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Wanderley Andrade

Cinema de horror found footage é tema de livro escrito por pernambucano

Em 1999, a história do desaparecimento de três estudantes de cinema enquanto filmavam um documentário em uma floresta viralizou na internet. Segundo relatos, uma jovem encontrou o material produzido e o entregou à polícia. Nele, o registro do suposto encontro dos estudantes com uma bruxa. O lançamento de “A Bruxa de Blair” é considerado importante marco para o found footage. Desde então, grande número de produções do gênero chegou ao mercado. Fenômeno de grande importância do audiovisual contemporâneo, essas obras serviram de material de estudo para Rodrigo Carreiro, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e do Bacharelado em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Pernambuco. Ao longo de dez anos de pesquisa, o professor catalogou mais de 1.000 títulos (todos em longa-metragem), participou de congressos científicos e orientou pesquisas sobre o tema. Fruto da pesquisa, Carreiro lançou este mês, pela editora Estronho, o livro O Found Footage de Horror. Em entrevista à coluna Cinema e Conversa, o escritor conta detalhes do projeto. O livro é fruto de pesquisa de um programa de pós-graduação desenvolvido na UFPE. O que te motivou a iniciar o projeto? Comecei a pesquisa fazendo um levantamento dos filmes de found footage que existiam. Percebi, imediatamente, que o fenômeno era muito maior do que eu imaginava no início, que não se tratava de uma dúzia, ou quinze ou vinte filmes, mas de centenas. Comecei a catalogá-los e vi que o fenômeno estava espalhado globalmente. Isso me permitiu, ao longo de dez anos de pesquisa, produzir uma lista de aproximadamente 900 filmes catalogados. Lista que vai muito além disso, pois muitos desses filmes são postados diretamente nas redes sociais, em particular no YouTube e no Vimeo, sem nenhum tipo de procedimento de catalogação, por exemplo, no IMDB, em base de dados. Posso dizer, seguramente, que existem mais de 1000 longas-metragens nesse formato. No início, a falta de recursos resultou na produção de filmes do gênero, como “A Bruxa de Blair”. Com o passar do tempo, produtoras maiores lançaram, com mais dinheiro, longas como ‘Cloverfield: Monstro”. O maior investimento melhorou ou piorou o gênero? A partir do momento em que os grandes estúdios começaram a perceber a amplitude do fenômeno, realmente começaram a injetar dinheiro, porém não tanto dinheiro assim. Acho que “Cloverfield”, que custou 25 milhões de dólares, foi o filme de found footage mais caro feito até hoje, é um filme de exceção. A maior parte dos found footage, mesmo os caros, são feitos com cinco, seis milhões de dólares, que para o padrão brasileiro é pouco. Além disso, existem centenas de filmes que são realizados sem orçamento ou com orçamento microscópico, especialmente fora dos EUA. Então, do ponto de vista técnico foi importante o investimento financeiro nesses filmes, mas do ponto de vista estético não tem grande diferença.   O mercado brasileiro tem bons exemplos de filmes found footage? Poderia citar alguns? No Brasil existe a produção de found footage, mas é residual. Até porque o gênero horror, no Brasil, só agora nos últimos dez anos, tem produzido bons filmes de longa-metragem, mas, em geral, que tratam de problemas sociais, não é aquele horror puro que a gente costuma ver em filmes de Hollywood. Eu destacaria dois filmes nacionais: “Os Desaparecidos”, de David Schurmann, realizado em 2001, e “O Matadouro”, de Carlos Júnior, que teve uma repercussão bem razoável nas redes sociais, produzido com apenas R$ 300,00, chegando a ter duas sequências. Esses são os filmes mais conhecidos e importantes do Brasil. O found footage já pode ser considerado ultrapassado ou é possível observar uma renovação do gênero? Eu não diria que o fenômeno do found footage já pode ser considerado ultrapassado. Eu acho que o gênero faz parte de um fenômeno maior que é a incorporação na linguagem do audiovisual cinematográfico do erro técnico, da imperfeição. Aquela coisa da câmera tremida, fora de foco, que perde o áudio em alguns momentos, que tem pouca iluminação, passou a ser naturalizada pelo espectador, principalmente porque o consumo audiovisual de hoje não é mais concentrado na televisão e nos filmes de Hollywood, mas sobretudo nas redes sociais, no YouTube, no Facebook, onde a produção caseira, familiar, casual é muito grande. As pessoas naturalizaram esse fenômeno que foi incorporado ao longa-metragem através do found footage. Isso posto, eu diria que sim, o gênero vem passando por uma renovação, o quinto capítulo do livro trata disso, que são aqueles filmes que constituem uma espécie de subgênero do found footage, filmes que passam todos em telas de computador, com personagens conversando entre sim através de aplicativos como Skype, como o Zoom e outros. Já existem várias produções nesse formato como “Host”, realizado durante a pandemia, e “Searching”, filme que teve uma boa bilheteria em 2018, e o mais conhecido deles, “Amizade Desfeita”, de 2014, que conseguiu arrecadar quase 70 milhões de dólares em bilheteria nos EUA.

