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"A Reforma Tributária pode melhorar o ambiente de negócios e evitar a guerra fiscal"

Ricardo Alexandre, Procurador-geral do Ministério Público de Contas de Pernambuco, explica as transformações que vão acontecer na cobrança dos tributos no Brasil. Ele também aborda as ações do MCP-PE para tornar o direito tributário mais compreensível para a população. O direito tributário é um assunto árido e difícil, ainda mais no Brasil, onde há um complexo sistema de cobrança de impostos. Interessado em tornar o tema mais compreensível para a população, o procurador-geral do MPC-PE (Ministério Público de Contas de Pernambuco), Ricardo Alexandre de Almeida, tem feito programas na TV MCP-PE (o canal do Youtube do ministério), e palestras sobre o assunto. O objetivo, segundo ele, “é a população entender como funciona o direito tributário e até intervir no funcionamento e na elaboração das leis que vão interferir na sua vida, como no caso da Reforma Tributária”. Sua didática já é conhecida por muitos candidatos a concursos públicos que assistiram às suas aulas em cursos que ministrou. Nesta entrevista a Cláudia Santos, ele mostra o seu talento pedagógico ao explicar, de forma simples, as mudanças instituídas pela Reforma Tributária, tema do mais recente livro escrito em conjunto com sua mulher Tatiane Costa Arruda. Ricardo Alexandre de Almeida também falou sobre as ações do MCP-PE, em especial neste ano eleitoral. O livro que o senhor lançou é voltado para o público geral ou específico para advogados tributaristas? Fale um pouco sobre ele. Devido às mudanças da Reforma Tributária, lancei, junto com minha esposa, um livro mais técnico, sobre a reforma propriamente dita. É um livro um pouco mais complexo voltado para quem já é da área do direito tributário e quer entender o que está mudando. Mas também tenho feito algumas lives (https://www.youtube.com/@ TVMPC-PE) e palestras para que a população possa entender como funciona o direito tributário e até intervir no funcionamento e na elaboração de normas e leis que vão interferir na sua vida, como no caso da Reforma Tributária. É necessário que as pessoas saibam, por exemplo, que vários Estados brasileiros aumentaram o imposto sobre consumo. Nos países socialmente mais desenvolvidos, cobra-se menos imposto sobre consumo e muito imposto sobre renda e patrimônio, que são as duas coisas que mostram que a pessoa tem mais recurso. Claro que quem consome mais tem mais condição financeira, mas os mais pobres gastam todo o dinheiro que recebem e, geralmente, não têm condições de fazer uma poupança. Então, quem gasta todo o dinheiro que tem, será muito mais atingido por uma tributação de consumo elevada. Em Pernambuco, por exemplo, cobra-se 20,5% de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços). Assim, um pernambucano, ao comprar uma mercadoria, paga 20,5% num só tributo, além dos outros impostos que existem no País. Por isso, é necessária a informação acessível. Seria muito importante que a população tivesse participado mais da elaboração dessa Reforma Tributária, não deixasse nas mãos dos grupos de pressão que surgem no Congresso. É importante que a população saiba que esses grupos existem e se informe para saber pedir e ter voz e vez. Um exemplo desses grupos de pressão são os prestadores de serviço de profissões regulamentadas, que possuem conselhos como contabilidade, economia, direito, que pressionaram o Congresso Nacional e conseguiram que as alíquotas que venham a pagar sejam 30% menores. Para os prestadores de serviço mais pobres, que não exercem essas profissões, a diminuição não aconteceu porque, geralmente, são categorias com menos acesso à informação. Mas ainda há possibilidades de mudar a regulamentação da Reforma Tributária, porque a emenda à Constituição não cria os impostos, ela autoriza que sejam criados e, nessa criação, há grupos de trabalho que ainda estão discutindo. O que o senhor achou da unificação dos tributos de consumo instituída pela Reforma Tributária? Achei boa porque simplifica o sistema. Agora vamos ter uma legislação única e não uma para cada Estado, o que pode facilitar, principalmente, as vendas entre os Estados. Por outro lado, essa unificação poderia ser melhor se seguisse o modelo de alguns países europeus, criando um só um IVA (Imposto de Valor Agregado), que é um valor adicionado cobrado pela União Federal com a fiscalização de Estados e municípios. Mas os municípios e Estados brasileiros não queriam ficar sem um imposto “para chamar de seu”, então foi criado o IVA dual, com a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) que é federal e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que é municipal e estadual. Então agora será uma legislação única e, apesar de terem sido criados dois tributos, as regras aplicadas vão ser iguais, o contribuinte só vai precisar apurar a base de cálculo que vai valer tanto para a esfera estadual, quanto para a federal. Acho que isso pode melhorar o ambiente de negócios no País, evitando guerra fiscal entre os estados. A Reforma Tributária também modificou outros tributos que não são associados ao consumo, como o IPVA. Quais foram essas modificações e o que o senhor achou delas? São muito boas. Aeronaves e embarcações vão passar a pagar IPVA. É um absurdo quem tem uma moto simples pagar o imposto e quem tem condições de comprar uma moto aquática, um iate, um helicóptero ou um avião, não pagar. Isso é uma questão de justiça, aumenta a arrecadação cobrando normalmente de quem tem maior potencial de pagamento. Outro ponto positivo é o imposto de transmissão sobre herança e doação, que passa a ser obrigatoriamente progressivo. Isso é importante porque não se pode tratar quem recebe uma herança de milhões de reais da mesma forma de quem recebe uma de milhares de reais. É preciso cobrar de acordo com a capacidade que cada sujeito tem, espremer mais as laranjas que dão mais suco, é essa a ideia. Algumas mudanças são positivas, outras tendem a ser, dependendo de como será a regulamentação. Por exemplo, foi criado um mecanismo, chamado cashback que fará com que o Poder Público devolva parte do imposto pago por famílias de baixa renda. Será registrado no CPF da pessoa o valor que ela está pagando em impostos

