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A hora de vender os destinos de PE

Com a alta do dólar, um dos setores que ganha força – mesmo em meio à crise – é o do turismo. O câmbio desfavorável para viajar ao exterior faz com que os brasileiros voltem os olhos com mais carinho para os destinos nacionais. E os pernambucanos para o interior do Estado. Além desse público interno, a desvalorização do real torna as cidades turísticas brasileiras atrativas para os gringos. E nessa disputa pela clientela, Pernambuco está bem posicionado. Segundo pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo, 73,2% dos brasileiros preferem conhecer uma cidade no Brasil, sendo que 45,1% deles escolheriam ir para o Nordeste. Outro estudo, encomendado pelo site Viajanet, apontou o Recife como o destino nacional mais desejado pelos paulistas na hora de decidir viajar. Apenas Nova York e Miami tiveram índices maiores de interesse por parte dos viajantes do Estado mais populoso do País. O site Hotel Urbano também registrou no primeiro semestre do ano um aumento de viajantes para Pernambuco de 45%, a maioria interessada em Porto de Galinhas, seguido pela capital e por Fernando de Noronha. Frente às restrições financeiras, além de optar pelos destinos nacionais, os brasileiros têm feito ajustes, como reduzir a quantidade de dias de viagem e escolher opções menos onerosas de lazer. Essa é a avaliação da diretora da agência Pontes Tur, Kathia Pontes. “As viagens ao exterior diminuíram muito. Muitos brasileiros que planejavam passar o reveillón em Buenos Aires, por exemplo, hoje querem vir para Pernambuco. Avaliamos que nossos destinos se tornaram mais conhecidos e divulgados após a Copa do Mundo”, destacou. O arquipélago pernambucano segue como favorito dos estrangeiros que vêm para o Estado. Para o secretário de Turismo de Pernambuco, Felipe Carreras, além da questão do câmbio, que favorece todos os destinos nacionais, há um cenário favorável para o Estado que foi construído nos últimos anos. Ele aponta que a política de incentivo a novos voos para o Aeroporto Internacional dos Guararapes, através da redução do ICMS sobre o querosene da aviação, surtiu efeitos. “Isso incrementou a quantidade de voos para Pernambuco. Outras rotas ainda virão como fruto desse benefício fiscal”. Carreras mencionou rotas como um novo voo para São Luiz, através da Gol; e voos da Azul para Aracaju e para o interior do Ceará, que são destinos emissores. De olho no interesse do turista oriundo de São Paulo para os destinos pernambucanos, o secretário comemora também parcerias com essas companhias em voo charter desse que é o principal emissor de viajantes para o Estado. Os voos internacionais também sinalizam o bom momento para o turismo no País. A rota Recife-Buenos Aires tem alcançado uma ocupação média de 90%, sendo 80% de argentinos. Há uma movimentação do Governo do Estado junto a Tam e as operadoras de turismo para conseguir outra frequência semanal para a capital argentina. Uma conquista mais recente, lembrada por Carreras, é o voo para o Cabo Verde, que possui conexões para Amsterdã, Paris e Lisboa. Além das articulações com as companhias aéreas, o Estado terá um investimento em publicidade nos principais destinos emissores de turistas do exterior para o Brasil. As ações serão em outdoor, revistas e mídias digitais em cinco países: Itália, Espanha, Alemanha, França e Portugal. Essa ação será realizada em parceria com a agência que desenvolve as peças da TAP, com um investimento previsto de 200 mil euros. Os recursos são provenientes de uma promessa de auxilio do Governo Federal aos Estados do Nordeste para essa finalidade. Se as conexões aéreas estão em alta, a falta de opções de cruzeiros é um fator que tem feito o Estado perder turistas. De acordo com Kathia Pontes, esse é um dos mercados que mais tem crescido nesse período de crise. “Temos vendido muitos pacotes para cruzeiros marítimos nacionais. A maioria deles segue de Santos para o Rio de Janeiro. O turista percebeu que o cruzeiro tem um custo benefício muito bom”, afirmou. Os preços desse tipo de viagem são reduzidos pelo fato de as refeições já estarem incluídas, assim como a maior parte das atividades disponibilizadas aos hóspedes. As empresas estão trabalhando também com o dólar congelado. VITRINE. Se Fernando de Noronha e Porto de Galinhas despontam como os destinos naturais com maior apelo do Estado, os gestores do turismo local comemoram o novo posicionamento do Recife e da RMR como produto turístico. “Sempre buscamos divulgar os destinos indutores. O Recife deixou de ser apresentado apenas turismo de sol e mar. A cidade mudou e temos trabalhado na divulgação do lazer, com o projeto Recife Antigo de Coração, além de fazer um trabalho articulado sugerindo passeios nos municípios da região metropolitana. Temos visto esse momento de crise como oportunidade e para aproveitá-lo vamos fazer uma campanha abordando toda a diversidade e riqueza do Estado”, ressalta Ana Paula Vilaça, presidente da Empetur. Entre os equipamentos que ganharam notoriedade na cidade nos últimos anos estão os museus, com o Cais do Sertão e o Paço do Frevo. Essa articulação junto aos municípios vizinhos foi costurada há pouco menos de um ano através do Pacto Metropolitano do Turismo. “O resultado desse esforço é que trabalhamos hoje a venda casada da RMR. Vendemos um produto mais completo, oferecendo história, cultura, gastronomia, além do sol e mar. Preparamos roteiros integrados que começam no Recife e vão até Itamaracá. Um dos objetivos dessas ações é conseguir não apenas trazer mais turistas, como convencê-los a permanecer mais tempo aqui”, explica o secretário de Turismo do Recife, Camilo Simões. De acordo com o secretário, a permanência média do turista no Estado é de 7 a 8 dias, se estendendo um pouco mais no período de Carnaval. Ele comemora o crescimento médio anual de 6% de turistas vindos à capital pernambucana nos últimos anos. RURAL. Ancorados no turista pernambucano, os hotéis e pousadas que atuam no segmento do turismo ecológico e rural também despontam num cenário favorável. Enquanto o viajante internacional tem apostado em destinos no Brasil, há uma tendência de aumentar a prática do turismo regional. “O setor tem uma perspectiva

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As histórias de Marieta Borges

