Uma obra muito grande com um muro de contenção e toda a parte de preparação para o inverno. As pessoas daqui vão ficar seguras durante a chuva do inverno. É o benefício da obra da encosta e é o benefício do emprego que está sendo gerado”, avaliou o prefeito Geraldo Julio. Além do benefício direto às 1.660 famílias, o anúncio representa reforço na geração de renda com a profunda crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Ao todo serão gerados 700 empregos diretos com o investimento. Os serviços serão executados pela Autarquia de Urbanização do Recife (URB), com verbas do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (FINISA). As 40 obras incluirão a drenagem, estabilização, contenção e construção de muro de arrimo, beneficiando 11 comunidades da cidade. São elas: Nova Descoberta, Linha do Tiro, Jordão Baixo, Beberibe, Dois Unidos, Brejo da Guabiraba, Bomba do Hemetério, Várzea, Vasco da Gama, Ibura e Alto José Bonifácio. Em Jardim Monte Verde, as famílias que moram nas ruas Maurício de Nassau, Monte Pascoal, Lírio dos Vales e Rosa de Saron, serão beneficiados. São mais de 300 pessoas que vão estar mais protegidas no inverno. As obras contemplam a instalação de tela argamassada, construção de escadarias e muros de arrimo. O investimento total é de R$ 2,7 milhões. Junto com os trabalhos já em andamento na cidade, as novas intervenções totalizam 47 obras. Atualmente, estão em fase de execução os trabalhos nos seguintes pontos da cidade: rua Empresário Ernesto Lundgren, em Lagoa Encantada, no Ibura, rua Córrego do Curió, em Dois Unidos, ruas João Carneiro da Cunha e Expedicionário Alcebíades da Cunha, em Rosa Selvagem, rua Córrego da Telha, no Passarinho, rua Benigno Jordão de Vasconcelos, no Ibura, e na Travessa da Diadema, no Vasco da Gama. Os serviços totalizam um investimento na ordem de R$ 8 milhões. Ao todo, a Prefeitura do Recife já realizou a proteção de mais de 400 pontos na cidade desde 2013, com 384 obras do Programa Parceria e 53 obras de encosta definitivas realizadas pela URB.

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Idoso de 89 anos costura máscaras em projeto para comunidade

O aposentado Raymundo Guedes Gondim está prestes a completar 90 anos e tem disposição de sobra. Ele é a prova que a idade avançada não é motivo para reclamar de cansaço e muito menos para deixar de fazer o que gosta. Totalmente lúcido e ativo, o idoso foi um dos contemplados pelo Comunidade Protegida, projeto que oportunizou costureiros e costureiras para produção de máscaras de proteção e distribuição em áreas carentes da Região Metropolitana do Recife. "Gostei de participar do projeto para poder ajudar quem precisa", adiantou, ao contar sobre seu envolvimento no ‘Comunidade Protegida’. Sr. Gondim como é conhecido, sempre se dedicou em trabalho voluntário. Na Igreja de Boa Viagem, por exemplo, ele participava de trabalho social e ensinava mulheres a costurar. Se doar para os outros: essa é uma das maiores qualidades dele, e pode ser vista dentro da casa que mora. Esposo companheiro e dedicado, passa maior parte do tempo cuidando da esposa, Socorro Gondim, de 82 anos. “Faço hoje o que fiz a vida toda, costurar e viver pra família. Tenho muita disposição e não sei ficar parado”, contou, ao revelar que a maior dificuldade hoje é a falta de uma boa audição. “Não penso na idade, faço o que for possível, contou Raymundo. Ele já trabalhou na área de contabilidade, mas a sua dedicação maior sempre foi com costura. Paraense de nascença, adotou o estado de Pernambuco há 55 anos. Raymundo é pai de um filho e neto de duas garotas. Otimista, brincalhão, ele tem muita vontade de viver e gosta de fazer novas amizades. "Sobre o futuro é viver dia após dia com tranquilidade”, concluiu Gondim. Comunidade Protegida é um projeto voltado para distribuição gratuita de máscaras de proteção para atender pessoas em situação de vulnerabilidade social a se proteger do coronavírus, que através de mobilizações do terceiro setor, promove oportunidades de geração de renda para moradores de comunidades de baixa na confecção de corte e costura. E o Cidadania Para Todos é um instituto pernambucano, que há 11 anos tem foco em iniciativas sociais voltadas para projetos de cidadania, educação, esportes, cultura, arte e lazer. As ações do Cidadania estão focadas em Pernambuco, mas as parcerias vão além das fronteiras do Estado. A organização tem trabalhos com organizações privadas da região Sul-Sudeste e no exterior.