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Chegou a hora da utopia do Capibaribe limpo

*Por Francisco Cunha No dia do aniversário do Recife tive a gratíssima satisfação de participar da inauguração da quarta e última etapa do Parque das Graças que faz parte, junto com o Jardim do Baobá, do chamado “trecho do encantamento” do Parque Capibaribe, de longe o mais importante plano urbanístico da história do Recife. O Parque das Graças é um exemplo mais do que perfeito do que podem vir a ser as margens (que o cronista inglês Tollenare chegou a chamar no Século XIX de “risonhas”) do Rio Capibaribe no Recife, desde sua entrada na Várzea, até sua chegada ao Oceano Atlântico no centro da cidade. Percorrendo uma distância de cerca de 15 km (30 km se contarmos as duas margens) e conectando todas as demais áreas verdes, parques e praças ao longo do seu trajeto (como é o caso, por exemplo, dos parques do Caiara, de Santana, da Jaqueira e do Derby, no trecho do Bairro do Cordeiro até o centro). Nas Graças se pode ver com clareza, nas ruas transversais à via-parque implantada na margem do rio, sobretudo na Rua das Pernambucanas, o emprego do conceito de “ruas de infiltração” que carrega as mesmas características do espaço público de qualidade, da borda para dentro do bairro. Inclusive, essa característica de qualidade da borda, junto com sua “infiltração” bairro a dentro e sua conexão com as outras áreas verdes do entorno, é tão poderosa que chegou a fomentar a hipótese da transformação do Recife numa cidade-parque até o seu aniversário de 500 anos como capital mais antiga do País, em 2037. Essa hipótese em especial está sendo objeto de uma pesquisa específica feita em parceria pela UFPE e pela Prefeitura do Recife. Acontece, todavia, que no caminho da concretização da hipótese- sonho da cidade-parque coloca-se a exigência crucial de limpeza do Rio Capibaribe que, ao contrário do que se chegou a pensar em determinado momento, antes da realização da pesquisa que produziu o Parque Capibaribe, não está “morto” mas, sim, doente se sujeira. Sujeira proveniente de esgoto e de muito lixo jogado pela população. No que diz respeito ao esgoto, canalizado em profusão para os cursos d’água da cidade e que termina nos seus principais rios, em especial no Capibaribe, cabe-nos cobrar das autoridades estaduais, sobretudo no que diz respeito ao cumprimento das metas da PPP do saneamento que precisa mostrar claramente a que veio, com metas e indicadores tangíveis, transparentes e acompanháveis pela sociedade que, inclusive, sejam capazes de desfazer a impressão de que nada está sendo feito no sentido de reduzir, de forma gradual mas efetiva, a poluição orgânica dos cursos d’água da Região Metropolitana do Recife. Já em relação a lixo jogado pela população nos cursos d’água da cidade e que vai parar no Capibaribe, necessário se faz a instalação de uma campanha permanente de educação ambiental, em todos os níveis. E tudo leva a crer que o momento para começar é justamente agora porque o Parque das Graças está ajudando a trazer as pessoas para perto do rio e, por conseguinte, tornando visível para muito mais gente a imundice imperante. Antes, menos pessoas viam o rio de perto e, então, valia aquela velha história de “o que o olho não vê o coração não sente”. Muita gente tem me comentado que não sabia que o Capibaribe estava tão sujo… “Até geladeira vi passar boiando”. Sim, geladeira, sofá, colchão, além de uma quantidade absurda de plástico…

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CONCEICAO INSEGURANCA ALIMENTAR

57% das famílias chefiadas por mulheres negras no Nordeste enfrentam insegurança alimentar

No Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial (21), o projeto Caminhos da Alimentação alerta que falta de acesso a renda, rede de apoio e oportunidade no mercado de trabalho expõem famílias chefiadas por mulheres negras à fome. Fotos: João Velozo De acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiares, 57% das famílias chefiadas por mulheres negras na região Nordeste sofrem com a insegurança alimentar, enquanto a média nacional para o mesmo grupo populacional é de 51%. Os números que refletem os diferentes níveis da fome no País com perspectiva de gênero e raça são o ponto de partida do projeto Caminhos da Alimentação: o que chega à mesa das mulheres negras, realizado pela Gênero e Número, em parceria com a FIAN Brasil e com o apoio do Instituto Ibirapitanga. No Brasil, a renda média per capita das famílias chefiadas por mulheres negras equivale a menos da metade da renda das famílias chefiadas por homens brancos. Já no Nordeste, a única situação em que o homem branco chefe de família tem renda inferior à mulher negra chefe de família é na condição de insegurança alimentar grave, uma vez que ele recebe R$ 36 a menos que ela. Além da renda, fatores como a sobrecarga de trabalho e falta de acesso a creches também influenciam na fome que ronda os lares liderados por mulheres negras. EM VULNERABILIDADE Conceição Mendes, 42 anos, é uma das quatro mulheres negras chefes de família acompanhadas pelo projeto Caminhos da Alimentação. Sua única renda são R$ 700 do Bolsa Família - que até pouco tempo eram R$600. Desse valor, ela usa R$ 150 para pagar a parcela do barraco onde mora e mais R$ 135 para comprar fraldas e remédios para dois de seus três filhos, de quem cuida sozinha. O que sobra é destinado à compra de alimentos - em sua maioria ultraprocessados - na barraquinha próxima a sua casa. Vitória Régia da Silva, diretora de conteúdo da Gênero e Número e uma das coordenadoras do projeto “Ainda que famílias chefiadas por mulheres negras do Nordeste sejam as principais impactadas pela insegurança alimentar, a região tem uma cultura alimentar rica em alimentos in natura ou minimamente processados, que compõem a maior parte da cesta (55%), enquanto alimentos ultraprocessados a menor (14%). Nosso objetivo é compreender como essa variedade contrasta com um imaginário social fora do Nordeste, que associa a região à fome e à pobreza”. Caminhos da Alimentação: o que chega à mesa das mulheres negras Lançado em março de 2024, Caminhos da Alimentação é um projeto multimídia que acompanhou a rotina de quatro mulheres negras chefes de família de Pernambuco para retratar as complexidades que influenciam o que chega à mesa delas, que representam o maior grupo demográfico do Brasil. O cotidiano alimentar e de vida delas foi transformado em dados, que revelam que a segurança e a insegurança alimentar entre as mulheres negras envolve diversos fatores sociais, como sobreposição de jornadas de trabalho, renda, acesso a transporte e saúde. “A partir do levantamento e da análise de grandes e pequenas bases de dados, entrevistas com especialistas e das histórias de Gercina, Claudecir, Conceição e Lindalva, queremos posicionar as mulheres negras nordestinas no centro do debate pelo acesso à comida de verdade. Buscamos humanizar esses dados e reforçar a importância que a perspectiva de gênero, raça e território não deve ser um recorte, mas a base das políticas públicas de combate à fome no nosso país”, destaca Vitória Régia da Silva, diretora de conteúdo da Gênero e Número e uma das coordenadoras do projeto.

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Bruna Pedrosa

"Corbiniano é um artista ímpar e merecia estar em espaços sacralizados como os museus"

