Arquivos Bruno Queiroz Ferreira - Página 4 de 6 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Bruno Queiroz Ferreira

Para entender melhor o futuro

Qual o futuro do emprego, das empresas e dos mercados? Essa não é uma resposta simples. Não há dúvida de que a tecnologia – com destaque para a inteligência artificial, a biotecnologia e a computação quântica – será o eixo principal do caminho para o amanhã, mas há também fatores antropológicos, sociológicos e econômicos que precisam ser compreendidos. Por isso, resolvi fazer uma lista de livros essenciais para os que desejam encontrar a resposta sobre o futuro: 1. Os meios de comunicação como extensão do homem (1964) – O conceito principal do livro é que a tecnologia da comunicação tende a encurtar distâncias e reduzir todo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia. É o famoso conceito “aldeia global”, que levou Marshall McLuhan, filósofo canadense e autor do livro, a ser um dos pioneiros a analisar as transformações sociais provocadas pelo computador e pelas telecomunicações. Como foi escrito há mais de 50 anos, a leitura tem que ser contextualizada com a época. 2. A Estrada do Futuro (1995) – Esse é um dos primeiros livros que mostram os “surpreendentes” recursos da internet e os primeiros problemas de um mundo que estava se globalizando por meio da integração de canais digitais de alta velocidade. Vale a pena a leitura para entender os conceitos originais de alguns produtos e serviços que são comuns hoje. Bill Gates, fundador da Microsoft e autor do livro, acertou em pelo menos dois deles: computador do tamanho de uma carteira (smartphones) e a possibilidade de fazer amigos usando a internet (redes sociais). 3. A Cauda Longa (2004) – Escrito pelo editor da revista Wired, o jornalista Chris Anderson, esse livro explica bem o conceito da cauda longa, que passou a fazer mais sentido após a popularização da internet por viabilizar a mudança da lógica do mercado de massa para o mercado de nicho. O conceito da cauda longa é a principal estratégia de grandes plataformas de sucesso atualmente, como Mercado Livre, Amazon, AppStore, Google, Youtube, Netflix. E influencia ainda muitos mercados que estão sendo transformados – bancos, por exemplo – bem como os negócios que ainda serão criados. 4. O Mundo é Plano (2005) – Uma das principais teses defendidas no livro é de que a internet é uma das 10 forças que nivelaram o mundo, acelerando a quebra de barreiras históricas, regionais e geográficas. Thomas L. Friedman, jornalista americano que escreveu o livro, também mostra como essas forças interagem e se potencializam entre si, além de discutir os desafios que as empresas e as pessoas precisam enfrentar para se manterem competitivos diante dessa nova realidade mundial. Para fechar essa primeira parte da lista, recomendo também a leitura complementar do livro 1984, escrito em 1948 por George Orwell, criador do termo Big Brother. A leitura não é fácil, mas é reveladora. Para ler a parte dois dessa coluna, com mais dicas de leitura sobre o futuro, acesse: http://revista.algomais.com/colunistas/bruno-queiroz-colunistas

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A saída é focar na experiência