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Nos arredores da Livro 7

*Por Paulo Caldas O livreiro Tarcísio Pereira, o Senhor 7, foi quem abriu os espaços para o surgimento de movimentos literários, novos escritores e leitores no entorno da sua Livro 7, por mais de 20 anos. Amante dos livros, depois de trabalhar na livraria Imperatriz sobre a orientação do livreiro Jacob Bernstein, Tarcísio montou uma lojinha apertadinha no térreo edifício Amaraji, na Rua 7 de setembro, e mais tarde, se instalou do outro lado da rua, num casarão entre a Rua do Riachuelo e Avenida Conde da Boa Vista. Aquele seria o primeiro passo para a eclosão dos movimentos e união de leitores com escritores. A Livro 7 se impôs como ponto de encontro e base de apoio para efervescência reprimida da literatura pernambucana naquela época. O fenômeno tomou impulso quando levado pela ousadia, Tarciso Pereira abraçou a ideia de transformar a apertada lojinha do casarão numa “pan-livraria”, como diria tempos depois o sociólogo e antropólogo Gilberto Freyre, ocupando 1.200 metros quadrados de um galpão onde funcionara uma oficina mecânica, acho que São Cristóvão, e ali conseguiu abrigar mais de 70 mil livros, um dado histórico para uma livraria aqui entre nós paraíbas. 0 caráter empreendedor do Mister 7 foi além da prática das vendas com bom atendimento e ele transformou a livraria no lugar de eventos literários, promovendo lançamentos de livros de tanto de notáveis; Gilberto Freyre, Miguel Arraes, Sidney Sheldon quanto de neófitos, numa média de dois eventos por semana. Naquele clima, de forma espontânea, foi criada a Calçademia da Livro 7. Esperto, Tarcísio colocou dois bancos de jardim na calçada e o resultado foram reuniões informais para a troca de livros, comentários sobre o mundo da literatura, a vida dos outros, poetas mostrando versos, lorotas, putaria, galanteios às comerciárias do começo da noite, entremeados por críticas ao governo e discussões sobre quem é melhor do que quem. A Calçademia reuniu artistas plásticos, poetas, leitores, jornalistas e curiosos. A cada fim de tarde, parecia até um compromisso formal o simples fato de estar ali, naquele lugar, naquela hora. O convívio daquele pessoal se estendia por todo o ano, sobretudo no Carnaval. Era a hora da Troça Carnavalesca Nós Sofre Mas Nós Goza, quando se destacava a irreverência das fantasias, críticas bem-humoradas, participação dos artistas das letras em meio à cidade, ao povão... Na semana pré-carnavalesca, o próprio Tarcísio botava uma escada e subia nos postes para embandeirar a rua. A primeira vez que fui à saída da troça, a ansiedade me fez chegar na Rua 7 às dez da manhã. Os foliões só apareceram perto de uma da tarde e eu lá contando as horas. Creio que acompanhei o Nós sofre por uma dúzia de anos. Depois, uma multidão de anônimos maior a cada Carnaval me fez recolher antes de ouvir os clarins de Momo. Minha chegada àquele universo se deu por acaso. Quando em 1979, ao lado do amigo Evaldo Donato terminamos um livro