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O desafio de ser mãe e profissional

Um número cada vez menor de mulheres tem o luxo ou pretensão de serem classificadas como belas, recatadas e do lar na sociedade brasileira. O meme que se espalhou pelas redes sociais no último mês entra em confronto com o contexto social em que 37,3% das mulheres são as principais responsáveis pelo sustento da casa, de acordo com o IBGE. Muitas delas dividem a trajetória de crescimento profissional com a maternidade. Pesquisa do Instituto Sophia Mind indica que 91% delas acredita que é factível sim ser uma ótima profissional e mãe ao mesmo tempo. Na prática, com todo um malabarismo de atividades e gestão dos horários, elas têm mostrado que realmente é possível. Porém pagam um preço alto com a sobrecarga de tarefas e a falta de estruturas de creche. O suporte vez da famílias, em geral das avós. Segundo a consultora da ÁgilisRH, Eline Nascimento, existe uma percepção de que hoje há uma maior divisão nas atividades domésticas entre homens e mulheres. Mas quando se trata das responsabilidades com os filhos, o peso sobre a mãe ainda é grande. “Essa divisão entre o papel de mãe e trabalhadora gera um processo de angústia. Mas a vida profissional é parte da vida da mulher e ela tem que se desculpabilizar”, diz. Para gerenciar com qualidade a carreira e ter o tempo necessário para o cuidado dos filhos, Eline destaca a relevância de mobilizar uma rede de apoio familiar, negociar bem com o parceiro a divisão das atividades e, quando possível, na própria empresa por alternativas como horários mais flexíveis e a possibilidade de realizar parte da carga horária em casa. A boa gestão do tempo é uma das características das mulheres que conseguem crescer profissionalmente sem abrir mão de estar presentes no crescimento dos filhos. A médica Carla Núbia Nunes Borges, 45 anos, já viveu a experiência de amamentar os filhos nos intervalos dos plantões. “Eles me acompanharam muito nos hospitais, principalmente nos finais de semana. Desde pequenos sempre combinamos muito os horários. Eles sofreram muito com essa rotina, mas sempre foram parceiros nessa minha caminhada”, conta a médica. Nessa trajetória, além do trabalho nos hospitais, Carla ainda passou pelo divórcio quando os filhos Lucas, Lara e Luiz tinham respectivamente 10, 8 e 7 anos. Se as responsabilidades aumentaram, ela seguiu crescendo profissionalmente e fez duas especializações e um mestrado em ciência da saúde em paralelo aos empregos. “Foi bem difícil, mas fiz uma escolha. Sofri muito, pois me achava ausente. Mas investi em tempo de qualidade. A vida ficou dividida apenas entre eles e o trabalho. As festas e saída com amigas ficaram em segundo plano, mas não me arrependo”. Mesmo com o tempo restrito, ela se esforçou para fazer ao menos duas refeições por dia com a família, além de aproveitar os finais de semana com os filhos. Férias, aniversários e Dia das Crianças eram motivo de festa. Duas bases de apoio nessa jornada foram a sua mãe e o colégio. Outra profissional da área de saúde que divide trabalho, estudos e a maternidade é Gabriela Félix de Souza, 32. Hoje ela está em transição. É fisioterapeuta, faz faculdade de medicina e tem uma filha de 11 meses, Laura. A chegada da bebê foi planejada. A angústia veio quando voltou à rotina de trabalho e estudante. “Retornar às atividades foi o momento mais complicado de transição. Voltei às aulas quando Laura tinha dois meses. Não sabia se iria dar certo, a criança depende muito da mãe. No começo para sair de casa era bem difícil. Mas sempre deixei com alguma das avós”, conta. Com a volta ao trabalho em paralelo aos estudos, ela só fica com a bebê no começo da manhã e no período da noite. “Reduzi minha carga horária profissional, saí de um hospital, mas mesmo assim me cobro muito pelo fato de estar ausente. A cobrança é muito maior minha que de outras pessoas”. A rotina da pequena hoje é no hotelzinho das 7h às 18h. A mãe, além do emprego e do tempo na faculdade ainda se desdobra para manter os estudos em dia. Muitas vezes usando as madrugadas. As preocupações com os cuidados com os bebês nos seus primeiros meses, quando associados ao acúmulo das funções profissionais e de casa levam muitas mulheres a tensões emocionais mais intensas. “As mulheres entraram no mercado de trabalho, mas os homens não entraram em casa, no cuidado com os filhos, na mesma intensidade. Recebo nos consultórios muitas mulheres com depressão pós-parto ou vivendo muitos conflitos na volta ao trabalho. Elas têm uma sensação subjetiva de responsabilidade do cuidado com o filho que o homem não tem”, afirma o médico Amaury Cantilino, que é professor adjunto departamento de psiquiatria da UFPE e membro da Comissão de Saúde Mental da Mulher da Associação Brasileira de Psiquiatria. Além dessa preocupação com os filhos, o médico relata que a competitividade no mercado profissional, pouco flexível às mães, também angustia as mulheres. “O receio de ter seu espaço preenchido pelo profissional que a substituiu na gestação é muito presente. Nessa volta ao trabalho, com frequência há uma sensação de ameaça no emprego. A necessidade de se ausentar no adoecimento dos filhos, por exemplo, cria nas mães uma impressão de vulnerabilidade da sua empregabilidade”, explica Amaury. Esse dilema dos possíveis prejuízos na competitividade profissional feminina se aqueceu neste ano com declarações do polêmico parlamentar Jair Bolsonaro que defendeu que as mulheres recebessem menos por engravidar. Apesar da chuva de críticas recebidas pelo deputado federal, sua opinião segue sendo uma realidade no mercado de trabalho no Brasil, em que as mulheres ainda ganham 30% a menos que os homens, de acordo com pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Esse preconceito com as mulheres tem retardado as gestações e levado também à recusa da maternidade. Resultado disso é que no Censo 2010, 20% das famílias não tinham filhos. No Censo 2000 eram 14% das famílias nessa situação. MÃE E PARLAMENTAR. A deputada estadual Priscila Krause dividiu os últimos anos da sua vida parlamentar