Recentemente, estive em duas redes de livrarias, Saraiva e Cultura, para comprar alguns livros. Mesmo sabendo que as duas redes estão em processo de recuperação judicial, tomei um susto em ver as lojas praticamente vazias, tanto de cliente quanto de produtos. Foi o comércio eletrônico o grande causador desse esvaziamento e da recuperação judicial? A resposta é não. A grande causa é e falta de entendimento da mudança de comportamento do consumidor. Não há dúvida de que comprar pela internet é mais prático e até mais barato. Mas também não há dúvida de que as livrarias congelaram no tempo. Continuam vendendo os mesmos produtos e da mesma forma: cliente escolhe o livro, compra, paga e vai embora. Aí está a palavra-chave do problema: a experiência do cliente. Os consumidores buscam experiência de compras cada vez mais personalizadas. Além disso, os especialistas recomendam “menos venda e mais serviços”. Nesse sentido, analisando melhor o caso das livrarias, não basta apenas oferecer livros, é preciso enxergar outras necessidades do novo consumidor. Numa análise rápida e pensando na Geração X, por exemplo, as livrarias podem passar oferecer espaço para café e pequenas refeições ao longo do dia, bem como áreas para coworking para aqueles que buscam um modo de trabalhar diferente do convencional. Nesse espaço de café e coworking, os livros de negócios, marketing, economia etc, deveriam estar em exposição em destaque. Uma associação direta e natural com maiores chances de impacto positivo nas vendas. Para a Geração Y, podem ser oferecidos espaços voltados para games, com foco principal em apresentação e teste de lançamentos. Mais uma vez a experiência deve ser o destaque. Os livros e publicações sobre esses temas, claro, deveriam ser expostos nessa área. Uma nova associação direta e natural de público. Ainda para a Geração Y, podem ser oferecidos venda de acessórios para celular e prestação de serviços de manutenção dos próprios consoles de games. Para todas as gerações, as livrarias podem também criar uma série de eventos de experiência ligados a temas que interessam a esses públicos. Degustação de vinhos e cervejas para a Geração X. Alimentos saudáveis e qualidade de vida para a Geração Y. Exibição de filmes fora de circuito e debates temáticos são alternativas interessantes que devem ser levadas em conta nessa estratégia de oferecer mais experiência ao consumidor. Em outras palavras, com esse mix mais diversificado de produtos e de serviços, as livrarias passam o oferecer um local só para comprar livros, mas também para se divertir, trabalhar e, sobretudo, se encontrar. Algo que a internet não consegue fazer e, mesmo que tenha muitas vantagens em relação ao comércio presencial, nunca vai superar a necessidade humana de se relacionar uns com os outros.

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A Geração Y e o futuro do consumo

Tenho escrito há quase dois anos sobre o futuro das pessoas, das empresas e dos mercados e percebido que essa transformação está acontecendo todos os dias perto de nós. Na convivência com a equipe da minha empresa, com minhas filhas e outros jovens entre 18 e 30 anos, que fazem parte da Geração Y ou Millenials, fica claro que esse futuro já é quase presente quando analiso a forma de pensar e agir desse grupo: 1. Para a Geração Y, o foco na profissão está acima das outras coisas. A carreira é o principal investimento dessa geração. Eles querem causar impacto em suas profissões e deixar uma marca relevante para a sociedade. 2. Por causa do foco na carreira, a busca por novos desafios profissionais leva a Geração Y a trocar de emprego e de cidade com muita frequência. Por isso, eles não compram imóveis. Preferem dividir o aluguel com outras pessoas de mesmo estilo de vida. 3. Em função de não comprar imóveis e dividir o aluguel, a Geração Y não compra móveis, nem eletrodomésticos, nem enxoval de casa. Eles alugam apartamentos mobiliados, próximo do emprego e com infraestrutura básica ao redor. 4. Como a Geração Y mora perto de onde trabalha, não precisa comprar carro. Eles preferem o transporte público e serviços compartilhados, como Uber e aluguel de bicicletas. 5. Como a Geração Y foca no profissional, casamento e filhos não estão na lista de prioridades desses jovens. Muitos deles, inclusive, decidiram não ter filhos. Portanto, não vão movimentar setores relacionados à criação e educação, como escola, transporte, material escolar, plano de saúde, supermercado, fraldas, roupas etc. A partir dessas constatações, observa-se que a demanda por produtos da indústria da transformação – tais como imóveis, automóveis, eletrodomésticos, entre outros – começa a ser impactada pela primeira vez em muitos anos. E que o estilo de vida da Geração Y coloca em questão o modelo econômico tradicional, pois esses produtos para serem fabricados movimentam uma grande cadeia de valor e geram milhares de empregos. Por outro lado, os jovens da Geração Y ativam outros setores da economia baseados na oferta de serviços, tais como viagens, restaurantes, festas e o comércio eletrônico. Mas o consumo maior de serviços em relação à diminuição da demanda por produtos da indústria da transformação será suficiente para manter o atual nível econômico do País e a quantidade de empregos? Será que o mundo está preparado para o cidadão “Y”? Será que dá tempo de se preparar? Nesse momento, quanto mais observo, tenho mais perguntas do que respostas. E perguntas que me geram mais perguntas. Por isso, nas próximas edições da coluna Vida Digital, ao longo de 2019, vou relatar outras experiências que tenho passado para mostrar como esse futuro está se tornando realidade e o que fazer diante disso.