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Crítica| Filhos de Istambul (Netflix)

Antes da chegada de empresas como Netflix e Amazon Prime Video, era muito difícil ter acesso a produções audiovisuais que não fossem do mercado norte-americano. Filmes da Coreia do Sul, Índia e Turquia, por exemplo, raramente aportavam no Brasil. Ponto a favor dos serviços de streaming. Seguindo a vibe dos lançamentos livres do domínio Hollywoodiano, estreou este mês na Netflix o drama turco Filhos de Istambul. Na história, Mehmet é administrador de um lixão ao lado do amigo Tahsin. Com o trabalho, ajudam crianças e adolescentes sem teto, que atuam como catadores na região. Fraco e muito doente, Mehmet necessita de um transplante de rim. Porém sua saúde terá de esperar: após encontrar dentro de um saco de lixo o garoto Ali, decide ajudá-lo a procurar pela mãe. "Filhos de Istambul" mostra que, apesar da fome e o abandono não terem nacionalidade, seus cúmplices estão enfurnados, por vezes, nas classes mais abastadas. O filme retrata isso logo no primeiro plano-sequência, quando um carro de luxo divide as ruas do centro com carroças de catadores de lixo, impedido de seguir caminho por um deles.   Por outro lado, algumas cenas parecem romantizar a miséria enfrentada por esses catadores. Situações cômicas, ainda que sirvam como válvula de escape, reforçam isso, como na sequência de perseguição protagonizada pelo ator Ersin Arici, que interpreta o catador Gonzales, amigo de Mehmet. O filme tem um bom elenco, com atuações que não comprometem o desenrolar da trama. O protagonista é interpretado pelo ator Çagatay Ulusoy. Antes de atuar em Filhos de Istambul, Çagatay trabalhou na série de TV "Namini Feriha Koydum", exibida na TV aberta turca em 2011. Foi também vencedor do prêmio de Melhor Modelo da Turquia em 2010. O garoto Ali é vivido por Emir Ali Dogrul, que já atuou em outras produções turcas como a série "Ege’nin Hamsisi". "Filhos de Istambul" surge dois anos após o lançamento de outro conhecido filme turco, o drama "Milagre da Cela 7", também com uma criança como personagem central. A produção se destacou entre os títulos mais vistos da Netflix na época em que foi lançada. A nova aposta turca da Netflix promete seguir o mesmo caminho de sucesso.  

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Crítica| Professor Polvo (Netflix)