chamado “No tempo do nosso tempo” e estávamos com aquele calhamaço de papéis datilografados e fotos em preto e branco meio enfadadas. Sabendo de nossa angústia em publicar aquele troço, o artista plástico Sílvio Malincônico, meu amigo de pelada, indicou: pergunta a Tarcísio da Livro 7. E funcionou. Perguntei e ele disse. - Fala com Jaci Bezerra da Edições Pirata. - Onde encontro ela? - Jaci, é homem, deve estar aí no barzinho. Era um barzão. A área externa do casarão repleto de mesas e gente, garçons rodopiando as bandejas, perguntei a um deles quem era o tal Jaci. - Tá naquela mesa. É o moreno. Procurei me aproximar umas três vezes, os caras, tinha uns oito, bebiam e falavam, falavam e bebiam. Tomei coragem, pedi licença, contei o caso e a discussão lá, rolando. Aí ele pegou o envelope. - Vou levar pra dar uma olhada. Depois eu te digo. - Como lhe acho? - Aqui ou na Fundação Joaquim Nabuco. Saí meio desconfiado. Voltei a Malincônico. - É isso mesmo, Jaci é da Pirata. A Edições Pirata foi inventada por Jaci Bezerra, um dos mentores da Geração 65, ao lado de Alberto da Cunha Melo, Domingo Alexandre, Zé Luiz de Almeida Melo, Zé Carlos Targino, Juhareys Correya, Angelo Monteiro, José Mario Rodrigues, Marcelo Mário Melo e a turma da Fundação Joaquim Nabuco com Arnaldo Tobias e as meninas escritoras Vernaide Wanderley, Myriam Brindeiro, Eugênia Menezes, Nilza Lisboa, além de Tereza Tenório, Lourdes Hortas, teve mais gente, mas não lembro agora. A palavra de ordem era que o escritor deveria produzir seu próprio livro num terceiro expediente, e tome trabalho: corrigir texto, colecionar páginas impressas ao redor de uma mesa gigante, passar cola, serrar lombada, tudo isso na casa de Myriam Brindeiro, aqui em Casa Forte. A Pirata lançou muita gente; o critério era: quem julga é o leitor, e assim fez uma revolução na literatura da época, com os pilares apoiados na Geração 65. Este grupo contava com a simpatia do poeta e crítico literário César Leal, editor do caderno de literatura do Diario de Pernambuco. Os piratas faziam lançamentos na rua, na escadaria da Faculdade de Direito, na Ponte da Boa Vista, coisa séria, original, sem porralouquice. Em 1982, 1983, criaram o selo Piratinha, com livrinhos voltados para crianças com festas de lançamento nas praças do Derby e de Casa Forte, quando participei com duas historinhas bestas, criadas pra menino dormir. A Pirata também contava com o aconchego da poetisa Celina Holanda, em encontros e saraus no seu apartamento ali no Derby. O nível elevado da produção dos poetas, a divulgação na imprensa fez a Geração 65 inspirar seguidores e motivou o surgimento de outros grupos no mesmo cenário: o território compreendido entre o Beco da Fome, ruela espremida entre o Edifício Pirapama e a Lojas Americanas, em frente da banca de Manuel Português, o casarão onde funcionou também a Disco 7, loja especializada em música boa, a Livro 7, o trailer de Anselmo, o bar Calabouço (sucessor do Bier House), a lanchonete Cascatinha, o fiteiro de Biu e

