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Luiz Gonzaga: um rei na paisagem

Luiz Gonzaga do Nascimento, conhecido pelo Brasil inteiro como o Rei do Baião, falecido no Recife, em 2 de agosto de 1989, foi considerado por muitos como o Pernambucano do Século quando da passagem do ano de 2000. Em 12 de março de 2015, quando a cidade do Recife festejava o seu 378º aniversário, a prefeitura resolveu homenagear o Rei do Baião com um imenso painel de 77 metros de altura, oito metros de largura e 3,6 de profundidade, com sua imagem em cores vivas fixada no edifício sede. A monumental obra é de autoria do muralista paulista Eduardo Cobra, conhecido internacionalmente por seus trabalhos estampados em 14 países, em cidades como Nova York, Los Angeles e Moscou. O Gonzagão, como foi intitulado o painel da Prefeitura da Cidade do Recife, é a lateral de prédio com mural mais alta da América Latina. O trabalho mostra o cantor e compositor Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, com seu chapéu de couro e sua inseparável sanfona branca de 120 baixos. Para a confecção do mural, Eduardo Kobra usou cerca de 900 latas de spray e mais de 200 galões de esmalte sintético na fachada da prefeitura. "O equipamento foi instalado na face do prédio voltada para o rio e para a Rua da Aurora. É a maior imagem exposta em uma fachada na América Latina”, diz o artista. Nos dias atuais, quem quer que aviste o edifício da Prefeitura, localizado no Cais do Apollo, em qualquer hora do dia ou da noite, vai contemplar a monumental imagem de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião emoldurada pelo céu azul do Recife e pela mansidão do Capibaribe no seu caminhar em busca do oceano Atlântico. DE EXU PARA O MUNDO. Nascido em 13 de dezembro de 1912, no dia em que a Igreja Católica Romana celebra a festa de Santa Luzia, Luiz Gonzaga do Nascimento veio a tornar-se maior divulgador da música rural nordestina. Acompanhando o pai Januário, por bailes e feiras da região, o menino foi, aos poucos, afeiçoando-se aos oitos bai­xos e aos costumes. Cenas e usanças da região que viera des­crever mais tarde. Ao completar 17 anos, fugindo de um castigo de seu pai, o menino Luiz segue para Fortaleza onde se alista no Exército. Em outubro de 1930, com a Revo­lução Liberal é transferido para a Paraíba, percorre vários Estados do Norte, viajando, logo de­pois, para o Centro-Sul aonde vem fixar-se em Minas Gerais. Já no Rio de Janeiro, em 1939, deixa o Exér­cito e vai ganhar a vida como sanfoneiro. Passou a frequentar programas de rádio e surgiu assim o convite de Ja­nuário Franca para acompanhar Genésio Arruda numa gravação na RCA Victor; onde é convidado por Ernesto Matos para participar como solista: Em 1941, Luiz Gonzaga gravou os seus dois primeiros discos 78 RPM. Deixando a Rádio Clube passou para Rádio Tamoio, com um contrato de seiscentos mil réis acrescido da proibição de cantar; tão somente instrumentista. A sua primeira gravação como cantor veio acontecer em 1943, na mazurca Dança Mariquinha, feita de parceria com Miguel Lima. No ano seguinte deixa a Rádio Tamoio, passando para o cast da Rádio Nacional, onde Paulo Gracindo o apelida Luiz "Lua" Gonzaga, numa referência ao rosto redondo. Em 1945, quando do final da Segunda Guerra Mundial, Gonzaga com­põe com Miguel Lima o calango Dezessete e setecentos. No mesmo ano e com o mesmo parceiro, compõe Penerô xe­rém e a mazurca Cortando o pano, tornando-se parceiro, a partir daquele ano, do cearense Humberto Teixeira com quem compôs gran­des sucessos. Dessa parceria surgiu Baião, gravado pelos Quatro Ases e um Coringa na Odeon, gravado em 1946. Inspirado na vestimenta do cangaceiro nordestino e nos vaqueiros do Araripe, Luiz Gonzaga passou a apresentar-se encourado firmando-se como uma marca registrada em todo Brasil. No final dos anos 40 do século 20, surge o encontro com o então estudante de medi­cina José de Souza Dantas Filho... “Estávamos no ano de 1947, no Grande Hotel do Recife, e assim surgiu a parceria Zé Dantas-Luiz Gonzaga responsável pelos maio­res sucessos do baião nos anos 50”. Ao lado de Zé Dantas e Paulo Roberto, Gonzaga par­ticipou, em 1953, do programa da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, depois se transferiu para São Paulo quando suas apresenta­ções ficaram, cada vez mais, restritas a cidades do interior e ao ciclo junino. No mercado discográfico os seus discos con­tinuaram a ser reprensados e, com o aparecimento dos novos discos 33 RPM, os seus maiores sucessos tornaram a ser reeditados pela RCA. Com o aparecimento da bossa nova, da Jovem Guarda, da música dos Beatles e do Elvis Presley, nos anos 50 do século 20, Luiz Gonzaga eclipsou o seu talento e sumiu no cenário da música brasileira. Coube a Carlos Imperial chamar a atenção para o que muitos julgavam... “superado e obsoleto”: A música dos Beatles têm nítidas semelhanças com a música nordestina. Na se­gunda metade dos anos 60 foi o próprio Carlos Imperial que se encarregou de espalhar o boato de que os rapazes cabe­ludos do conjunto The Beatles iriam gravar Asa Branca. Na linguagem dos jornais, de uma "barriga" o Brasil despertou para a grande figura de Luiz Gonzaga. Daí em diante Luiz Gonzaga vol­tou a crescer, e voltou às paradas de sucesso com Ovo de codorna. Nestes três últimos discos, Luiz Gonzaga chegou atingir a mais de 200 mil cópias vendidas em cada lançamento. No âmbito discográfico suas gravações passaram a contar por vezes, com a participação de seu filho Gonzaguinha, Humberto Tei­xeira, Emilinha Borba, Carmélia Alves, Nélson Valença, José Marcolino, Fagner, Gal Costa, Elba Ramalho, Dominguinhos, Sivuca, Dorinha Gadelha, Alcione, dentre outros. O Rei voltou ao seu trono; novamente o baião vol­tou a reinar.

