Arquivos Entrevistas - Página 17 de 28 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Entrevistas

"Há empresas interessadas no trajeto Custódia-Suape da Transnordestina."

A novela da construção da Transnordestina – que já dura inacreditáveis 16 anos – apresentou semanas atrás um capítulo que provocou indignação em Pernambuco: foi quando o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, anunciou que a TLSA, concessionária da ferrovia, desistira de construir o trajeto até Suape. A saída de criar uma nova concessão para concluir a obra é encarada pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, como uma maneira de viabilizar o trajeto, sem ter que envolver o Estado no enredo da concessão da TLSA. Uma concessão que, entre outros imbróglios, enfrenta a recomendação da caducidade do seu contrato pelo Tribunal de Contas da União e pela ANTT (Agência Nacional de TransportesTerrestres). Nesta entrevista a Cláudia Santos, o secretário aborda detalhes dessa nova concessão e fala também sobre como está sendo executado o Plano de Retomada para que a economia pernambucana volte a crescer. Após a reunião do governador Paulo Câmara com o ministro Tarcísio Freitas, como ficou o destravamento para a conclusão das obras da Transnordestina? A Transnordestina, como a concessão, tem três desafios grandes para o Governo Federal. Primeiro, é uma obra que tem um contrato assinado há muitos anos – a autorização para essa obra ser realizada foi feita em 2005, portanto há um contrato de 16 anos com a obra autorizada para acontecer e não aconteceu. Segundo, há uma série de apontamentos do TCU (Tribunal de Contas da União) e uma decisão colegiada da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) pela caducidade do contrato atual. Terceiro, o empreendedor pede R$ 11,9 bilhões de orçamento geral da obra e a ANTT só aprova R$ 8,9 bilhões, são R$ 3 bilhões de diferença. São três problemas principais de execução. O ministro apresentou a possibilidade de tentar superar essas questões para fazer o ramal que liga a ferrovia ao outro porto e viabilizar o ramal que liga Suape por meio de uma nova concessão. O que me parece vantajoso para Pernambuco porque o contrato atual tem desafios que podem não ser vencidos durante o tempo. Em Pernambuco só precisamos dos 300 km de Custódia até Suape. Espero que os próximos passos para essa nova concessão aconteçam o mais cedo possível para que possamos ver a Transnordestina chegando logo no Porto de Suape. Acho que isso tem uma chance muito grande de ser viabilizado, antes mesmo de resolver os problemas tão graves que o contrato atual tem. O trajeto de Eliseu Martins, no Piauí, até Custódia ficaria com a concessionária atual. O fato do novo concessionário da Transnordestina (do trecho Custódia a Suape) ter que pagar uma taxa para trafegar de Eliseu Martins até Custódia, não aumenta os custos do transporte até Suape? O trajeto até Custódia já está pronto. Ferrovia é uma atividade concessionada e, portanto, regulada. Se alguém tem uma carga que tem a necessidade de usar aquela ferrovia, a tarifa é definida por meio do contrato de concessão e da regulação da ANTT. O proprietário da ferrovia, na realidade é um concessionário e, portanto, submetido a regras que são do marco regulatório nacional sobre a questão das ferrovias. É uma infraestrutura pública concedida a um privado. O senhor acredita que esta solução seja favorável a Suape? Veja, a situação atual da Transnordestina é de muito desconforto para todos: para os estados envolvidos, para os empreendedores que pretendem usá-la para transportar suas cargas, além de ser uma situação complexa para o Governo Federal, como concedente, e para a empresa concessionária porque são 16 anos de obra autorizada, contratada. Existem projetos que duram até mais do que 16 anos, mas esses não são 16 anos de projeto, de ideia, esses são 16 anos de contrato assinado para a obra acontecer, com a diferença de R$ 3 bilhões sendo discutida entre o concessionário e o Governo Federal e uma série de questionamentos do TCU que recomendou a caducidade e a ANTT, numa decisão colegiada, também recomendou a caducidade. Em vez de ficarmos numa confusão dessa, é muito melhor partirmos para uma concessão nova que não tenha nenhum obstáculo e que se consegue até fazer a obra mais rapidamente. Essa é a expectativa que temos. Porque, se fizermos essa concessão curta, não precisamos que o contrato anterior seja resolvido porque a ferrovia está pronta. Existem empresas interessadas nesse trajeto Custódia/Suape? Certamente, há mais de uma interessada, porque é um empreendimento que abrange um trecho muito importante de integração do Nordeste, que já está pronto, faltando apenas a concessão menor para fazer a ligação com um porto importante, como Suape. Vários investidores, seja de operação logística, de ferrovia ou mesmo de quem tem carga, terão interesse em fazer esse empreendimento. Não tenho dúvida nenhuma, ainda mais sendo uma construção nova que inicia sem nenhum obstáculo. Como está a implantação do Plano de Retomada? O que tem nos animado é a projeção de que este é um momento de retomada: os números na pandemia continuam controlados, a vacina avança cada vez mais, criamos o anúncio da terceira dose, feita pelo Ministério da Saúde, para pessoas acima de 70 anos e imunodeprimidos. Isso mostra que a pandemia está com os números controlados e a vacina tem um papel importante nisso e que realmente este é o momento da retomada. Outros estados lançaram, em março e abril, seus planos de retomada que foram totalmente “engolidos”. Estamos acompanhando o desempenho da economia nacional. O consumo em junho não foi tão bom quanto era esperado. Agora, vamos esperar os números de julho, quando forem divulgados. Mas estamos muito confiantes de que vai ter, sim, essa retomada, que que os empregos vão acontecer. O Governo do Estado tem um conjunto de obras importantes que, inclusive, estão sendo lançadas em agendas do governador pelo interior. Ocorreram anúncios de empreendimentos privados e há fábricas com obras sendo concluídas. Estamos com a expectativa de que realmente o Plano de Retomada tenha sido uma conjunção de esforços da sociedade como um todo para que Pernambuco aproveite melhor essa oportunidade do crescimento do consumo que está ocorrendo e que deve permanecer pelo

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"Queremos a universalização do direito à cultura"

