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Prefeitura do Recife firma parceria para qualificar orla

A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano, firmou uma parceria inédita na cidade. Trata-se do Projeto Orla, que acontece na praia de Boa Viagem, na Zona Sul da cidade, e consiste na padronização e organização dos equipamentos dos barraqueiros da faixa do trecho da areia da praia que fica entre as ruas Antônio Falcão e Henrique Capitulino. O objetivo do projeto é melhorar o ordenamento da orla, dar mais conforto aos frequentadores e melhores condições de trabalho aos comerciantes. O investimento, feito a partir da parceria público-privada com a UNINASSAU, está estimado em R$ 1.3 milhão - a serem custeados pelo centro universitário. O contrato foi assinado pelo secretário de Mobilidade e Controle Urbano, João Braga, e pelo diretor-presidente do Grupo Ser-Educacional, mantenedor da UNINASSAU, Jânyo Diniz. O processo foi feito através de chamamento público e os demais trechos poderão ser patrocinados por outras empresas interessadas. Os equipamentos da área em questão, que tem cerca de 850 metros de extensão, deverão estar disponíveis à população até o final de janeiro, quando os 73 barraqueiros vão começar a trabalhar padronizados. Para o secretário de Mobilidade e Controle Urbano do Recife, João Braga, este é um projeto muito importante para a cidade. "Esta é a primeira parceria estruturada que fazemos na areia da orla e acredito que a iniciativa vai melhorar muito a qualidade do serviço prestado à população", afirmou. De acordo com ele, a expectativa é que, até o final de 2017, toda a extensão da orla esteja patrocinada. A iniciativa completa visa beneficiar os 476 comerciantes cadastrados que atuam na área, com cerca de 15.900 novos kits equipamentos adquiridos pela iniciativa privada, entre umbrelones (tipo de guarda-sol maior), cadeiras, mesas de apoio, espreguiçadeiras, caixas térmicas, lixeira e carroças. A Semoc tem realizado, desde o início da gestão, ações de melhoria na orla de Boa Viagem. Após a ação de ordenamento, os barraqueiros receberam capacitações e também foram designados espaços livres na faixa de areia, para que os banhistas possam usufruir da praia sem, necessariamente, se instalar em alguma barraca. Cada um dos sete espaços determinados pela pasta tem entre 10 e 20 metros, onde podem ser distribuídos os guarda-sóis e as cadeiras dos barraqueiros.

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Porto Digital, UFRJ e PUC-RS firmam parceria

Três parques tecnológicos brasileiros firmaram convênio que permitirá o intercâmbio entre empresas instaladas em seus ambientes de inovação, a partir da criação de um programa de soft landing, cujo objetivo é abrigar e prestar suporte temporário a empresas visitantes. A parceria, inédita no país entre parques tecnológicos, foi assinada pelo Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Parque Científico e Tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Tecnopuc), e o Porto Digital, de Recife. A gerente de Articulações do Parque Tecnológico da UFRJ, Lucimar Dantas, disse que poderão participar do projeto empresas residentes nesses ambientes, que podem ser tanto empresas de incubadoras, como startups (empresas recém criadas, ainda em fase de desenvolvimento e pesquisa de mercados) que estejam instaladas nos parques. Ainda este mês, as três instituições farão uma chamada interna para identificar as empresas que têm interesse na mobilidade entre os ambientes. “Identificando a potencialidade e a necessidade de essa empresa aproveitar essa oportunidade, ela vai para esse ambiente destino por um tempo determinado. A gente está dizendo que é uma experiência, ou soft landing, temporário”, disse Lucimar. A expectativa é que ao final do período temporário dessa experiência, a empresa tenha mais facilidade para tomar uma decisão no sentido de expandir o negócio de forma definitiva. Participação A chamada ficará aberta durante 30 dias para a inscrição das empresas interessadas, que terão até fevereiro para se organizarem. No período de março a maio de 2017, as selecionadas vão efetivar sua participação no programa. O cronograma ocorrerá simultaneamente nas três instituições. Foi acordado que, para esse primeiro ano do programa, participarão cinco empresas de cada parque. Os candidatos têm que apresentar motivação para participar do programa e o que esperam receber de apoio do parque destino. Lucimar Dantas informou que o parque, por sua vez, tem que estar apto para oferecer o que a empresa está demandando. “As conexões que o parque tem no local têm que dar liga às expectativas que a empresa espera da experiência no local”. O convênio visa fortalecer a integração das empresas com os ambientes de inovação. “A gente espera que esse programa seja uma sementinha de uma expansão territorial dessas empresas”. Antes de a empresa pensar em partir para um processo de internacionalização, é importante experimentar outro local dentro do próprio país, disse a gerente do Parque Tecnológico da UFRJ. Para ela é o primeiro passo para uma expansão internacional e fortalece a gestão das empresas. “Há um amadurecimento para que a empresa possa dar esse passo”. A ideia é expandir a parceria para outros estados. “A nossa intenção é que, para 2018, a gente amplie o número de ambientes pelo país. Quanto mais nacional for esse programa, melhor a gente vai poder atender às nossas empresas no sentido de fortalecer o desenvolvimento dos negócios que a gente apoia”. (Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil)

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Conjunto da Santa Casa de Misericórdia de Goiana em reforma