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Quem tem medo do bicho-papão? (Por Paulo Caldas)

Não se trata de um lançamento de literatura infantil, mas sim o resultado de estudos e experiências de um grupo de escritores que tem muito de seus truques e manhas a repassar para o público. Querem saber? Leiam “Quem tem medo do bicho-papão?”. . Cinco autores se reunindo para conversar, opinar sobre seus textos e os textos dos outros, fazer exercícios e tentar aprimorar seus estilos. E, claro, ninguém é de ferro: o trabalho duro fica mais suave com alguns goles de vinho e alguns petiscos ao longo da noite. Assim é a rotina quinzenal do Autoajuda Literária, que está completando seis anos de existência e comemorando o lançamento do seu segundo livro: Escrever ficção não é bicho-papão. Os componentes do grupo – Cícero Belmar, Cleyton Cabral, Gerusa Leal, Lucia Moura e Raimundo de Moraes – são autores premiados e com bastante experiência em oficinas de escrita criativa. Escrever ficção não é bicho-papão foi aprovado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) e chega às livrarias com uma proposta inédita no Brasil, no que se refere às dicas de como dar os primeiros passos numa carreira literária. São seis autores (cinco do Autoajuda e o autor convidado Fernando Farias) com seis estilos diferentes, como se dentro do mesmo livro estivessem outros – tudo isso acompanhado de um audiobook nas vozes de Hilda Torres e Marcos Sugahara. O pré-lançamento do Bicho-papão está marcado para 14 de junho, às 18h, no Sesc Santa Rita. Nesse dia, o jornalista Ney Anderson conversa com o Autoajuda. Ney, por sinal, teve a ideia de fazer uma oficina literária on-line que acabou resultando nesse projeto aprovado pelo Funcultura. Quem não puder ir ao lançamento da terça, tem uma oportunidade de pegar os autógrafos na quinta 16, às 19h, no Pátio Café. Escrever ficção não é bicho-papão marca também o início das atividades do Autoajuda Literária como editores. É a primeira publicação das Edições Geni. O selo deverá seguir uma linha editorial investindo em livros em formato pocket e a preços mais acessíveis. Serviço O livro vem com audiobook nas vozes de Hilda Torres e Marcos Sugahara. Capa e arte do selo: Java Araújo. Preço: R$ 25,00 / 150 págs. *Paulo Caldas é escritor

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O mundo das Weissbiers (Por Rivaldo Neto)