P rofissionais do setor cultural constataram que eles são os últimos a retomar às atividades dentro do esquema de flexibilização imposta pela pandemia. E, não poderia ser diferente, afinal, as apresentações artísticas e culturais envolvem o encontro de pessoas, a aglomeração. Por isso, uma das primeiras ações da atual gestão da Secretaria de Cultura do Recife foi socorrer as pessoas envolvidas na cadeia produtiva do Carnaval e do São João. Nesta entrevista a Cláudia Santos, o secretário Ricardo Mello comenta os planos para expandir essa estratégia e garantir a sustentabilidade do setor cultural, seja por meio de políticas públicas, como a Lei Aldir Blanc, seja com a participação da iniciativa privada. Ricardo Mello também contou algumas novidades projetadas para um futuro breve como a escolha do Recife para integrar a Rede de Cidades Criativas da Unesco. A validação oficial deve acontecer até outubro. “Isso nos garante o ingresso numa rede de intercâmbio internacional para troca de experiência”, comemora o secretário, que também anuncia projetos que abrangem o espaço público, como a requalificação do Pátio de São Pedro e o emprego da arte urbana para revitalizar o Centro. Ricardo Mello também comenta a proposta elaborada pelo Porto Digital, pela Associação Pernambucana de Ópera, Dança Cênica e Música de Concerto e pela UFPE para transformar a gestão do Teatro Santa Isabel numa OS (organização social), o que envolveria também a Orquestra Sinfônica do Recife. O assunto foi tratado na edição 184.4 da Algomais e causou muitas controvérsias nas redes sociais. Qual o impacto da pandemia na cultura do Recife? Um dos compromissos que assumimos com o setor da cultura, ainda no ano passado, quando João Campos era candidato, foi que se aprofundasse uma escuta com o meio cultural para procurar os caminhos para enfrentar a situação. O primeiro movimento realizado foi o Chama a Cultura, no qual ouvimos as pessoas do setor cultural. Tínhamos que criar novos caminhos porque enfrentávamos um padrão desconhecido como, por exemplo, o fato de não acontecer o Carnaval. Começamos trabalhar nos primeiros dias de janeiro e em 9 de fevereiro enviamos para a Câmara o projeto de lei do AME Carnaval do Recife, que é o auxílio municipal emergencial, um projeto estimado em cerca de R$ 4 milhões. O objetivo era dar um socorro a todo mundo que ia ficar sem remuneração por não poder atuar na festa. A ausência da atividade cultural não mexe só com a vida de quem vive da cultura mas, também, com a vida da cidade e não apenas do ponto de vista do impacto socioeconômico mas inclusive sobre a saúde mental das pessoas. Precisamos da fruição da cultura, do contato com a arte. Tínhamos a expectativa de que poderia acontecer o ciclo junino mas acabamos editando um novo auxílio municipal emergencial, o AME São João do Recife. Com as atividades culturais suspensas, o que a secretaria tem realizado? Como os equipamentos culturais estão fechados, decidimos cuidar deles. Lançamos o Move, Movimento de Valorização dos Equipamentos Culturais, para prepará-los para a volta das atividades. Anunciamos a requalificação da Casa do Carnaval, no Pátio de São Pedro, e da Escola de Frevo, que completou 25 anos, e tem um valor afetivo e uma importância cultural muito fortes para várias gerações. Pouco tempo depois de inaugurada, a escultura de Reginaldo Rossi foi vandalizada. Eu disse: não é possível que a gente não crie uma relação de afeto com essas pessoas que são representações da nossa relação de amor com a cidade. A Secretaria e a Fundação de Cultura do Recife organizaram discussões com segmentos culturais e, daí, o projeto Circuito da Poesia virou o Recife Poesia Viva. Agora, junto às estátuas, há um QRCode que permite acessar um vídeo com atores e atrizes declamando trechos das obras desses homenageados. É uma maneira de criar uma relação de aproximação, mesmo com os protocolos necessários. A ideia foi recebida de uma forma muito emocionada. O Sesc foi parceiro e garantiu o cachê dos artistas porque a priorização das verbas da prefeitura é para a vacinação. E quais os planos para a retomada? Temos alguns caminhos possíveis. Neste ano, teve o caminho do socorro, agora tem que ter o caminho do fomento. Onde apareceu edital, a gente foi atrás para viabilizar projetos. Foi o caso do edital da Rede de Cidades Criativas, da Unesco, que não concede recursos, mas garante o ingresso numa rede de intercâmbio internacional para troca de experiência e oferece um selo reconhecido mundialmente de cidade criativa em uma determinada área. Optamos pela área da música. Montamos um grupo de trabalho com músicos, artistas e produtores. Entrevistamos cerca de 20 artistas que atuam na música, desde o brega, o maracatu, até a nova cena, como o coletivo Reverbo (na foto abaixo). Reunimos essas informações num relatório que foi enviado ao Ministério do Turismo e ao Itamaraty, para chancelar a indicação ao título de Cidade Criativa da Unesco, na categoria Música. No final, só duas cidades são escolhidas para ter um processo remetido à Unesco, na França. No caso, foram o Recife e Campina Grande. O que falta agora é a validação oficial da Unesco, dizendo que aceitou aindicação, o que deve acontecer até outubro. Vamos ter Carnaval em 2022? O Carnaval do Recife precisa de um tempo para se preparar. Então, precisamos começar a preparar o Carnaval, mesmo sem saber se ele vai acontecer, porque não se faz um Carnaval em 15 dias. O que pode acontecer – e a gente espera que não aconteça – é não poder efetivar o que foi projetado. Mas a discussão sobre Carnaval já começou, já temos grupos de trabalho atuando, voltados para a festa. O que você achou do projeto que propõe uma nova gestão para o Teatro Santa Isabel e a Orquestra Sinfônica do Recife apresentado pelo Porto Digital e pela UFPE? É um projeto com muitos méritos, inclusive pela ousadia de propor um modelo de gestão. Agora, o que conversei com Geber e Wendell (integrantes que estão à frente do projeto, confira na edição

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“Até setembro, 70% da população elegível terá acesso à 1ª dose.”