A Igreja de Goiana, erguida no século 18, e o prédio anexo, onde funcionou o único hospital da região por mais de 100 anos, foram contemplados com um projeto de reforma que deve ser concluído no final do próximo ano, quando será comemorado o bicentenário da Revolução de 1817. Um dos heróis desse capítulo da história de Pernambuco, o Vigário Tenório, foi condeando à morte e esquartejado. Suas mãos estão sepultadas na capela-mor da igreja. A reforma permitirá que o local histórico volte a ter as atividades religiosas. Também vai impulsionar as visitas turísticas, porque o projeto transformará o complexo arquitetônico em um centro cultural para a cidade, com a proposta de receber exposições, apresentações sacras e profanas, além de eventos. Com patrocínio do BNDES, através de incentivo da Lei Rouanet, o projeto contempla serviços de recuperação da fachada frontal, pisos de madeira, assoalho, esquadrias e pintura, além de toda adaptação dos prédios para os novos usos que serão dados. “Primeiro é feito um trabalho de prospecção, levantamento dos materiais ideais a serem usados, que mais se assemelhem com os da época em que foram construídos. Buscamos alcançar a forma mais original possível. É um trabalho bem minucioso, mas de gratificante retorno, por ser uma obra de relevância social muito grande. Para essa pesquisa de dados utilizamos o histórico desses prédios, que o provedor Bôsco Rebello (gestor do local) nos forneceu”, afirma Breno Albuquerque, diretor de desenvolvimento da Construtora LMA, responsável pela obra. Com uma proposta de unir o velho e o novo em um único local, o espaço, até então destinado a celebrações religiosas e atendimentos médicos e sociais, será transformado num complexo cultural com apresentações de teatro, música, cinema e exposições e uma galeria para abrigar o acervo documental da Santa Casa. Para ganhar essas novas funcionalidades, junto com a restauração haverá um investimento na instalação de sistemas de som e projeção modernos. Haverá também uma área paisagística com espelhos d'água e espaços de convivência. Responsável pela gestão do complexo, o provedor Bôsco Rebello projeta uma intensa movimentação cultural quando o local estiver restaurado. “Como um monumento tricentenário, pretendemos democratizá-lo, hoje é restrito à irmandade e ao uso religioso. Todo o conjunto terá uma função cultural. A igreja tem na cobertura mantas de lã de vidro que contribuem para manter uma qualidade acústica que é útil para as atividades religiosas, mas também para uso de apresentações de dança, música e teatro. Além disso, teremos iluminação cênica permanente. A nave tem essa proposta de ser um salão de espetáculos”, afirma. Bôsco detalha também as atividades que serão dadas ao edifício anexo. “O piso superior abrigará um auditório multimídia, com equipamentos de cinema com capacidade de receber até 120 pessoas. O térreo será polivalente, podendo ser usado para exposições temporárias, embora tenhamos peças para algo permanente, reuniões, coffee breaks. Tanto para uso sacro como profano”, detalha. Com uma vasta trajetória, a Santa Casa de Misericórdia de Goiana tem documentos que datam três séculos, com muito da história pernambucana e brasileira a ser pesquisado. “Desse nosso acervo já saiu inclusive tese de mestrado. Mas, hoje, ainda, está com algumas restrições para pesquisa, devido aos riscos de furto e de contaminação por parte dos pesquisadores. Pretendemos disponibilizar um espaço específico e adequado para que esses documentos sejam acessados”, conta o provedor. Os prédios há uns 5 anos sofriam riscos de desabamento, quando foi feita uma recuperação inicial na cobertura. O imóvel era cercado por bancos de feira populares, que foram removidos e serão colocados num novo pátio que será construído pela Prefeitura de Goiana. HISTÓRIA. A Santa Casa de Misericórdia de Goiana foi um dos primeiros exemplares de arquitetura religiosa pernambucana a ter seu valor artístico reconhecido oficialmente, sendo declarada monumento nacional em 1938, pelo então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Goiana, aliás, possui um dos sítios históricos mais relevantes em Pernambuco, ao lado do Recife, de Olinda e de Igarassu. No Estado foram erguidas cinco casas de misericórdia, em Olinda, Itamaracá, Goiana, Igarassu e Recife, das quais, apenas permaneceram as de Goiana e do Recife. Entre outras funções, esses espaços eram destinados ao atendimento de órfãos abandonados, viúvas pobres, enfermos desvalidos, peregrinos precisando de guarida e ajuda, entre outros. Devido à ausência de serviços de saúde do poder público, por muito tempo funcionou um hospital no local. O serviço de assistência hospitalar da casa era feito sem recursos governamentais, sendo mantido basicamente através da caridade pública, que era incentivada pelo imperador Dom Pedro II, que visitou a Misericórdia de Goiana em 1870. O templo, construído em 1726, tem agora pouco mais de um ano para experimentar uma nova vitalidade. O espaço, antes povoado por revolucionários e escravos e visitado por representantes do Império e da Santa Sé, passará a servir as próximas gerações contando a história efervescente da qual foi cenário, além de se metamorfosear em palco de manifestações artísticas. (Por Rafael Dantas)

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O manguebeat contribuiu para o cinema descobrir o Recife