Muitos historiadores relatam que a descoberta da cerveja foi acidental. Especula-se que tenha se deixado um pedaço de pão de centeio que se misturou a água, e com isso deu-se a fermentação alcoólica e assim surgiram as primeiras cervejas. Isso na Suméria, antiga Mesopotâmia, e em torno de 4.000 a.C. Depois disso o processo padronizou-se e o malte, constituído de grão de cevada germinados era moído e depois misturado com água e assado. Na Antiguidade, a cerveja era um alimento importante, o líquido era turvo e cheio de resíduos, onde se colocava uma palha para filtrá-los. Desde os primeiros momentos o trigo é um dos principais ingredientes na produção das cervejas. Mas foi na Alemanha que ela ganhou um destaque especial com as Weissbiers. A palavra Weiss, no alemão significa “branco”, ou seja, “cerveja branca”, que é a coloração natural das cervejas produzidas por esse cereal. Esse estilo tem uma variação alcoólica em torno de 5% a 6% não filtrada, característica que permite a ação das leveduras adicionadas na bebida, isso permite que o líquido fique turvo, frutado e bastante aromático. A grande maioria das cervejas Weiss remetem ao cravo, à banana e à maçã, ou podem ocorrer na mistura de várias outras frutas. Como não podia deixar de ser é na Alemanha onde se encontram as principais cervejarias que produzem cervejas de trigo como as cervejas Paulaner, a Erdinguer, a Flensburger e a minha preferida que são as produzidas pela Schneider Weisse.   Muito se confunde em relação as nomenclaturas desse estilo. Só para se ter um exemplo são denominadas de Weiss,Weizen, Hefeweizen, Kristallweizen, Dunkelweizen ou Weizendoppelbock. Mas nada de se assustar, isso nada mais é que os variados estilos de coloração e regiões onde são produzidas. O importante é saber que a palavra weiss como disse anteriormente, quer dizer “branco”, Weizen significa trigo e Hef está relacionado com as leveduras, consequentemente a sua turvação. As cervejas Weiss e Weizen são turvas pálidas e claras, já as Kristallweizen são ainda mais claras. As Witbiers são também cervejas de trigo, fabricadas com o estilo belga, como por exemplo a cerveja Hoegaarden, e são mais cítricas que as weiss alemãs. Vale a pedida: Importadas: Schneider Weisse Tap 7: Cerveja clássica de trigo, excelente. Schneider Weisse Tap 6: Cerveja forte, com graduação maior que média 8,2%. Erdinguer Weissbier: Clássica, leve e com aroma muito agradável. Flensburguer: Cerveja frutada e muito marcante. Paulaner Weiss: Leve e clara, excelente para iniciar nesse estilo. Hoegaarden: Cítrica e aromática. Nacionais: Fun: Frutada, cítricas e aromática, excelente. Weiss Schornstein: Clássica e leve. Schloss: Witbier nacional, cítrica e leve. *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas rivaldoneto@outlook.com.br

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Festival para crianças abre temporada dos grandes eventos (Por Romildo Moreira)