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Venda de imóveis em queda do Nordeste

Os Indicadores ABRAINC-Fipe referentes a março revelam o total de 10.804 unidades vendidas, com queda de 14,8% frente às vendas de março de 2015. Nos primeiros três meses deste ano, as vendas somaram 23.460 unidades, o equivalente a um recuo de 16% frente ao volume observado no mesmo período do ano anterior. Nos últimos 12 meses, o setor vendeu 105.020 unidades, queda de 15,8% frente ao período anterior. Em março de 2016 foram lançadas 9.534 unidades, o que mostra uma elevação de 22,1% face ao mesmo mês de 2015. Já no acumulado de 2016 (jan-mar), os lançamentos totalizaram 14.172 unidades, volume 18,2% superior ao observado no mesmo período do ano anterior. Considerando os últimos 12 meses, o total lançado (65.740 unidades) ainda repercute queda de 6,0% face ao período precedente. O vice-presidente executivo da ABRAINC, Renato Ventura, avalia que a alta nos lançamentos no mês de março ainda não pode ser caracterizada como tendência, pois falta confiança do setor em retomar o crescimento diante do cenário econômico atual. "Ainda há dificuldade no cenário, com impacto no crédito e na confiança do comprador", ressalta ele. O levantamento mostra ainda que, em março de 2016, foram entregues 12.734 unidades, o que representa aumento de 14% em comparação ao número de entregas realizadas em março de 2015. As entregas totalizaram 29.505 unidades no acumulado de 2016, volume 4,2% inferior ao observado na mesma base de 2015. Nos últimos 12 meses, as entregas somaram 124.561 unidades, o que representa queda de 21,4% face ao período anterior. Em sua oferta final, o mercado imobiliário disponibilizou 113.022 unidades para compra ao final de março, No mesmo período, foi vendido o equivalente a 8,9% da oferta do mês, percentual que representa uma queda de 2,1 pontos percentuais face ao Venda sobre Oferta (VSO) estimado em março de 2015 (11%). Com isso, estima-se que a oferta atual seja suficiente para garantir o abastecimento do mercado durante 11,2 meses, se o ritmo de vendas de março de 2016 for mantido. Distratos Nos três primeiros meses de 2016, o total de distratos foi de 11.524 unidades, patamar 4,7% superior ao observado no primeiro trimestre de 2015. Já no mês de março, os distratos somaram 4.438 unidades, o que representa um aumento de 14% frente ao número absoluto de distratos observados em março de 2015. Nos últimos 12 meses foram 50.166 unidades distratadas, o que equivale a uma elevação de 6,6% face ao período anterior. Renato Ventura explica que a forma mais consistente de acompanhar o número este tema é realizando o cálculo por safra, com isso pode se ter um retrato mais preciso da ocorrência dos distratos no setor. Luiz Fernando Moura, diretor da ABRAINC, ressalta que o perfil dos compradores tem mudado, acompanhando o novo ritmo do setor. "Estão ficando no mercado mais pessoas que compram para morar ou que investem com expectativa de retorno a médio e longo prazos", conclui. Região Nordeste No mês de março, a região Nordeste contou com 2 mil unidades lançadas, tendo a sua participação em 21,8% no total nacional. No período, foram vendidas 1.300 unidades de novos imóveis, alcançando 11,8% do número vendido no Brasil pelas associadas ABRAINC. Em março foram entregues 1.900 unidades no Nordeste, 15,3% do total de entregas no Brasil. Os dados mostram que no Nordeste, em março, haviam disponíveis 17.800 unidades em oferta final, 15,7% do número nacional. Metodologia mensal Completados dois anos de estudo, os Indicadores ABRAINC-Fipe passam a ser divulgados no formato mensal por haver informações mais detalhadas e maior histórico do setor. Até o mês passado, os dados eram divulgados por trimestre móvel. O objetivo da mudança é facilitar o entendimento dos dados do setor imobiliário, alinhados com os outros indicadores da economia nacional, que também são calculados mensalmente. Os Indicadores ABRAINC-Fipe são elaborados pela Fipe com informações de 19 das 26 associadas da ABRAINC que atuam em todo o país. O estudo, lançado em agosto de 2015, vem sendo construído pela Fipe desde janeiro de 2014, é o primeiro conjunto de indicadores do setor imobiliário obtidos nacionalmente. Para a composição dos Indicadores são consideradas informações sobre lançamentos, vendas, entregas, oferta final e distratos do mercado primário de imóveis residenciais e comerciais. Divulgados mensalmente, os números são referentes ao mês de março de 2016. Os dados que compõem os Indicadores são fornecidos à Fipe mensalmente pelas empresas associadas à Abrainc. Após compilar os dados, é feita cuidadosa verificação para garantir a consistência das informações e, se for o caso, as empresas são contatadas para eventuais ajustes ou validação. Em seguida, com os dados validados, os Indicadores Abrainc-Fipe são calculados e, posteriormente, disponibilizados.