Com o gradual aumento da oferta de vacina contra a Covid no Brasil, Eduardo Jorge da Fonseca, integrante dos Comitês de Vacinação contra o Coronavírus no Recife e em Pernambuco, acredita que até setembro, 70% da população brasileira candidata a receber a vacina contra Covid poderá imunizar-se. Outra boa notícia é a tendência de aumentar a variedade de vacinas eficazes e seguras para crianças. “O uso das vacinas em maiores de 12 anos já é autorizado para os imunizantes de plataforma RNA, como a vacina da Pfizer e da Moderna. Já existem estudos em conclusão, com resultados bem promissores em idades menores, inclusive com a CoronaVac”, informa o médico que é tutor de Medicina da FPS (Faculdade Pernambucana de Saúde) e médico do Imip. Mas essas boas notícias não significam que estamos prestes a vencer a batalha contra o coronavírus. Nesta entrevista à Cláudia Santos, Eduardo Jorge da Fonseca, que também é representante regional da Sociedade Brasileira de Imunizações, alerta para o risco da variante Delta, a possibilidade de surgirem novas mutações do vírus e a importância de continuarmos com as medidas de proteção contra a Covid-19. Como o senhor avalia a velocidade da vacinação em Pernambuco e no Brasil? Acreditamos que nos próximos meses haverá um incremento importante na cobertura vacinal com a garantia de um quantitativo de doses considerável. Tenho certeza de que até setembro, 70% da população elegível deverá ter tido acesso à primeira dose da vacina. No contexto dessa nossa realidade, qual o perigo que a variante Delta pode apresentar em termos de aumento de casos, de óbitos e de pacientes hospitalizados por Covid-19 no Estado e no País? A variante Delta apresenta maior transmissibilidade e isso é sempre um risco maior. Associado ao fato que para as vacinas atuais, a proteção para a variante Delta só acontece de forma adequada após a segunda dose. Entretanto, se continuar neste ritmo mais acelerado da vacinação, poderemos impedir uma nova onda. Quem está vacinado pode propagar a variante Delta? Para qualquer variante, a maioria das vacinas tem demostrado efetividade para as formas graves, porém não temos certeza se impede a transmissão da doença para outras pessoas. E qual o risco de surgimento de novas variantes? Este risco haverá sempre, enquanto a população não estiver vacinada com duas doses. Por isso que é tão relevante acelerar o processo de vacinação. Como estão os estudos para investigar a eficácia e a segurança das vacinas em crianças? O uso das vacinas em maiores de 12 anos já é autorizado para os imunizantes de plataforma RNA, como a vacina da Pfizer e da Moderna. Já existem estudos em conclusão, com resultados bem promissores em idades menores, inclusive com a CoronaVac.   Leia a entrevista completa na edição 185.2 da Revista Algomais: assine.algomais.com  

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"A informação para evitar ataques de tubarão não é mais eficaz. Temos que mudar!"

O comportamento humano tem as suas contradições. Nem sempre informar às pessoas que determinada atitude pode provocar riscos às suas vidas é suficiente para que elas adotem uma postura de segurança. É o que observamos, por exemplo, com indivíduos que insistem em não usar máscara em ambientes aglomerados em plena pandemia. Ou com os banhistas das praias pernambucanas que desconsideram os avisos das placas ou o alerta de bombeiros sobre as precauções para evitar ataques de tubarão. O resultado é que em dois finais de semanas seguidos, no final de julho passado, duas pessoas foram atacadas pelo animal em frente à igrejinha de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes. A solução para a esse problema, segundo a oceanóloga Rosangela Lessa, professora da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), é encontrar uma nova maneira de alertar à população sobre como evitar o encontro com tubarões. “Acontece que as placas passaram a ser algo que os banhistas já se acostumaram e não estão mais interiorizando o que está exposto nelas. Se isso ocorre é porque essa informação não é mais eficaz e precisamos de uma nova maneira de informar”, propõe a especialista, que desde 1979 atua em dinâmica de populações e conservação de raias e tubarões. Ex-presidente do Cemit (Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões) e da Sociedade Brasileira para o Estudo de Elasmobrânquios, Rosângela, nesta conversa com Cláudia Santos, explica os motivos da existência dos tubarões nas praias de Pernambuco, relata como outros países convivem com essa questão e esclarece se é mito ou verdade a ideia, muito difundida entre pernambucanos, de que cheiro de melancia no mar é um indicativo da presença de tubarões. Por que há tantos tubarões no litoral pernambucano? Não tem tanto tubarão assim nas nossas praias. O que existe são muitos encontros de pessoas com os tubarões devido a um conjunto de características que coloca os indivíduos próximos aos tubarões. E, por isso, ocorrem os ataques. É uma questão de circunstância, de oportunidade, não é que ele anda procurando pessoas para atacar e nem que sejam muitos, pelo contrário, a gente se preocupa porque várias espécies que eram muito frequentes agora não são mais. E isso para sustentabilidade do grupo é bastante preocupante. Quais foram essas condições que propiciaram a um encontro maior entre humanos e os tubarões? Até os anos 50 do século passado, o hábito de frequentar a praia do jeito como é hoje era muito mais raro. Com o tempo, o ambiente de praia foi sendo cada vez mais utilizado pelos humanos e existem determinados trechos da nossa praia que são frequentados por muita gente e que apresentam feições que facilitam a aproximação dos tubarões que sempre estiveram ali. O ambiente oceânico onde não há recifes é o habitat de tubarões e agora esse local está cheio de gente, o que propicia o encontro dos tubarões com as pessoas. Existem outras feições também. Os incidentes não são provocados por um fator apenas, mas parecem ser por um conjunto de outros como, por exemplo, as modificações no ambiente devido a grandes empreendimentos feitos na nossa costa. Temos também a presença de um canal bem próximo à praia a partir de Candeias até o Pina. Frequentemente os tubarões utilizam esse canal como passagem e, em alguns trechos, ele é muito próximo da praia, como na altura da igrejinha de Piedade e em Boa Viagem na frente do edifício Acaiaca. Esses dois pontos também não apresentam recifes e, por isso, são locais onde ocorre o maior número de incidentes. Isso já é algo histórico. Cerca de 20% dos incidentes ocorreram em frente à igrejinha de Piedade. Qual a maneira mais adequada de lidar com a realidade de convivermos com tubarões nas nossas praias? Durante bastante tempo foi acrescida uma série de informação sobre os tubarões e que está contida naquelas placas instaladas nas praias. Elas reunem informações sobre medidas para evitar os ataques. Essas placas faziam parte da nossa estratégia que estava funcionando, as taxas de incidentes vinham baixando. Ficamos três anos sem incidentes e agora tivemos esse infortúnio: dois incidentes. Acontece que as placas passaram a ser algo que os banhistas já se acostumaram e não estão mais interiorizando o que está exposto nelas. Se isso ocorre é porque essa informação não é mais eficaz e precisamos de uma nova maneira de informar. Por isso, temos a proposta de retomar os estudos, investir em educação ambiental e reforçar aquelas medidas que julgamos que deram certo e que, nos últimos três anos, não estavam sendo seguidas em função do fato de que não ocorriam incidentes e as pessoas se acostumaram com a não ocorrência dos ataques. Há um número grande de incidentes, ao longo do tempo, listado e disponível, no site do Cemit (Comitê de Monitoramento de Incidentes com Tubarões), da SDS (Secretaria de Defesa Social). Então, já temos um histórico para fazer uma estatística, sabemos quais são os pontos mais perigosos e os menos perigosos. Na minha opinião, assim como na opinião de um grupo que participou do workshop internacional que tivemos aqui em 2014, é que a praia precisa ter essa informação clara. Precisamos, por exemplo, informar à população: este é um ponto seguro, sem registro de incidentes. Nos pontos que têm registro de incidentes muito frequentes temos que dizer isso para a população de maneira a que as pessoas possam escolher se elas vão ficar num ponto mais perigoso ou se querem ficar num local mais abrigado pelos recifes. Acho que a informação que não está chegando ao povo – porque ele já não a leva mais em consideração – precisa ser reformada e transmitida de uma maneira que chame a sua atenção. Eu acho as placas muito lindas, eu gosto muito delas mas, evidentemente, se as pessoas estão preferindo não seguir o que elas dizem, temos que apresentar essa informação de outra maneira. A senhora achou correta a interdição da Praia de Piedade na localização onde ocorreram os ataques? Acho que foi uma boa medida interditar esse trecho até que se reúnam