Anualmente, o segundo semestre é repleto de festivais de artes cênicas na capital pernambucana e o Festival de Teatro Para Crianças do Recife, realizado pela Metron Produções, é quem dá a largada a esses eventos. Na sequência, virão: a Mostra Brasileira de Dança, que acontecerá no período de 29 de julho a 07 de agosto; o Festival Estudantil de Teatro e Dança, em agosto; a 7ª Mostra de Circo do Recife, no mês de setembro; o 21º Festival de Dança do Recife, em outubro e o 18º Festival Recife do Teatro Nacional, em novembro. Em sua décima terceira edição, o Festival de Teatro Para Crianças do Recife traz uma programação plural em estilos de apresentações, totalizando 23 récitas, espalhadas por espaços como o Teatro de Santa Isabel e o Teatro Luiz Mendonça, assim como no mais novo teatro da região metropolitana, o Teatro Experimental Roberto Costa, que estará funcionando no Paulista North Way Shopping. – Que bom dá a notícia da abertura de um teatro e que já inaugura com uma programação de peso e local. Parabéns ao artista empreendedor Roberto Costa e à coordenação do Festival pela ocupação do espaço, contribuindo assim com a sua divulgação. Driblando as dificuldades orçamentárias para o festival em 2016 acontecer, a Metron Produções está contando com a parceria de todos os grupos e companhias teatrais participantes da programação, e da mesma forma, da equipe de produção, que não mede esforços para que esta XIII versão faça tanto sucesso quanto as anteriores. Em mês de férias escolares das crianças, torna-se imprescindível conferir os espetáculos conforme indicação a baixo. Como de práxis, no XIII Festival de Teatro Para Crianças do Recife também haverá homenagem a uma personalidade do teatro pernambucano. E desta feita o eleito foi o ator e diretor Paulo de Pontes, merecidamente, que mesmo residindo em São Paulo desde 2004, não fica ausente da ribalta recifense por muito tempo, a exemplo da última versão do Janeiro de Grandes Espetáculos e exibe em seu currículo, orgulhosamente, como costuma dizer, nos 32 anos de dedicação a este universo artístico, mais de cem espetáculos, sendo a maior parte deles destinados a crianças e jovens. Atualmente Paulo de Pontes integra o elenco fixo do grupo paulista Os Fofos Encenam e a partir do dia 02 de julho estará em cartaz no Teatro João Caetano, na capital paulista, com o espetáculo “O menino e as cerejas”, de Stella Tobar. Como já vimos dizendo neste espaço, da importância dos festivais para o movimento das artes cênicas, aqui e em qualquer parte do território nacional, tanto pela questão da circulação dos espetáculos quanto por possibilitar o acesso ao público local de uma programação que não estaria em pauta na cidade se não fosse o evento, acrescido ainda de trabalho e renda para atores, diretores e técnicos de espetáculo, além de tudo isso, o Festival de Teatro Para Crianças do Recife tem um quê a mais: é um dos poucos festivais inteiramente dedicados ao público infanto-juvenil no Brasil. E isso significa muito em questões como a renovação de público para o teatro e complemento cultural na formação intelectual dessa plateia. – Nunca me canso de repetir a seguinte frase: “Se a escola educa, o teatro instrui, e juntos, formam cidadãos melhores e culturalmente mais preparados para a labuta na vida”. – É de jovens bem preparados para a configuração do Brasil do amanhã, o que mais necessitamos agora. Toda a programação do XIII Festival de Teatro Para Crianças do Recife poderá ser conferida no site: www.teatroparacrianca.com.br . DICAS DE ESPETÁCULOS EM CARTAZ Programação do XIII FTCR: “A Revolta dos Brinquedos”, com a Circus Produções Artísticas. Local: Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu). Dias: 02 e 03/07/2016, às 16h30. Preços: R$ 20,00 e R$ 10,00 – Informações: 988590777. “O Pequeno Príncipe”, com a Cia. do Riso (Foto acima). Local: Teatro Experimental Roberto Costa (Paulista North Wae Shopping) Dias: 02 e 03/07/2016, às 16h30. Preços: R$ 20,00 e R$ 10,00.

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Um Galeão Voador pousa nas escolas (Por Paulo Caldas)

Há um bom tempo que escolas do ensino médio e fundamental de Pernambuco adotam os livros paradidáticos, chamados de literatura complementar, da autoria de escritores locais ou aqui radicados. O fato poderia parecer comum não fosse a concorrência das editoras do Sudeste e Sul do País, sempre ávidas para ocupar preciosos espaços nesse nicho do mercado livreiro. Ao longo dos últimos 30 anos, pelo menos, a produção local tem marcado presença com a publicação de títulos que se mostram em conteúdo e estética tão bons quanto os que vêm de fora. E essa prática tanto resgatou quanto revelou inúmeros autores com o dom de escrever para a faixa etária a que se propõe e artistas gráficos que correspondem às expectativas com ilustrações de alta qualidade. Dois nomes que integram o atual cenário das letras e artes visuais por aqui se encontram no livro O Olho do Leviatã, Editora Bagaço (2014), escrito por Luiz Marcello Trigo e ilustrado por Eduardo Souza. A engenhosa peça de fantasia se passa num mundo fantástico, onde um galeão voador caça monstros pelo céu numa ação eletrizante destinada ao público infanto-juvenil. O texto apresenta personagens, cenários e trama concebidos à capacidade imaginativa do autor. Os desenhos de Souza se destacam no traço criativo e no manuseio dos matizes concebidos com destreza pelo artista. Mais um troféu no Balaio O escritor pernambucano André Balaio, autor de A Rasteira da Perna Cabeluda, entre outros sucessos no campo da narrativa fantástica, obteve o primeiro lugar no Prêmio Off Flip / Bibliomundi de Literatura com o conto "O lado de lá". Balaio concorreu com outros  530 autores de todo o Brasil e demais países de língua portuguesa no gênero Conto. Além do prêmio em dinheiro, terá o texto publicado em coletânea do Selo Off Flip. O sarau de premiação acontecerá no sábado, dia 02 de julho, no Centro Cultural Sesc Paraty na programação da Off Flip das Letras durante a Festa Literária Internacional de Paraty.     *Paulo Caldas é Escritor