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PT e PMDB distantes nas eleições municipais

O PT vai orientar suas lideranças regionais a firmarem alianças o mais à esquerda possível para as eleições municipais deste ano, distanciando-se ao máximo do PMDB e de outras siglas que fizeram oposição ao governo da presidenta afastada Dilma Rousseff. A direção nacional do partido se reuniu ontem em um hotel de Brasília e vai anunciar, à tarde, que não reconhece o governo do presidente interino Michel Temer. Alguns políticos petistas, no entanto, admitem que o afastamento de siglas que defenderam o impeachment de Dilma nem sempre será possível. “Creio que haverá uma fase de transição em que o partido deve ter um eixo prioritário para as alianças, mas deve, no caso a caso, a partir da direção de cada estado, tomar uma decisão para algumas exceções”, disse o governador do Piauí, Wellington Dias, ao chegar para a reunião do diretório nacional. Oposição No Congresso, a ordem é que o PT faça oposição dura a qualquer proposta enviada por Temer. Participam da reunião, iniciada às 11h, diversos parlamentares petistas, entre eles, o líder do governo afastado na Câmara, José Guimarães (PT-CE), mas nenhum deles quis conversar com jornalistas. O ministro afastado da Secretaria de Comunicação da Presidência, Edinho Silva, assegurou que o PT terá papel ativo na discussão de políticas públicas. "Ao longo dos últimos 13 anos, o PT teve a capacidade de mudar a cultura das políticas públicas. Agora, vai atuar defendendo o mandato da presidenta Dilma e debatendo cada proposta enviada [ao Congresso Nacional]." O presidente do PT, Ruy Falcão, anunciará, após reunião, que o partido não reconhece o governo do presidente interino Michel Temer. Segundo participantes do encontro que pediram para não ser identificados, o partido não vai sair em defesa de novas eleições gerais, para não desviar o foco da defesa no Senado do mandato de Dilma. (Da Agência Brasil)

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Dor da chikungunya tem tratamento

Combater a dor. Esse é o principal desejo dos pacientes com suspeita de chikungunya que chegam diariamente aos serviços de urgência ou aos consultórios. Os analgésicos mais receitados pelos médicos, como dipirona ou paracetamol, na maioria dos casos, passam longe de aliviar o desconforto. Como a doença tornou-se um grave problema na saúde pública – até o início de maio havia quase 17 mil casos suspeitos e 371 confirmados – e alcança parcela significativa da população, surge neste momento uma série de indicações populares do que fazer para amenizar os sintomas. Cada um dá um pitaco. Entre os médicos, no entanto, foi desenvolvido um protocolo para orientar esse tratamento. Apesar do sofrimento que os pacientes passam nos primeiros dias da chikungunya, na sua fase inicial, há algumas restrições para o uso de medicamentos. “Não são recomendados os anti-inflamatórios nessa primeira etapa, pois caso esse paciente tenha dengue, e não a febre chikungunya, o uso desses medicamentos poderá desencadear uma reação hemorrágica. Os sintomas dessas duas doenças são bem semelhantes”, alerta o infectologista do Hospital Esperança, Moacir Jucá. Essa fase aguda dura de dois dias até duas semana. Leia mais: Pacientes com chikungunya procuram fisioterapia Enquanto as dores da dengue são consideradas leves e os sintomas da zika são classificados como de leves a moderados, a gravidade das sensações provenientes da febre chikungunya estariam entre moderadas e intensas, segundo os especialistas. Uma característica que acomete os pacientes desse quadro mais agravado é que a maioria segue para a fase subaguda da doença. “Cerca de 80% dos pacientes entram nessa fase, em que há uma piora das dores articulares, em geral nas mesmas regiões já acometidas no primeiro momento, apesar de não haver mais febre. Os pacientes que continuam por mais de três meses entram numa fase classificada como crônica da doença”, diz Moacir Jucá. De acordo com informações do Ministério da Saúde, os sintomas dessa última fase podem durar até três anos. A partir da fase subaguda e da fase crônica – já com um diagnóstico e um quadro clínico mais preciso da doença – são iniciados tratamentos com o uso de anti-inflamatórios esteroides ou não esteroides (estes últimos são conhecidos como corticoides). Aos pacientes que chegam à última fase é necessário acompanhamento de um reumatologista. Recentemente foi desenvolvido pela Secretaria de Saúde do Recife o protocolo "Manejo de Dor na Chikungunya", que designa qual o tipo de tratamento a partir da escala de dor do paciente, que é medida de 0 a 10. De acordo com a especialista em reumatologia e tutora de medicina da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS), Zelina Barbosa, que integrou a equipe de elaboração do protocolo, o nível da sensação dolorosa é medido durante as consultas médicas a partir de entrevistas com o paciente. “Identificamos algumas pessoas com graus 9 ou até 10. São casos mais intensos, que precisam de um acompanhamento de um especialista, pois pode haver a necessidade inclusive de usar derivados de morfina no tratamento”, afirma. Para as crianças, que também são vítimas frequentes da doença, o protocolo de tratamento é semelhante ao dos adultos, apenas considerando a ressalva das medicações que não são recomendadas para a fase infantil. “O quadro clínico dos pequenos é bem semelhante ao do adulto. Muitas manifestações cutâneas, além das dores nas articulares são muito presentes nas crianças. O tratamento também é muito parecido, respeitando drogas que têm restrições na infância. Buscamos os analgésicos, anti-inflamatórios e corticoides que são indicados para a idade”, ressalva Zelina. Com o desenvolver da doença alguns pacientes correm o risco de perder massa muscular ou até chegar a quadros de incapacidade funcional, de acordo com a médica. Nesses casos é possível fazer indicações de tratamentos alternativos com fisioterapia e até acupuntura. As indicações alimentares que têm sido propagadas pelas redes sociais, como o uso de sucos com inhame, não têm comprovação científica na literatura médica. RISCOS De acordo com a reumatologista do Real Instituto de Oncologia do Hospital Português e do Imip, Renata Menezes, os pacientes com maior risco de entrar na fase crônica, com comprometimento das articulações são as pessoas acima de 45 anos, portadoras de doenças articulares preexistentes. "O sintoma mais comum nessa fase é o acometimento articular persistente e semelhante à artrite reumatóide. Nessa fase podem ainda estar presentes a fadiga, rigidez matinal, artrite, tenossinovite e sintomas neurológicos", declara. Ela alerta que muitos pacientes estão se automedicando com corticóides, o que nem sempre é aconselhado, devido os riscos e contraindicações, além da volta dos sintomas após a suspensão da medicação (efeito rebote), que deve acontecer de forma moderada. Na fase crônica da artrite por chikungunya deve-se considerar, além dos corticóides, a possibilidade de uso de drogas usadas no tratamento da artrite reumatóide. (Rafael Dantas)

