Alta da Selic afeta imóveis de médio e alto padrão e reduz crédito imobiliário
Especialista aponta retração de 15% a 20% no financiamento e migração de incorporadoras para segmentos mais resilientes. Foto: Freepik A recente elevação da Selic para 14,25% ao ano, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), intensifica os desafios do mercado imobiliário, impactando principalmente os imóveis de médio e alto padrão. Com o custo do financiamento mais elevado, incorporadoras buscam refúgio nos segmentos Minha Casa Minha Vida e Luxo, enquanto investidores analisam oportunidades estratégicas diante do novo cenário. Segundo Amadeu Mendonça, especialista em negócios imobiliários e sócio do escritório Tizei Mendonça Advogados Associados, o setor imobiliário depende fortemente da disponibilidade de crédito. "De um lado, construtoras e incorporadoras precisam de financiamento para viabilizar projetos. De outro, consumidores que adquirem imóveis prontos também recorrem ao crédito, geralmente atrelado à poupança. Com taxas de juros elevadas, o setor sofre diretamente o impacto da restrição no crédito", explica. "De um lado, construtoras e incorporadoras precisam de financiamento para viabilizar projetos. De outro, consumidores que adquirem imóveis prontos também recorrem ao crédito, geralmente atrelado à poupança. Com taxas de juros elevadas, o setor sofre diretamente o impacto da restrição no crédito" Amadeu Mendonça Crédito imobiliário pode cair até 20% em 2025 De acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), a expectativa é de uma retração de 15% a 20% no crédito imobiliário em 2025. No ano passado, foram financiados 568,2 mil imóveis, totalizando R$ 186,7 bilhões em recursos. Para este ano, a projeção é de um volume reduzido para R$ 155 bilhões. O reflexo já é sentido no mercado desde o início do ano. Em janeiro, a Caixa Econômica Federal, principal financiadora do setor (responsável por 70% do crédito), reajustou sua taxa atrelada à poupança, elevando o custo efetivo do financiamento para até 13,36%, movimento seguido por bancos privados. Alternativas e oportunidades para investidores Apesar do cenário desafiador, há oportunidades estratégicas para investidores. "O mercado imobiliário é cíclico. Quem tem capital disponível pode aproveitar para comprar à vista ou negociar diretamente com o vendedor. Outra alternativa é buscar sistemas de crédito alternativos, como os consórcios", sugere Mendonça. Além disso, investidores e incorporadores podem focar em estratégias de longo prazo, adquirindo terrenos a preços mais competitivos para futuros projetos, quando o cenário macroeconômico for mais favorável. "Permutas de terrenos com incorporadores também surgem como uma opção interessante, podendo gerar margens de lucro mais elevadas", acrescenta o especialista. Selic e o impacto na economia A taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação e o custo de vida. Quando os juros sobem, financiamentos e empréstimos ficam mais caros, desestimulando o consumo e ajudando a conter a alta dos preços. No entanto, o desaquecimento do crédito afeta setores que dependem de financiamento, como o imobiliário. Segundo a última pesquisa Focus, divulgada no dia 17, analistas reduziram as projeções de inflação para este ano, com o IPCA estimado em 5,66%. Entretanto, enquanto a inflação não estiver sob controle, novas altas da Selic não estão descartadas.
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