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Pensando Bem

A Chave para Conexões Autênticas no Trabalho: Seja Interessante

*Por Jéssica Couto No mundo corporativo, muitas vezes encontramos pessoas que idealizam um ambiente de trabalho perfeito, sem conflitos e com total entendimento mútuo. No entanto, essa visão utópica não reflete a complexidade das relações humanas. Somos naturalmente movidos a interesse, e a forma como nos comunicamos, seja verbal ou não verbalmente, influencia diretamente as conexões que estabelecemos. Não estou falando sobre ser interesseiro, falo sobre ser interessante. Ao cultivar qualidades que despertem o interesse genuíno dos outros, promovemos relações mais autênticas e significativas. A comunicação é a chave para atrair as pessoas certas. Como no reino animal, onde um peixe é atraído pelo anzol devido à isca, também somos atraídos por interesses. Isso não é egocentrismo, mas uma característica intrínseca da humanidade. Buscamos nossos parceiros ou parceiras para que nos proporcionem felicidade, religião para salvação ou prosperidade, e assim por diante. Portanto, as pessoas se aproximam de você quando têm interesse no que você representa ou oferece. Existem diversos fatores que podem atrair pessoas: beleza, dinheiro, carisma, rede de contatos, status social, entre outros. Contudo, atrair é apenas o primeiro passo. Manter essas pessoas próximas depende de outros atributos, como comportamento, reciprocidade, atenção e caráter. Após a "pesca", ocorre a seleção natural das relações, onde a qualidade prevalece sobre a quantidade. No ambiente organizacional, as relações podem ser classificadas em diferentes categorias: Enfim, o ambiente empresarial é um reflexo da complexidade das relações humanas. A chave para o sucesso é a convivência harmoniosa e o foco em um objetivo macro comum. Não se pressione para transformar todos seus colegas de trabalho em melhores amigos, pois ao tentar agradar a todos, você corre o risco de não estar se comunicando, de diluir sua mensagem ou até mesmo de se anular. A autenticidade é fundamental para estabelecer conexões verdadeiras e interessantes. Afinal, o fato de haver interesse não significa que a relação não seja real. Aceitar essa realidade e trabalhar para construir relações baseadas em interesses mútuos e respeito pode levar a um ambiente de trabalho mais produtivo e satisfatório. *Jéssica Couto é diretora no Grupo Trino e especialista em Liderança e Gestão Empresarial

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Pernambuco é o Estado do Nordeste com maior número de favelas