Marieta Borges é historiadora, escritora e professora. Por décadas desbravou a história de Fernando de Noronha, que resultou na grande obra da sua vida. É também poetisa e tem vocação para percussionista. Nesta entrevista à Algomais, ela fala sobre suas origens, produções e sua luta contra o câncer. Já venceu a batalha contra dois tumores. Hoje enfrenta o terceiro. Mas a julgar pelo vigor demonstrado nesta conversa - que terminou com uma "canja" da pesquisadora, tamborilando na mesa da sua sala um frevo em homenagem ao arquipélago - certamente ganhará mais esse combate.   “Como a história de Noronha ficou escondida!”   Você nasceu aqui no Recife? Sim, na Rua da Concórdia, a rua do Galo da Madrugada. Meu pai tinha uma fábrica de placas. Foi ele quem trouxe a produção de placas para carro para o Brasil. Ele era português. A produção acabou quando ele morreu. Morávamos em cima da casa e embaixo era a fábrica. Como começou sua relação com a música? Meu irmão era o maestro Fernando Borges. A gente fazia cantorias todos os dias em casa. Papai com a guitarra portuguesa, ele com o violino, minha irmã mais velha com o piano e eu na percussão. Nascemos todos no Recife, menos a mais velha, que nasceu em Belém. Meu pai veio direto para Belém e de lá veio para cá. Minha mãe também é paraensse. Meu marido cantou 22 anos no Coral do Carmo do Recife. A primeira coisa que eu pedi a ele quando fiquei noiva foi que entrasse no coral. Foi meu presente do Dia dos Namorados. Como era o Carnaval daquela época? Caminhávamos pela rua fantasiados, minhas irmãs, meus vizinhos. No Recife, meu irmão inventou o Esperando O Galo, palco montado na Ponte Duarte Coelho, de 8 da manhã até o Galo chegar. Era uma maravilha! Tínhamos o direito de subir no palco, ficar um pouco em cima olhando. Era impressionante. Você também faz poesias? Tenho quatro livros de poesia. O primeiro eu lancei quando trabalhava no colégio Santa Maria: As Muitas Faces do Bem Querer. Tem poema para todo mundo que passou pela minha vida. Seguindo esse mesmo jeito lancei o segundo: Natal Sempre, só com poemas de Natal. Foi prefaciado pelo Monsenhor Bezerra. Depois reuni grande parte do que havia feito e apresentei às edições Paulinas, que fizeram um calendário poético com o nome de Catando Amor o Ano Inteiro. O prefácio é de Dom Hélder. Ele escreveu que no livro há versos verdadeiramente "marietanos". (risos). Há mais de 10 anos declamo esses poemas na rádio Olinda, todo domingo. O último livro de poemas foi lançado pela editora Catolicanet. Você se formou em história? Não. No tempo em que estudei o curso de história não era reconhecido. Fiz pedagogia e depois fiz seis meses de especialização. Tenho a autorização do MEC para lecionar história. Comecei a trabalhar com as disciplinas do magistério e o enfoque principal era a didática dos estudos sociais, que entrava geografia e história. Nessa brincadeira, ensinei em vários colégios. Como começou sua relação com Fernando de Noronha? Fui uma das pessoas chamadas para participar do curso primeiro e único de suplência profissionalizante em regime de magistério em Fernando de Noronha, quando não tinha ninguém formado. Todo mundo terminava o ginásio e passava a ser professor, sem saber de nada. Daí foi feito um convênio com a Secretaria de Educação, que passou a indicar pessoas com experiência de magistério. Fui uma das indicadas para dar algumas didáticas. Foi uma paixão tão grande a ida e a descoberta, que acabei retornando várias vezes para ensinar didática geral, didática da linguagem, ensinei a alfabetizar. Ficava 15 dias, porque não podia ficar o tempo todo. Como foi que se interessou pela história da ilha? Quando eu pegava as professorandas do Santa Maria, Agnes ou IEP, eu levava essas meninas para conhecer, como se fosse hoje, o Instituto Brennand e a Oficina de Ricardo Brennand. Na época, a gente ia onde era possível. Quando eu quis fazer isso em Fernando de Noronha, pedi para me dizerem um resumo da história da ilha. Então me deram uma folha de papel com os tópicos: os franceses viveram aqui, ponto. E dai? Os holandeses viveram aqui. E dai? Não existia a história da ilha? Não! Prometi que faria um livro que seria o livro texto deles. Esse é o livro da minha vida (Fernando de Noronha Cinco Séculos de História). Tem 555 páginas e tem 511 fotografias. A ilha foi descoberta na expedição em que estava Américo Vespúcio que chegou lá como representante do fidalgo Fernão de Loronha, que nunca veio aqui. Ele ganhou a capitania, porque foi quem financiou a expedição. É o poder econômico. Abandonada, a ilha foi invadida por muita gente como os franceses. Fui à França atrás de informações, porque a França invadiu a ilha, depois em 1927 instala a Compagnie Générale Aéropostale, precursora da Air France. O grande aviador Mermoz sofreu um acidente lá, por causa disso, se fez a primeira pista de pouso em Fernando de Noronha em 1934. Fui a Air France do Rio de Janeiro. O diretor não sabia da ligação da empresa com Fernando de Noronha e disse para eu procurar a Maison de France no Rio. Lá me deram pistas inclusive do antigo aviador que havia resgatado a história da Air France e publicado duas obras. Aviadores famosos estiveram em Noronha, inclusive Saint–Exupéry (autor de O pequeno príncipe). No livro também tem a cronologia da presença holandesa. Foi a primeira. Eles viveram por 25 anos lá. E isso não se ensina no continente. Ninguém sabe. Como descobria essas informações? De várias maneiras. Uma vez cheguei no Bandepe, e o gerente me cumprimentou dizendo: “Oh, minha musa de Fernando de Noronha”. Então, outro cliente atrás de mim falou: "minha mulher nasceu lá". Virei para ele e perguntei: nasceu lá por que? Ele disse que o pai dela foi diretor do telégrafo submarino francês. Era a pintora Délia Aguiar, que morava em Olinda e eu, na