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"Sou um radical de centro"

Publicado originalmente no dia 14/12/2015 por Rafael Dantas às 14:03 Em razão do falecimento do ex-governador Joaquim Francisco Cavalcanti, nesta terça-feira (3), registramos os nossos pêsames por essa grande perda para a política pernambucana e voltamos a publicar no nosso site a entrevista que fizemos com ele no ano de 2015. . Há cinco anos sem exercer cargo público, Joaquim Francisco, hoje atua como advogado. Mas não abandonou a política. Participa de debates sobre o cenário político em rádios pernambucanas e alega não estar totalmente descartada uma candidatura em 2018. Nesta entrevista, concedida aos jornalistas Rafael Dantas e Cláudia Santos, ele fala de como se dedica a hobbies como a música e comenta fatos dos quais participou e que marcaram a história recente do País. Como foi sua infância? Nasci no Recife, onde vivi a infância, com fins de semana no interior. Meu pai tinha propriedade rural em Macaparana, Mata Norte. Quando eu tinha 12 anos ele arrendou uma propriedade de João Santos, em Goiana, aí passei anos indo para lá. Minha vida sempre foi urbana e rural. Hoje tenho um sítio pequeno, de dois hectares, em Gravatá. Tenho uma vaca, um garrote e dois cavalos. O segundo lazer é a música, toco de ouvido, mau, e faço aula de canto no Conservatório de Música. Que instrumento o senhor toca? Acordeão, violão, bateria e pandeiro. Mas só para consumo interno. Meu estilo é baião, músicas italianas e brega: Aracy de Almeida, Núbia Lafayette, Alcione, Nelson Gonçalves, Lupicínio Rodrigues. Nesse campo não me modernizei. Também gosto de Valesca, que é mais atual e é uma querida amiga. Quando se formou em direito? Em 1970, aos 22 anos. Meu pai era advogado. Eram três irmãos e 10 irmãs. Naquela época meu avô não dispunha de recursos para todos estudarem. Só podia fazer um doutor, que vinha para o Recife fazer os preparatórios. Meu pai foi prefeito de Macaparana, cidade dele, e deputado estadual. Como foi sua entrada na política? Posso dizer que foi na minha casa. Nasci em 1948, meu pai foi constituinte de 1946 e fundador do PSD. Quando fiz 18 anos, Nilo Coelho, que tinha sido constituinte com meu pai, foi governador e me convidou para ser oficial de gabinete. Depois fui secretário do Trabalho no governo de Moura Cavalcanti, que era primo de meu pai. Dos 18 aos 62 anos tive atividade política permanente, como secretário do trabalho, como diretor do Incra, como oficial de gabinete do governador, ou como coordenador da campanha de Roberto Magalhães, que foi bastante renhida. Na época havia o programa de debates A Marcha das Apurações na rádio Clube, comandado por Geraldo Freire. Tinha o maior índice de audiência da rádio de Pernambuco. Era primeira eleição depois de anos. Como a apuração demorava naquela época, ficamos 14 dias debatendo durante duas horas de programa. No final ganhamos por 89 mil votos. Depois fui prefeito do Recife, depois deputado constituinte, depois fui prefeito de novo, em seguida governador e deputado. Como constituinte em que área trabalhou? Em desenvolvimento urbano. Fui vice-presidente da Comissão de Reforma Urbana. No capítulo da família, defendi o planejamento familiar. Por que? Entendia que naquela época precisávamos ter critérios para que não explodisse a população. Só que havia contra isso os militares que defendiam a tese: homens sem terra para ir para terra sem homens, que era a Amazônia, o Mato Grosso. O que não era o melhor caminho porque são áreas de preservação. Hoje as classes A, B, C, D estão com um nível próximo à taxa de reposição. Mas a classe E ainda apresenta taxa maior. O planejamento familiar tem que ser feito, às vezes, com estímulo à diminuição do número de filhos, outras vezes, para estimular casais a terem mais filhos, como estão fazendo alguns países da Europa. As pessoas entendiam que o planejamento familiar era vasectomia, laqueadura de trompa, política dos países desenvolvidos para segurar o desenvolvimento dos demais países. Mas a visão era ter 1,8 a 2 filhos por casal, que seria taxa de reposição, quando se conseguisse o equilíbrio. O Brasil está terminando a fase do bônus demográfico, temos ainda 8 anos, ou seja, ter uma grande população jovem sustentando uma população velha que está aumentando. Em 2023 atingiremos 9 milhões de pessoas com mais de 80 anos, 14 milhões entre 70 e 80 anos e fora do trabalho, e o número de jovens estagnou. Talvez lá para 2040 faremos o que países da Europa fazem. Se tivéssemos feito o dever de casa nessa área teríamos uma situação mais confortável, nossa população teria se estabilizado em torno dos 160 milhões e não dos 204 milhões. Porque, ao mesmo tempo em que se tinha esse processo, tinha a tecnologia vindo atrás, cada dia mais expulsando a mão de obra. Qual a diferença das campanhas anteriores para as atuais? Estávamos 20 anos sem eleições, houve uma euforia pelo retorno delas. Participei de alguns atos da campanha das Diretas Já, verdadeiras apoteoses. Você queria o direito de votar e de transformar o País. Hoje o eleitor está chocado, não acreditando. A gente nem sabe para aonde vão coisas. Uma hora é reforma política – que não foi feita – outra hora é reforma econômica, uma visão de que se teria que fomentar o emprego e o crédito, do outro lado, tem que cortar e fazer o ajuste fiscal. O senhor concorda com o ajuste? Sem dúvida. Gastou-se muito pelo menos nos três últimos anos. Todos os programas estouraram o orçamento, como Fies, subsídios do BNDES, incentivos fiscais. O Estado brasileiro não cabe mais no PIB. Tem que fazer redução, melhorar a eficiência e promover cortes transitórios. As previsões antes eram de que 2015 teria um semestre de corte e no outro começaria o crescimento. Mas já engoliu 2015 com previsão de redução de – 3% no PIB e vai entrar 2016 com -2% . Acho que o Brasil nunca precisou tanto de centralidade, radicalizar o centro. Eu sou radical de centro. Pejorativamente o centro é visto como

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"Na pandemia, a vida urbana foi mais difícil para os mais pobres".