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Por causa da rádio me arranjei por toda a vida

Consagrado pelo talento musical, o maestro Clóvis Pereira deixou seu nome marcado na história das rádios, clubes, universidades e conservatórios de Pernambuco e de outros Estados do Nordeste. Nesta entrevista à Revista Algomais ele lembra dos seus primeiros passos, quando ainda tocava gaita e revela bastidores do Movimento Armorial e do seu tempo de estudante na Berklee College of Music, na cidade de Boston. O amor pela música vem da infância? Eu sou natural de Caruaru. Meu pai era músico da Sociedade Musical Nova Euterpe, uma banda. E minha mãe era cantora de um bloco, nos anos 20, quando era jovem. Meu pai nessa época tocava violão. Depois que ele casou, ele melhorou o gosto pela música, se aproximou da banda musical e passou a tocar clarinete. Eu sempre o acompanhava desde que eu tinha uns 9 anos. Até que de uma hora para outra ele saiu da banda e conseguiu um trabalho muito bom no Cine Caruaru. Passou a ser operador dos projetores cinematográficos e também pintava os cartazes, pois ele também era pintor. A partir daí passei a acompanhá-lo no cinema. Essa aproximação com a sétima arte aguçou seu interesse pela cultura? Uns dois anos após a inauguração do cinema, eu já estava com uns 13 anos e passei a trabalhar com ele como ajudante de operador. Por força de obrigação assistia também aos filmes musicais naquela época, nos anos 40. Aí aumentei o meu gosto pela música. Algum filme marcante da época? Um dia apareceu o filme A noite sonhamos, que relatava a vida de Frederic Chopin, compositor polonês. Fiquei impressionado não só pela música, mas com o processo de aprendizado e o progresso dele. E menos de um mês depois disse: papai que quero tocar o piano. Mamãe, eu quero tocar o piano. Foi aí que o senhor começou a tocar instrumentos musicais? Não. Antes, quando eu tinha 12 anos, comecei a tocar gaita de boca. Comecei a tocar de ouvido aquelas marchinhas brasileiras... Mas quando decidi pelo piano meu pai disse: "Como você vai aprender se não temos piano em casa?" Eu disse: "Não tem problema, eu me viro". Meus pais se entusiasmaram e me matricularam com uma senhora muito famosa na época, Djanira Barbalho. Ela achou que eu já tinha um talento musical, pelo que eu acompanhava meu pai desde a infância. Meu pai me levava aos consertos. Ainda hoje me lembro do maestro Severino Ramos reclamando com ele: "Luizinho, leva esse menino para casa não vês que ele está dormindo". Mas meu pai me deixava quietinho no banco, dormindo. Como foi a experiência de começar a tocar? No mesmo ano em que comecei a estudar a professora achou que eu já poderia tocar na audição, que naquele semestre aconteceu no Clube Internacional de Caruaru. Com dois anos apenas de estudo eu já tocava algumas coisinhas de ouvido também no piano. A professora não gostava, mas eu tocava escondido nas casas de Caruaru. Em 1946, na sociedade musical da Nova Euterpe, onde meu pai trabalhou, eles queriam fazer uma orquestra de jazz, mas não era jazz, era uma orquestra popular. Me chamaram para tocar. Em junho daquele ano, a orquestra foi contratada para tocar no São João e São Pedro, num tempo que não tinham ainda descoberto o forró. Fomos tocar numa noite de São João como se fosse uma festa, não no estilo junino. Deu certo. O pessoal ficou satisfeito, pois não atrapalhei. Em 1947 houve em Caruaru a festa da Primavera. Eles, para mostrar a grandiosidade e luxo, contrataram o Bando Acadêmico do Recife, que era uma orquestra espetacular. Eu tinha acabado de sair de uma pneumonia, mas para ver esse bando insisti para meu pai deixar eu ir. Tinha 17 anos. Fui assistir ao baile. Quando o bando acadêmico fez o primeiro intervalo, passei a conversar com os músicos. Disse que estava começando. E perguntei: "Cadê o pianista?" Eles disseram que infelizmente não veio. Eu disse que estudava piano e eles perguntaram se eu não gostaria de acompanhá-los. Eu disse: posso dar um treininho, discreto. Eles concordaram. Conheci então os músicos dessa orquestra. Isso foi no mês de setembro. Ainda toquei com eles no Revéillon, em Caruaru. Em janeiro do ano seguinte, até o primeiro semestre toquei com essa orquestra. No segundo semestre meu pai veio trabalhar no Recife. Ele passou a ser projetista do cinema da Base Aérea, uma ótima colocação na época. Eu vim para aqui terminar o curso ginasial. De um músico jovem de Caruaru, como o senhor conseguiu se destacar no circuito musical do Recife? Eu estava sem fazer nada pelo Recife, sem muito a tocar. Até que a Rádio Clube anunciou o concurso musical chamado Céu ou Inferno. Me inscrevi para tocar gaita. Em paralelo ao piano, nunca tinha deixado de tocar a gaita. Levei para o programa, que era apresentado por Fernando Castelão a música Dança do Fogo, de Manuel de Falla, que era muito difícil. Quando acabei de tocar foi palma para todo lugar. A próxima candidata era uma menina chamada Creusa, tocando no cavaquinho o maior sucesso da época, um baião chamado Delicado. Quando acabou foram muitos aplausos também. Foi apertado, mas ela ganhou. Mas como Fernando Castelão estava torcendo por mim, ele me convidou para ser o mais novo artista do programa dele. Assim entrei na rádio. Em 1948 comecei a ouvir a Rádio Jornal do Comércio, que tinha inaugurado. Eles criaram o concurso “A hora da Gaita", num patrocínio da Hering, que era um produtora de gaitas da época. Toquei a mesma peça. Nesse programa o julgamento era técnico e terminei como vencedor. Eles gostaram de mim na rádio e passaram a me chamar para tocar. O cachê já era melhor. Quais seus passos para chegar a ser maestro na rádio? Depois de uns três meses nesse novo ambiente, consegui autorização para treinar no piano da rádio. O diretor artistico me permitiu tocar na sala de ensaios. Foi ali onde conheci vários músicos que estavam entre os melhores do Brasil.