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Cervejas Lendárias: A Guinness (Por Rivaldo Neto)

Sempre que se fala da Irlanda, os cervejeiros de plantão logo lembrarão da cerveja Stout mais famosa e consumida no mundo. Quando Arthur Guinness fundou a cervejaria St. James's Gate Brewery, responsável pela Guinness em 1759, talvez não tivesse a dimensão que a marca fosse alcançar. Ela é responsável por um consumo diário de 10 mil Pints de cervejas, este volume é tão grande que chega a metade do consumo de cerveja na Irlanda. Uma curiosidade é que o seu fundador que era protestante, alugou a fábrica e os terrenos em sua volta por míseros 45 libras (aproximadamente R$ 223,00), incluindo o fornecimento de água para sua produção em um contrato de arrendamento de 9 mil anos. A Guinness sempre teve um ousado processo de expansão, chegando em 1908 a ser a cerveja mais consumida no mundo. A Guinness é mais facilmente encontrada no mercado nacional em latas de 440ml. Ela contém uma cápsula de nitrogênio (N2) e ao abrir a lata inicia-se uma reação química entre gás carbônico e o líquido resultando em uma carbonatação semelhante a um chope. Isso confere a cerveja uma formação de espuma de alta qualidade e duração, além de preservar de forma quase impecável suas notas e aromas. Beber um chope da Guinness é interessante desde o momento em que está sendo servido. Quando o copo é inclinado em uma ângulo de 45graus, o líquido fica com uma coloração marrom, e em aproximadamente um minuto ele começa a decantar e a sua cor preta característica aparece dando o tom certo da cerveja, causando assim um belo efeito visual. A Guinness deve ser servido em um Pint ou caldereta, pois tal processo em outros tipos de copos fica comprometido. A Guinness é uma cerveja leve de 4,1%vol, muito equilibrada, e com uma sabor intenso de maltes de cevada tostada utilizados em sua fabricação. Para cervejeiros que gostam de café, esta cerveja é um pedida ideal, pois sua aromatização irá agradar em cheio. Para uma harmonização a Guinness cai bem com um lombo de porco defumado, carnes e linguiças para opções salgadas e para as doces um bom petit gateau. Outro lado interessante dessa cerveja é que a mesma é muito utilizada no preparo de pratos culinários. A cerveja ajuda a amaciar e dar sabor a ensopados de carne com batatas, o famoso Irish Stew (cozido irlandês), além de dar um toque especial com sorvetes. Por estas e outras a deliciosa e polivalente cerveja Guinness é um lenda, se você tem a oportunidade de degustá-la não pense duas vezes, afinal são mais de 250 anos de tradição em forma de cerveja! *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

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Cerveja para celíacos (Por Rivaldo Neto)