Bruna Pedrosa, curadora da exposição sobre o artista plástico conhecido por suas esculturas de figuras longilíneas em alumínio e pelo painel Revoluções Pernambucanas, fala da trajetória dele e da importância da sua obra. Também ressalta a necessidade dele ser mais reconhecido no Estado e no País. (Foto: Arnaldo Carvalho) A exposição 100 anos de Corbiniano Lins – A Festa! que está no shopping RioMar é uma excelente oportunidade para conhecer um pouco mais esse que é considerado um dos mais talentosos e importantes artistas plásticos de Pernambuco e do País. Negro, de origem humilde e nascido em Olinda, ele trabalhou com desenho, pintura, azulejaria, obra em arame, entalhe, gravura, serigrafia, tapeçaria, mas é mais identificado por suas esculturas. Elas foram produzidas com uma técnica muito particular, em que esculpia no isopor com faca de cozinha que era enterrado numa caixa de madeira, onde derramava o alumínio fundido. Os recifenses que não ouviram falar de Corbiniano, mas veem no dia a dia, monumentos criados por ele como Revoluções Pernambucanas, na Av. Cruz Cabugá, ou O Mascate, na Praça do Diário, ou mesmo algumas esculturas de mulheres na entrada de prédios da cidade, certamente vão reconhecer nas peças expostas seu traço fino e figuras longilíneas característicos do artista. Cláudia Santos conversou com a curadora da exposição Bruna Pedrosa, que falou sobre a mostra e a vida de Corbiniano. Ela destacou a participação dele no Ateliê Coletivo nos anos 1950, liderado por Abelardo da Hora, e que contava com artistas como Zé Claudio, Brennand e Samico. Apesar de sua importância, Bruna ressalta que Corbiniano ainda não desfruta de um reconhecimento como os demais colegas de seu tempo e credita isso ao racismo. Salienta, por exemplo, a lacuna existente em relação a livros sobre ele e o fato de suas obras não serem expostas em locais como museus. O que o público vai conferir nessa exposição, 100 anos de Corbiniano Lins - a Festa? Trouxemos um pouco de cada linguagem, uma pequena amostra de cada uma das técnicas desse artista que é conhecido pelas esculturas, mas tem outras linguagens e era bom em tudo. É impressionante! A festa — do título da exposição — remete à celebração do seu centenário e a um texto de Hermilo Borba Filho em um álbum com 10 serigrafias de Corbiniano que encontramos durante a pesquisa de curadoria. Neste álbum, intitulado Recife, de janeiro a janeiro, são retratadas manifestações da cultura popular, frevo, maracatu, caboclinhos, mostrando que somos um povo festeiro. Além do texto curatorial explicando essa temática, a exposição traz uma linha do tempo com marcos biográficos e principais obras, um texto chamado Técnicas e Temas e, em seguida, mostramos pelo menos uma obra de cada técnica usada por Corbiniano: desenho, pintura, azulejaria, obra em arame, entalhe, gravura, serigrafia, tapeçaria até chegar às esculturas. A figura feminina é bastante representada em suas esculturas em formas sinuosas e elegantes. Qual a relação das mulheres com a arte de Corbiniano Lins? O primeiro acesso dele ao universo artístico e artesanal da manualidade foi por meio das mulheres da família, que eram costureiras e trabalhavam com tapeçaria. Filho de um holandês que morreu quando ele tinha meses de vida, Corbiniano foi criado pela mãe e pelas tias e irmãs em Olinda. Começou a ajudá-las na tapeçaria aos 8 anos de idade e passou a se interessar pelo desenho copiando as gravuras dos tapetes. As mulheres foram importantíssimas nessa primeira formação, por isso ele tem uma relação forte com a representação da figura feminina. Quando adulto e mesmo casado, Corbiniano se relacionou afetivamente com muitas mulheres, era um boêmio como a maioria dos homens e artistas da época. Havia também as mulheres que posavam para seus desenhos e esculturas. Daí a diversidade de corpos em sua obra, mesmo predominando as figuras longilíneas, pernudas, de bumbum e seios fartos. Conviveu com mulheres artistas como Teresa Costa Rêgo e Ladjane Bandeira. Sempre expressou sua gratidão reconhecendo a importância de ter convivido com mulheres que também eram artesãs, artistas, em uma época ainda mais difícil que hoje, quando os homens sempre estavam à frente ocupando os espaços, sobretudo nas artes. Acho que tem essa admiração dele pelas mulheres dessa forma mais ampla possível, da mãe, às esposas, filhas, às modelos, às artistas, a todo o universo feminino com que ele conviveu tanto. Então, pelo fato dele estar rodeado de mulheres, de ouvi-las e observar suas personalidades conseguiu captar o universo feminino de forma profunda. Como foi sua trajetória artística? O primeiro contato com a arte foi, então, com a família, em Olinda? Sim, em Olinda, na primeira infância com as mulheres da casa, ele começa com tapeçaria e desenho. Na segunda infância, vai para o Recife e aprende outras técnicas, estudando em uma instituição pública federal, a Escola Técnica de Artes e Artífices. Na década de 1950, quando chega no Ateliê Coletivo, junto com Abelardo da Hora e outros artistas da época como Celina Lina Verde, passa do desenho para a arte tridimensional. Então, experimenta a escultura no barro, depois em terracota, em gesso e cimento até chegar à técnica da forma perdida, pela qual ele é mais conhecido. Nessa técnica, ele esculpia em tamanho natural no isopor usando uma faca de cozinha e palitos de churrasco, enterrava esse isopor numa caixa de madeira e derramava o alumínio, que ocupava o lugar do isopor se transformando nas famosas esculturas de alumínio fundido. Essa técnica vem da Europa, outros artistas já a usaram, mas poucos se identificaram tanto com ela quanto Corbiniano. Ele apaixona-se por ela, dando continuidade de forma mais profunda. Como um homem pobre, negro de Olinda, tornou-se um dos mais importantes artistas plásticos de Pernambuco e do Brasil? Por mérito da sua arte. Apesar de seu talento, sua trajetória é marcada por apagamentos do racismo. Há uma lacuna bibliográfica impressionante sobre ele, mesmo tendo esculturas e obras públicas espalhadas no Recife e em outros Estados que são cartões postais como A Sereia em Maceió e a Iracema em Fortaleza. É comum encontrarmos