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Governo Temer, o aborto e a Igreja

Em entrevista publicada hoje (17/05) no Estadão, o novo ministro da saúde, Ricardo Barros, nomeado pelo presidente interino Michel Temer, afirmou que deseja o apoio das igrejas na discussão sobre o aborto. Na entrevista, o ministro defendeu que o Brasil enfrenta um problema relacionado ao tema, com grande número de procedimentos realizados de forma inadequada e muitas mortes. Para justificar sua defesa, ele informou que são feitos 1,5 milhão de abortos por ano no País, que resultam em 11 mil vão a óbito de mulheres. O ministro sinalizou que buscará apoio das igrejas para discutir o projeto. "Vamos ter de conversar com a igreja. A decisão do ministério não deve provocar resistência ou discussão. Temos de ajustar. Antes de propor uma política para isso, vamos ter de realizar um diálogo muito amplo". Ele comparou o problema do aborto como o crack. A disposição do Governo Temer em tratar do tema destoa de seus depoimentos quando ainda disputava as eleições ao lado da petista Dilma Rousseff. Em 2010, em meio à polêmica de que a então candidata era a favor do aborto, Temer criticou a tentativa da Igreja em interferir no Estado. “Acho muito grave que se coloque essa questão de fé com o Estado. Que vença o melhor para o país, até porque a Dilma não vai ser presidente dos católicos ou dos evangélicos, mas do país. A nossa constituição já determina que o Estado é laico e não pode confundir uma coisa com outra”, afirmou Temer na época. De acordo com notícias do portal G1, na época, Temer afirmara ser contra o aborto e era contrário ao apoio a mudanças na legislação para descriminalizar a prática.