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As habilidades para o emprego do futuro

O estudo O Futuro do Emprego, realizado pelo Fórum Econômico Mundial em 2018, concluiu que o rápido avanço da tecnologia – como automação, robotização e digitalização – pode eliminar cerca de 75 milhões de vagas de emprego em todo o mundo até 2022. Para se ter uma ideia tamanho do impacto, a relação entre o trabalho humano e aquele feito por máquinas e algoritmos, que hoje é de 71% para 29%, será de 58% para 42%. E, em 2025, pode alcançar a proporção de 52% para 48%. Ao mesmo tempo, de acordo com o estudo, a tecnologia deve criar cerca de 133 milhões de empregos, em virtude de novas necessidades que surgirão em outras áreas. Ao contrário do que vinha sendo avaliado, então, o estudo mostra que haverá um saldo positivo de 58 milhões de empregos. Mas o desafio ainda é maior do que se imagina, porque não basta apenas ter qualificação técnica para as novas oportunidades de trabalho, é preciso também desenvolver novas habilidades. Algumas delas, inclusive, devem se tornar mais importantes do que a própria profissão – que estará em constante transformação, podendo até desaparecer. Habilidades como pensamento analítico e análise sistêmica serão as mais exigidas para se candidatar às profissões tecnológicas. Haverá forte demanda por profissionais capazes de criar, com base na inteligência artificial e na internet das coisas, os algoritmos e os robôs que vão executar a maior parte das atividades do futuro. Por outro lado, o estudo também revela que, com a automação, o ser humano terá mais tempo para se dedicar às atividades tipicamente humanas. Nesse sentido, habilidades como criatividade, iniciativa, pensamento crítico, persuasão, negociação e resiliência serão ainda mais exigidas do profissional que não quiser perder sua vaga para um robô. Mas não bastam somente essas habilidades para se garantir um emprego no futuro. Existem duas outras habilidades que são ainda mais importantes. A primeira é a capacidade de aprender sozinho. E isso porque o conhecimento técnico tende a deixar de ser formal e linear, como já acontece em escolas e universidades, e passará a ser verticalizado e descentralizado. O reflexo dessa tendência já pode ser sentido atualmente em alguns mercados, que não mais exigem o diploma como uma condição para a contratação. A segunda das habilidades mais importantes é a responsividade, que é capacidade de responder de maneira rápida e adequada a novas situações. Como a mudança será uma constante em qualquer profissão daqui por diante, em virtude dos avanços tecnológicos, até mesmo as profissões em alta no futuro poderão ser afetadas. Por isso, o profissional que não se adequar rapidamente reforçará a tese, atribuída à Charles Darwin, na qual não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.