A doença celíaca é um distúrbio inflamatório crônico do intestino delgado que afeta 1% da população mundial. Estima-se que no Brasil exista um celíaco para cada 400 indivíduos. Essa doença é causada pela intolerância ao glúten, que é uma proteína que está presente na cevada que se produz as cervejas. Durante um tempo, os amantes da cervejas, quando diagnosticados positivamente com a intolerância tinham de deixar de tomá-las (infelizmente). Mas hoje no mercado existem boas opções de cervejas 100% Glúten Free e de excelente qualidade. Alguns rótulos muito interessantes tanto nacionais quanto importados dão um leque de variados estilos para a que as pessoas portadoras da intolerância possam usufruí-las sem causar mal a sua saúde. A cervejaria brasileira Lake Side (RS) tornou-se especialista nesse tipo de bebida através de um processo exclusivo da própria fábrica, fazendo assim a quebra da proteína no glúten. A cervejaria espanhola Estrela da Galícia também produz cervejas com essas características. Da brasileira Lake Side três ótimas indicações. A sua Lager é uma cerveja vendida em garrafa de 600ml , com uma graduação de 4,5%Vol, leve, consistente e de muito agradável sabor e muito refrescante. Tem boa presença de malte e um amargor sutil. Outra que chama a atenção é a Malzebier (300ml), com os mesmos 4,5% da Lager. Do mesmo fabricante, esta cerveja tem uma bonita espuma, levemente doce, com maltes torrados, caramelo e com um final de chocolate, excelente para quem quer fazer uma harmonização com doces, tipo: um chessecake, um torta de nozes ou até mesmo um mousse de chocolate. Já para quem gosta de uma cerveja com um amargor mais intenso, a APA (American Pale Ale) preserva as características desse estilo, possui acentuado aroma de lúpulo (usando o sistema dry hopping), coloração alaranjada, aromas cítricos e leve caramelo. A graduação é um pouco maior, com seus 5,2%Vol, em garrafas de 300ml. E pra finalizar a Espanhola Daura Damm, da Estrela da Galícia. É um cerveja clara, muito agradável, de leve amargor e com uma graduação maior que as citadas acima, 5,4%Vol. Excelentes rótulos para os amantes da cerveja em geral e principalmente aos celíacos, que podem tomar uma sua “santa” cerveja, sem lhe causar dano a saúde! Um brinde! *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet na horas vagas

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Ler Márcio de Mello (por Paulo Caldas)

Márcio de Mello se destaca pelas virtudes de leitor voraz e de escritor de notável criatividade. O texto desse noronhense, que viveu por longo tempo em Macau-RN, tem cheiro de maresia, é claro. Não das praias rasas de águas tépidas, mansas, cristalinas, mas de mar aberto, denso, profundo, exato, como o zelo com que nutre cada palavra, frase, sentença, parágrafo. Márcio dispõe de outra virtude intrínseca ao bom escritor: a memória. E dela faz bom uso na composição dos contos do seu "Um certo Capitão Vidraça" (Edições Bagaço 2013), bem como maneja habilmente a inventiva, como fez no livro anterior "Uma história de outro mundo e outras histórias de bichos que não navegaram na arca de Noé", da mesma editora, em 2012. Da memória ele traz personagens de perfis inusitados, vistos e reinventados com o necessário talento. Da sua criatividade aparecem outros tantos protagonistas surgidos do imaginário privilegiado, todos temperados pelo humor fino, ironia e outros ingredientes que seduzem o leitor a partir das primeiras linhas. No entender o escritor João Gratuliano, Márcio de Mello sabe como contar histórias. “E mais, sabe como escrevê-las de um jeito especial. Os contos têm o que de melhor se pode esperar desde o enredo instigante, a narrativa que flui com tamanha naturalidade que caímos com facilidade nas armadilhas. Para onde o narrador está nos levando? Os personagens são incomuns ao ponto de deixar o leitor na dúvida: existem no mundo real ou são meras coincidências que a mente desse ficcionista engenhoso e criativo trouxe à vida? E o que é mais raro na arte das narrativas curtas: elaborar uma trama tão bem tecida que fica difícil distinguir a história que se mostra e a oculta, aquela que está nas entrelinhas e que nos deixa com aquela sensação de ‘será que...’ Ler esses contos traz à tona nossas mais diversas emoções. Ora um riso, quando somos pegos de surpresa, ora uma lembrança quando nos identificamos com os personagens demasiadamente humanos, mas sempre com uma reflexão sobre nossa condição última. Um livro de cabeceira, para ler uma história por dia, se deliciando com as artimanhas que o autor descobriu para nos entreter. Para quem o conhece é como se ele estivesse presente lendo por nós”. *Paulo Caldas é escritor  

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A Casa de muitas histórias (junho)