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Santa Cruz estreia com goleada na Série A; Sport e Náutico decepcionam

Os principais torneios de futebol do país começaram no último final de semana. Para as equipes pernambucanas que disputam as competições, o gostinho da primeira rodada foi bem distinto. O Santa Cruz, que desde 2005 não disputava uma Série A, estreou goleando o Vitória/BA e largou muito bem na competição. O Sport, o outro representante do estado no campeonato, foi derrotado pelo Flamengo, em Volta Redonda. Pela Série B, o Náutico perdeu para o Criciúma, em Santa Catarina, e, assim como Leão, não somou os três pontos fora de casa. Para lavar a alma do torcedor. O Arruda foi só festa na manhã/tarde do último domingo (15). Com um futebol envolvente, o Santa Cruz bateu o Vitória, por 4 a 1, e começou muito bem a jornada de 38 rodadas da Série A. O atacante Grafite foi decisivo mais uma vez. O camisa 23 marcou os dois primeiros gols que abriram caminho para a construção do resultado. O primeiro objetivo Coral é escapar da degola. A primeira missão foi cumprida. Atuando no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, por conta da interdição do Maracanã até o final do ciclo olímpico, o Sport fez um jogo fraco diante do Flamengo. Logo aos quatro minutos, Everton abriu o placar para o Rubro-Negro carioca. A inoperância ofensiva, caracterísitca da equipe pernambucana nesta temporada, se fez presente mais uma vez. Nos noventa minutos da partida, o Leão finalizou apenas uma vez. Uma falta cobrada por Diego Souza, de longe, que Paulo Victor defendeu sem sustos. Além da atuação abaixo da média do time, a arbitragem de Marcelo Aparecido foi alvo de críticas dos leoninos. Se não quiser brigar na parte de baixo da tabela, o Sport precisa de reforços. O ideal seria já para o duelo contra o Botafogo/RJ, no próximo final de semana. Em Santa Catarina, Criciúma e Náutico fizeram um jogo morno, sem muitos lances de perigo, que terminou com vitória dos donos da casa, por 1 a 0. Entretanto, dois erros foram determinantes para o resultado. Um do atacante Rafael Coelho e outro da equipe de arbitragem. Aos 19 minutos, após escanteio cobrado por Esquerdinha, o camisa 9, sozinho na pequena área, cabeceou para cima e desperdiçou a melhor chance de gol do Timbu na partida. No início da segunda etapa, Gustavo concluiu um cruzamento que veio da direita para marcar o único gol da partida. O lance, contudo, deveria ter sido invalidado, já que o jogador da equipe catarinense estava em posição de impedimento. Mas o Náutico não possui tempo para lamentações. Amanhã (17), os comandados de Alexandre Gallo entram no gramado da Arena Pernambuco para encarar o Vila Nova/GO.

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Memória: Recife em chamas (maio/2016)

Hoje perdido nos confins da história, o incêndio de Roma castigou, severamente, as áreas mais povoadas da cidade. São muitas as hipóteses para tal acontecimento, pontificando, contudo, a que se baseia no fato de que os moradores, cujas habitações eram em sua maioria feitas de madeira, se valiam do fogo para se aquecer e preparar os alimentos. Por negligência, supõe-se, o fogo de uma dessas casas teria se alastrado e, com a infeliz coincidência do vento que soprava forte naquele dia, quase fazia desaparecer a cidade que então era a mais poderosa do planeta. A explicação mais corrente, no entanto, é a de que Nero, o insano imperador romano, em busca de inspiração para dedilhar sua harpa teria colocado fogo na cidade, intencionando reconstruí-la mais forte, graças a uma nova e majestosa arquitetura. Tal versão é sobejamente desmentida pelos historiadores, já que, atualmente é sabido, Nero sequer estava em Roma naquela ocasião. Ademais, ao ser informado do acontecimento logo regressou e deu auxílio aos desabrigados, inclusive recebendo-os no seu palácio. Houve até quem afirmasse que o imperador era mesmo o autor do incêndio, para adquirir terrenos a preço vil. Versões à parte, o fato é que o incêndio começou no centro comercial de Roma na noite do dia 18 de julho do ano 64 e rapidamente tomou conta da cidade. Foram seis dias de trabalho ininterrupto em busca de controlar as chamas. Mesmo assim, o problema não cessara, já que alguns focos espontaneamente reacesos fizeram o combate durar mais três dias. Contadas as perdas, dois terços da cidade estavam destruídos, inclusive obras da civilização romana, valiosas para a cultura ocidental e para a história da humanidade, como, por exemplo, o Templo de Júpiter e o Lar das Virgens Vestais. Como o pensamento não conhece barreiras, viajemos no tempo. Pronto! Em menos de um segundo percorremos 1921 anos. Agora, estamos no Recife, onde ocorreu um incêndio potencialmente muito mais destrutivo do aquele de Roma. Diga-se, desde já, que aqui não se pretendia reconstruir a capital nem havia algum interessado em terrenos a preço de quase nada. Existia, isto sim, fatalidade. E coragem. O que você vai ler agora é a história desse incêndio que nos revelou um herói pernambucano, o homem que salvou o Recife da destruição. Para entender melhor, imagine-se nos arrecifes olhando a cidade a partir do mar. É a visão mais bonita da nossa capital. De imediato, seus olhos percorrem o Recife Antigo, rico das construções coloniais. Olhando para a esquerda, a Zona Sul da cidade. Para a direita, Olinda. Pois saiba que esse panorama desta cidade histórico-portuária por pouco não desapareceu deixando apenas escombros. Na noite de 12 de maio de 1985, todo o esplendor arquitetônico da região, incluído o Palácio do Governo, que já foi ocupado por Maurício de Nassau, e do Teatro Santa Isabel, obra do engenheiro francês Louis Léger Vauthier, e ainda as proximidades dos bairros da Boa Vista, de Santo Antônio, do Pina e de Brasília Teimosa, poderiam ter-se tornado cinzas. Naquela noite, um dos três tanques do navio Jatobá, contendo 1.500 toneladas de gás de cozinha, explodiu, se fez chamas. Para agravar o perigo, o Jatobá estava ancorado próximo ao Parque de Tancagem do Brum, abarrotado de combustíveis. Se aqueles reservatórios, contendo cerca de 153 mil metros cúbicos de inflamáveis explodissem, parte da cidade do Recife seria tragada pelas chamas. Calcula-se que em um raio de cinco quilômetros tudo ficaria calcinado. Urgia rebocar o Jatobá para longe do porto, mas quem se habilitava a desempenhar a perigosa missão? Às duas horas da madrugada de um domingo Dia das Mães o telefone do prático da barra Nelcy Campos tocou, e apenas 20 minutos depois, ele chegou ao porto. Estava nascendo um herói. Não um super-herói, daqueles que figuram glorificados nas telas do cinema, mas um homem comum, praticando um gesto incomum. Nelcy Campos não vacilou. Foi ele o único profissional a aceitar a árdua tarefa de evitar maiores danos das labaredas, que àquela altura atingiam 20 metros de altura, e que nem os bombeiros haviam sido capazes de controlar. Sua primeira providência foi manobrar os dois navios que estavam perto do Jatobá e, como ele, carregados de gás butano, deixando-os a uma distância segura. Em seguida, com sua liderança e a ajuda de outros portuários, ele serrou os cabos do navio em chamas, fixou a embarcação ao reboque Saveiro e partiu na direção de um banco de areia situado a seis quilômetros dali. O objetivo, que ele alcançou com absoluto sucesso, era evitar a explosão total do cargueiro e dos tanques de combustíveis do Brum. Recife estava salva. Somente no meio da manhã do dia seguinte, ele regressou à terra, encontrando à sua espera toda a imprensa, oportunidade em que pronunciou uma frase que bem diz do seu caráter e serve como exemplo para os que hoje vivem o cotidiano da cidade: "Nunca me vi em uma situação tão difícil e perigosa, mas pensei logo na população. Mesmo sabendo que podia ser arriscado e que podia morrer, parti para a operação". Pelo seu feito heroico, Nelcy da Silva Campos foi reverenciado por autoridades e ilustrou manchetes nos jornais Brasil afora. Do Governo de Pernambuco recebeu a mais alta distinção, a medalha Guararapes Classe Ouro, e foi também reverenciado pela Marinha brasileira que, em 29 de junho de 2003, o homenageou com um busto de mármore no Terminal Marítimo do Marco Zero (a central de serviços turísticos do Carnaval), que passou a adotar, desde então, o seu nome. Eram passados 18 anos desde aquela noite trágica. Nelcy Campos, o prático da barra que nasceu a 21 de janeiro de 1931 e arriscou a vida para salvar esta cidade, morreu a 27 de setembro de 1990, de causas naturais. Graças a ele, as chamas daquela noite foram extintas. Já a chama da nossa admiração por ele jamais se apagará. *Por Marcelo Alcoforado