Só o título já seria suficiente para despertar nossa curiosidade, ainda mais se descobrirmos que se trata de uma história real. Professor Polvo conta como o cineasta Craig Foster deu início a uma profunda relação de confiança e amizade com um polvo. Sim, isso mesmo que você leu. O filme é narrado em primeira pessoa por Craig, que já no primeiro ato revela ter passado por um período de crise na profissão e, consequentemente, na família, o que o levou a praticar mergulho. Foi quando em meio a uma floresta subaquática de algas marinhas nas águas turbulentas do Atlântico na cidade do Cabo, África do Sul, encontrou o polvo.     Dirigido por Pippa Ehrlic e James Reed, o filme é um emocionante tratado sobre amizade e respeito à natureza. As sequências são costuradas por relatos carregados de emoção de Craig, que demonstra profundo apego ao polvo, a ponto de entender ter adquirido a mesma linha de raciocínio do animal. Apego que não o faz interferir no curso da natureza. O cineasta, mesmo sofrendo, assume o papel de observador. Cenas tensas, como a que mostra o polvo sendo atacado por um tubarão-gato-listrado. A direção de fotografia de Roger Horrocks é outro ponto a se destacar. As belas tomadas aéreas e registros no fundo do mar, por vezes parecem encarnar o colorido trabalho de um pintor impressionista. Horrocks foi diretor de fotografia em documentários de natureza como "Elefante" e "Mergulhando com Golfinhos", da Disney, e "Nosso Planeta", da Netflix. Oscar 2021 A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou na última segunda-feira (15) a lista com os indicados ao Oscar 2021. A Netflix foi o serviço de streaming que mais recebeu indicações: 35 ao todo. "Professor Polvo" foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário ao lado de "Crip Camp: Revolução pela Inclusão".

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Filme pré-indicado ao Oscar mostra dura realidade de idosos em asilo no Chile

A sociedade costuma ser cruel com os que chegam à terceira idade. Como certa vez escrevera Rubem Alves: "Quem deixou de ter função econômica deixou de ter identidade. Vai para um lixo social chamado exclusão". Se o indivíduo nada mais produz, perdeu o papel de peça na grande engrenagem econômica, podendo, inclusive, viver os últimos dias esquecido pela família em algum asilo. Dura realidade denunciada no filme chileno, Agente Duplo, disponível no Globoplay. Na história, uma mulher contrata um detetive particular no intuito de descobrir se a mãe sofre maus tratos em um asilo. O detetive anuncia o trabalho em um classificado de jornal para alguém com idade entre 80 a 90 anos. O escolhido atuará como agente duplo dentro da instituição. Pode até parecer coisa de ficção, algo com cara de 007, mas não é. Ainda que Sérgio, o senhor contratado para a missão, tenha a mesma competência e carisma de um James Bond. Sérgio encontrará no asilo pessoas marcadas pela solidão e dor do abandono. Figuras como Marta, senhora que passa o dia na portaria, na espreita por uma oportunidade para fugir. Ou como a poetisa Pepita, personagem central da cena mais triste do filme. Fatos que levarão o protagonista a questionar qual o real sentido da sua missão. A mulher que o contratou deveria, ela mesma, cuidar da mãe e encarar a própria culpa? Agente Duplo emociona, mas também faz rir, sem deixar de provocar reflexão. A primeira sequência acompanha a seleção ao cargo de agente. Um dos requisitos é saber lidar com redes sociais, celular, câmeras disfarçadas de caneta e óculos. Em uma das cenas, Sérgio tenta fazer uma chamada através do aplicativo da câmera do celular. Engraçado, porém mostra o grau de dificuldade de parte dos idosos com a tecnologia. Dirigido pela chilena Maite Alberdi, o longa documental, Agente Duplo, passou por grandes festivais como É tudo Verdade e Sundance. Foi também indicado ao Goya e ao Spirit Awards. Recentemente, saiu na pré-lista de indicados ao Oscar na categoria Melhor Documentário. O Chile ganha destaque outra vez na premiação, três anos depois de Uma Mulher Fantástica levar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.      

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A Voz Suprema do Blues: conheça o último filme de Chadwick Boseman