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Quero ir morar na Estônia

A Estônia é o país mais digital do mundo. Lá, é possível votar, casar, divorciar, abrir e fechar empresas, matricular na escola e licenciar o carro pela internet. Quase todos os serviços públicos são digitais. Mas como uma ex-integrante da União Soviética, pobre e com uma população menor do que o Recife conseguiu em pouco mais de 15 anos se transformar em referência mundial de gestão pública? O primeiro passo para mudar a forma de governar foi a implantação da identidade digital. Em um só documento, o cidadão tem a carteira de identidade, habilitação para dirigir, título de eleitor, histórico médico e escolar. Na prática, é um cartão com chip que possui também assinatura digital eletrônica de dupla checagem, o que aumenta a segurança e, por isso, é também aceita pelo sistema bancário do país. Dessa maneira, os cidadãos não precisam apresentar nenhum tipo de papel para ter acesso aos serviços públicos. Basta a identidade digital. Com esse ambiente criado, o governo passou a ser mais eficiente. A digitalização dos serviços públicos poupa por ano cerca de 2% do PIB do país, o que permitiu reduzir impostos e também criar um ambiente competitivo para as empresas. Esse foi o segundo passo para a consolidação do governo digital na Estônia, pois o país se abriu e atraiu negócios de todos os cantos do mundo, sobretudo aqueles interessados em entrar no mercado comum europeu de maneira rápida e simples, já que todo o processo acontece pela internet em poucos minutos. Depois de mais de 15 anos de governo digital, a Estônia vem colhendo muitos resultados. O PIB per capita aumentou sete vezes nesse período. O país está entre os 30 maiores IDH (índice de desenvolvimento humano), com um indicador de 0.865. Quase 90% da população tem acesso à internet. Mais do que ser eficiente e melhorar a qualidade de vida da população, a Estônia está mostrando para outros países caminhos para o aperfeiçoamento da atuação pública e da democracia. Nesse sentido, Finlândia, México, Panamá e Uruguai trabalham em conjunto com a Estônia para implantar a mesma tecnologia e estar cada vez mais próximo do cidadão. A Índia, que já adotou a identidade digital há cerca de cinco anos, passou a prestar serviços públicos a mais de 400 milhões de pessoas que estavam à margem da atuação governamental. O Brasil também se inspira na Estônia. Um projeto do Governo Federal, chamado de Documento Nacional de Identidade (DNI), está reunindo todos os documentos em um aplicativo de celular e deve estar em uso a partir de 2019. Mas ainda longe, muito longe de poder se dizer um governo digital. Para se ter uma ideia, somente na esfera federal são ofertados cerca de 1.700 serviços à população. Desses, 1.193 ainda são analógicos. Apesar de sermos o país com a quarta maior população de usuários de internet, estamos na posição 51 do ranking mundial do governo digital. Ainda temos muito chão pela frente. Ou muitos bits e bytes pela frente.

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Os profissionais da era digital

A transformação digital acontece de maneira diferente em cada mercado e região. As diferenças de modo, tempo, espaço e intensidade também ocorrem com os profissionais. De uma forma geral, há os profissionais que rejeitam, os que compreendem e os que vivem a transformação digital. Onde você se enquadra? Os profissionais que rejeitam a transformação digital são aqueles que possuem o seguinte discurso: ainda está muito longe de ocorrer na prática; isso vai demorar muito para chegar na minha profissão; mesmo que ocorra, sempre vai ter espaço para quem sabe muito; já estou velho demais para mudar e vou continuar assim; isso é uma fase e vai passar; entre outros tantos exemplos. Esse grupo é a maioria dos profissionais atualmente e tem certeza de que nada vai acontecer com eles. A idade não é um fator determinante, mas normalmente esses profissionais se enquadram na faixa acima dos 50 anos. Não querem sair da zona de conforto que já conquistaram, mas também não avaliam os riscos de perderem essa conquista no futuro. Aqueles profissionais que têm a compreensão dos impactos da transformação digital formam o grupo que mais cresce nesse momento. No entanto, diferentemente do primeiro grupo, eles têm mais questionamentos do que certezas: será que vou perder meu emprego? Devo mudar de profissão antes que a minha deixe de existir? Quais as profissões em alta no futuro? Entrar na faculdade novamente ou fazer uma especialização? Esse tipo de profissional está no meio do caminho da transformação digital: com um pé no analógico na vida profissional e outro no digital na vida pessoal. Normalmente, estão na faixa dos 35 anos e sabem da necessidade de mudar parte da sua vida para se adaptar aos desafios da transformação digital. O terceiro tipo é aquele que entende e vive a transformação digital tanto na sua vida pessoal, quanto profissional. Ele faz parte de um grupo muito restrito que vem liderando as empresas jovens, que nasceram na era digital e não conhecem o mundo sem internet, assim como eles. As startups são um bom exemplo do tipo de empresa onde esse profissional trabalha. Mas há alguns problemas: não possuem experiência técnica, nem vivência. Estão em seu primeiro emprego. São instáveis emocionalmente e se desestimulam rapidamente se não forem desafiados com frequência em suas tarefas. Eles estão na faixa dos 25 anos e querem crescer rapidamente, mesmo sem maturidade para enfrentar tanta responsabilidade ao mesmo tempo. De uma forma geral, não importa se você rejeita, compreende ou vive a transformação digital. Não importa também a maneira, o tempo, o espaço e a intensidade. Só uma coisa é certa: a transformação digital afetará todas as profissões. Avaliar esses impactos e se adaptar rapidamente é a melhor maneira de não ficar sem trabalho no futuro.