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Brilho Feminino

Ana Cecília Santos Leal é um dos destaques do nosso mundo social. Hoje, está dividida entre o Recife e São Paulo, mas mantém sua atividade empresarial no Recife, junto com a educação dos filhos Pedro, Antônio e Júlia. Durante muito tempo comandou o Club Du Vin, de tão boas lembranças, e agora está à frente da representação do designer de joias Antônio Berardo e do espaço infantil Pé de Moleque. É também uma figura elegante e simpática, muito querida pelos amigos. A nova criação de César Santos César Santos, o chef pernambucano que é referência na gastronomia nacional, comemora os 23 anos do seu restaurante Oficina do Sabor, em Olinda, lançando um novo Prato da Boa Lembrança, usando frutos do mar. É um dos espaços que se tornou visita obrigatória dos turistas que visitam nosso Estado. Sem jatinho Nas suas constantes idas a Brasília, em busca de recursos para o Estado, Paulo Câmara utiliza voos de carreira, jatinho só em ocasiões especiais, em que se vê obrigado a viajar de urgência. Na maioria das idas ao interior, vai, com seus assessores de van. Nunca de helicóptero, que o governador confessa ter medo. Construção A rede internacional de materiais de construção Leroy Merlin, que tem 33 lojas no Brasil, faz prospecção para abrir uma filial no Recife, uma das três que projeta para nossa região. Raquel Lyra será candidata Raquel Lyra continua fazendo um elogiadíssimo trabalho como presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa, enquanto se movimenta nos bastidores para ser candidata a prefeita de Caruaru. Vai disputar o pleito, preferencialmente pelo PSB, mas pode optar por outra legenda, caso não seja a escolhida pelo seu partido. Futebol O governo do Estado já decidiu que o programa Todos com a Nota, que distribuía ingressos para jogos do Campeonato Pernambucano, acabou definitivamente. Trânsito Os acidentes automobilísticos já são a quinta causa de morte no Brasil, mais que a marca mundial, onde está em nono lugar. E outros países, como a África do Sul, Tailândia e Rússia têm problemas com o grande número de acidentes com motos. Internacional Gustavo Krause confessa que o direito internacional foi a matéria que mais o atraiu na Faculdade de Direito do Recife. E brinca: "é o único ramo do Direito que conheço."

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CADÊ OS OVOS DO BRIGADEIRO?

O brigadeiro Eduardo Gomes foi um brilhante cidadão brasileiro. Entrou na Segunda Guerra Mundial, saiu herói e depois foi por duas vezes candidato a presidente do Brasil. Perdeu primeiro para Eurico Gaspar Dutra e depois para Getúlio Vargas. Mesmo sendo reconhecido por todos como do bem, de grande espírito público, combatente das mazelas sociais e amante da liberdade, não fez sucesso na política. Bem diferente da carreira militar, onde está inclusive carimbado como Patrono da Aeronáutica. Viveu tomando conta da mãe viúva e morreu aos 84 anos. Um metro e 75 de altura, pesando menos de 70 quilos, musculoso, nariz afilado, boca pequena, cabelo arrumado, ele era daquele tipo que nos anos 70 as moças chamavam de “pão”. Muito criticado como orador, mas tão festejado pela beleza, que a mulherada cantava: “Vote no brigadeiro. Ele é bonito e solteiro.” E cadê os ovos? Ou colhões, como dizem os desbocados? Ninguém nunca abriu as pernas dele para confirmar, mas o Brasil inteiro dizia que não tinha: havia perdido na explosão de uma granada. Restou ao nosso herói a homenagem feita com o famoso doce “brigadeiro”. O doce ganhou esse nome porque, como o brigadeiro Eduardo Gomes, não contém ovos. LIGADO EM PERNAMBUCO Quando o estudante de direito Demócrito de Souza Filho foi assassinado por motivação política, na Praça do Diário, a família dele recebeu um telegrama do brigadeiro Eduardo Gomes com a frase de Victor Hugo: “Quem morre pela liberdade renasce para a eternidade.” O BOI VIRA BIFE Ele está pronto para o abate quando pesa 450 quilos. Para não morrer estressado, o bicho é levado por um caminho arborizado num pasto de vacas lésbicas. O boi come e bebe água até ficar bem relaxado. Depois leva choques elétricos e um disparo na nuca. É morte de gado! FELICIDADE APRENDIDA A pesquisa durou 15 anos. Depois de 1.600 estudos, uma universidade francesa está soltando o resultado: você pensa na felicidade, afugenta tudo que de ruim vier pra sua cabeça e pode partir para o abraço. Felicidade é uma questão de prática: exercite e seja feliz.

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Por que mudar os nomes das ruas?

Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância”..., confidenciava o poeta Manuel Bandeira, enquanto o poeta e compositor Antônio Maria, numa de suas crises de banzo da terra pernambucana, cantava: “Rua antiga da Harmonia, da Amizade, da Saudade, da União... são lembranças noite e dia...”. Os nomes das ruas e demais logradouros de uma cidade por vezes se perpetuam através dos séculos, como acontece com cidades portuguesas, de Lisboa, Porto ou Évora... Mas entre nós, só para atender a modismos e aos políticos de plantão, estão sempre a mudar designações tradicionais: Cais do Apolo, para Avenida Martin Luther King; Estrada da Imbiribeira, para General Mascarenhas de Morais; Estrada do Brejo, para Vereador Otacílio Azevedo; Travessa do Gasômetro, para Rua Lambari; Rua Formosa, para Conde da Boa Vista; Rua dos Sete Pecados Mortais, para Tobias Barreto; Rua do Crespo, para Primeiro de Março; Rua Lírica, para Visconde de Uruguai; Travessa João Francisco, para Cassimiro de Abreu; Beco do Quiabo, para Eurico Chaves; Beco da Facada, para Guimarães Peixoto, numa sucessão de contínuas mudanças. Nesta cidade de Santo Antônio do Recife – “Ingrata para os da terra, boa para os que não são”–, ainda conserva algumas ruas que, como nos engenhos de Ascenso Ferreira, só os nomes nos fazem sonhar: da Concórdia, da União, da Saudade, do Sossego, da Amizade, Nova, da Hora, do Progresso, Imperial, Real da Torre, Real do Poço, Flor de Santana, Direita, Velha, da Glória, da Alegria, dos Prazeres, dos Aflitos, das Graças, das Flores, da Praia, das Calçadas, do Padre Muniz, do Dique, do Porão, dos Pescadores, da Carioca, do Marroquim, do Rangel, do Observatório, do Arsenal de Guerra, da Praia, da Congregação, da Matriz, do Hospício, do Aragão, do Veras, Estreita e Larga do Rosário, do Livramento, do Fogo, das Águas Verdes, do Chora Menino, da Aurora, do Sol, da Fundição, do Futuro, das Ninfas, do Veiga, da Matriz, dos Artistas, do Lima, do Pombal, do Padre Inglês, do Cupim, do Encanamento, das Ubaias, numa sequência de nomes que a voragem do “progresso” ainda não corrompeu. Nos dias atuais, eis que um forte movimento se faz presente em favor de acrescer nomes de certas figuras às tradicionais denominações de nossas ruas e avenidas. Neste sentido, a Lei Orgânica do Município, que em seu artigo 164, estabelece que seja obrigatoriamente ouvido o Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano quando da mudança de qualquer nome de rua, praça ou avenida da cidade do Recife, vem sendo atropelada pelos “Senhores Vereadores”. Fazendo ista grossa para tal dispositivo, contrariando formalmente o que determina a Lei Orgânica do Município do Recife, os chamados “representantes do povo” ensaiam agora o expediente de acrescer aos nomes tradicionais, novas denominações que nada têm a ver com a consagrada toponímia da cidade do Recife. Tal expediente teve início com a mudança da denominação do Aeroporto dos Guararapes, que, como num passe de mágica, recebeu o adendo de Gilberto Freyre, seguindo-se da Avenida Norte, hoje acrescida com o nome do Governador Miguel Arraes, e, mais recentemente, a antiga Estrada de Beberibe que veio a ser Avenida Beberibe Santa Cruz Futebol Clube! E o expediente não parou por aí... Já se encontra em pauta a mudança da Praça do Arsenal da Marinha agora acrescentada com o nome do passista amazonense Nascimento do Passo; a mudança do tradicional Largo dos Coelhos, com o nome acrescido do cantor Reginaldo Rossi... De quebra, teremos a Estrada Velha do Bongi que já tem o seu nome encomendado (!) Com tais mudanças propostas pelos nossos vereadores, logo mais teremos dezenas de tradicionais nomes de ruas e avenidas do nosso Recife, consagrados por séculos pela toponímia popular, mudados para “doutor ou vereador fulano de tal”... Tudo como previra o poeta Manuel Bandeira em 1925! Pelo andar da carruagem, a canção de Alceu Valença e Vicente Barreto, não mais contará em seus versos com o tempo presente, mas no tempo passado, por obra e graça daqueles que hoje se intitulam “fiéis representantes do Povo do Recife”. Na Madalena revi teu nome/Na Boa Vista quis te encontrar/Rua do Sol, da Boa Hora/Rua da Aurora, vou caminhar /Rua das Ninfas, Matriz, Saudade/Na Soledade de quem passou/Rua Benfica, Boa Viagem/Na Piedade, tanta dor/Pelas ruas que andei, procurei/Procurei, procurei... te encontrar/Pelas ruas que andei, procurei/Procurei, procurei te encontrar.

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Lebret e o Recife

O padre dominicano Louis Joseph Lebret realizou um Estudo sobre Desenvolvimento e Implantação de Indústrias Interessando a Pernambuco e ao Nordeste, que foi publicado sobre a forma de livro, em 1955, pela então Comissão de Desenvolvimento de Pernambuco (Codepe). Um dos líderes do movimento Economia e Humanismo, Lebret lançava um olhar humano e cristão sobre o debate político-ideológico entre os adeptos do capitalismo e os do socialismo, muito presente na década dos 50 como reflexo da Guerra Fria e dos rumos do desenvolvimento econômico no mundo que emergiu após o final da Segunda Guerra Mundial. A concepção de Lebret repousava na noção de organização do espaço ou de gestão do território dentro da tradição francesa de Aménagement Territoire. A sugestão de Lebret era fortalecer uma rede de cidades tanto no entorno mais próximo quanto longínquo do Recife para filtrar ou mitigar as migrações para a capital de forma a evitar que a cidade atingisse a “monstruosidade de um milhão de habitantes” (p.94). Para o Recife em si Lebret tinha propostas para a economia e para a organização urbana e colocava o porto como estratégico para o desenvolvimento da cidade. Lebret argumentava que o Porto do Recife teria que se expandir para o sul, limitado que estava a leste pela cidade e ao norte pela Marinha de Guerra (Escola de Aprendizes Marinheiros). O porto seria de cabotagem, pois não teria condições de receber grandes navios e deveria se expandir ao sul, na direção da bacia do Pina, onde proximamente existia um terreno favorável para acolher um estaleiro naval, tanques de combustíveis e possivelmente uma refinaria. Essa área identificada por Lebret no mapa que acompanha o estudo se situaria hoje por trás do Cais José Estelita, incluindo o Cabanga, território objeto de conflitos de interesse e de polêmicas urbanísticas que tem envolvido amplos setores da opinião pública recifense. Lebret concebia Recife então como uma cidade que deveria se industrializar, inclusive acolhendo empreendimentos pesados como uma refinaria. Essa concepção, por certo, seria hoje objeto de grande questionamento e de severas críticas por planejadores urbanos. Lebret também tinha uma preocupação com a mobilidade pois queria evitar que os trabalhadores se deslocassem grandes distâncias para chegarem ao local de trabalho e, por isso, recomendava que as áreas industriais deveriam ser construídas próximas das residenciais, constatando que no Recife “a descontinuidade é muito grande entre os locais de habitação e de trabalho da população operária” (p.95). A questão da mobilidade já era, portanto, abordada por ele. Sugere assim construir grandes anéis circulares estendendo-os até Olinda até encontrar “a grande estrada” que vai para o norte e que se conecta com a que “vai para o sul”, via de grande densidade de tráfego pela qual rodariam rápidos “trolley-bus” em faixas de 40 metros de largura. Essa era a antevisão de uma Agamenon Magalhães. Assim, Lebret argumenta que a cidade seria descongestionada “porque, de outro modo, se chegaria a uma circulação impossível com tais engarrafamentos por toda parte, que qualquer movimento seria inviável” (p.97). Se Lebret voltasse ao Recife 60 anos depois descobriria que a cidade se tornou monstruosa com 1,6 milhão de habitantes, que se desindustrializou, que sua sugestão para o Cais José Estelita e entorno seria muito polêmica, se não recusada, e que a mobilidade da cidade piorou muito apesar de terem surgido avenidas tipo Agamenon Magalhães. Descobriria também que a refinaria e o estaleiro estariam em Suape onde, de forma visionária, apontou que na “altura do Cabo existe um grande terreno para ser integrado ao Grande Recife” (p. 89). Isso se tornou realidade!