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Museu Murillo La Greca inicia novos projetos

O Museu Murillo La Greca, no bairro do Parnamirim, no Recife, aproveita as celebrações da 14ª Semana Nacional dos Museus para estrear uma nova programação. De 18 a 22 de maio, exposições, seminário e novos projetos serão apresentados ao público de forma gratuita. A programação preza pelo dinamismo e participação da sociedade no equipamento cultural da Prefeitura do Recife. O Museu Murillo La Greca está localizado na Rua Leonardo Bezerra Cavalcanti, nº 366, bairro do Parnamirim, Recife. Informações pelo telefone: 3355.3126/3127 A programação começa na quarta-feira, dia 18, a partir das 19h, com a abertura de duas exposições: Sobre Monumentos e Vazios, de Erica Ferrari; e Murillo La Greca - Grandes Formatos, com curadoria de Bárbara Collier. A primeira, parte da pesquisa de Erica Ferrari acerca dos Palácios Nacionais, dos quais destaca os que guardam passagens de luta e violência e que hoje servem como museus e espaços culturais, além de funcionarem como monumentos. A segunda mostra traz para o museu um recorte da produção do patrono da casa, Murillo La Greca. A exposição abre diálogo com obras em grandes formatos e seu processo de criação e elaboração, com destaque aos afrescos da Basílica da Penha. Fotos do processo de execução bem como os rascunhos e esboços elaborados pelo artista estarão disponíveis ao público. A exposição reúne fotos, desenhos, rascunhos, cartas, objetos pessoais e materiais artísticos de Murillo. Na quinta-feira, dia 19, será realizado o seminário Proposições de Projetos e Eventos para o Museu Murillo La Greca em 2016. Aqui, a ideia é apresentar os novos projetos e modelo de trabalho, convidando artistas, produtores e público em geral para sugerirem novas ações para o ano de 2016. Essa é uma iniciativa que visa aproximar o espaço museológico e educativo da população. As sugestões e projetos também podem ser enviadas para o e-mail: murillolagreca@gmail.com. O seminário tem início às 19h. Na sexta-feira, dia 20, no horário das 20h às 22h, o Murillo La Greca inaugura um novo projeto: Cinema no Jardim – edição Discussões Urbanas. O evento será gratuito e traz a exibição de curtas-metragens, música com DJ no intervalo entre os blocos de exibição e barraquinha com bebidas e comidas. O sábado, 21 de maio, será dedicado a abertura de mais dois projetos. O primeiro, intitulado o Atelier Coletivo - edição serigrafia, acontece das 13h às 17h, onde artistas convidados vão montar seu ateliê no jardim do museu. Como o tema dessa edição é a serigrafia, serão disponibilizadas tintas e mesas para trabalho, além de varal para secagem das obras e exposição durante a tarde. O segundo projeto é o Roda de Fogueira: O resgate da conexão com o feminino e a mulher selvagem. Ele começa às 17h e vai trazer duas expositoras, a Kátia Brandão e a Júlia Santos, que irão tratar do tema circundado em diversas perspectivas, de forma dinâmica, em uma roda de conversas, construindo-se então um debate que estará aberto à participação de todos. O que é o sagrado feminino, o arquétipo da mulher selvagem, e a abordagem desse sagrado ligado à arte são alguns dos focos do encontro. E encerrando a programação da 14ª Semana Nacional dos Museus, o Murillo La Greca preparou para o domingo, 22 de maio, uma programação infantil que vai das 10h às 17h. Nesse dia haverá uma visitação às duas exposições em cartaz no museu com mediação especial para as crianças na parte da manhã. Das 12h às 13hs, o Museu faz uma pausa das visitações e disponibiliza o seu jardim para um picnic, onde além de frutas e águas disponibilizadas no local, o público pode levar sua própria comida. O momento de lazer e alimentação terá ainda o som dos Djs da casa. E das 13h às 17h, além do público espontâneo, o espaço vai receber as pessoas do circuito 1, do Circuito de Museus 2016. O circuito é realizado pelo OBSERVAMUS - Observatório de Museus e Patrimônio Cultural (PPGA - UFPE) em co-realização com o Fórum de Museus de Pernambuco e vai contar com uma visitação mediada a vários equipamentos, com transporte gratuito saindo dos shoppings Tacaruna e Rio Mar. As inscrições são feitas pelo e-mail: circuitodemuseusrecife2016@gmail.com. Informações: 2121.0354.

