A robusta representatividade internacional que nos faz, ou deveria nos fazer, estar o tempo todo em conexão com o mundo *Por Gustavo Delgado Vão dizer que é, mais uma vez, demonstração da grandeza de Pernambuco: temos a segunda maior rede consular do Brasil. Temos mais de 40 representações consulares aqui no nosso Estado, quase em sua totalidade no Recife, o que nos faz ser um centro da diplomacia para todo o Nordeste. Alguns são consulados honorários e outros consulados gerais; alguns muito bem estruturados e aparelhados, com equipes especializadas na área de tecnologia ou de comércio, por exemplo, outros menores; mas todos com sua importância. É exatamente esta robusta representatividade internacional que nos faz, ou deveria nos fazer, estar o tempo todo em conexão com o mundo. Embora os consulados possuam por função primária proteger e assistir os cidadãos do seu país em território estrangeiro, eles, na verdade, fazem muito mais. Eles proporcionam alianças locais com seus países de origem, difundindo oportunidades em inúmeras áreas, como por exemplo na área da saúde, da educação, tecnologia, ciência, entre outros… Embora tenhamos esta rede consular no nosso Grande Recife, sabemos o quanto não a utilizamos. Quantas vezes promovemos uma ação com um determinado país, trazendo ou levando, por exemplo, uma solução tecnológica, mas nem chegamos a estabelecer um contato sequer com o corpo consular local daquele país, no mínimo para mantê-lo ciente do que temos feito? Quantas vezes estabelecemos parcerias no âmbito organizacional, parceria de um bom volume financeiro, ou de longo prazo, ou ainda, que vai causar um impacto social imenso, mas nem utilizamos os consulados para nos apoiarem, para nos direcionarem da melhor forma? Por este motivo, a pergunta que muitos deles se fazem é: faz sentido continuar aqui em Pernambuco? Será que outros estados ou capitais não os “utilizariam” com mais frequência? Não os envolveriam desde o início em seus projetos? Não lhes dariam a devida importância e relacionamento recíproco? Este questionamento é importante para que mudemos nosso olhar, quer sejamos um ente privado ou público. Mas, se, de um lado, precisamos colocar sempre no radar, em matéria internacional, a nossa importante rede consular, a segunda maior do país, como já falado, por outro, é preciso destacar que ainda precisamos de mais consulados. Como explicar a ausência de uma representação no Norte-Nordeste de um consulado da Coreia do Sul? O Consulado Geral da República da Coreia existe em São Paulo desde 1968, e esse país ainda possui consulados honorários em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Manaus, entre outras cidades. E esse país está mostrando fortemente seu softpower com suas delícias culinárias e com seus mundialmente famosos doramas, fora tudo que sabemos de sua tecnologia, seu expoente na saúde e educação. Como, então, não ter uma representação na capital da diplomacia no Nordeste? Se falamos da Coreia, outra grande falta também faz um consulado da Índia, a exótica e única Índia, com toda sua pujança cultural e religiosa. A Índia possui um consulado Geral em São Paulo, e consulados honorários em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, fora suas várias câmaras de comércio. A Índia foi em 2023 o 10° maior parceiro comercial do Brasil e o nosso 7° maior de Pernambuco. Importante aliança na área química e industrial. Sendo assim, precisamos erguer a bandeira da rede consular na nossa capital, usando-a de forma plena para chegarmos aos mercados internacionais e também como porta de entrada das oportunidades de seus países aqui no Nordeste, e por que não, aqui no Brasil? E, ouso terminar, convidando novos consulados que precisam se juntar a nós, entre eles o da influente Coreia e o da Intensa Índia! Pernambuco merece tê-los aqui. *Gustavo Delgado é Consultor de comércio exterior e de internacionalização de empresas, Diretor de inovação da ABDAEX, Coordenador de MBA em Comércio exterior e Coordenador dos cursos de Gestão da UNIFBV.