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Resistência à transformação digital?

Os próximos 10 anos serão muito diferentes do que estamos vivendo hoje. A transformação digital – baseada principalmente no avanço da inteligência artificial e da internet das coisas – está modificando governos, mercados, empresas e, principalmente, as profissões e os empregos. E cada vez mais rapidamente. Estudos mostram que 40% das empresas podem fechar as portas e que 65% dos empregos serão afetados diretamente nesse período. Contudo, mesmo esse processo estando avançado, nem sempre os profissionais conseguem perceber com clareza as mudanças e os impactos da transformação digital em um setor. Nesse caso, pode estar ocorrendo a “resistência ao novo”. Esse tipo de resistência é caracterizado pela negação do uso da tecnologia no futuro profissional. Principalmente porque altera diretamente a zona de conforto, aquela fase da vida em que os principais desafios de uma profissão já foram superados. Os principais sintomas do pensamento de resistência à transformação digital são: a) ainda tá muito longe de ocorrer na prática; b) isso vai demorar muito para chegar no Brasil; c) mesmo que ocorra, sempre vai ter espaço para quem sabe muito; e) já estou velho demais para mudar e vou continuar assim; f) isso é uma fase e vai passar; entre outros tantos exemplos. Essa forma de pensar pode levar muitos profissionais a perderem mercado. Um bom exemplo é o setor de diagnóstico por imagem. Como a tecnologia já consegue identificar diversas doenças usando inteligência artificial, a quantidade exigida de médicos para fazer o trabalho no futuro será bem menor do que atualmente. Isso não chega a eliminar o papel do médico no processo, mas o mercado para esse tipo de profissional vai diminuir bastante nos próximos anos, na medida do avanço tecnológico, do seu barateamento e de sua popularização. Se você ainda não parou para pensar como a transformação digital vai afetar sua carreira, dê agora o primeiro passo para não ficar para trás. Faça um diagnóstico do mercado onde você atua considerando os impactos da transformação digital. Procure na internet sobre os avanços da tecnologia no seu setor e na sua profissão. Observe as mudanças e os impactos no mesmo setor em mercados mais maduros e consolidados, como o norte-americano e o europeu. Busque livros e artigos sobre o tema transformação digital. Em alguns casos, a mudança se dará dentro da mesma profissão, buscando outras especializações, como no caso do médico radiologista. Em outros casos, a profissão pode deixar de existir e ser substituída totalmente pela tecnologia, exigindo uma mudança radical de carreira. Do ponto de vista estratégico, há duas direções para sobreviver diante dessas mudanças: busque profissões que estarão em alta no mundo digital ou use o seu conhecimento para criar ou aperfeiçoar tecnologias que serão adotadas no futuro.

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Qual o valor da privacidade digital?