Com a mesma desenvoltura que circula entre diferentes ritmos para criar sua música, DJ Dolores transita com desembaraço em papéis distintos como o de documentarista, designer ou autor de trilha sonora. Misturar, ousar experimentalismos e se lançar em novos campos da arte sempre fascinou o sergipano Helder Aragão, que se tornou recifense, desde que aportou por aqui aos 18 anos. Nesta conversa, ele fala da cena mangue e sua influência, da relação com Kleber Mendonça Filho, dos planos na música e das investidas em produções para a TV. Por Cláudia Santos e Rafael Dantas Como foi ser criança em Sergipe? Nasci em Propriá, à beira do Rio São Francisco. Essa experiência ribeirinha foi importante pra mim porque a gente tinha muito contato com a natureza. Também tínhamos um certo culto à educação. A gente lia muito desde criança. A ideia de ler sempre foi muito presente na minha vida e dos meus primos. Quando se ouve os poetas do interior, os repentistas, percebe-se que os caras sabem de tudo: da mitologia grega às naves espaciais. Esse tipo de curiosidade é muito interiorana e o conhecimento é sempre um jeito de você romper sua condição geográfica e social. Havia alguém artista na família? Na minha família existem muitos músicos, meu pai também era músico, chegou a gravar disco e tocava vários instrumentos de corda e sopro. Mas ninguém transformou essa veia artística em profissão, fui o primeiro. A cultura da região do São Francisco o influenciou? Quando criança, eu acompanhava as festas de boi e as marujadas, que conviviam lado a lado com a igreja católica e a jovem guarda. Foi desse mix que surgiu seu gosto por misturar ritmos? Acho que todo mundo que mora no Nordeste está submetido à ideia de que você pertence a uma tradição e que ao mesmo tempo você quer outras coisas. A gente é muito mais aberto do que a cultura do Sudeste, que têm um grande vazio, eles procuram essa tradição e talvez a busquem no resto do País. Quando você chegou ao Recife? Aos 18 anos. Vim por conta própria. Já morava em Aracaju nessa época, mas era uma cidade muito pequena. Eu era um jovem que queria ir para uma cidade maior, tinha a ambição de estudar outras coisas. Estudei design na UFPE, comecei a trabalhar nessa área. Daí larguei o design para fazer animação na TV Viva, uma produtora, que era uma ONG , com uma das melhores estruturas. Isso foi em 1989. A partir da animação comecei a escrever pequenos roteiros de vídeo, aprendi a editar, e logo depois, numa outra produtora tive a oportunidade de dirigir documentários. Passei um tempão fazendo documentários e viajando pelo Brasil para a TV Cultura. Nessa época surgiu em paralelo o manguebeat. Nunca deixei de ser DJ, de fazer música, mas a minha profissão a essa altura era escrever e dirigir documentários. Já tinha largado o design. Mas fazia trabalhos como capa de disco de amigos, junto com Hilton Lacerda (cineasta do filme Tatuagem), como da Lama ao Caos, de Chico Science, e a do Mestre Ambrósio, que foi premiada. Como surgiu a cena mangue? Todo mundo era muito jovem, tinha muitas ideias e acho que alguns tinham muito talento. O que eu sentia em Aracaju, sentia no Recife: não havia muitas coisas acontecendo. Por isso, a gente começou a fazer festas para nós mesmos. O sentimento era criar algum tipo de diversão para livrar a gente do tédio. Essas festas cresceram, talvez porque fossem uma demanda, um sentimento compartilhado na cidade. De repente outras pessoas estavam fazendo festa. E aí, saímos da ambição de fazer uma festa e começamos a ter ambição de fazer uma banda, de produzir show e foi desse jeito que aconteceu. Eu já era DJ dessas festas. O mangue começa a ganhar características bem mais importantes quando as bandas surgem. Começa a apresentar uma obra própria e essa obra pede intervenções de outras disciplinas. Era aí que a gente entrava, pensando como seria a imagem, como era o palco, como poderia transformar aquilo num vídeo. Começamos a trabalhar com linguagens mais complexas, criando uma estética e um discurso. Quando você começou a trabalhar como músico? Trabalhei durante muito tempo como documentarista, até que em 1999 eu estava em São Paulo, mas não aguentava morar lá. Resolvi voltar pro Recife. Aqui não tinha trabalhos interessantes. Resolvi arriscar e fazer música. Montei minha primeira banda que se chamava DJ Dolores. Estreamos no Abril pro Rock daquele ano, a repercussão foi incrível. No outro dia saímos nas capas de revistas de música e jornais. Isso permitiu dar outro passo que foi montar uma banda fixa, a Santa Massa. Em 2002 a gente fez a primeira turnê no exterior. Como foi recepção? Boa. Em 2003 a gente lançou um disco na Europa através de um selo inglês e fizemos uma turnê que foram quase 40 shows em dois meses. Foi tipo um recorde. E não era fazendo circuito de bar, mas de festivais importantes da Europa, com direito a ir a Nova Iorque no meio dessa turnê com shows no Lincoln Center. Foi um feito muito grande, mas na época não havia Facebook e as pessoas não ficaram sabendo (risos). Por que Dolores? Por que o nome do escritório de design que eu tinha com Hilton se chamava Dolores e Morales. Como eu gostava muito de Dolores fiquei com o nome, que já me deu muitos problemas. Uma vez, na Cidade do México, uma jornalista ficou brava porque dizia que esse era um nome de mulher (risos). Com a morte de Chico Science, o manguebeat arrefeceu. Como você vê o desenrolar desse movimento? Acho que o que a gente costuma chamar de manguebeat foi uma cena, e uma cena tem um começo, um auge e um fim natural. O mangue explode num momento que tem muita gente em várias áreas – da moda, da música, da dança, das artes plásticas – com algum tipo de inquietude para liberar. O mangue catalisa

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Criatividade e ousadia em favor da interdisciplinaridade