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Crise pernambucana no saneamento básico

Das 100 maiores cidades brasileiras analisadas no novo "RANKING DO SANEAMENTO NAS 100 MAIORES CIDADES" publicado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a com a consultoria GO Associados, seis estão em Pernambuco (Recife, Caruaru, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista e Petrolina). Três deles - Jaboatão dos Guararapes (94º), Olinda (84º) e Paulista (81º) - estão entre os 20 piores do país em saneamento básico, segundo o ranking que é baseado em indicadores oficiais do SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico - do Ministério das Cidades - ano base 2014.  Outras três cidades, a capital Recife (73º), Caruaru (64º) e Petrolina (45º), estão na parte intermediária da tabela. Na capital, Recife, os indicadores de 2014 mostravam que  83,27% da população tinha acesso à água tratada, mas a coleta de esgoto estava acessível para apenas 38,69% da população. A cidade também ostentava um índice elevado de perdas na distribuição, de 51,88%. Olinda, cidade que é patrimônio cultural da humanidade, investiu pouco em saneamento básico no período de 2010 a 2014, apenas 6,03% do que arrecadou com os serviços de água e esgotos. O  atendimento de água tratada era disponibilizado para 84,64% da população e apenas 33,7% das pessoas tinham acesso às redes de coleta de esgotos em 2014. Já na cidade de Paulista, 84,71% da população era servida por água tratada e 37,52% com coleta de esgotos. Os investimentos em saneamento em relação à arrecadação em Paulista atingiu a média de 8,95%. Em Caruaru, 93,57% das pessoas tinham água tratada, mas apenas 43,4% tinham coleta de esgotos. A melhor situação entre as grandes cidades pernambucanas estava em Petrolina, onde 88,3% das pessoas tinham acesso à água tratada e 59,8% com coleta de esgotos. A situação mais crítica foi a de Jaboatão dos Guararapes, onde apenas 73,19% da população tinha acesso aos serviços regulares de água tratada. Mais grave foi ver que apenas 7% da população era atendida por coleta de esgoto, índice muito aquém da média nacional de 49,8%. Um indicador que ajuda a explicar o atraso do município em saneamento básico é a relação entre arrecadação com os serviços e os investimentos em saneamento. Nos 5 anos do estudo (2010 a 2014) a cidade reinvestiu nos serviços de água e esgotos, em média, 8,22% do que arrecadou (contra uma média de 23% nos 100 municípios). Uma outra situação crítica das grandes cidades pernambucanas são os elevados índices de perdas de água no processo de distribuição. Caruaru perdia 53,56%, Jaboatão 41,06 %, Olinda 59,24%, Paulista 65,37% e Petrolina 48,64%. Apesar dos grandes desafios do saneamento básico em Pernambuco, um ponto muito positivo é que no estado está acontecendo a maior Parceria Público-Privada em água e esgotos do País, avaliado em R$ 4,5 bilhões. O programa, segundo informações dos envolvidos e na imprensa local, abrange todos os 14 municípios da RMR e a cidade de Goiana, tendo como destaque na região metropolitana o Programa Cidade Saneada. Há, portanto, perspectivas de avanços significativos nos próximos anos.

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