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Prefeitura do Recife inaugura a última etapa do Parque das Graças

Na celebração do aniversário da cidade, a Prefeitura do Recife brindou a população com mais um presente: a conclusão da quarta e última etapa do Parque das Graças. Este novo segmento, com 260 metros de extensão, estende-se entre as proximidades da Rua das Pernambucanas e a Rua Joaquim Nabuco. Inclui um píer flutuante, mirantes, passeio público, área destinada a piqueniques, bicicletário, mobiliário urbano e uma moderna iluminação. O Parque das Graças agora abrange um total de um quilômetro ao longo das margens do Rio Capibaribe, desde a ponte da Torre até a ponte da Capunga, resultado de um investimento de aproximadamente R$ 55 milhões. Durante a cerimônia de inauguração, realizada no final da tarde desta terça-feira (12), o prefeito João Campos também revelou planos para a construção de um espaço permanente de apoio à Guarda Civil Municipal do Recife (GCMR) e quiosques com banheiros públicos. JOÃO CAMPOS, PREFEITO DO RECIFE “A gente entrega hoje a última etapa do Parque das Graças, com isso ele está 100% entregue, inaugurado. Um parque linear de 1 km, o maior parque linear da cidade. É um novo conceito de cidade que a gente concretiza com essa entrega. As pessoas são valorizadas, a atividade física, a relação com o rio, um espaço público de convivência. Quero parabenizar a todos os trabalhadores e todo mundo que, de alguma forma, participou do projeto e da obra. O que era um sonho, hoje é uma realidade. No dia 12 de março de 2021 nós começamos e hoje terminamos. Com o parque entregue, a gente apresenta à cidade do Recife o modelo do Parque Capibaribe que a gente sonha para a cidade inteira”. ESTRUTURA DO PARQUE O píer, com uma área total de 162 m2, acomoda embarcações de diversos tamanhos, desde pequenas até catamarãs, impulsionando ainda mais o turismo náutico ao longo do Rio Capibaribe. A região já conta com pontos de apoio em locais como o Jardim do Baobá e o Cais da Vila Vintém. O acesso ao píer é facilitado por um mirante, proporcionando uma vista panorâmica do Rio Capibaribe. Além disso, a comunidade agora desfruta de um espaço coberto à beira do rio, equipado com pergolado, estrutura metálica e cobertura em madeira de lei. O local oferece ainda áreas de piquenique, bicicletário, jardins, mesas e bancos, 30 postes de iluminação pública, 16 luminárias com projetores de LED e 10 luminárias RGB. A iniciativa, realizada pela Autarquia de Urbanização do Recife (URB), também trouxe melhorias para a Rua das Pernambucanas, que passou por requalificação. O novo piso intertravado foi estendido até a esquina com a Rua Guilherme Pinto, incluindo trechos com piso mais poroso para otimizar o escoamento das águas. As calçadas foram completamente refeitas ao longo de toda a via, alcançando até a Rua das Crioulas. O Parque das Graças foi projetado para acomodar bicicletas, patinetes e outras formas de mobilidade ativa.

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10 fotos de Recife e Olinda Antigamente para celebrar o aniversário das cidades-irmãs

Para celebrar o aniversário das duas cidades, que acontece hoje (dia 12), a coluna Pernambuco Antigamente de hoje reúne algumas imagens de lugares e paisagens simbólicas do Recife e de Olinda. As fotos pertencem ao banco de imagens da Fundação Joaquim Nabuco, na Villa Digital, da Biblioteca do IBGE e do Museu Aeroespacial. Clique nas fotos para ampliar. Vista para as cidades de Olinda e Recife Obras da prefeitura de Olinda entre o largo do Amparo e o Largo de São João, em 1946 Estação de Trem em Olinda Prefeitura de Olinda em dia de Carnaval Foto: Passarinho/Pref.Olinda www.olinda.pe.gov.br Seminário de Olinda Bairro do Recife Avenida Boa Viagem Praça da República Praça da Independência Praça Rio Branco, no Marco Zero. * Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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Crescem investimentos em parques e praças públicas