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João Pernambucano: O que há em um nome?

Não está muito longe o tempo em que os apaixonados faziam serenatas para a mulher amada, que pelas frestas das venezianas faziam escapar suspiros de amor. Lá fora, sob o brilho da lua-cheia, o cantor, com seu fiel companheiro – o violão – colado ao peito, transformando, por essas artes que só o amor explica, batimentos cardíacos em compassos musicais. Violão, esse companheiro fiel, tem uma longa história a contar. Não indiscrições, mas o relato de uma longa caminhada na estrada do tempo. O começo teria sido há quase dois mil anos antes de Cristo, na antiga Babilônia, onde já se usavam instrumentos parecidos com o violão. No Egito e em Jerusalém, o povo usava um instrumento de cinco cordas também assemelhado ao violão, ao passo que em Roma, eram corriqueiras as serenatas ao som de um instrumento de bojo e cordas também parecido com o violão. O fato é que por volta do ano 300, o instrumento já se difundira pela França e Alemanha e, mais tarde, na Idade Média, o instrumento chegara à Espanha, onde sempre foi muito executado pelos virtuoses da época e onde também ganhou a sexta corda. Em seguida, já com as características atuais, foi levado para Lisboa. Para uns, o violão descende do alaúde árabe, chegado à península Ibérica com os mouros, enquanto para outros, ele é filho da cítara romana, cujo uso se expandiu com a expansão de Roma. No Brasil, no entanto, registra-se que tudo começou com a introdução da viola, trazida pelos portugueses quando da época colonial. Não se confunda, no entanto, viola com violão. A utilização deste é das mais diversificadas, tanto na música instrumental, quanto no acompanhamento da voz. A propósito, diga-se, só como curiosidade, que durante muito tempo o violão foi tido como instrumento dos boêmios e seresteiros. Instrumento de capadócios, como dizia o seresteiro Sílvio Caldas. Por aqui, um dos pioneiros do instrumento foi João Pernambuco, um pernambucano, como se pode imaginar pelo nome. Nascido em Jatobá – atual Petrolândia – em 2 de novembro de 1883, em verdade seu nome de batismo era João Teixeira Guimarães. Ainda na infância, ele começou a tocar viola, influenciado por cantadores e violeiros locais como Bem-te-vi, Mandapolão, Manuel Cabeceira, o cego Sinfrônio, Fabião das Queimadas e Cirino Guajurema. Aos 12 anos de idade, ele já tocava em festas. E assim se fez músico, violonista e compositor que criou mais de 100 choros, e também jongos, valsas, toadas, maxixes, emboladas, cocos, canções, prelúdios e estudos. Após o falecimento do seu pai, ele se mudou para o Recife, onde trabalhou como ferreiro e em outros postos de menor importância e salário. Então, buscando dias melhores, em 1902 ele se mudou para o Rio de Janeiro, onde passou a trabalhar como operário. Não deixou, contudo, de tocar e compor. Ali travou contato com violonistas populares, ao mesmo tempo em que varava jornadas de até 16 horas diárias. Para os seus amigos e admiradores, em número sempre crescente, diga-se, sempre encontrava tempo para contar e cantar coisas de sua terra, daí o apelido de João Pernambuco. Passados seis anos, transcorria 1908, ele era considerado um dos expoentes do choro, ombreado com Quincas Laranjeiras, Ernani Figueiredo, Zé Cavaquinho e Sátiro Bilhar, os maiorais da época. Pode ser que você não saiba ou não se lembre de quem foi João Pernambuco, mas vai lembrar, sem esforço, de uma das músicas que ele compôs. O nome original era Engenho de Humaitá, mas depois de celebrada uma parceria com Catulo da Paixão Cearense, a música passou a se chamar Luar do Sertão. Ainda não lembra? Então eis os primeiros versos: Não há, ó gente, ó não | luar como este do sertão... É quase um hino à beleza sertaneja, mas sobre essa música há um fato não tão belo a ser comentado. Como João Pernambuco era analfabeto, costumava dar suas composições para que outros pudessem escrevê-las e, por conta disso, Luar do Sertão terminou sendo registrada exclusivamente em nome de Catulo da Paixão Cearense, o mesmo ocorrendo com outra criação, a toada Caboca di Caxangá, memorável sucesso do carnaval de 1913. Posteriormente, porém, a coautoria de João Pernambuco foi reconhecida. Sabendo dos problemas do compositor pernambucano com o apoderamento de suas canções, Heitor Villa-Lobos se propôs, de boa-fé, a registrar e transcrever várias de suas canções, o que fez sem nenhum problema. Considere-se, no entanto, que a associação com Catulo da Paixão Cearense também trouxe benefícios para João Pernambuco, como o acesso à alta burguesia e à intelectualidade, em cujas tocatas ele exibia o seu talento para figuras de proa daquela época, como Afonso Arinos e Rui Barbosa. De 1928 até 1935 João Pernambuco morou em um casarão onde funcionava uma república que abrigava, em sua maioria, músicos e jogadores de futebol. Ali ele organizava animadas e concorridas rodas de choro que contavam com a participação de Donga, Pixinguinha, Patrício Teixeira, Rogério Guimarães e, ocasionalmente, Villa-Lobos. Foi lá que ele conheceu, por intermédio do amigo Levino Albano da Conceição, um jovem violonista chamado Dilermando Reis. Mente criativa, João Pernambuco formou o Grupo de Caxangá, um estrondoso sucesso com a participação de Pixinguinha e Donga, e introduziu a percussão nordestina no Sudeste. Fez mais: participou, também com Pixinguinha, dos grupos Os Oito Batutas e Os Turunas Pernambucanos. E ainda com Donga e Pixinguinha, ele percorreu o Brasil coletando música folclórica brasileira, por encomenda de Arnaldo Guinle. Como violonista, gravou pela primeira gravadora brasileira estabelecida, Casa Edison, e também para os selos Columbia e Phoenix. A santíssima trindade dos precursores do violão brasileiro foi constituída por Quincas Laranjeiras, João Pernambuco e Levino Albano da Conceição, mas a obra violonística de João Pernambuco era de tal densidade e profundidade que, a respeito dela, disse Villa-Lobos: Bach não se envergonharia em assinar os estudos de João Pernambuco como sendo seus. Mozart de Araújo, renomado musicólogo, não poupou elogios: João Pernambuco está para o violão assim como Ernesto Nazareth está para o piano. Já o violonista Maurício Carrilho certa vez escreveu sobre