Na Sala Google do Colégio CBV é assim: tudo pode quando o alvo é a aprendizagem e o percurso é criativo. O espaço conta com três laboratórios móveis, acesso à internet, dispositivos de imagem e áudio, além da disponibilidade das aplicações Google for Education. O ambiente inibe qualquer possibilidade de imposição do conhecimento. Lá, a aprendizagem é construída através de roteiros dinâmicos que deixam claro que aprender não advém de um clima apático. Pelo contrário, aprendizagem se dá com ação, alegria e significado. Trata-se de um espaço que, dependendo da proposta pedagógica, o cenário se ajusta ao propósito do conhecimento a ser construído. Assim, a sala pode simular uma espécie de reality show musical para aprender inglês e, em outros momentos, se adequar a uma animada partida de bingo de matemática. Claro, não dispensando oportunidades de sediar exposição de arte, apresentação de trabalhos e festivais de criatividade e inovação. Dentre tantas possibilidades pedagógicas, alguns professores, sobretudo os do ensino médio, preferem investir naquelas atividades que estimulam a produção de conteúdo. Aliás, produzir conhecimento e incentivar a interatividade é dever da escola que está alinhada com as demandas educacionais deste século. Nesse sentido, os estudantes formam um grupo potencial, já que são nativos da tecnologia. Foi pensando assim que duas atividades aplicadas na Sala Google (até então distintas) encontraram o link que uniram o conteúdo elaborado pelos estudantes com a proposta das disciplinas de Português e Sociologia. Com objetivo de trafegar sobre temas considerados polêmicos e que solicitam políticas afirmativas, o professor de sociologia lançou o Projeto CBV contra a intolerância. A proposta desafiava os estudantes do 1o e 2o ano a produzir artefatos sob orientação da Sala Google, mas também sinalizava uma reflexão sobre possíveis temas da redação do ENEM. Ao final do trabalho, documentários, vídeos, cartazes, fanpages, tirinhas, folders e paródias musicais formaram um consistente material que ficou disponível ao grupo escolar. Compartilhar o material elaborado com os estudantes das outras turmas já seria o suficiente para desenhar uma espécie de compartilhamento didático. Fato que já denotaria criatividade, diálogo e ousadia, mas aquele trabalho rendeu outros desdobramentos. Isso porque a professora de português tinha uma agenda na Sala Google para aplicar um simulado baseado no vestibular da UPE. Durante a construção do roteiro, foi compartilhado com a professora o material elaborado durante o projeto CBV contra intolerância. A ideia inicial era organizar um teste que possibilitasse resultado instantâneo, feedback das questões, bem como estatística sobre os pontos que merecem mais atenção no aprendizado. Entretanto, com o acesso ao material criado pelos estudantes e publicado nas nuvens da Google, a estratégia ganhou outra luz. Interdisciplinaridade à vista! Como a maioria do conteúdo era digital, foi garantida a agilidade para montar a proposta. É fato: quando o assunto é vestibular e ENEM, é rotativo o uso de textos (em seus diversos gêneros) como motivo de interpretação e de análise linguística. E foi exatamente assim que o trabalho de português foi construído. O diferencial? O comando de cada questão se referia ao material construído pelos estudantes durante o desafio de sociologia. Ou seja, as tirinhas, os documentários, os cartazes ganharam outro sentido, já que permitiram a imersão dos estudantes na análise linguística dos seus próprios textos. Desta forma, pôde-se ressignificar o acervo existente e atribuir-lhe o status de conhecimento. Se pudéssemos figurar a cadeia da aprendizagem, certamente poderíamos dizer que o incentivo à produção de conteúdo foi o primeiro passo. O material acumulado atendeu sua função inicial, mas ganhou outra utilidade ao ser revestido por um novo contexto, desta vez dado pela disciplina de português. Em seguida, a aplicação do teste funcionou como a última etapa para os estudantes e a penúltima para o docente, que pôde analisar a estatística gerada e fazer as devidas inferências para avaliar a competência linguística dos estudantes. Em resumo - dispositivos tecnológicos, criatividade, ousadia, diálogo, conteúdo, Youtube e demais Google Apps deram a tônica perfeita para nos provar que a inovação das práticas educativas reside no método. Nesse sentido, a tecnologia faz a coesão necessária pra unir iniciativas e aprendizagem e, com isso, ajudar a desenhar novas formas de aprender, o que Asmann (2000) prefere chamar de ecologia cognitiva. *Por Jaime Cavalcanti – jaime@cbvdigital.com.br Mestre em Educação | Consultor em Tecnologia Educacional | Assessor de TE Colégio CBV LEIA MAIS Navegar é preciso, produzir também LEIA TAMBÉM Educação Cidadã (por Eduardo Carvalho) Ensino x Aprendizagem (por Armando Vasconcelos)

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Navegar é preciso, produzir também

Em contexto de grandes fluxos de informação, a sociedade é levada a retroalimentar os conteúdos e a escola é desafiada a aderir a estratégias pedagógicas alinhadas com o seu tempo Não há dúvidas de que, neste exato momento, um grande volume de conteúdos está sendo atualizado nas diversas plataformas digitais, e isso não acontece por acaso, visto que na expectativa desta frenética produção, há uma população ávida por consumir novos conteúdos. Ou seja, somos contemporâneos de uma sociedade informatizada e com inclinações à produção de conhecimento. Castells (1996) explica que a sociedade informacional traz em seu discurso uma espécie de capitalismo próprio, o qual se nutre do fluxo de dados nas diversas redes, bem como fortalece o consumo de conteúdos e estimula a produção de novos artefatos. Trata-se de uma engrenagem, onde a moeda é a própria informação e o seu valor depende, em grande medida, da possibilidade que o conteúdo tem de gerar conhecimento. Mas quando o contexto é educacional, este quadro desafia gestores, professores e pesquisadores da área, no mínimo, em dois aspectos: primeiro, em reconhecer que o estudante do século XXI transita por um cenário muito propício à liberdade de intervir; segundo, em repensar a sistemática pedagógica, sobretudo naquilo que afeta a comunicação entre professor e estudante. Nesse sentido, a ideia de “educação dialógica”, defendida por Paulo Freire (2014), pode funcionar como um facilitador para conduzir as trilhas que visam construir conhecimento nos tempos de hoje. Ou seja, a escola contemporânea das mudanças deste século e que aposta em inovação é convidada a refletir sobre como o diálogo pode nortear o ato de aprender. Claro, considerando que a atual clientela de estudantes, ora se caracteriza como consumidor, ora se posiciona como produtor de conteúdo. Isso porque hoje, além de navegar pelos conteúdos disponíveis, qualquer pessoa pode montar o seu site, criar seu blog, lançar sua fanpage, produzir seus vídeos e navegar no que a música ‘Pela internet’ classifica como sendo um arcabouço de informações e que Gilberto Gil, autor da canção, prefere chamar de “infomar”. A metáfora de Gil é adequada, porque define bem o tamanho do reservatório para acumular conteúdo – é quase infinito, do tamanho das nuvens, enfim – agora é possível supor, de fato, que ‘o céu é o limite’. E não se trata de “viralização”, “modinha” ou “pós-verdade” que impactam a sociedade, já que vários processos da vida cotidiana nos fazem aceitar o caráter irreversível da tecnologia. Presente e invisível, a tecnologia nos permite resolver diversos problemas e melhor - dar vazão ao fluxo de dados solicitados pela sociedade. Por isso, mais uma vez no contexto educacional, é preciso conceber a tecnologia como parte integrante de um momento histórico em que propor mudanças no processo de construção do conhecimento é inevitável. E, por esse motivo, ela pode favorecer a inovação durante um dos processos mais valiosos da nossa existência - a aprendizagem. É preciso tê-la (a tecnologia) como uma parceira, no mínimo, estratégica, já que ela pode colaborar com uma metodologia simpática aos jovens desta geração, além de fomentar dados decisivos para garantir o sucesso de qualquer projeto pedagógico. Para Assmann (2000), no âmbito da aprendizagem e do conhecimento, é nítida a transformação das ecologias cognitivas, e isso, em grande medida, se deve ao advento das novas tecnologias, que não substituirão professores nem diminuirão o esforço disciplinado, mas ajudarão a intensificar o pensamento complexo, interativo e transversal. Assim, levando em conta todo aparato tecnológico disponível, a instituição ‘escola’ deve intensificar alguns signos para promover aprendizagem no ritmo da sociedade da informação. Trata-se de valores que merecem prioridade em detrimento do próprio aparato tecnológico, a exemplo da criatividade, do diálogo e da ousadia. Criatividade para autenticar uma assinatura, estilo ou marca; diálogo para compartilhar informações e gerar conhecimento útil para alimentar o fluxo das redes e a ousadia para ter a iniciativa de publicar conteúdos e conquistar seguidores. Desta forma, nos despediremos do paradigma em que consumir conteúdo é a única atitude para alcançar o aprendizado. É preciso ir mais além – juntar os pedaços de conhecimento, exercitar o lado reflexivo, refazer saberes e se posicionar através da produção de conteúdo. Isso é transformar a ecologia cognitiva e aderir a um clima propenso ao diálogo, à criatividade e à coragem. Se navegar é preciso, produzir conteúdo é uma necessidade que faz de cada cidadão um ser conectado, mas também participativo. E haja “infomar”! *Jaime Cavalcanti - jaime@cbvdigital.com.br Mestre em Educação | Consultor em Tecnologia Educacional | Assessor de TE Colégio CBV LEIA MAIS Criatividade e ousadia em favor da interdisciplinaridade LEIA TAMBÉM Educação Cidadã (por Eduardo Carvalho) Ensino x Aprendizagem (por Armando Vasconcelos)