Ao chegarem em Olinda, em 1592, os primeiros beneditinos ocuparam, inicialmente, a Igreja de São João Batista, no Amparo, transferindo-se três anos mais tarde para a Capela de Nossa Senhora do Monte. Devido à distância que separava esse recolhimento da área urbana da primitiva Vila de Olinda, os monges adquiriram, em 1598, as terras do Sítio da Olaria no Varadouro da Galeota, onde, no ano seguinte, iniciaram a construção do atual Mosteiro de São Bento que veio a ser um dos mais belos exemplares da arte religiosa do Brasil colonial. Com a invasão holandesa, foi o mosteiro, a exemplo de outras igrejas situadas no sítio urbano e de todo o casario da vila, completamente destruído pelo incêndio de 25 de novembro de 1632. As ruínas do que restou da primitiva Vila de Olinda aparecem em gravura, desenhada por Frans Post e publicada no livro de Gaspar Barlaeus (1647). Expulsos os holandeses em 1654, a paz voltou à capitania e os monges puderam retornar ao seu mosteiro e assim iniciar as obras de reconstrução. Uma nova igreja vem a surgir, entre 1688-92, segundo registro da Crônica do frei Theodoro da Purificação, na qual aparecem referências à sacristia em pedra e cal, com arcazes em amarelo vinhático e pintura de seis painéis com cenas da vida da Virgem Maria, bem como às obras dos retábulos e cadeiral da capela-mor. Na segunda metade do século 18, o Mosteiro de São Bento foi inteiramente reconstruído e novamente decorado. Nessa reforma, José Luiz Motta Menezes, foi ampliado o corpo de sua igreja, cujo claustro ainda permanecia inacabado em 1764. Foram instaladas novas tribunas (1746-50), construída a torre do campanário (1750-53), com 25,08 m de altura, e levantado o atual frontispício (1760-63). Este último obedeceu ao projeto do mestre-pedreiro Francisco Nunes Soares, também autor das fachadas da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes (1785-86) e da capelinha de Nossa Senhora da Conceição da Jaqueira (1761-63). Durante o terceiro período da administração do abade frei Miguel Arcanjo da Anunciação (1783-86), foi executado o atual altar-mor, que ainda em nossos dias desperta a atenção por sua suntuosidade. Por essa época, foram realizados pagamentos no valor de 55$000 ao mestre Gregório (1784-85), responsável pela confecção das imagens de São Gregório e Santa Escolástica, atribuindo-se à mesma oficina a confecção das tribunas e portas da capela-mor, bem como o coro com o seu cadeiral. O altar-mor do Mosteiro de São Bento tem o seu risco atribuído ao beneditino português frei José de Santo Antônio Vilaça, que o projetou seguindo as formas de um barroco tardio, numa transição do rococó para o neoclássico. Nas dimensões de 13,80 metros de altura por 7,80 metros de largura, nele se encontram hoje às imagens de São Bento (176 cm) e Santa Escolástica (176 cm), confeccionadas pelo mestre Gregório e estofadas pelo pintor Francisco Xavier. No ano de 2001, foi o altar, ameaçado pelos cupins, totalmente desmontado a fim de ser restaurado pelos conservadores da Fundação Joaquim Nabuco. Os trabalhos tiveram início em 23 de janeiro e se estenderam até 23 de agosto do mesmo ano, quando foi o conjunto transportado para o Museu Guggenheim de Nova York. Entre 26 de janeiro e 1º de junho de 2002 esteve o altar-mor do Mosteiro de São Bento de Olinda em exposição naquele museu, tendo sido apreciado por um público estimado em 500 mil pessoas. Voltando ao seu local de origem, foi novamente remontado pelos restauradores e solenemente instalado em 25 de outubro de 2002. O altar-mor do Mosteiro de São Bento pesa 12 toneladas, distribuídas numa estrutura formada por 54 blocos, unidos entre si através de garras de aço inoxidável, com argolas para o deslocamento. Por ocasião dos trabalhos de restauração foram usados, no conjunto de sua talha dourada, ouro de 22 quilates com efeitos visuais em laca. Digna de uma visita é a sacristia do Mosteiro de São Bento de Olinda, um dos exemplares mais importantes do patrimônio artístico brasileiro. Nela trabalhou o habilíssimo pintor e dourador José Eloy da Conceição (1785-86), autor de outros trabalhos em São Pedro dos Clérigos e Matriz de Santo Antônio do Recife. Ainda no mosteiro beneditino exerceu suas atividades o habilíssimo pintor Francisco Bezerra (1791-92), autor dos oito painéis (215 x 120 cm), pelos quais recebeu 159$000, com cenas da vida de São Bento, copiadas de estampas originárias de Portugal, dispostas sobre o arcaz e paredes da sacristia. Sendo assim, depreende-se que “a igreja do mosteiro foi construída em diferentes épocas: no óculo da portada aparece a data de 1761, no alto da fachada lateral a de 1779 e na lateral da sacristia a de 1783. Em 1860, o mosteiro passou por completa restauração, destacando-se a vasta capela-mor e todo o seu douramento”. Entre as imagens do acervo, merecem atenção especial o Crucificado do coro, executado entre 1790-91, e a do Menino Jesus de Olinda, moldada em barro cozido por Frei Agostinho da Piedade entre os anos de 1635 e 1639, com 40 centímetros de altura. Vale destaque a imagem de São Bento do altar-mor e o tesouro do mosteiro. Nas dependências da biblioteca do Mosteiro de São Bento, foram instalados, em 15 de maio de 1828, os Cursos Jurídicos de Olinda que ali funcionaram até 1852, quando vieram a ser transferidos para o Palácio dos Governadores e, dois anos depois, para o Recife. Motivaram a transferência dos Cursos Jurídicos de São Bento, “as reiteradas solicitações a respeito por parte dos padres do mosteiro, que se viam privados de uma grande parte do mesmo, os danos causados pelos estudantes, a quebra da paz do claustro e da sua disciplina religiosa pelo desrespeito reinante, e enfim pelos incômodos e desassossego em que vivia a comunidade”. Segundo Pereira da Costa, o salão da biblioteca ficava em um extremo do grande edifício, sobre a sacristia da igreja, medindo 16 m de extensão por 9 m de largura. À exceção das aberturas das janelas e portas, “todo o espaço era revestido de estantes, bastante desfalcadas de livros, faltando, seguramente,