Há um certo consenso de que sempre que a humanidade enfrenta momentos muito dramáticos – como uma guerra ou uma pandemia – grandes mudanças são incorporadas. E as cidades – uma das mais fantásticas invenções humanas – devem ser palco de muitas dessas transformações no pós-Covid. Profissionais que participaram do 27º Congresso Mundial de Arquitetos, realizado na semana passada, se debruçaram sobre ideias para que essa transição ocorra no sentido de melhorar a qualidade de vida de todos os moradores urbanos do mundo. O evento, um dos mais importantes na área de arquitetura, seria realizado no Rio mas, em razão da atual conjuntura sanitária, aconteceu de modo virtual. Ao final do encontro, os participantes elaboraram a Carta do Rio de Janeiro, com proposições para o desenvolvimento urbano. Eles defendem um novo padrão de cidade no pós-pandemia, com atenção às mudanças climáticas, à saúde pública e à redução das desigualdades. Para conhecer detalhes do documento, Cláudia Santos conversou com a arquiteta e urbanista Elisabete França, integrante da comissão responsável pela redação da Carta. Ela é secretária executiva da Secretaria Municipal de Habitação da Cidade de São Paulo e disse que um dos pontos mais abordados no congresso foram as favelas e a necessidade de moradia digna para as pessoas em situação de vulnerabilidade. Confira a seguir a entrevista. Quais as fragilidades das cidades que foram expostas com a pandemia e que foram debatidas no 27° Congresso Mundial de Arquitetos?  Logo no início da pandemia, ficou evidente que os mais pobres seriam os mais atingidos. Desde a dificuldade de cumprir os protocolos mínimos estabelecidos, como lavar as mãos e manter o distanciamento social. Nos territórios precários das cidades, caracterizados pela ausência de infraestrutura de redes de saneamento básico, lavar as mãos é um ato quase impossível de ser realizado. Da mesma forma, manter o distanciamento social nas residências precárias e com altos índices de adensamento é algo difícil de ser atendido. Além dessas condições de moradias, a vida urbana também foi difícil para os mais pobres que enfrentam mais dificuldades para trabalhar em home office. Eles precisaram sair das suas casas, utilizar o transporte público. E, ainda, dificuldades existem em relação aos seus filhos que nem sempre conseguem acompanhar aulas online. Ou seja, a pandemia afetou mais fortemente os mais pobres e, por esse motivo, um dos eixos do Congresso – Fragilidades e Desigualdades – foi tratado preferencialmente, de modo a que fosse possível elencar uma série de contribuições sobre o assunto. Quais as mudanças necessárias na economia para tornar a cidade mais acolhedora para cidadãos de todas as classes sociais? Uma melhor distribuição de renda. A desigualdade social que obrigou cerca de 50 milhões de brasileiros a recorrer ao Auxílio Emergencial, descortinou essa triste realidade. Uma cidade acolhedora para todos deve universalizar o saneamento básico, eliminar as moradias precárias e em situação de risco, e permitir acesso a todos a serviços e equipamentos públicos. Como foram as discussões do congresso sobre as favelas? O tema das favelas foi o mais abordado no congresso porque é uma realidade que ficou ampliada com o advento da pandemia. A desigualdade social que esses territórios expressam deve ser combatida e os arquitetos têm um papel importante nessa frente. Eles, cada vez mais, estão interessados e se organizando das mais diversas formas para atuar e mudar a realidade das populações mais pobres. Seja na elaboração e implantação de programas de urbanização de favelas, seja na atuação das assessorias técnicas (ATHIS) que visam a melhorias nas habitações precárias das favelas. Qual a importância dos centros das cidades e como revitalizá-los? Centros de cidade são bem infraestruturados e, mais importante, guardam memórias coletivas dos habitantes. Nesse sentido, precisamos ter mais atenção com os patrimônios construídos das cidades, devemos protegê-lo de ações que por vezes descaracterizam essas partes da cidade. Para tal, é necessário que os centros históricos atraiam mais moradores que são a alma da cidade. Com o aumento da população, vemos atraídos novos negócios e equipamentos. Temos grandes oportunidades nas cidades brasileiras, principalmente um parque construído mas subutilizado. E a pandemia nos trouxe mais um desafio porque, com o home office, provavelmente teremos mais edifícios vazios. Dessa forma, é demandatório que os governos definam políticas públicas que promovam e incentivem o retorno para os centros, aproveitando a infraestrutura existente. E que se criem incentivos para atrair recursos públicos e privados para a construção de novas moradias ou para a requalificação das existentes, sempre observando a diversidade social dos moradores. Assine para ler a entrevista completa na Edição 184.5 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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Projeto para Teatro Santa Isabel beneficia cultura, turismo e educação