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Jerusalém, Pernambuco

Há cidades preferidas pela beleza, ou pela suntuosidade, ou pelo progresso ou pela fé... Jerusalém, por exemplo, é a mais amada do mundo, por legiões de pessoas de nacionalidades e crenças as mais diversas. Não existe outra, avalia-se, de maior importância para a paz mundial. Basta dizer que o Muro das Lamentações é o segundo local mais sagrado do judaísmo, superado apenas pelo Santo dos Santos, no Monte do Templo. Parece claro, pois, que mais do que um ponto no mapa, Jerusalém ─ situada nas montanhas da Judeia entre o Mediterrâneo e o Mar Morto ─ é, acima de tudo, única entre as cidades mundiais, tanto em relação à sua história como ao seu impacto presente e futuro no planeta. Fundada 3.000 anos antes de Cristo, é tida como sagrada pelo judaísmo, pelo cristianismo e pelo islamismo. Nada a ver com a Jerusalém pernambucana, a Nova Jerusalém, você já deve, com razão, estar raciocinando. Afinal, esta não se situa na Ásia, mas em Brejo da Madre de Deus, Pernambuco. Ou mais exatamente no distrito de Fazenda Nova, onde, todos os anos, se encena o megaespetáculo da Paixão de Cristo. Sim, você aquiesce, mas continua com a dúvida: qual a razão de juntar Jerusalém, Nova Jerusalém, Fazenda Nova e Brejo da Madre de Deus, se a grande atração do teatro pernambucano é a crucificação de Cristo e em dezembro estamos comemorando o nascimento dele? Ora, acontece que segundo a religião morrer é renascer, e é lá, em Nova Jerusalém, que a Paixão de Cristo, o maior espetáculo ao ar livre do mundo, lembra o milagre da ressurreição. A propósito, a importância de encenação tão edificante para a dramaturgia pernambucana se deve a um gaúcho que se fez pernambucano, e é dele que se vai falar. Seu nome, Plínio Pacheco. Em 1956 ele chegou, viu, amou e aqui fincou raízes. Nascido em Santa Maria, Rio Grande do Sul, chegou à Fazenda Nova convidado pelo então diretor e ator Luiz Mendonça, o intérprete de Jesus na peça da Paixão de Cristo. Era representada nas ruas da pequena vila, com a participação de familiares e amigos dos Mendonça, de camponeses, de pequenos comerciantes locais e também de alguns atores e técnicos que atuavam nos teatros do Recife. As coisas ainda eram muito amadoras, como se conclui, no entanto, com o passar dos anos as encenações começaram a atrair atores e técnicos de teatro do Recife, levando a Paixão a ganhar fama e notoriedade. A ideia, ressalve-se, não era original. Inspirava-se nas encenações do Drama do Calvário, que se realizavam nas ruas da vila de Fazenda Nova, entre 1951 e 1962. A iniciativa fora do patriarca da família Mendonça, o empresário e líder político Epaminondas Mendonça, após ter lido que os habitantes de uma cidade da Baviera alemã, encenavam a Paixão de Cristo. Passou então a realizar um evento semelhante durante a Semana Santa, buscando atrair turistas e, assim, desenvolver o comércio local. Conquistou muito mais. Volte-se a Plínio Pacheco, o homem que vai mudar tudo isso. O gaúcho logo se envolveu com o assunto e, por força dos planos para dar grandiosidade à encenação, foi envolvido pela beleza de Diva Mendonça, filha do criador do espetáculo nas ruas da vila. A Paixão de Cristo fizera explodir em ambos a paixão irresistível. Veio o casamento e com ele a eterna busca de ser feliz para sempre. Àquela altura, os pampas já não eram o lugar dos sonhos do gaúcho. A aridez do Nordeste lhe mitigava a sede de amor. Lado a lado com sua doce realidade, porém, permanecia um sonho feito de pedra. Plínio Pacheco decidira construir uma réplica de Jerusalém – a asiática – em pleno coração do Agreste pernambucano. O lugar, analisara, como a antiga Judeia tinha muitas rochas, vegetação rala, clima semiárido e o espaço de terra escolhido para se levantar a cidade-teatro estava localizado em meio a montanhas. O sonho começou a se fazer realidade em 1963, quando os primeiros cenários começaram a ser erguidos em um espaço de 100 mil metros quadrados, o equivalente a um terço da área murada da Jerusalém da época de Jesus. Só veio a se concretizar, todavia, em 1968, quando foi realizado o primeiro espetáculo na cidade-teatro de Nova Jerusalém. Desde então, já são quase 50 anos de apresentações ininterruptas dentro das muralhas, atraindo espectadores não só do Brasil, mas de todo o mundo. O maior teatro ao ar livre da face da Terra é cercado por uma muralha de pedras de 4 metros de altura, com 70 torres de 7 metros cada uma. No interior, lagos artificiais e nove palcos-plateias reproduzem cenários naturais, arruados e palácios, além do Templo de Jerusalém, constituindo obras monumentais, concebidas por vários arquitetos e cenógrafos nordestinos e principalmente pela genialidade de Plínio Pacheco, que anteviu tudo aquilo. E que não só idealizara como construíra a obra em pedra e concreto. Mas sua grandeza não está só na pedra e no concreto. Está igualmente nas palavras: “A vida colocou-me diante da pedra e da figura de granito que é o homem nordestino. Aquele era meu povo, cantando num cenário de sol. Criar a cidade-teatro. Uma cidade de sete portas e 70 torres. Unir fragmentos dispersos da personalidade humana, transformar homens mutilados em seres humanos completos. A força maior levando aos quadrantes da Terra a notícia desta epopeia em granito. A construção da Nova Jerusalém. Erguida com 80% de recursos próprios, é uma sociedade privada, sem fins lucrativos. É claro que reconheço e todos sabem que tenho como princípio que ninguém constrói nada sozinho. Diante disto, tenho a obrigação moral de tornar pública a gratidão da Nova Jerusalém e da Sociedade Teatral de Fazenda Nova (STFN) a todos que aqui colocaram pedras, reais ou simbólicas. Mas nós devemos ter a humildade e reconhecer que essas pedras pertencem ao patrimônio cultural e artístico do País. Nova Jerusalém é patrimônio do povo. E cidadão nenhum tem o direito de reivindicar gratidão do seu País, porque é obrigação, particular e pública, de cada