O debate sobre a segurança de dados na internet voltou à tona com o escândalo de vazamento de informações de usuários do Facebook. Mas a cobertura superficial da imprensa sobre o caso não mostra a verdadeira questão e gera mais perguntas do que respostas, sobretudo em relação ao real valor da privacidade. Nesse sentido, o que se ganha e o que se perde em compartilhar os dados pessoais e os hábitos de consumo? Compartilhar os dados com segurança e controle não é um mau negócio para o usuário. Com uso da inteligência artificial, os sites e serviços digitais podem criar uma experiência única de acesso para cada usuário, baseada em seus dados e hábitos, ofertando produtos mais adequados às necessidades deles. Os sites e serviços digitais também podem, por exemplo, melhorar a precisão da análise de crédito e de risco. Nesse último ponto, um jovem que obteve recentemente a habilitação para dirigir pode ter o valor da renovação do seu seguro reduzido levando em conta a análise do histórico do seu deslocamento na cidade, deixando de entrar automaticamente no segmento de alto risco. Em outras palavras, a personalização do acesso de cada usuário aos serviços e produtos será cada vez mais possível, a partir do compartilhamento de dados. Nessa direção, tomar a atitude radical de não compartilhar nenhum dado vai penalizar o usuário, fazendo com que ele deixe de ter acesso a muitos serviços e produtos e, principalmente, pagando mais caro por eles quando precisar. Mas como ter segurança e controle dos dados pessoais e os hábitos de consumo que compartilha? Desde maio desse ano, já é possível não só escolher quais dados compartilhar com os sites e serviços digitais como também o cidadão ganhará diversos direitos de proteção à privacidade, tais como: a) solicitar exclusão de seus dados cadastrados; b) vedar o uso de seus dados em determinadas situações, como campanhas de marketing; c) solicitar a portabilidade dos seus dados de uma organização para outra; d) requerer informações sobre o processamento e armazenamento dos seus dados; e) e será obrigatório o consentimento dos responsáveis para compartilhamento de dados de crianças menores de 13 anos. Contudo, inicialmente, os novos direitos de privacidade valem apenas para cidadãos da comunidade europeia, área que será regida pela GDPR (General Data Protection Regulation). No Brasil, existe um projeto de lei (PL 5276-A) tramitando no Congresso Nacional que trata sobre o mesmo assunto, mas ainda precisa ser votado e sancionado. Diante de tudo isso, cabe uma última reflexão: é melhor ser um cidadão anônimo com sensação de segurança máxima ou é melhor compartilhar alguns dados com controle e ter os ganhos que a tecnologia pode proporcionar? Cada cabeça uma sentença. *Bruno Queiroz é sócio da Cartello e presidente da Abradi-PE

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As perspectivas para 2018 e as ondas da transformação digital

A rápida velocidade das inovações disruptivas é a principal ameaça aos negócios em 2018. Foi o que apontou o estudo Perspectivas de Executivos para os Principais Riscos em 2018, realizado pela consultoria Protiviti com 728 empresários de diversas regiões do mundo, incluindo o Brasil. A transformação digital ficou na frente de ameaças como as incertezas do cenário econômico, a instabilidade das eleições, a corrupção e o terrorismo. Isso mostra que o assunto transformação digital já é percebido pela maioria dos executivos. Mas isso não quer dizer que as atitudes adequadas estão sendo tomadas dentro das empresas para enfrentar essa ameaça. Nesse sentido, é importante compreender que a transformação digital se movimenta em ondas, com impactos diferentes a depender da cadeia de valor de cada segmento: produção, distribuição, marketing e consumo. A primeira onda da transformação digital aconteceu com mais intensidade de 10 anos para cá. Um exemplo clássico é o filme fotográfico, que foi substituído pela imagem digital. A função de registrar uma imagem foi mantida, mas a forma foi totalmente modificada em poucos anos. Isso levou a Kodak à falência, mesmo que tenha sido ela a criadora da câmera digital. Com a música também foi assim. O CD foi reduzido a uma participação irrelevante de mercado e o streaming é quem lidera atualmente a preferência do consumidor. A segunda onda da transformação digital está acontecendo agora. Um bom exemplo é o automóvel, que vem sendo impactado não somente na sua forma, como também na sua função. Por causa do avanço da tecnologia, o carro está evoluindo nos próximos 10 anos na direção de ser elétrico, autônomo e compartilhado. Em outras palavras, a mudança de comportamento do consumidor com o ato de não abastecer no posto, de não dirigir e de não ter a propriedade de um veículo está causando uma grande transformação na indústria do petróleo e de autopeças, na organização das cidades (leis, fiscalização, sinalização, habilitação, vias, estacionamento etc.) na rede de distribuição (concessionárias), na manutenção (oficinas), no financiamento bancário, nos serviços como seguro, etc. Muito provavelmente um impacto tão profundo que vai custar trilhões de dólares. Ainda não dá para prever com precisão como será a terceira onda da transformação digital porque as novas tecnologias continuam surgindo e se consolidando a cada dia. Inteligência artificial, blockchain e internet das coisas estarão de alguma forma entre os grandes pilares dessa nova fase. Só não devemos esquecer que todos os negócios serão afetados no presente e no futuro, seja de forma direta ou indireta, com mais ou menos impacto. Portanto, avaliar corretamente esse cenário e responder com a atitude adequada são as melhores decisões a se tomar para não ser engolido pela transformação digital.