Há 20 anos, Manaus restaurou o Teatro Amazonas e investiu nos seus corpos artísticos estáveis, ou seja, sua orquestra sinfônica, seu balé e coral. Suas temporadas de ópera, que destacam compositores e a cultura amazônica, passaram a atrair turistas estrangeiros que chegam dos cruzeiros pelo Rio Negro. Em torno do teatro, no Centro Velho de Manaus, surgiram hotéis, o comércio ganhou um movimento maior e a região central foi restaurada. Imagine se acontecesse o mesmo com o Teatro Santa Isabel no Recife? Esse é o objetivo de um projeto ousado, elaborado pela Porto Digital, pela Associação Pernambucana de Ópera, Dança Cênica e Música de Concerto e pela UFPE. Além dos benefícios culturais, com investimentos na Orquestra Sinfônica do Recife, da criação de um balé, de um coral e de formações juvenis desses corpos artísticos, o projeto traria repercussões na economia, na educação e no turismo da cidade. Para saber detalhes, Cláudia Santos conversou com Wendell Kettle, maestro, pianista e compositor, que tem realizado um resgate do repertório operístico brasileiro, e Geber Ramalho, que tem uma longa trajetória ligada ao Porto Digital e é professor do Centro de Informática (CIn) da UFPE, além de compositor, arranjador e músico. Vocês poderiam explicar este projeto que envolve a Orquestra Sinfônica e o Teatro Santa Isabel? Wendell – O projeto foi concebido pelo Porto Digital, pela Associação Pernambucana de Ópera, Dança Cênica e Música de Concerto e pela UFPE propondo um novo modelo de gestão para o Teatro Santa Isabel que visa a colocá-lo num outro patamar dos principais teatros do Brasil. Isso quer dizer que esses teatros têm corpos estáveis. Aqui no Recife temos um só corpo estável que é a Orquesta Sinfônica do Recife e que está um pouco sucateada. Das 120 vagas de músicos, apenas 50 estão preenchidas. Temos aqui cantores líricos e profissionais da dança que poderiam compor um coral lírico do Teatro Santa Isabel e o um Balé Municipal do Recife. Mas, não temos esses corpos estáveis. Esse projeto além de criar um modelo moderno, competitivo e ativo de gestão para o teatro, prevê a criação desses corpos estáveis e a reestruturação da Orquestra Sinfônica. Além dos benefícios artísticos, teremos um fomento da economia criativa em torno dessas atividades e de um outro tipo de turismo. Geber – Pernambuco e o Recife, com toda a sua riqueza musical, têm uma orquestra incompleta e que não se apresenta com frequência. Também temos um teatro, o Santa Isabel, que basicamente é de aluguel de pauta, não um espaço de conteúdo próprio, de experimentação para mostrar as coisas que são feitas aqui. Onde entra o Porto Digital neste projeto? Geber - Estamos interessados na renovação do Centro do Recife e esse projeto faz todo o sentido para renovar a região, porque não envolve apenas a cultura, mas educação, turismo e economia. O segundo ponto é que nós vivenciamos, há 25 anos, o problema de formarmos alunos no Centro de Informática da UFPE, no que havia de mais moderno, e eles iam embora porque não havia mercado para trabalharem aqui. Por isso, criamos o CESAR, depois o Porto Digital: para criar um espaço de trabalho para o pessoal que a gente gastou dinheiro formando e depois foi embora. E os músicos estão na mesma situação que a gente tinha na tecnologia. O papel do Porto Digital é ajudar a desenhar a parte da gestão, baseada na sua experiência que é muito exitosa. O Porto Digital não quer tomar conta do teatro, nem da orquestra, quer ajudar apenas na transição para um modelo baseado em OS (organização social). Fizemos um processo semelhante para uma instituição que pensa no planejamento do Recife, que é a Aries (Agência Recife para Inovação e Estratégia). Faríamos a incubação dessa OS dentro do Porto Digital até ela estar preparada para ser tocada sozinha. É importante salientar que fizemos um benchmarking, consultamos os projetos de sucesso no Brasil. Nos lugares onde uma orquestra funciona, que tem uma boa qualidade musical, tem atividade, onde o teatro funciona como um espaço de experimentação, todos operam no modelo de OS: São Paulo, Minas, Salvador etc. Como funcionaria essa OS? Geber - A ideia de uma organização social, não é a privatização, é para ganhar agilidade, transparência. Numa OS, entrega-se uma política pública para ser tocada por uma entidade privada sem fins lucrativos, que tem um conjunto de controles de governança para não haver desvio. É o que fazemos no Porto Digital. Por isso que Wendell falou que é um novo modelo de gestão. Não é só renovar a orquestra e contratar mais músicos mas pensar num modelo que seja mais sustentável porque permite a captação também de recursos da iniciativa privada para compor com a iniciativa pública e, assim, poder entregar para a população cultura, educação e promover turismo e ter impacto econômico. Existe uma lei que dá as diretrizes para a OS. Qualquer um pode criar uma associação mas para uma associação virar uma organização social é necessária uma decisão do governo federal, estadual ou municipal. Para que o governo conceda essa atribuição, precisa haver certos requisitos como, por exemplo, ter um conselho de administração com representantes do governo e da sociedade. Há um conjunto de regras que regem as organizações que viram OS. Essa organização vai ter um setor de captação de recursos. Em São Paulo, por exemplo, 50% da orquestra é paga com um contrato de gestão da prefeitura e os outros 50% são captados em patrocínio, Lei Rouanet, doações, temporadas, aluguel de teatro. O fato é que o poder público hoje não tem finanças que permitam ter uma orquestra e o conjunto de atividades que deveria ter. Um ponto é bom esclarecer: os músicos que são funcionários públicos da orquestra continuam com o mesmo tipo de contrato, ninguém muda. Agora, os novos músicos serão contratados num modelo de CLT. Como o Santa Isabel entra neste projeto? Wendell - O teatro seria uma espécie de autarquia, uma instituição autônoma. Em São Paulo, existe a rede de teatros municipais, geridos pela Secretaria

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"Ajustes nas mudanças do IR devem continuar surgindo"