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Perspectivas econômicas para 2017

Por Rafael Dantas Donald Trump na Casa Branca. Reino Unido fora da União Europeia (Brexit). O impeachment e a volta do PMDB ao poder executivo com Michel Temer no Palácio do Planalto. Novas cartas no jogo internacional e nacional que trazem incertezas na perspectiva de retomada do crescimento econômico em 2017, na avaliação de Francisco Cunha, sócio da TGI. “Nós nos perguntamos: E agora? Estamos diante de algumas interrogações importantes no mundo inteiro”, afirma o consultor durante apresentação da Agenda TGI, tradicional evento sobre os cenários do futuro, que reúne empresários, representantes de associações, instituições públicas e do terceiro setor. Neste ano o evento lotou o auditório do Teatro RioMar. “Apesar de toda incerteza, a economia mundial projeta crescimento de 3% neste ano e um avanço um pouco maior em 2017. Mas essas perspectivas não calcularam ainda os efeitos Trump e Brexit”, ressalva. O público presente ao evento tem uma visão otimista. Das 565 pessoas que responderam à pesquisa da TGI sobre a expectativa para o próximo ano, 68,7% acreditam que a saída do Reino Unido da União Europeia vai afetar pouco a economia mundial. Sobre o novo presidente americano, apesar de ser considerado um atraso para 76,6% dos entrevistados, a maioria (80,9%) entende que ele só conseguirá cumprir a menor parte das suas promessas de campanha. O professor do departamento de economia da UFPE, Marcelo Eduardo Silva, analisa que a maior ameaça no cenário econômico das promessas de Trump é rever os acordos bilaterais já firmados pelo governo americano, como nos casos do México, Canadá e Transpacífico. Nessa perspectiva o Brasil não seria atingido. “Ainda é muito incerto tratar do que Trump conseguirá fazer no mandato. Há especulação de que ele poderá atuar mais em relação ao combate a imigração ilegal e na revisão dos acordos comerciais. Se ele apertar essa relação de comércio, abre espaço para outros países, como o Brasil. Nosso potencial, nesse aspecto, seria ampliar as exportações agrícolas. Isso num cenário em que ele não levante novas barreiras comerciais”, avalia. A terceira peça nesse xadrez internacional, que afeta diretamente as exportações brasileiras, é o desempenho da economia chinesa que pode ser afetada pelo mandato de Trump. A maioria (59,6%) dos entrevistados estima que o dragão asiático sofrerá pouco com a volta dos republicanos ao poder americano, enquanto um terço acredita que o impacto será grande. Francisco Cunha analisa que o desempenho positivo previsto de 6,5% da China, inferior aos anos anteriores, é mais por uma decisão governamental de reduzir a aceleração do crescimento do que dos fenômenos globais. Se a política internacional está mexendo com as perspectivas para 2017, outro fenômeno apontado pelo consultor que merece atenção das empresas é a chamada disrupção digital. O surgimento das tecnologias digitais na economia está mudando vários processos econômicos e desestruturando setores tradicionais. O exemplo típico é o embate entre Uber e táxi. “O mundo está passando por um período de substituição de procedimentos físicos por digitais. A crise forçou a racionalização dos processos dentro das empresas. Isso indica que provavelmente vamos recuperar o tamanho da economia destruindo o emprego de muita gente. O que traz uma grandes preocupações”. O QUE ESPERAR DO BRASIL? As incertezas também rondam o cenário socioeconômico brasileiro. A aprovação da PEC 55 é, ao mesmo tempo, tratada como redentora pelos analistas econômicos para conduzir o País ao equilíbrio fiscal, mas tem levado pessoas às ruas e ocupações temerosas com seus efeitos sobre a educação e a saúde. O Governo Temer, com ampla maioria no Congresso Nacional, tem ainda a pressão da classe empresarial por aprovação de reformas previdenciária e trabalhista. Por parte da população, a demanda é pela geração de empregos e pela redução da inflação. A baixa confiança dos investidores e consumidores e o curto prazo do mandato – pouco mais de dois anos – são fatores que jogam contra o presidente. Frente a dois anos consecutivos de recessão - que resultarão numa queda acumulada de cerca de 9% do PIB - Francisco Cunha calcula que esse declínio equivale ao dos 10 anos da chamada década perdida (1980). Outro indicador que exemplifica o tamanho do tombo é a queda do PIB per capita. “O Brasil terá uma década perdida de renda. A perda de riqueza no Brasil foi muito grande. Para que atinjamos o PIB per capita de 2014, só em 2023. Essa é a má notícia. Mas estamos numa trajetória de recuperação, mesmo que num ritmo lento”, afirma. O primeiro remédio indicado pelo consultor para o País voltar a crescer é o ajuste fiscal. “Estamos diante do começo da retomada econômica. E para que a economia possa retomar o ciclo virtuoso do crescimento, em primeiro lugar é preciso sinalizar o ajuste fiscal inequívoco. Depois retomar os investimentos”. Ele avalia que a rigidez da PEC 55, que promove uma limitação de gastos públicos por 20 anos, é necessária frente ao cenário econômico a que o País chegou. “É preciso sinalizar aos credores que há disposição para fazer o ajuste fiscal e a confiança se restabeleça. Com a confiança restabelecida, o ajuste fiscal se legitima e as pessoas se dispõem a consumir e a investir”. Ele indica que o cenário de insegurança do País fez com que a população segurasse os gastos, que chegou a resultar numa queda de até 20% em alguns setores de bens de consumo. Para 2017, a perspectiva de crescimento econômico para o País, segundo o Ministério da Fazenda, é de 1%. Outras instituições, como a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), chegaram a indicar um novo desempenho negativo para o próximo ano, mas próximo a zero. Para o Governo Temer ter sucesso, Francisco Cunha elenca cinco prioridades: restituir a credibilidade da autoridade presidencial e uma mínima confiança na política; restabelecer a ordem na economia e a seriedade no tratamento das contas públicas; sinalizar o início do fim da crise; dar previsibilidade à ação política; e preparar o País para a próxima eleição geral. “Se ele conseguir isso, nesse curto período e no meio dessa turbulência, ele terá