Capital pernambucana tem destinado R$ 110 milhões anuais na construção e requalificação desses espaços públicos. O interior também investe em áreas verdes *Por Rafael Dantas A corrida pela modernidade, por décadas, valorizou o lugar do carro nas cidades. No passado, muitos desses investimentos destruíram espaços públicos, áreas residenciais e até igrejas históricas. No momento atual, especialmente pós-pandemia, ocorre o inverso. Um impulso para valorizar as áreas livres com intervenções focadas nas pessoas. Esse movimento, antes restrito aos países mais ricos, chegou nos últimos anos forte na América Latina e também no Recife, com o chamado urbanismo social. Uma tendência que tem aberto novos parques e praças na capital mas, também, no interior. Para se ter ideia do esforço desse movimento de volta ao espaço público, por ano, a Prefeitura do Recife tem investido R$ 110 milhões em obras de requalificação e construção de praças ou parques. Cerca de R$ 60 milhões são voltados para as reformas e o restante em novos espaços. No interior, na construção de apenas um novo equipamento, o Parque Esportivo Luiz Carlos de Oliveira, a Prefeitura de Garanhuns investiu R$ 6 milhões. Apesar da Suíça Pernambucana ser conhecida por muitos espaços verdes espalhados no seu tecido urbano, há 80 anos não era construído nenhum novo parque, segundo o poder municipal. Outros municípios como Gravatá, Caruaru e Belo Jardim também registraram novos projetos de espaços públicos, erguidos pelo poder municipal ou pela iniciativa privada, nos últimos anos. INVESTIMENTOS NO PÓS-PANDEMIA “A pandemia consolidou um pouco essa procura pelos espaços públicos, após as pessoas ficarem confinadas por tanto tempo. Mas já era uma tendência, mesmo antes, essa mudança de paradigma nas cidades”, afirma o arquiteto e urbanista Luiz Vieira, professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Ele exemplifica que o Recife, na década de 1980 e 1990, era caracterizado pela construção de condomínios com muros muito altos e cercas elétricas. Além disso, a população foi deixando as ruas com medo da insegurança. Ele considera que a cidade vive um novo momento, de retomada dos parques e praças. Embora a violência urbana siga sendo um problema no Estado e na sua capital, a maior atenção à segurança e a instalação das ciclovias foram alguns fatores que contribuíram para a reocupação dos espaços públicos. A maior quantidade de pessoas pedalando e usufruindo dos parques e praças contribui diretamente para a redução da sensação de insegurança. O mesmo movimento tem acontecido em São Paulo, onde uma pesquisa realizada em dezembro de 2020 pela organização SampaPé! e o coletivo Metrópole 1:1 revelou que, após a crise sanitária, 75,6% da população desejava “aumento da arborização das ruas”. Além disso, 68,8% informou o apoio à “criação de mais praças e manutenção das existentes”. No Recife, mesmo antes da pandemia, essa retomada do espaço público articulado com os ativos ambientais foi discutida na formulação do Parque Capibaribe. Foi nesse projeto, que teve como sua primeira peça o Jardim do Baobá, que nasceu o conceito do Recife como uma cidade-parque até 2037, marco dos 500 anos do município. Mas foi nos últimos anos que os projetos e planos começaram a ganhar uma musculatura mais clara. O Parque das Graças, que substituiu um antigo projeto rodoviário de vias expressas às margens do Rio Capibaribe, foi emblemático para demonstrar o interesse da população no uso do espaço público. As últimas etapas do parque serão entregues nos próximos meses. “Esse movimento está crescendo, as pessoas estão querendo espaços públicos e isso vai mudando as cidades. Neste plano que tem a meta de transformar o Recife numa cidade-parque até 2037, quando a capital completará 500 anos, a ideia é trabalhar com as três principais bacias, dos rios Capibaribe, Beberibe e Tejipió, como três zonas-parque, além do Parque Oceânico, na frente marinha, para termos uma rede, um sistema de parques públicos”, afirmou Luiz Vieira. Trata-se do Projeto Recife Cidade Parque, fruto de um convênio da UFPE com a Prefeitura do Recife. O professor explica que cidade-parque não é a construção de um megaespaço como é o Ibirapuera, em São Paulo, mas se trata de uma conexão dos espaços da cidade, com a valorização das ruas e acessos às praças e demais áreas verdes e de lazer. MUITOS PARQUES EM CONSTRUÇÃO A população viu nos últimos anos várias obras de requalificação de muitas praças e observa a construção de novas áreas verdes públicas. A secretária de Infraestrutura e presidente da Emlurb (Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife), Marília Dantas, elenca como principais peças nesse novo tabuleiro da cidade o Parque Eduardo Campos, no Pina; o Jardim do Poço, no Poço da Panela; o Parque da Tamarineira; o Parque Linear do Bode, no Pina; o Parque Linear Roque Santeiro, nos Coelhos; o Parque Alagado entre Areias e do Ipsep, entre outros. “São investimentos altos, que têm a preocupação com a cidade como organismo social. Não é somente fazer infraestrutura urbana, mas uma infraestrutura social. A gente se preocupa com a integração do equipamento, não só a mobilidade mas, também, com a vegetação do local, o conforto, a segurança, para fazer com que as pessoas se sintam cada vez mais acolhidas num espaço urbano”, afirma a secretária Marília Dantas. Na lista de obras estão também os parques lineares da Rua da Aurora, que terá entregas de novas varandas nas próximas semanas, e o próprio parque linear da orla da cidade, que requalificou quiosques, banheiros e alguns espaços na Zona Sul. “Todas essas intervenções fazem com que as pessoas se aproximem cada vez mais e queiram cuidar dos nossos rios, desejem contemplar a cidade. Então, esses equipamentos oportunizam esse novo conceito. Nosso esforço ao longo desses anos é de tornar o Recife uma cidade-parque”. O maior de todos os parques será o Eduardo Campos. Só ele ocupará 12 hectares na Zona Sul da cidade, no terreno do antigo Aeroclube. Com investimentos avaliados em R$ 62 milhões, o equipamento contará com pista de cooper; Academia da Cidade; quadra poliesportiva; campo de areia; ciclovia; parcão; área para piquenique; espaço para caminhada às margens do