Há muito tempo se fala na necessidade de se promover mudanças no imposto de renda. A tabela do IR, por exemplo não era corrigida pela inflação desde 2015. Há duas semanas, finalmente, o Governo Federal apresentou o projeto de Lei 2337/21, com modificações da “mordida do leão” para pessoas físicas, empresas e investimentos financeiros. Se não foi a reforma esperada por muitos, a proposta traz mudanças significativas e gerou críticas da classe empresarial, que alega sofrer um aumento da carga tributária. Nesta semana, relatório apresentado na Câmara dos Deputados por Celso Sabino (PSDB-PA), mudou uma série de pontos na reforma proposta pelo governo. Para explicar o projeto encaminhado pelo Ministério da Economia, as mudanças realizadas pelo relator e os impactos que todas essas modificações podem provocar, Cláudia Santos conversou com André Morais, presidente do Conselho Regional de Economia de Pernambuco. O economista também analisou as possíveis mudanças nos regimes do MEI (microempreendedor individual), do Simples e do Lucro Presumido, conforme antecipou o secretário da Receita Federal José Tostes. O senhor poderia resumir as mudanças no imposto de renda previstas na proposta do Ministério da Economia? A proposta da reforma está dividida em três grandes frentes: pessoa física, jurídica e investimentos. Para as pessoas físicas, a reforma vai mexer na tabela de imposto de renda, atualização nos valores dos imóveis e tributação de lucros/dividendos. Em relação à tabela de IR, a proposta da reforma amplia a faixa de isenção, que antes era de R$ 1.903,98 para R$ 2.500. Segundo o governo, só esse aumento de faixa promete que mais de 5,6 milhões de pessoas deixariam de pagar imposto de renda. Para a declaração de imposto simplificada, o desconto será de até 20%, limitado a quem tem renda de até R$ 40 mil por ano. Em se tratando das remessas para os chamados paraísos fiscais, teriam um aumento na alíquota, indo para 30%. A proposta também prevê a atualização dos imóveis incidindo apenas 5% de imposto sob a diferença. Hoje, ao vender um imóvel, o cidadão paga entre 15% e 22%. Já os lucros e dividendos, que hoje são isentos, passariam a ser tributados em 20% na fonte. O governo alega que essa não tributação gera uma distorção na economia, pois estimula a pejotização, assim como pode forçar novos investimentos, visto que boa parte dos lucros poderiam ser reinvestidos na empresa. Para as empresas, teríamos uma redução gradativa de alíquota, que hoje é de 15% para 12,5% em 2022 e 10% em 2023. O adicional de 10% para as empresas de maior porte continua. Para os investimentos, a promessa é de uma alíquota única de 15% para produtos de renda fixa, como Tesouro Direto e CDB, (que hoje é escalonada, começando em 22,5% e caindo para 15% em 2 anos). Já as operações em bolsa passariam a ter uma apuração trimestral e não mais mensal como é hoje, mantendo, também, a alíquota única de 15%. Já os fundos imobiliários, em que os cotistas recebem dividendos, devem passar a ser tributados também com alíquota de 20%, além do ganho de capital na venda das cotas, que reduziria de 20% para 15%. Empresários, tributaristas e agentes financeiros criticam a proposta argumentado que ela vai provocar um aumento da tributação, pesando a carga sobre as empresas, além de aumentar a burocracia. O senhor concorda? É uma preocupação legítima. A nossa tributação, além de elevada, é complexa. Quando posta em cadeia, percebemos o quanto é alta. Essa é a grande crítica. Porém, a ideia principal da reforma é de um rearranjo dos impostos a fim de simplificar, como no caso do CBS (contribuição sobre bens e serviços) que vem para substituir o PIS/Pasep em várias frentes em âmbito federal. Se bem-sucedida, além do ganho de produtividade das empresas, com essa simplificação teremos uma maior transparência da população quanto aos impostos que paga. Todas as etapas da reforma se mostram alinhadas a modelos mais transparentes, que gerem mais eficiência no nosso sistema tão complexo de arrecadação. Mas, na prática, o que vimos foi a proposta de acabar com os juros sobre capital próprio (JCP) e uma redução de forma muito tímida da alíquota do imposto de renda para pessoas jurídicas. O senhor acha que esta reforma afasta o investidor e compromete o emprego? O que afasta investidor é falta de segurança jurídica, complexidade tributária e instabilidade política. Portanto, concomitante a essa proposta de reforma, são necessários outros instrumentos que desburocratizem e tragam mais segurança e transparência para o investidor, seja ele da bolsa ou da economia real. Um problema que poderemos ver à frente, visto que historicamente a nossa taxa de juros é alta, e já está retomando essa trajetória, é vermos empresas sendo vendidas para o empresário viver de juros. Ainda não sabemos em que grau, mas certamente deve acontecer e impactar negativamente nos empregos. Um grupo de 120 empresários solicitou ao Congresso mais tempo para debater a proposta e que seja criada uma comissão especial para analisar o projeto. O senhor acredita que a partir dessas medidas possa surgir um acordo? Uma reforma desta magnitude precisa ser mais bem debatida, tendo em vista os impactos que ela pode causar, não sendo recomendável que tramite de forma apressada, pois podemos correr riscos de erros graves e que podem ser difíceis de se reparar no futuro. Acho salutar que se chegue num consenso, e Guedes já se mostrou receptivo às críticas e tem feito encontros com empresários para debater a questão. Portanto, acredito que ainda deveremos ver alterações no texto base. O ministro já sinalizou a empresários que a Receita Federal talvez tenha errado na dose das medidas, e que, segundo ele, a reforma deverá ser neutra, ou seja, haverá uma redistribuição das cobranças e não um aumento da carga tributária.

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"Precisamos de um grande processo de inclusão digital do idoso."

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) 67% da população com 60 anos ou mais no Brasil tem apenas o ensino fundamental incompleto. Uma situação desafiadora, como ressalta o economista João Cavalcanti, diante de uma sociedade que demanda cada vez mais capacitação das pessoas, não só para o trabalho, mas também para viver neste mundo tão digital. Por isso Cavalcanti, que é professor da disciplina de Análise de Conjuntura e Cenários Econômicos da Católica Business School, defende a necessidade de ampliar a inclusão digital do idoso. Nesta conversa com Cláudia Santos, o economista, que também é sócio-fundador do GrupoSALTE, ressalta que 20% dos lares brasileiros têm como renda principal a do familiar idoso. “Essa populaçãopassa a ser estratégica não só para as políticas públicas, como para as empresas”, salienta Cavalcanti que atua há 25 anos na área de empreendedorismo. A chamada economia prateada, composta por essas pessoas de cabelos grisalhos, é promissora e desconhecida pelas empresas. “O comportamento do consumidor idoso é diferente, aquele impulso por acumular bens é bem menor. Isso pode provocar uma grande mudança no mercado que ainda é muito baseado no consumo excessivo e no acúmulo de bens”, adverte. Cavalcanti salienta que a população idosa também é composta em sua maioria por mulheres que desejam expandir seus horizontes, em contraposição à repressão que viveram na juventude. “Enquanto parte dos homens idosos tendem à procrastinação, as mulheres idosas tendem à experimentação”, diferencia o economista que também fornece algumas dicas para os jovens sobre como se planejarem para a velhice. Qual o impacto do envelhecimento da população na economia brasileira? Estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que dos 71 milhões de lares brasileiros, cerca de 20% deles têm como renda principal a do idoso. Numa outra perspectiva, o consumo de cerca de 30,6 milhões de brasileiros dependem da renda do idoso. Boa parte dessa renda vem das aposentadorias mas a participação dos idosos no mercado de trabalho também tem crescido, passou de 5,9% em 2012 para 7,2% em 2020. Essa população passa a ser estratégica não só para as políticas públicas, como para as empresas. Além do envelhecimento cada vez maior, por causa da base populacional, temos sistematicamente queda na taxa de natalidade. Estimativas indicam que a partir de 2060 a população brasileira começará a diminuir. Segundo o IBGE, em 2060, os idosos representarão 25% da população brasileira. Quais os desafios para a saúde pública e para a previdência? Os desafios vão além da saúde e da previdência, pois, por exemplo, 67% das pessoas com 60 anos ou mais, têm apenas o ensino fundamental incompleto, numa sociedade que demanda cada vez mais capacitação das pessoas, não só para o trabalho mas, também, para viver neste mundo tão digital. Mas, sem dúvida, a saúde e a previdência são as mais impactadas. No âmbito da previdência, a base que gera a poupança que financiará as aposentadorias está diminuindo de maneira relativa, enquanto a parcela da população que irá usar essa poupança só aumenta. Isso inevitavelmente levará a ciclos de revisão do sistema previdenciário, aumentando sempre a idade mínima de aposentadoria e aumentando o tempo de contribuição. Também teremos necessariamente um aumento da demanda global por serviços de saúde. Mas, além disso, é necessária uma requalificação da matriz desses serviços que melhor atenda as necessidades do idoso. Então, teremos uma mudança quantitativa e qualitativa nos investimentos em saúde. A pandemia de alguma forma afetou esse cenário? Mais de 70% das mortes pela Covid-19 recaíram sobre as pessoas de 60 anos ou mais. O efeito, além da perda devastadora emocionalmente, leva a uma grande crise financeira nas famílias que dependiam desses idosos. Essa grande mortalidade, além da dor, também representa uma perda permanente da principal fonte de renda de milhares de famílias. Além disso, a perda de renda das famílias, agravada pela pandemia, levará a um aumento da precarização dos meios dos idosos, pois uma parte maior da sua renda terá que suprir as necessidades da família com uma renda menor, devido ao desemprego. Essa precarização, a médio prazo, pode levar a um aumento das demandas por serviços de saúde. Os idosos estão permanecendo mais tempo no mercado de trabalho, cada vez mais disruptivo, com transformações constantes. Como eles podem acompanhar essa evolução? Você acredita serem necessárias políticas públicas para a atualização de suas habilidades? Não tenho a menor dúvida de que precisamos ter um grande processo de inclusão digital do idoso para, não só ampliar sua trajetória de aprendizagem em geral mas, também, para sua interação social. Por outro lado, fazendo isso de forma ampla e adequada ao idoso, aumentaremos bastante a autonomia deles nos serviços do dia a dia. Outro grande desafio será o desenvolvimento de segurança digital, visando a esse público que já é a maior vítima de crimes cibernéticos. Assine a Algomais e leia a entrevista completa na edição 184.1: assine.algomais.com