*Por Leonardo Gill Correia Santos O Censo 2022 divulgou em novembro de 2024 os dados sobre favelas e comunidades urbanas no Brasil. Acompanhado da publicação dos resultados, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) também soltou uma nota técnica que detalha a conceitualização e a caracterização desses espaços, que resultou na alteração da terminologia “aglomerados subnormais”, utilizada no Censo de 2010, para “favelas e comunidades urbanas” no Censo de 2022, e em alterações conceituais para definir esses espaços. Em resumo, o IBGE considera favelas e comunidades urbanas os “territórios populares” com “insuficiência e inadequação das políticas públicas e investimentos privados dirigidos à garantia do direito à cidade”. Para caracterizar empiricamente os territórios, deve haver predominância de uma “insegurança jurídica da posse” dos imóveis e pelo menos uma das seguintes características: 1) ausência ou oferta incompleta e/ou precária de serviços públicos; 2) predomínio de infraestrutura usualmente orientadas por parâmetros urbanísticos e construtivos distintos dos definidos pelos órgãos públicos; 3) localização em áreas com restrição à ocupação. Com isso, a equipe de recenseadores que foi a campo no ano de 2022 tinha em mãos os elementos para identificar se os setores censitários em que realizavam as entrevistas deveriam ser caracterizados como favela ou uma comunidade urbana. O interessante da definição escolhida pelo IBGE para caracterizar favelas e comunidades urbanas é de busca dissociar os espaços das características inerentes de seus moradores e as associa ao alcance das decisões do poder público. A estrutura precária desses locais não se deve a escolhas de seus moradores mas, sim, das autoridades que têm por obrigação zelar por esses bairros da mesma forma como cuidam dos demais bairros de suas cidades. No campo, os recenseadores identificaram 12.348 favelas ou comunidades urbanas em 2022. São 16,4 milhões de brasileiros morando nesses espaços, o que equivale a 8,1% da população. Naturalmente, a proporção altera-se sensivelmente quando verificamos os dados por estado, mostrando a heterogeneidade da população brasileira por unidade da Federação. Por exemplo, São Paulo é o estado que tem maior número de favelas e comunidades urbanas do País e o maior número de pessoas que habitam esses espaços, mas isso corresponde a 8,2% da população, algo muito próximo da dimensão nacional. Amazonas com 1/3 e Pará com 1/4 de seus habitantes em favelas estão bem à frente nos números relativos. Dessa forma, as diferenças socioeconômicas afetam bastante a importância desses espaços em cada estado e, consequentemente, as estratégias de políticas públicas que devem ser aplicadas nas comunidades e favelas do Brasil. No contexto do Nordeste, a região mostra algumas disparidades intrigantes, com destaque para Pernambuco. O Estado é o que possui o maior número de favelas e comunidades urbanas entre os demais do Nordeste, com 849 unidades, ocupando a terceira posição no País, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, os estados mais populosos do Brasil. Em seguida vêm Ceará, com 702 favelas ou comunidades urbanas, e Bahia, com 572. Números absolutos indicam trajetórias históricas de desenvolvimento e de urbanização distintas, mas ainda informam pouco sobre os detalhes de cada um desses estados. Em números relativos, Pernambuco apresenta maior proporção de habitantes vivendo em favelas e comunidades urbanas entre as unidades federativas do Nordeste, com 12% da população, seguido por Bahia e pelo Ceará, com 9,7% e 8,6% de suas populações, respectivamente. Pelas suas características típicas e dinâmicas intermunicipais, vale a pena observar as regiões metropolitanas de Bahia, Ceará e Pernambuco. Os conglomerados urbanos do Nordeste não estão em uma situação tão crítica quando os da região Norte do País, mas chamam a atenção também. A Região Metropolitana de Salvador, apesar de menos populosa que as demais, tem 34,9% de sua população vivendo em favelas e comunidades urbanas. Em seguida vem a do Recife, com 26,7%, e a de Fortaleza fecha com 19,4%. Ainda no Nordeste, os conglomerados municipais de Ilhéus (BA) e de São Luís (MA), apesar de serem menos populosos, têm, respectivamente, 36% e 33,2% de habitantes em favelas. É no nível das capitais que os prefeitos eleitos (ou reeleitos) em 2024 devem estar atentos aos números. Em Salvador, quase metade da população (43%) vive em favelas e comunidades urbanas. O Recife e Fortaleza têm pouco menos de 1/4 da população nesses territórios (24,3% e 23,8%), embora Fortaleza seja mais populosa que as demais. E é, mais uma vez, nos detalhes que os números importam. Embora com maior proporção de habitantes, em Salvador, 99,2% dos domicílios localizados em favelas e comunidades urbanas possuem acesso à rede geral de água e 93,1% têm acesso à rede de esgotamento sanitário. Em Fortaleza, os números são, respectivamente, de 91,43% e de 61%. Finalmente, no Recife, os recenseadores identificaram rede de água encanada para 88,5%, porém o esgotamento sanitário via rede geral só está presente em 45% dos domicílios em favelas. O que implica em um número alto de descarte irregular de esgoto na capital pernambucana, que eventualmente escorre para rios, córregos, valas e, inevitavelmente, para as praias. Os dados do Censo 2022 sobre favelas e comunidades urbanas ainda podem ser explorados e devem indicar o grau de precariedade de serviços públicos nos territórios. Uma grande vantagem do último levantamento é o maior detalhamento das comunidades, com dados geolocalizados nos espaços urbanos, o que permite cruzamentos com outros dados urbanos. Com isso, por um lado, torna-se mais preciso o dimensionamento das desigualdades urbanas e da precariedade de oferta de serviços públicos mas, por outro lado, permite uma proposta de soluções ajustadas às demandas de cada localidade, levando em conta as particularidades dos territórios. Dessa forma, o Censo 2022 é uma ferramenta a serviço do coletivo que deve indicar bons caminhos do que pode ser feito para levar maior qualidade dos serviços públicos às favelas e às comunidades urbanas do Brasil. *Leonardo Gill Correia Santos É doutor em ciência política pela UFPE