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Menos de 1% das mulheres trabalham com tecnologia no Brasil, indica Serasa Experian

Um estudo conduzido pela Serasa Experian, com o objetivo de compreender o perfil das mulheres que atuam no campo da tecnologia, revelou que a representação feminina nesse setor no Brasil é de apenas 0,07%, equivalente a 69,8 mil profissionais. Essa análise abrangeu uma amostra de mais de 93,3 milhões de mulheres. Em contraste, entre o público masculino, 0,33% está empregado na área de Tecnologia da Informação, conforme demonstrado por um levantamento com 92,4 milhões de homens no país. No que diz respeito à remuneração das mulheres na área de tecnologia, 40,4% delas recebem salários mensais na faixa de R$ 2,5 a R$ 5 mil. Em comparação com a população feminina em geral, apenas 20,6% se encontram nessa categoria salarial. Por outro lado, 4,6% das brasileiras auferem mais de R$ 7,5 mil por mês, enquanto 18,2% das profissionais em TI estão inseridas nesse estrato salarial. A pesquisa também revelou dados sobre a classe social, indicando que a maioria dessas mulheres pertence à classe B, representando 42,2% do total. Para mais detalhes, consulte as tabelas a seguir, que apresentam uma comparação desses recortes em relação à população feminina brasileira. Outras tendências destacadas pela pesquisa incluem a presença de benefícios entre as profissionais de tecnologia. Conforme revelado, 26,1% das mulheres que trabalham em TI possuem seguro de vida, 45,5% contam com seguro saúde, 46,8% investem em previdência privada e 35,6% resgatam milhas como parte de seus benefícios. Além disso, a Serasa Experian, de acordo com a pesquisa, apresenta uma composição de 43,6% de mulheres em seu quadro de colaboradores, com 37,1% ocupando cargos de liderança. Notavelmente, 26,5% dessas mulheres desempenham funções na área de Tecnologia da Informação. Gabriela Ferreira, Diretora de Gestão de Talentos e Diversidade da Serasa Experian "O número de 0,07% de mulheres reflete não apenas uma disparidade, mas também a necessidade urgente de promover a diversidade de gênero neste setor. Esta disparidade destaca a importância de iniciativas inclusivas e políticas que visem criar um ambiente mais representativo e acolhedor para as mulheres na área de TI. Em contraste com essa realidade de mercado, na Serasa Experian o comprometimento com a inclusão resultou em um cenário mais equilibrado"

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Mundo tem recorde de calor no mês de fevereiro, segundo agência Copernicus

(Com informações da Agência Brasil) O Serviço de Alterações Climáticas Copernicus (C3S), órgão de monitoramento climático do programa espacial europeu, anunciou nesta quinta-feira (7) que fevereiro foi oficialmente o mês mais quente já registrado globalmente. Com uma média de temperatura do ar atingindo 13,54ºC, o mês superou a média para o período de 1991 a 2020 em 0,81ºC e ultrapassou o recorde anterior estabelecido em 206 por 0,32ºC. Desde junho de 2023, todos os meses têm registrado recordes históricos de temperatura, sinalizando uma tendência preocupante. O diretor do Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas, Carlo Buontempo, alertou sobre as implicações das concentrações crescentes de gases de efeito estufa, destacando que, sem estabilização, enfrentaremos inevitáveis novos recordes de temperatura global. Fevereiro registrou uma temperatura 1,77ºC superior à média estimada para o período pré-industrial (1850-1900), agravando ainda mais a situação. A tendência de aumento persiste, refletida na média global dos últimos 12 meses, que está 0,68ºC acima da média de 1991-2020 e 1,56ºC superior à média pré-industrial. As anomalias térmicas se estendem além das médias globais, com temperaturas europeias superando em 3,30ºC a média de fevereiro de 1991-2020. Além disso, áreas como o Norte da Sibéria, o centro e Noroeste da América do Norte, América do Sul, África e Oeste da Austrália também experimentaram temperaturas acima da média. O fenômeno El Niño, embora enfraquecido, contribui para a manutenção de altas temperaturas no ar marítimo global, atingindo uma média recorde de 21,06ºC em fevereiro. Em termos de precipitação, fevereiro trouxe variações extremas, com uma faixa úmida da Península Ibérica à Rússia ocidental, e uma área seca abrangendo países mediterrâneos, parte dos Bálcãs, Turquia, Islândia, Norte da Escandinávia e Rússia ocidental. As condições climáticas extremas se estenderam globalmente, destacando a urgência de ações para combater as mudanças climáticas.