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Bucho de piaba (junho)

Minha sogra diz, com toda razão, que sou bucho de piaba. Sabe o que isso significa? Segundo o dicionário de pernambuquês, pessoa fofoqueira. Aquele que não guarda segredo. Verdade! Minha sogrinha querida tem razão. Se você tiver algo secreto não me conte, de jeito nenhum. Sinto coceira na língua e vontade incontrolável de passar adiante a coisa proibida. Saboroso é deter o sentimento de poder durante aqueles valiosos minutos. Sim, sustento somente por alguns instantes. Nada mais além disso. Meu recorde foi de três sufocantes horas. Pensava que ia morrer entupido. Até que vomitei o sigilo para o primeiro que apareceu na minha frente. Ufa! Que alívio! Se a fofoca é da boa, ligo imediatamente para mãe: -Não sei se conto. -Vai menino, diz logo. -Não sei se não conto. -Vai menino. -É uma bomba, mãe! Tu não tem noção. -Conta looogooooo! Por sacanagem, antes de contar, desligo na cara dela, só para apimentar o mistério. Logo o telefone toca: Bruno, conteeee...eu sou sua mãe...estou mandando. - Não sei se conto. - Vai! Filho da mãe! - Não sei se não conto. - Ah, menino danado! Vou desligar! - Tá bom! Tá bom! Eu contoooo! Dano-me a dividir a confidência com mãe. Tive a quem puxar. Ali gosta de “dois dedos de prosa”, viu!? Meu pai não era diferente. Pense num macho fofoqueiro. Quando sabia de alguma novidade, entrava em casa assoprando. Quando era história de chifre gritava: “é gaaaaaiaaa”! E a gente pulava feito pipoca atrás dele: “Quem? Quem foi? Quem é o corno? Conta logo!” É bom demais isso de falar da vida alheia. Desde que seja sem maldade, claro. Sem diminuir ninguém. Só para divertir e colocar cadeira na calçada. Confesso que sinto remorso, mas se o proprietário do segredo não o segura, por que o farei? Só guardo segredo meu. Segredo dos outros compartilho. Afinal, quando o senhor possuidor da reserva me revela aquilo que não deveria relatar, perdeu, naquele exato momento, a propriedade sobre a confidência. A intimidade deixa de ser alheia e passa a ser própria. Vira patrimônio meu. A partir daí, faço o que bem entender. Se és o legítimo proprietário de um bem valioso chamado segredo, por favor, não o divida comigo. Não arrende, empreste, doe, alugue, venda, enfim, não pactue com este bucho de piaba o seu tesouro porque, certamente, descumprirei o acordo avençado. Ademais, não terás como cobrar multa, em razão da incontestável ausência de previsão contratual. Falando nisso, vocês não sabem o que me contaram ontem... Não sei se digo... ...Conto? - Alô, mãe!?...

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