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A inteligência tática do Brasil na presidência do G20   

*Por Rodrigo de Abreu Pinto    O Rio de Janeiro sediou a cúpula de chefes de Estado do G20, bloco que reúne as maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana.    A cúpula é o momento alto da presidência do G20, ocupada rotativamente por um dos países-membros a cada ano, ao término do qual o encontro é sediado naquele que exerce o mandato.   O presidente Lula encarava a presidência do G20 como uma final de campeonato – afinal, desde que eleito, empenha-se em transformar o Brasil em uma potência pacifista e com vocação de forjar consensos internacionais.   A ambição de Lula lembra o treinador brasileiro na Copa do Mundo de 1958, Vicente Feola, enquanto apontava o desenho tático na prancheta e ensinava aos jogadores como derrotar a União Soviética. Foi quando Mané Garrincha indagou: “Seu Feola, o senhor já combinou com os russos?”   Lula obviamente não combinou com os russos, como bem demonstram a crescente guerra econômica dos Estados Unidos contra a China, além do acirramento do conflito militar entre a OTAN e a Rússia.   Com a mesma aparente ingenuidade de Feola, o petista fixou três prioridades para a presidência brasileira do G20: o combate da fome e da pobreza; a reforma da governança global; e a transição energética.   Eventos ocorridos às vésperas da cúpula do G20 complicariam ainda mais os planos, como o retorno de Donald Trump à Casa Branca e o final prematuro do governo de Olaf Scholz, um dos principais defensores do multilateralismo na União Europeia.   Tamanhas dificuldades remetem novamente à Vicente Feola, que teve a astúcia de mudar a formação da seleção no meio da Copa para escalar Garrincha e Pelé juntos, pela primeira vez, contra a União Soviética.    Foi o mesmo que se viu do Brasil na presidência do G20. No momento em que o extremismo de Javier Milei travava o consenso sobre qualquer tema de governança global ou transição energética, Lula abraçou a única pauta da qual é impossível discordar: a luta contra a pobreza e a fome.   O Brasil lançou a “Aliança Global contra a Fome e a Pobreza” com o objetivo de implementar programas de inclusão social, segurança alimentar e fomento da agricultura familiar em países pobres e de renda média baixa que carecem de políticas sociais bem estruturadas.   Em outras palavras, o Brasil está prestes a facilitar a implementação, a nível global, de políticas públicas já testadas com êxito por aqui, como o Bolsa Família, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF).   Após o Maracanazo representado pelo fracasso das políticas de crédito subsidiado pelo BNDES para países vizinhos, o governo petista exporta o que de melhor produziu na história do país: políticas sociais para a erradicação da fome da pobreza.   Daí porque a presidência no Brasil está passos à frente da Índia, a líder do G20 no ano passado. Em ambas as cúpulas, as declarações finais são anódinas e sem maiores compromissos (metas, prazos, fontes de recursos) entre os participantes.    Mas assim como o Brasil, a Índia foi além e propôs uma “Aliança Global por Biocombustíveis”. Só que a despeito das boas intenções em fomentar a produção e o uso de biocombustíveis no mundo, a Aliança mal tem um plano de ação e segue sem efeitos práticos um ano após o seu lançamento.   Diferente disso, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza já conta com 82 países (incluindo a Argentina de Milei) e 24 organizações internacionais, além de 9 instituições financeiras, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial, responsáveis pelos empréstimos com juros baixos, prazos adequados e até mesmo recursos não reembolsáveis para a implementação das políticas de erradicação da pobreza e da fome.   Lá na Copa de 58, o Brasil eliminaria a União Soviética e então avançaria até a conquista do primeiro troféu para o Brasil. Já o técnico Vicente Feola seria lembrado pela maturidade em ajustar a postura da equipe ao longo do campeonato e mesmo das partidas, justo o que teria faltado ao Brasil na derrota de virada para o Uruguai em 50.   Assim é preciso quando ninguém combinou com os russos. Foi a postura do Brasil na presidência do G20.    *Rodrigo de Abreu Pinto é Advogado, filósofo e diretor da Câmara de Comércio Brasil-Portugal   

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