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Presença consular impulsiona negócios

Pernambuco tem a terceira maior presença diplomática do Brasil, ficando atrás apenas de Brasília e de São Paulo. Seis países do G-8 têm representação consular no Recife. Ao todo são 38 organizações (entre vice-consulados, consulados, agências consulares e consulados gerais). Embora a presença das representações estrangeiras tenha antecedentes que remetem a Joaquim Nabuco, primeiro embaixador do Brasil em Washington, um quinto delas chegou a Pernambuco após a chegada de Eduardo Campos ao Governo. Entre os novatos estão Reino Unido, Cabo Verde e, recentemente, Eslovênia e a China. “Esse crescimento aconteceu pela proatividade do poder público estadual e do ex-governador na busca por investimentos estrangeiros e conexões com outros mercados”, avalia Thales Castro, professor de relações internacionais da Unicap e do Marista, cônsul de Malta e presidente da Sociedade Consular Pernambucana. Esse solo das relações internacionais, que já tem dois séculos de atuação, é fértil para a expansão das afinidades comerciais e culturais entre o Estado e os países que aqui fincaram suas bandeiras. Estão no radar dos consulados as parcerias com setores como da economia criativa e das energias renováveis. Presente há 201 anos em Pernambuco – antes mesmo da independência do Brasil – os Estados Unidos têm na cidade um Consulado Geral. Apesar da emissão de vistos ser a sua atividade mais conhecida, a instituição possui diretorias como a de política econômica e comercial. “Fazemos relatórios para Washington e para a nossa embaixada em Brasília explicando o que está acontecendo aqui em Pernambuco e no Nordeste, além de desenvolver projetos”, afirma o cônsul geral Richard Reiter. Desse trabalho de interpretação do cenário e das oportunidades locais foi criada uma parceria no setor de energias renováveis entre o Estado e a Califórnia, assinado entre os governadores Paulo Câmara e Jerry Brown. Reiter faz uma boa projeção para a relação dos dois países no próximo ano. “Os analistas acreditam que a economia brasileira chegou ao fundo do poço e vai começar a sair. Esperamos mais movimento em 2017. E que haverá aquecimento em 2018”. Ele destaca que o mundo sabe que a economia brasileira é sólida e forte e que está trabalhando para atrair investidores. “É uma boa hora para o investidor estrangeiro vir aqui e procurar oportunidades. Essa é a nossa mensagem para os americanos”. O cônsul acredita que a relação entre o Brasil e os Estados Unidos não sofrerá muitas mudanças com a gestão de Donald Trump na presidência americana. Se o crescente setor de energias renováveis gerou interesse dos americanos, o potencial das empresas de TIC chama atenção dos franceses. "Estamos de olho no Porto Digital, sabemos que é um polo tecnológico interessante. Nosso trabalho está sendo de montar parcerias entre startups brasileiras e francesas. Queremos nos inserir nesse contexto fértil que existe”, afirma o cônsul geral Romain Louvet, presente há menos de três meses em Pernambuco. Ele ressalta que a França tem uma boa performance na área de produção de games, apesar de ser uma face pouco conhecida da sua economia. Ainda numa fase de reconhecimento dos potenciais do Estado, Romain Louvet ressalta que aumentar a relação econômica é um dos focos mais recentes na instituição. “A partir da atuação mais forte nas parcerias em cultura, ensino superior e pesquisa que já possuímos no Estado, queremos usar isso para criar uma dinâmica econômica mais forte. A economia criativa é um dos caminhos, mas identificamos potencial também nos produtos alimentícios e na gastronomia. Estamos num estado de exploração e estamos abertos, não excluímos nada”, afirma o cônsul geral francês. Mesmo com pouco tempo na cidade, Romain Louvet já articulou uma visita que foi realizada pela agência Business France – que é o órgão de apoio à internacionalização da economia francesa - para conhecer o Porto Digital. Outra ação que aconteceu em setembro, com implicações urbanas e econômicas, foi um seminário sobre iluminação pública, em parceria com Nantes. “A ideia é ir além de uma reflexão sobre a problemática da iluminação no Recife e nas cidades francesas, mas desenvolver oportunidades econômicas na resolução dessa situação”. LEIA MAIS: Consulado francês trabalha para aumentar relações comerciais com Pernambuco   BILATERAIS. Com apenas dois milhões de habitantes, a Eslovênia organizou há um semestre o seu consulado no Recife para desempenhar uma atuação regional. Na cerimônia da sua inauguração, que aconteceu na Assembleia Legislativa de Pernambuco, o cônsul honorário Rainier Michael trouxe para Pernambuco 18 CEOs de empresas do país eslavo. “Mostramos que estamos dispostos a impulsionar negócios bilaterais”. Esses empresários, que estiveram no Estado pela primeira vez, visitaram Suape, o Porto Digital e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e participaram de uma rodada de negócios da Amcham. “Estamos verificando os interesses de ambos os lados. Existem atividades estratégicas para serem desenvolvidas entre Pernambuco e a Eslovênia”, indica Rainier. Ele destaca ainda o interesse em setores como logística e economia criativa, em que ambos têm potencialidade. "A Eslovênia não é só um fim, mas um meio. O país tem o porto de Koper, no mar Adriático, que é estratégico para Pernambuco, pois é a porta de entrada para a Europa Central. Um mercado novo que pode se conectar com Suape". Também interessado no porto pernambucano e, principalmente, no turismo, o Consulado da Grécia tem objetivos de estreitar a relação com o Estado em 2017. "A questão cultural e turística é a mais evidente na Grécia, mas os gregos são muito fortes nos setores de navegação, de pedras preciosas e na produção de azeites e vinhos", ressalta o cônsul Antonio Henrique Neuenschwander. No próximo ano os planos são de desenvolver eventos associados à arte, levando artistas e obras do Nordeste para exposição no território grego e vice-versa. As ações dos consulados que impulsionam as relações econômicas, segundo Thales Castro, passam pelos setores de promoção comercial dessas representações ou pelas câmaras comerciais (que não são órgãos consulares, mas atuam em sintonia). "A atividade dos consulados faz a aproximação da oferta e demanda". Na análise de Castro, o Governo, as prefeituras e os órgãos empresariais, podem potencializar as parcerias comerciais a partir dessa presença diplomática.

