“O que defendemos é o modelo público para o Metrô do Recife”
Com atuação em várias frentes no Congresso, a senadora Teresa Leitão adianta que o Novo Ensino Médio sofrerá mudanças, afirma buscar votos na Casa para manter a isenção fiscal do setor automotivo e que o PT é contrário à privatização do Metrô. Ela também defende a ampliação do espaço da mulher na política. Senadora mais votada em Pernambuco nas últimas eleições, Teresa Leitão afirma que as mulheres vêm ganhando espaços na política, mas ainda há muito a ser conquistado. Nesta entrevista concedida a Cláudia Santos e Rafael Dantas, a senadora fala da sua participação em várias frentes no Senado. Na área de educação, por exemplo, ela atuou nas audiências sobre o Novo Ensino Médio e adiantou que o projeto terá mudanças. Também disse estar esperançosa quanto à construção do ramal Salgueiro- -Suape da Transnordestina. Teresa Leitão foi enfática ao ressaltar que a posição do PT em relação ao sucateamento do Metrô do Recife é manter a gestão pública e melhorar a qualidade do serviço com investimentos também públicos. “A nossa perspectiva de partido é que o Metrô continue sendo público, revigorado, revalorizado, com uma nova estrutura de qualidade” A senhora é a primeira mulher de Pernambuco a ocupar uma vaga no Senado. Como avalia a participação feminina na política e a PEC da Anistia, que perdoa partidos políticos que não cumpriram as cotas das candidaturas de mulheres e negros nas eleições? Não podemos dizer que o espaço da mulher na política está consolidado porque ele alterna avanços e recuos, mas é um espaço sem volta. Nós estaremos na política daqui para frente. O clamor da sociedade, as votações que as mulheres estão recebendo, a presença delas em várias atividades políticas é um fato. A reivindicação de que as mulheres estejam no espaço de poder é um fato a ser comemorado porque é sinal de que a luta está valendo a pena. Agora, precisa ser mais harmonizado com a realidade da representação das mulheres na sociedade, onde somos maioria. A PEC da Anistia tem um aspecto que livra os partidos de multas astronômicas, mas se não tiver uma punição, eles continuam fazendo de conta que estão botando mulheres nas chapas. Não é só botar na chapa, é também ter fundo eleitoral condizente e assegurar a eleição dessas mulheres. Sabemos que numa composição proporcional existem aquelas pessoas que conseguem correr por fora e serem a surpresa da eleição, mas, via de regra, existem as prioridades. Alguns têm mais tempo de televisão, mais recursos, o partido lhe organiza de uma maneira melhor nas suas bases eleitorais. Então, a anistia para esses casos, embora resolva a multa, não resolve o mérito. Como é a articulação das mulheres hoje no Congresso? Temos dois espaços destinados à atuação das mulheres no Senado: a Procuradoria da Mulher, cuja coordenadora hoje é a senadora Zenaide Maia (PSD-RN), e a Bancada Feminina, que reúne todas as senadoras independentemente de partido. Ela funciona como uma bancada partidária, temos liderança, vice-liderança, podemos fazer encaminhamento de voto. Isso é o mais difícil porque a posição partidária suplanta, geralmente, a posição de sermos mulheres, mas nos articulamos. Por exemplo, exigimos que tivesse uma mulher na mesa diretora do Senado nas próximas eleições. Como nessa não teve, exigimos que a comissão que foi criada dentro do contexto do Senado do Futuro, que é a Comissão pela Democracia, fosse presidida por uma mulher. Fomos atendidas. Exigimos que todas as viagens oficiais feitas pelo Senado tenham a presença de uma ou mais senadoras na comitiva. No mês que denominamos Mês Lilás, colocamos projetos vinculados à questão de direito das mulheres como prioridade da pauta. O projeto de lei que Lula enviou, da igualdade salarial entre homens e mulheres, nós estivemos à frente de todo o processo de negociação. As relatoras foram todas mulheres, eu relatei em duas comissões, fomos para o plenário sempre unidas. A senhora participou das discussões sobre o Novo Ensino Médio. Quais os resultados dessas discussões e os próximos encaminhamentos? O próximo encaminhamento é a leitura e aprovação do relatório, a relatora é a senadora Professora Dorinha. Fizemos um roteiro de audiências públicas, ouvimos mais de 30 representações da sociedade – acadêmicas, sindicais, científicas, governamentais, estudantis. Todos os níveis de gestão foram ouvidos, o MEC, a representação dos secretários estaduais e municipais de Educação, entidades de pesquisa. O que ouvimos na audiência é que esse modelo não pode continuar. Só teve uma instituição que defendeu o modelo tal qual ele está em curso, as outras todas foram favoráveis à mudança. A comissão recebeu também o resultado da consulta feita pelo MEC, que indica também mudanças. Vou pedir à senadora Dorinha que apresente no máximo até a próxima semana o relatório para encaminharmos ao Ministério da Educação. Que tipo de mudanças propõe o relatório? As principais mudanças dizem respeito à formação geral, que foi esvaziada no Novo Ensino Médio. É ampliar a carga horária da formação geral, o que não limita a formação específica. A proposta anterior transformou atividades em disciplina, o que não pode. Uma disciplina curricular está vinculada a professores com formação específica, a conteúdo específico, não é uma coisa que você faz num cursinho de uma semana. Queremos que esses itinerários de formação possam continuar, mas com a quantidade reduzida e que sejam conteúdos de aprofundamento e não de diletantismo. Nada contra o notório saber, mas estava se dando ao notório saber status de docência. Não pode, docente é docente. Essas coisas acredito que o nosso relatório – sendo muito fiel ao que ouvimos nas audiências, nas críticas e nas análises – vai apontar para a mudança. A senhora acredita que o cenário, um ano depois da campanha eleitoral, está mais suave? O que mudou depois da eleição? Mudou alguma coisa porque algumas máscaras caíram. O 8 de Janeiro é um divisor de águas em que a democracia, felizmente, saiu vitoriosa. Depois do 8 de Janeiro, qual foi o movimento feito no Congresso pela oposição ao presidente Lula? Criar uma CPI. A gente, a princípio, não queria porque o Supremo,
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