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Gabriel Serrano: "Meu medo é a interferência da política em conduta de saúde"

A probabilidade de o Brasil sofrer uma segunda onda da Covid-19 é pequena, segundo o infectologista do Hospital do Imip e da consultoria Superare, Gabriel Aureliano Serrano. Mas não se trata propriamente de um mérito do País. Segundo o especialista, que também atua na Prefeitura de Olinda, muitos países que apresentaram elevação no número de casos, após um período de queda, foram aqueles que fizeram o isolamento corretamente e depois reabriram as atividades. Ele acredita que no Brasil, ao contrário, haverá um período de estabilidade da quantidade de contaminados, com um volume elevado de mortes até a chegada da vacina. Mas nem tudo são más notícias. Serrano ressalta que nunca a ciência produziu tanto sobre um tema como na pandemia da Covid-19. Novas maneiras de seproduzirem vacinas são esperadas, assim como tratamentos baseados na medicina genética. Cidades que estão com planos de abertura mais avançados no País, no Norte e Nordeste, seguem há mais de um mês apresentando queda em números de infectados e mortes. Quais as possíveis hipóteses para esse desempenho? Temos que lembrar que Pernambuco, assim como outros locais do País, tem uma taxa de testagem muito baixa. Não existe nenhum estado que tem a quantidade de teste suficiente. O Brasil chegou recentemente à taxa de 1,5 milhão de testes, quando algumas cidades do mundo conseguiram atingir cinco, seis vezes esse volume no primeiro mês de combate à infecção. Participamos de uma promoção de saúde que não tem informação de forma atualizada, mas vimos que há uma tendência de estabilidade (não de queda franca) do número de infectados. Foram também criados mais leitos de forma emergencial. Isso fez com que diminuísse a lotação nos hospitais e a quantidade de pessoas precisando de respirador na fila de espera. O que também ajuda na articulação de condutas públicas, porque ao diminuir essa fila, consegue-se propor ações que alterem menos a rotina das pessoas. Em Pernambuco e em alguns estados do Nordeste, foram adotadas algumas condutas, que não foram verificadas em outros lugares do Brasil. Moramos num país continental, assim como na Europa vimos alguns países tendo quadros epidemiológicos diferentes de outros, em momentos diferentes, ao mesmo tempo às vezes, no nosso País, há estados também que podem ter um momento epidemiológico diferente de outros. Como vemos, agora, Curitiba aumentando o número de casos em mais de 100%, enquanto Pernambuco mantém estabilidade há mais de um mês, com a tendência de redução. Mas, temos que lembrar que o dado que usamos aqui no Estado e no Brasil é referente principalmente a mortalidade e ocupação de leitos. Isso faz com que aumente a quantidade de tempo para termos noção da consequência daquilo que está sendo adotado como conduta. Quais as chances de enfrentarmos uma segunda onda da transmissão da Covid-19? Isso é muito complicado. Houve uma segunda onda em alguns locais, muito em razão de que havia muita gente respeitando o isolamento. Quando as pessoas saíram dessa condição, teve esse risco de uma segunda onda. Mas aqui no Brasil não alcançamos uma taxa de isolamento maior do que 70% em lugar nenhum. Não conseguimos ter essa disciplina, tivemos um resultado muito pior, constatado pelo número de morte que o País apresenta. Então, a chance de ocorrer a segunda onda por causa de uma reabertura é menor. A gente pode ter uma segunda microelevação, mas não seria uma onda como a primeira. Na sua opinião qual é a perspectiva de evolução da pandemia em Pernambuco e no Brasil? Fazemos muito pouco teste, temos que brigar contra as fake news e contra uma série de problemas com que não precisaríamos brigar. Não vemos essa briga acontecendo em alguns países. Não basta a gente brigar contra um vírus novo, temos que brigar com outras pessoas que insistem com a desinformação, isso atrapalha muito. Temos um governo que não tem ministro da Saúde, não é a questão de ser de direita ou esquerda, a questão é a necessidade de um planejamento. Qual é o planejamento do Ministério da Saúde no País agora? Ninguém sabe. O que temos é a sorte de que, pelo azar de sermos o epicentro da infecção, as empresas quererem fazer testes aqui, porque temos muita gente infectada e com uma taxa de infecção aumentando ainda. Tivemos 1.364 mortes ontem (dia 21), em 24 horas, um número absurdo. E há estados, como São Paulo, reabrindo algumas atividades, enquanto o número de mortes aumenta. Temos que entender que a ciência tem que ser usada como motivo para a conduta em todos os momentos, não só pela conveniência, ou seja, no começo ao se fazer o lockdown, a ciência era soberana. Agora, para reabertura, a ciência é esquecida? Há muito mais política do que ciência sendo levada em consideração. Meu medo é a interferência da política em conduta de saúde. Veja, eu discuto com gente sobre hidroxicloroquina, que quatro meses atrás, nunca tinha ouvido falar nesse assunto. Como é que alguém vai opinar sobre o medicamento que não sabe o que é, nunca viu um estudo a respeito do remédio, não entende de dose ou de efeito colateral, não sabe como funciona e fica dando palpite se o medicamento precisa ou não ser prescrito? Inclusive há médicos prescrevendo medicação como se off label significasse que pode ser prescrito (off label é quando o medicamento pode ser usado para o tratamento de determinada doença diferente daquela para a qual é formalmente indicado.) Todos os argumentos que usam para utilizar hidroxicloroquina eu poderia usar para dipirona para tratar a Covid-19. Ambos não têm prova que funcione. Mas alguns argumentam: mas a hidroxicloroquina tem indícios de que pode ser eficaz contra o novo coronavírus. Não tem. A dipirona também não tem. A minha perspectiva da evolução da doença é que eu acho que vai continuar tendo muitas mortes, por causa dessa grande taxa de pessoas infectadas e da baixa testagem. Vamos ficar num platô durante muito tempo, até chegar um ponto em que pode haver uma redução, mas isso só vai começar a mudar, na minha opinião, quando a

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