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O poder do mobile

Em evento da Abradi-PE, gerente de negócios do Facebook diz que celulares ajudam a impulsionar vendas Empresários devem encarar o smartphone não como mero instrumento para se comunicar, mas como uma valiosa ferramenta para impulsionar as vendas. A dica é do gerente de negócios do Facebook Bruno Montoro. Ele esteve no Recife, falando para donos de empresas e profissionais da área de TIC (tecnologia da informação e comunicação) no evento da Abradi-PE (Associação Brasileira dos Agentes Digitais em Pernambuco), que teve apoio da Algomais. A palestra lotou o auditório da Amcham e é a primeira de uma série que a entidade planeja realizar. Montoro explicou que os celulares são considerados como mídia de “primeira tela”, por serem o principal meio de acesso à web. O brasileiro, segundo o executivo do Facebook, olha para a tela do smartphone nada menos que 100 a 150 vezes por dia. As pessoas que possuem um smartphone gastam 88% do seu tempo de uso no aparelho com aplicativos. “O principal app é o WhatsApp, preferido por 86% dos brasileiros, seguido por Facebook (76%), Instagram (36%) e Messenger (30%)”. Mas, para impulsionar negócios surfando na revolução do mobile é preciso conhecer como os usuários absorvem as informações. Estudo de neurociência, promovido pela rede social, constatou que no celular o usuário permanece mais focado e menos disperso, quando comparado à TV. “Como a tela do smartphone fica muito próxima do olho não há dispersão. Já o televisor situa-se a uma certa distância do telespectador, fazendo com que ele se disperse com mais facilidade”. Apesar dessa vantagem, Montoro ressalta que a comunicação com o consumidor no mobile deve ser realizada de forma muito mais veloz. Isto porque as pessoas consomem a informação mais rapidamente no celular do que no desktop. “A velocidade de visualização do feed do Facebook é diferente no mobile. A pessoa permanece 2.5 segundos por post no smartphone, e no Instagram, 1.7 segundos”, alerta Montoro. A solução é se comunicar com o consumidor por meio de vídeos. Montoro explica o porquê: “o cérebro processa 60 mil vezes mais rápido imagens do que palavras. Podemos ver uma imagem por apenas 13 milissegundos para identificá-la”. No Facebook são 100 milhões de horas de vídeo vistos por dia. Mas não basta postar o filme para seduzir o consumidor. É necessário passar a informação que interessa logo nos primeiros segundos do vídeo, assim como mostrar a marca com a mesma rapidez. De acordo com Montoro, das pessoas que assistem aos três segundos de um vídeo, 65% chegam aos 10 segundos e destas, 45% alcançam os 30 segundos. Mais do que nunca, portanto, tempo é dinheiro, e por isso, Montoro salienta a importância de segmentar a comunicação. O Facebook, segundo ele, dispõe de recursos para identificar o que desperta interesse em cada usuário e ajuda a conquistar o público-alvo. “Podemos detectar que determinada pessoa vai casar e assim que ela abre o feed se deparar com anúncio de vestidos de noiva”, exemplifica. E os instrumentos estão cada vez mais sofisticados. Uma empresa de varejo, por exemplo, pode postar um anúncio em celulares de usuários que estão passando próximo a uma loja física da marca. Existem recursos ainda, para aferir o impacto da comunicação realizada no Facebook ou Instagram na comercialização. “Passamos da fase em que o engajamento do consumidor ao post era o mais importante. Não adianta ter muitas curtidas se isso não gera vendas” , alerta o executivo. ENTIDADE. A Abradi-PE planeja promover outros eventos com o intuito de divulgar estratégias para aprimorar o uso das redes sociais nas ações de marketing. Com 26 empresas associadas em Pernambuco, a entidade também vai organizar um fórum das regionais da Abradi no Nordeste em 2017. “A associação tem o objetivo de fortalecer o mercado e fomentar novos negócios”, define o presidente Bruno Queiroz. Planos. Queiroz: mais eventos em 2017   LEIA TAMBÉM: Como a tecnologia interfere na saúde Tecnologia de geração solar flutuante aumenta em 14% a produção dos painéis fotovoltaicos    

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