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A voz cristalina de Paulo Molin

Américas, Europa, Ásia, África, Oceania... Nos cinco continentes, quase todos os países comemoram o Dia da Criança. Em muitos, no mês de outubro, como no Brasil. Entre nós, a data foi criada em 1924, mas só em 1960, quando a Estrela e a Johnson & Johnson lançaram a Semana do bebê robusto, começou a ser comemorada. Desde então, é de grande importância no calendário promocional das empresas. Nesta página, no entanto, não se busca falar do calendário promocional. Neste momento, o Dia da Criança é um motivo para falar de uma criança pernambucana, um menino-prodígio. Seu nome, Paulo Fernando Monteiro Molin, que ganhou fama como o pequeno grande cantor Paulo Molin, um descendente de franceses nascido no Recife em 2 de janeiro de 1938. Aos 8 anos de idade ele começou a cantar, e com apenas 12 anos gravou, em 1950, seu primeiro disco, um 78rpm, contendo as músicas Olinda, cidade eterna e Recife, cidade lendária, ambas de Capiba. Ainda tão jovem, Paulo Molin já era um cantor profissional, contratado da Rádio Tamandaré (Recife), tinha suas músicas tocadas nas emissoras de rádio de todo o Nordeste, e seus discos eram disputados. Recife começava a ficar pequena para o seu talento, levando-o a migrar para o Sudeste. Primeiro para o Rio de Janeiro e em seguida para São Paulo. Ali ele experimentou uma fase de intenso trabalho. Foi contratado pela Rádio Nacional, gravou Igarassu, cidade do passado, de Capiba, e a canção A chama, de Capiba e Ascenço Ferreira. Gravou o bolero Bem sabes, o samba-canção Por quê?, com acompanhamento de Lírio Panicalli e sua orquestra; gravou também o fox-canção Daqui para a eternidade, uma versão de Lourival Faissal; e o samba-canção Se você vai embora, de Luiz Fernando e Nelson Bastos. Naquele mesmo ano, gravou ainda o samba Não tenho lar, e participou da coletânea Carnaval 1955, da gravadora Sinter, com a marcha Não aguento este calor. Em 1955, ano que marcou o auge do seu sucesso, Paulo Molin foi tema de reportagem da então famosa Revista do Rádio, e participou do LP Feira de Ritmos, da gravadora Sinter, interpretando o fox-canção Daqui para a eternidade. Chegou 1956, e ele lançou, pela Mocambo, a saudosa gravadora pernambucana, o tango Caminho errado e o samba Desligue este rádio. No ano seguinte, gravou as baladas-rock Sereno, que veio a fazer parte da trilha sonora da novela Estúpido cupido, da Rede Globo; Como antes (Come prima), sucesso da música italiana; o samba Quem sabe; os boleros Sinto que a vida se vai e Prece do perdão; além da guarânia Serenata suburbana, de Capiba. Entrava ano saía ano, a agenda de Paulo Molin era repleta de compromissos. Em 1958, ele gravou os rocks-balada Minha janela, de Fernando César e Ted Moreno, e Se aquela noite não tivesse fim, de Nelson Ferreira e Ziul Matos. Mais um ano de trabalho intenso se passou, e chegado 1959, gravou as marchas A vida é boa e Bebo sem parar. Em 1960, ele gravou o samba Estamos quites, o bolero Fui eu, e lançou, pela Mocambo, o LP Surpresa com diferentes músicas gravadas em 78 rpm, além da balada És a luz do meu olhar, de sua autoria. Passou a integrar o elenco da gravadora Copacabana e participou da coletânea Tudo é carnaval - Nº 1 interpretando a marcha Eu não sou doutor, de G. Nunes, B. Lobo e F. Favero. Em 1961, gravou Olhando estrelas, um fox de M. Anthony e Paulo Rogério, e a guarânia A deusa da montanha, de Hilton Acioli e Marconi da Silva. Em 1962, participou da coletânea Tudo é carnaval - Nº 2, com a marcha Viva a cegonha, de Silvio Arduino e Ercilio Consoni. No mesmo ano, de volta à gravadora Continental, gravou a balada Chorando por você, de Roy Orbison e Noe Nelson, em versão de Romeu Nunes; e o samba É tua vez de sorrir, de Fernando César e Luiz Antônio. Ainda em 1962, ingressou na gravadora Philips e gravou, com acompanhamento de Portinho e sua orquestra, o bolero-mambo Teimosia e a Balada do desespero, ambas de Francisco de Pietro. No mesmo ano, gravou pela Mocambo o samba-canção Inconstante, de Aloísio T. de Carvalho, e o samba Rosa do mato, de Sérgio Ricardo e Geraldo Serafim. Em 1963, lançou, pela gravadora Philips, o LP Meu bom amigo Capiba, interpretando as belas Olinda cidade eterna, Recife cidade lendária, Praia da Boa Viagem, Maria Betânia, Cais do porto, Igaraçu cidade do passado e Que foi que eu fiz, todas composições solo de Capiba, e mais Depois, de Capiba e Talma de Oliveira; e A mesma rosa amarela, Claro amor e Não quero amizade com você, de Capiba em parceria com poeta Carlos Penna Filho. Ainda naquele ano, participou da coletânea Carnaval bossa nova, da gravadora Fermata, com a marcha Quem tem mulata, parceria dele com Vicente Longo e Waldemar Camargo. Em 1964, gravou duas marchas para a coletânea Carnaval - Vol. 1, da Philips, Balzac disse, de Denis Brean e Osvaldo Guilherme, e Me leva, de Waldemar Camargo e Vicente Longo. Assim, ao longo da carreira Paulo Molin gravou 15 discos em 78 rpm e três LPs pelas gravadoras Continental, Mocambo, Copacabana, Philips e Fermata. Foram seus anos de ouro, em que ele chegou a atuar também no cinema, fazendo parte do elenco do filme Zé do periquito, produzido e estrelado por Mazzaropi. O tempo, contudo, indiferente ao que as pessoas almejam, passara. Novos valores eram surgidos, mudavam as predileções musicais. Paulo Molin, então, resolveu fixar-se em Guaxupé, interior de Minas Gerais, onde, lado a lado com a atividade jornalística exercida na Folha do Povo, um jornal local, prosseguiu em sua carreira de cantor, embora àquela altura da vida a voz estivesse muito distante daqueles tempos do Recife. Em Guaxupé ele construiu amizades, conquistou a admiração de todos, criou fama, marcou positivamente a cidade. Tanto, aliás, que recebeu o título honorífico de cidadão guaxupeano. Paulo Molin calou-se para sempre no dia 26 de agosto de 2004, aos 66 anos, em

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Virose, um diagnóstico vago?