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"É positivo para o PSB de Pernambuco a entrada de Dino e Freixo no partido."

S emanas atrás, dois políticos que tinham forte identificação com seus partidos – Marcelo Freixo que era do PSOL e Flávio Dino, do PCdoB – surpreenderam ao declararem sua filiação ao PSB. Nesta conversa com Cláudia Santos, a cientista política, professora da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Nara Pavão, analisa como essas duas figuras, de atuação reconhecida nacionalmente, podem beneficiar a legenda socialista, em especial em Pernambuco. Nara comenta também as perspectivas para as próximas eleições e afirma que o presidente Jair Bolsonaro tem chances de se reeleger. Segundo a cientista política, ele conta com uma base de eleitores incondicionalmente fiel e pode trabalhar os resultados da vacinação e da recuperação econômica (que deve acontecer no ano que vem) a seu favor. Mas caso seja rejeitado nas urnas, ela acredita que tentará um golpe, porém não contará com o apoio de setores da sociedade e, provavelmente, não terá sucesso. Autora de uma pesquisa sobre fake news nas eleições de 2018, ela assegura que as notícias falsas não têm a capacidade de mudar o voto das pessoas, mas é munição para acirrar ainda mais a polarização. Como a senhora analisa a filiação de Marcelo Freixo e Flávio Dino ao PSB? Acho que há dois efeitos. O primeiro deles é sobre a fragmentação partidária. Esses dois políticos estão saindo de partidos menores para um partido um pouco mais estruturado. Então, isso é visto positivamente porque o sistema partidário brasileiro é muito fragmentado e a ida desses dois políticos para um partido um pouco mais forte sinaliza na direção da redução da fragmentação. Claro que o PSOL e o e o PCdoB não deixam de existir porque esses dois políticos saíram desses partidos. Mas, essa saída é boa porque diminui um pouco essa fragmentação. São políticos de peso que vão para o mesmo partido e para um partido que já era um pouco mais forte do que aqueles que eles estão deixando para trás. Outro efeito é que tanto o Dino quanto o Freixo são políticos claramente associados com à esquerda. Não são ambíguos em relação a isso. Já o PSB é um partido um pouco amorfo, principalmente no nível nacional. Ele não tinha uma marca ideológica muito forte. Com a ida desses dois políticos claramente de esquerda, o PSB assume mais o seu perfil de esquerda mesmo. E isso fica mais claro, sinaliza para população que o PSB é um partido de esquerda. Então, eu acho que os dois efeitos são bons. Existe a possibilidade do PCdoB se fundir ao PSB? É possível ter sucesso uma frente da esquerda e centro-esquerda? Em relação à primeira parte da pergunta, eu não saberia dizer quais são as reais intenções do PCdoB e se de fato quer se fundir ao PSB. Agora, é possível, sim, ter uma frente de esquerda e de centro-esquerda. A de centro-esquerda é a que estão querendo costurar. Na verdade, quem conseguir ganhar o centro, seja a esquerda, seja a direita, vai ter uma vantagem muito grande em 2022. E no atual momento, a esquerda está sendo mais capaz de flertar com centro do que a direita, e muito devido à moderação dos atores de esquerda, que entendem que o momento requer essa união e essa moderação. Ou seja, em razão dessa aproximação da esquerda com o centro, como também pelas ações deliberadas de Lula de tentar costurar uma aliança que envolva forças mais moderadoras, é muito possível que se forme uma coalizão de centro-esquerda. Quais as repercussões que essa situação traz para o cenário político de Pernambuco? Isso é muito positivo para o PSB. Pernambuco é um Estado muito petista, a força do PT e do lulismo é muito forte no Estado e no Recife. Então, é muito positiva para o PSB essa identificação mais forte com as forças de esquerda, com partidos de esquerda e com líderes claramente de esquerda. E não me refiro apenas a essa aproximação do PSB com Flávio Dino e com Freixo mas, também, à aproximação de Lula com PSB. Inclusive ele está combinando uma vinda a Pernambuco para, exatamente, costurar essas alianças. Então, eu acho que isso tende a fortalecer o PSB no nível estadual e no nível nacional, ao se apresentar mais claramente como um partido de esquerda ou de centro-esquerda. Huck e Amoêdo desistiram de se candidatar para a Presidência da República. Por que candidaturas encaradas como “terceira via” continuam inviáveis na conjuntura atual? A polarização é muito forte. O PT, Lula e as forças de esquerda estão se unindo mais, se identificando e se assumindo mais enquanto forças de esquerda e, principalmente, enquanto forças de oposição ao Bolsonaro. E tem também o lado bolsonarista que é bastante forte, bastante coeso e que representa, sim, um peso importante para 2022. Se você perguntar para a população, grande parte dela não gostaria de votar em Lula e em Bolsonaro. Existe essa demanda por uma terceira via. O que não existe é consenso a respeito do formato, da cara dessa terceira via. Não é fácil preencher e criar uma terceira via viável e com apelo que inspire consenso na população num momento de alta polarização. Não é um trabalho trivial. Amoêdo não seria um consenso, eu não o vejo como uma terceira via. Huck seria, porque ele, inclusive, tem se apresentando como a terceira via, como alguém que está muito no centro e que teria capacidade de diálogo e que seria um outsider. Por isso avaliava a candidatura dele como sendo a que poderia ter maior sucesso nesse sentido. Amoêdo não acho que conseguiria se apresentar como uma terceira via viável, acho que ele já é muito associado a forças da centro-direita. Ele é um centro-direita diferente da direita tradicional, acho que a demanda para esse tipo de político é muito baixa no sistema atual. LEIA A ENTREVISTA COMPLETA NA EDIÇÃO 183.4 DA REVISTA ALGOMAIS: assine.algomais.com

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