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1817 pernambuco

6 de março - Data Magna de Pernambuco

*Por Carlos André Silva de Moura Instituída a partir de uma consulta popular, a Data Magna foi implementada com o objetivo de contribuir com a formação da identidade e memória coletiva em relação à Revolução Pernambucana de 1817. Estabelecida pela Lei Estadual nº 16.059, de 8 de junho de 2017, a proposta indicou um conjunto de ações direcionadas às áreas da cultura, educação, homenagens e momentos cívicos que têm a intenção de colaborar com as comemorações relativas ao evento. Muito mais que uma marca no calendário ou um feriado, o 6 de março tem contribuído para que os pernambucanos possam ter maior compreensão sobre a sua história. Mesmo que seja uma temática vivenciada em vários livros didáticos, ou com diferentes monumentos nas ruas da cidade do Recife, a exemplo dos Fortes das Cinco Pontas e do Brum, o Campo dos Mártires de 1817, na Praça da República, ou os painéis de azulejo instalados pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, que contam parte da História da Revolução Pernambucana, considerada por Manuel de Oliveira “a única revolução brasileira digna desse nome”, ainda constatamos relativo distanciamento entre parte da população e as narrativas sobre a experiência republicana na primeira metade do Século 19. A Revolução de 1817 foi um movimento separatista e republicano, que contestou o controle político de Portugal e as desigualdades sociais. Inspirada pelas ideias iluministas, propagadas pelas sociedades maçônicas, os integrantes do movimento realizaram críticas à presença dos portugueses na administração pública, à criação de novos impostos e aos gastos dos membros da Família Real, recém-chegada ao Brasil. Mesmo como uma capitania lucrativa, Pernambuco ainda se recuperava de problemas econômicos locais, como a seca de 1816 que atingiu diferentes setores. Insatisfeita com os valores enviados para o Rio de Janeiro, o evento teve início em 6 de março de 1817, após a morte do português Manoel Joaquim Barbosa de Castro, devido à reação do capitão José de Barros Lima, o “Leão Coroado”, às ordens de prisão por suposto envolvimento com conspirações contra o governo. A Revolução de 1817 guarda particularidades que merecem uma data que contribua com seu debate em diferentes espaços da sociedade. Único movimento que pregou a liberdade da dominação portuguesa, que ultrapassou a fase conspiratória e atingiu a tomada do poder, foi durante os desdobramentos revolucionários que, mais uma vez, se gritou pela República em Pernambuco. Outro aspecto que merece destaque foram as negociações internacionais para a manutenção e ampliação do movimento revolucionário. Os Estados Unidos, que tinham instalado o primeiro Consulado do Hemisfério Sul no Recife, foram favoráveis ao movimento devido aos interesses comerciais com Pernambuco e a região. Do mesmo modo, combatentes de Napoleão Bonaparte, que pretendiam resgatar o ex-imperador francês da prisão em Santa Helena, também demonstraram interesse no sucesso da insurreição. Após os desdobramentos políticos do movimento, em 29 de março de 1817, foi convocada uma Assembleia Constituinte, que contou com representantes eleitos em todas as comarcas. Como resultado foi estabelecida a separação entre os poderes legislativo, executivo e judiciário, a liberdade de imprensa e culto (mas o catolicismo continuou como religião oficial), aumento no soldo dos soldados e abolição de alguns impostos. No entanto, diferente de outros movimentos da colônia, a escravidão foi mantida, com demonstração de que, mesmo com avanços sociopolíticos, as rupturas com as formas de exclusão e exploração não atingiram a sua totalidade. Devido aos interesses diversos e à divisão entre representantes do movimento, o novo governo passou por um processo de enfraquecimento. Sendo assim, as tropas enviadas por Dom João VI a Pernambuco entraram em confronto com os revoltosos, que foram presos em 20 de maio de 1817. Por ordem do rei, os principais líderes foram punidos com enforcamento ou fuzilamento em Praça Pública. No entanto, deve- se destacar que o movimento foi fundamental para a organização de outros eventos de contestação política e social, a exemplo da Confederação do Equador em 1824. A Revolução de 1817 possibilitou que Pernambuco se tornasse independente por 75 dias. Com a expansão das ações, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba foram “adicionados” ao novo país. Com as características revolucionárias e o pioneirismo, não teríamos data melhor para marcar a identidade e a memória dos pernambucanos. *Carlos André Silva de Moura é historiador e professor da graduação e pós-graduação da UPE (Universidade de Pernambuco)

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