Quem nunca saiu irritado de um consultório médico após receber um diagnóstico de virose, que atire o primeiro comprimido de anti-inflamatório. A sensação é de que os médicos já não sabem mais detectar com precisão uma simples gripe. Mas a história não é bem assim. Não é tão fácil quanto se pensa descobrir com exatidão qual a doença que acomete o paciente. Isso porque vários tipos diferentes de viroses – como gripe, dengue, zika, resfriado, mononucleose, entre outras – apresentam sintomas semelhantes, como febre, dor de cabeça, fadiga. Mas, afinal, o que é virose? “É toda infecção causada por vírus”, responde o infectologista Filipe Prohaska, do Hospital Português. Uma doença infecciosa também pode ser causada por outros tipos de micróbios - ou como dizem os especialistas micro-organismos - como como fungos e bactérias. Mas, segundo Prohaska, cerca que 90% das pessoas atendidas nas emergências com infecção possuem sintomas clássicos provocados por vírus. As viroses, porém, compõem uma gama ampla de doenças, desde um resfriado, passando pela dengue, zika, até hepatites e Aids. Boa parte daquelas que acometem os pacientes, no entanto, é benigna, os sintomas desaparecem em menos de uma semana. Além de apresentarem sintomas semelhantes, as viroses são causadas por micro-organismos que muitas vezes são difíceis de serem detectados em exames. “Muitos vírus não alteram tanto o teste laboratorial”, explica o infectologista. Na Europa, de acordo com Prohaska, já existem exames que identificam de forma mais precisa 20 tipos diferentes de vírus. A má notícia, porém, é que custam cerca de R$ 4 mil. “O custo benefício não vale a pena. Essa é uma vertente para o futuro”, estima o médico. Para algumas viroses, como a dengue, já existem testes disponíveis no País. É a sorologia, obtida por meio do hemograma. Por isso, quando você vai à emergência com sintomas de infecção o médico, muitas vezes, solicita um exame de sangue. Nele são identificados os anticorpos presentes no seu organismo, que são uma espécie de exército de defesa do nosso corpo capaz de combater os micro-organismos. Para cada tipo de vírus, existem anticorpos específicos para combatê-los. A dengue, por exemplo, é diagnosticada pela presença de anticorpos chamados  IgM e IgG. Mais recentemente a virose também é detectada pela presença de um antígeno – substância que produz anticorpos – chamado NS1. Mesmo nesse caso, porém, o diagnóstico não é tão simples de ser feito. Se o resultado der negativo para a presença dessas substâncias não significa que a pessoa não esteja com a doença. “Os anticorpos, muitas vezes, demoram a aparecer nos testes e só por volta do sétimo dia a contar do início da doença, é que vão ser detectáveis”, esclarece Danylo Palmeira infectologista dos Hospitais Jayme da Fonte e Português. Resultado: a pessoa tem o vírus mas o exame não é capaz de identificá-lo. Apesar dessas dificuldades, você pode ajudar o médico nessa difícil arte de diagnosticar a virose, oferecendo o maior número de informações sobre os sintomas. Por isso, é fundamental a chamada anamnese, isto é o interrogatório que o especialista faz nas consultas com o paciente procurando detalhes para formar um diagnóstico. “Se alguém, por exemplo, reporta que está com tosse com secreção amarelada e febre, ao invés de um resfriado ou gripe, podemos estar diante de uma infecção bacteriana, sendo necessário o uso de antibióticos”, deduz Palmeira. Não se espante se o médico não prescrever um medicamento quando você estiver com virose, porque não existem remédios que eliminem a grande quantidade de vírus que provocam a infecções como gripes, resfriados, dengue, rotavírus, entre muitos outros. Mas não se preocupe: em alguns dias a infecção desaparece. “Costumo dizer que o curso da doença não vai mudar com, sem ou apesar do remédio. O procedimento é usar medicamentos para aliviar os sintomas”, orienta Prohaska. Assim, prescreve-se um analgésico para dor, um antiemético para vômitos, antitérmicos para febre. Fique longe, porém, dos anti-inflamatórios se estiver com suspeita de dengue. “Nesse caso, pode provocar hemorragias”, alerta Danylo Palmeira. Nem pense também em tomar antibióticos. Eles só combatem bactérias. ÁGUA É importante tomar muita água pois o corpo se desidrata quando sofre uma infecção. Isso acontece porque nos vasos sanguíneos não há apenas sangue, mas água também. A febre provoca uma dilatação nos vasos expulsando essa água para outras partes do corpo. “Hidratar-se é fundamental para evitar queda da pressão arterial”, explica Palmeira, alertando que a hipotensão pode levar ao choque, um estado potencialmente letal para o organismo. Crianças e idosos devem ter atenção especial quando são acometidos por infecção, porque não costumam tomar muita água. Cuidado redobrado também com pessoas com baixa resistência, como indivíduos em tratamento oncológico, com Aids ou grávidas devido à fragilidade do seu sistema de defesa. Também é muito importante estar atento aos sinais de alerta que podem indicar um quadro mais grave. Caso a pessoa com virose sinta dor abdominal intensa, alteração de comportamento (ficar desorientada ou até agressiva), alterar o nível de consciência e ficar muito sonolenta, apresentar queda de pressão, desidratação, falta de ar, desmaios, começar a suar frio ou vomitar com muita frequência deve ser levada imediatamente para a emergência. Mas na maioria das vezes as infecções virais que nos acometem não provocam grandes consequências e desaparecem depois de alguns dias. Durante a recuperação a dica fundamental é manter o repouso. E, agora, que você já sabe o quanto é difícil detectar um vírus, não precisa mais ficar irritado quando receber o diagnóstico de virose. Descanse, tome bastante água e tenha paciência que logo, logo o vírus vai embora.