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Navegar é preciso, mas viver também é preciso

O mundo digital nos leva cada vez mais a ficar conectados. Do e-mail, passando pelas redes sociais, até a troca de mensagens, ninguém vive ou trabalha hoje em dia sem estar em rede. É um ponto sem retorno, dizem alguns especialistas. Contudo, esse novo comportamento tem causado problemas sérios. Um estudo feito em 2014 revelou que 420 milhões de pessoas, cerca de 6% da população mundial, podem estar viciadas em internet. Segundo outro estudo, feito pelo Hospital das Clínicas de São Paulo, um alto grau de conexão conduz a uma perda progressiva de controle e ao aumento do desconforto emocional. Os indivíduos que gastam horas excessivas na internet tendem a utilizá-la como meio primário de aliviar a tensão. Normalmente, apresentam perda do sono por causa do incitamento causado pela estimulação psicológica e desenvolvem problemas em suas relações interpessoais, entre outras consequências. No sentido contrário do aumento da conexão, tem surgido movimentos que estão estudando esse fenômeno. Uma deles é o time well spent (tempo bem empregado, em tradução livre), que pretende “libertar a mente dos usuários do sequestro de tempo promovido pelas novas tecnologias. Criado por um ex-funcionário do Google, Tristan Harris, o movimento propõe que os fabricantes de celular substituam o clique no ícone dos aplicativos pela necessidade de digitar o seu nome, fazendo com o usuário leve a se questionar a real necessidade de usá-lo naquele momento. Outro movimento que levanta a bandeira da desconexão é slowmedia. Criado por um grupo de jornalistas alemães, um dos princípios propostos é a realização de uma tarefa por vez. Inspirado no slowfood, que defende uma maior concentração na hora das refeições, o movimento também defende o consumo de uma mídia por vez, priorizando o foco e a atenção. Independentemente de movimentos, a nossa mente pede a desconexão. Algumas atitudes práticas podem ajudar nessa direção, sem impedir o acesso à tecnologia e ao uso das facilidades que ela trouxe à vida moderna: 1. Área de trabalho estratégica – Somente instalar aplicativos essenciais no celular e deixar visível na tela aqueles que tragam informação relevante. Os demais devem ser desinstalados e ficar fora do alcance fácil da nossa visão. 2. Menos notificações – Retirar, por exemplo, as notificações das redes sociais e dos aplicativos de mensagens, como o Whastapp, diminui a ansiedade pelas verificações frequentes do celular. A inversão desse processo, deixando de ser avisado para ir em busca da informação, permite dar maior atenção ao trabalho e às relações interpessoais. 3. Blocos de desconexão – Criar períodos ao longo do dia sem o uso do celular. Principalmente em atividades corriqueiras. Não levar o aparelho ao supermercado, deixá-lo em casa para caminhar ou fazer exercícios, não usar próximo da hora de dormir e mantê-lo desligado durante o sono são algumas atitudes simples de desconexão.

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