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Pesqueira do doce, da renda e dos caiporas

Ela já foi chamada de “A Terra das Chaminés”, “A Terra do Doce e da Renda” e, por último, "A Saída do Agreste". O Sertão vem logo depois. Todos os títulos fazem jus. Os seus 135 anos parecem estar impressos nos vários casarões e sobrados, alguns do século 18, ainda conservados. Isso nos leva a imaginar o movimento da cidade no início do século 20. O cenário traz uma bela história de um passado glorioso. Vamos conhecer Pesqueira pelo roteiro de Carlos Sinésio Cavalcanti, jornalista, poeta e escritor nascido ali. A cidade fica a 215 km do Recife. Por ser um local de peregrinação religiosa, nosso ponto de partida começa no Centro da cidade, na Catedral de Santa Águeda, a padroeira , reformada recentemente. O templo recebe elogios dos visitantes. Em seguida, vamos até o Convento São Francisco, construído em 1908. Ali pertinho, temos o castelo de Edvonaldo, obra de estilo indefinido, inacabada, iniciada há mais de uma década. É vista de longe devido aos seus "minaretes" altos e extremamente coloridos. Virou uma curiosa atração turística. Sinésio nos leva à Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, na Rua Cardeal Arcoverde, onde encontramos o Palácio do Bispo e um museu. A igreja foi a primeira da cidade, erguida em 1802. Visitar o famoso Seminário de São José, por onde passou tanta gente famosa, é quase obrigatório. Vizinho, temos o imponente prédio da prefeitura, que já foi a casa do industrial Antonio Didier, fundador da tradicional fábrica de doces Rosa. Bem pertinho, também, está o Centro Comercial Rosa, onde funcionou a fábrica de derivados do tomate Rosa. O local abriga, atualmente, o Museu do Doce, com rico acervo em máquinas, fotos e tachos de cobre. O espaço é muito bom para comprar peças de renda renascença nos diversos boxes. Aliás, Pesqueira desenvolveu e deu fama a essa renda que teve na vizinha cidade de Poção o seu nascedouro. Hoje, a renda é exportada para o mundo todo, com sucesso, e até merece festa no mês de setembro. Um dos projetos do governo municipal é construir o Memorial da Renascença. TERRA SANTA. O Santuário da Graça passa a ser a parada seguinte. Fica em Cimbres, no Sítio Guarda, a 24 km de Pesqueira. Lugar místico e milagroso, onde Nossa Senhora das Graças apareceu às Marias - Conceição e da Luz - em agosto de 1936. Ambas adolescentes. O fato mereceu profundos estudos da Igreja Católica e a aparição da Virgem não foi imaginação infantil, atestam os religiosos. Desde então, o solo sagrado foi transformado em centro de peregrinações por todas as classes sociais. Artistas famosos, políticos e populares frequentam o santuário, com fé, pedindo ou agradecendo graças. Alcançar a imagem da santa (com dois metros de altura), protegida numa gruta, requer um razoável preparo físico, pois são 306 degraus, além de um percurso a pé. De lá, avista-se quase toda a cidade, e ninguém resiste à contemplação e admiração por tudo que o mirante oferece. E faz frio. A palavra cimbres significa “armação que suporta pesos em construção civil”, e o local que leva esse nome é o maior reduto indígena do Nordeste. Dista do Centro 18 km em estrada quase totalmente pavimentada, mas carece de alguns cuidados por ser estreita. A Vila de Cimbres já foi poderosa. Sendo zona de transição, sua extensão territorial abrangia todo o Sertão até o fim do Estado, atingindo o Norte de Minas Gerais, segundo o pesquisador José Florêncio Neto, que salvou a documentação comprobatória, durante uma inundação na prefeitura. O local começou a ser povoado em 1654, e rapidamente foram construídos os prédios da Câmara, Cadeia e Ouvidoria, além da Igreja de Nossa Senhora das Montanhas (a imagem primitiva está no altar), considerada a pioneira da região. Em pouco tempo, Cimbres era o centro político e administrativo, inclusive do Sertão. Por isso, chegou ser chamada de Atenas do Sertão. Esses prédios ainda estão de pé e são testemunhas daquela época. Entretanto, a cidade – conta Sinésio - remonta a 1800, na Fazenda Poço Pesqueiro (daí o nome Pesqueira), localizada no pé da serra, tendo progredido rapidamente. É tanto que, 36 anos depois, a fazenda produtiva passou à categoria de Vila. Mas, somente anos depois, a fazenda e Cimbres ficaram unidas geograficamente com o nome de Pesqueira. Do apogeu, Cimbres passou a mero distrito. Ainda nessa área, o visitante encontra reservas naturais, matas,trilhas e cachoeiras. O alpinismo não pode faltar diante de tantas serras. O local preferido é a Serra do Gavião, com 755 m. O local serviu de esconderijo para o bando de Lampião no final dos anos 30. A Serra do Ororubá, com suas 24 aldeias indígenas e uma população de 12 mil xucurus (civilizados), tem lagos, açudes, cachoeiras e uma rampa natural para voos livres, usada em campeonatos de asa-delta. “A paisagem ajuda a relaxar. O banho na Cachoeira do Vale das Cascatas, com uma queda de seis metros de altura, emociona”, descreve Sinésio. Ainda pode ser feito um passeio nas trilhas da Serra de Minas, sugere o nosso guia. Aí temos árvores centenárias, banho de bica e piscinas naturais. A poucos quilômetros, existe a Trilha do Gavião. São 15 km até o topo da montanha, onde moravam os índios pataxós. Uma lenda conta que em cima dessas árvores surgiam tochas sobrenaturais assustando os passantes. Essas assombrações ficaram conhecidas como caiporas - seres noturnos que amedrontavam pessoas e animais. Para acalmá-los, era costume colocar fumo e cachaça nos troncos das árvores. A lenda foi transformada em folclore. Hoje, os caiporas são atrações carnavalescas. Durante os três dias de folia, homens, mulheres e crianças saem às ruas vestidos com estopas e máscaras gigantes pintadas. Aliás, Pesqueira possui um dos mais animados carnavais do interior. DONA YAYÁ. No início do século 20, Pesqueira era o maior produtor de goiaba da região. A fabricação de doces era forte costume doméstico. Dona Maria da Conceição Cavalcanti de Britto, uma senhora doceira conhecida por dona Yayá, casada com Carlos Britto, resolveu desenvolver uma linha de produção industrial.

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