Considerado o maior dramaturgo negro dos Estados Unidos, August Wilson dedicou a vida a escrever sobre a experiência de afro-americanos na América do Norte. Wilson é criador do The Century Cycle (O Ciclo do Século), conjunto de dez peças que trata dos conflitos e agruras enfrentados por negros americanos durante o século XX. Uma dessas obras foi adaptada para o cinema em 2016: Fences (no Brasil, Um Limite Entre Nós), com Denzel Washington e Viola Davis. Agora em 2020, a dupla está de volta em outro projeto ligado à obra de Wilson: A Voz Suprema do Blues, adaptação da peça "Ma Rainey’s Black Bottom". Denzel Washington sai da frente dos holofotes e assume a cadeira de produtor. Viola Davis finca os pés diante das câmeras, encarnando a cantora de blues, Ma Rainey, protagonista da história. Na trama, alguns músicos se juntam à cantora para gravar uma canção numa tarde quente em Chicago, em 1927. A gravação dá lugar a momentos tensos de embates de egos e discussão sobre racismo.   A Voz Suprema do Blues tem a mesma pegada teatral de Um Limite Entre Nós, com poucos cenários e longos diálogos. Trama entrelaçada por monólogos carregados de emoção, como quando o trompetista Levee, personagem vivido por Chadwick Boseman, conta detalhes de um triste e traumatizante fato ocorrido na infância. Cenas que exigem muito de cada ator e que podem render indicações a prêmios importantes da categoria. Chadwick, morto em agosto deste ano, já recebeu algumas indicações, entre elas, ao prêmio de melhor ator no Gotham Independent Film Awards, conhecido termômetro do Oscar. Após ganhar um Oscar por seu trabalho em Um Limite Entre Nós, Viola Davis tem grandes chances de receber mais uma indicação. Atuação soberba da atriz, potencializada pela boa caracterização da sua personagem, refletida no colorido exagerado da maquiagem e no figurino cheio de brilho. Para a direção foi escalado o dramaturgo, George C. Wolfe, com vasta experiência na Broadway e ganhador de prêmios Tony Award, o Oscar do teatro. Importante frisar que "Ma Rainey’s Black Bottom" foi o primeiro trabalho de August Wilson a chegar aos palcos dos teatros da famosa avenida de Nova York. A Voz Suprema do Blues estreou na Netflix em 17 de dezembro. A gigante do streaming também disponibilizou em seu catálogo A Voz Suprema do Blues: Bastidores, making of com detalhes da produção e entrevistas com o diretor, produtores e elenco.  

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Menudo: série da Amazon conta história da boy band

Investindo forte em produções originais, a Amazon Prime Video lançou no último 27 de novembro a série Súbete a Mi Moto, projeto que conta a história da boy band Menudo. Sucesso mundial, o grupo latino vivia cercado por fãs, mas também por polêmicas, muitas delas relacionadas ao seu agente, Edgardo Díaz. Para viver o controverso empresário, foi convocado o ator porto-riquenho, Yamil Ureña. Nascido em Arecibo, Yamil também é produtor. Estudou na NYU Tisch School of The Arts e no Stella Adler Studio, em Manhattan. Contracenou com a vencedora do Oscar, Halle Berry, na série "Extant" (CBS) e com Adam Brody em "Startup" . Participou também de comerciais, um deles, ao lado do astro dos filmes de ação, Sylvester Stallone. Em entrevista à coluna Cinema e Conversa, Yamil falou sobre a nova série da Amazon e contou detalhes de sua preparação para o projeto.   Súbete A Mi Moto é uma série só para fãs do Menudo? YU: “Subete a mi moto” foi criada para celebrar a boyband icônica que foi MENUDO, sabendo que seus fãs ainda estão por aí ouvindo suas músicas. Após a série ser lançada, não somente os fãs da banda curtiram mas também uma nova geração agora é parte dos “menuditis” (apelido para os fãs de Menudo). Essa série pode ser assistida pela família toda. Como tem sido a recepção da série além das fronteiras da América Latina? YU: Estamos muito gratos pelo sucesso que a série está tendo internacionalmente. Em Porto Rico, por exemplo, está sendo exibida em uma emissora local e nós estamos em primeiro lugar. O final da série é no dia 7 de dezembro e eu vim para a ilha para comemorarmos em uma coletiva o incrível apoio que estamos recebendo do público.   Apenas duas semanas separaram a confirmação do papel e início das filmagens. Qual maior desafio enfrentou na composição de um personagem tão controverso? YU: Essas duas semanas foram intensas, não houve tempo para me sentir intimidado pela complexidade do personagem. Felizmente, eu estava cercado por uma equipe incrível que tornou mais fácil para que eu fizesse a minha parte e me sentisse à vontade desde o princípio. Tive que fazer todas as três transformações do personagem praticamente todos os dias e esse com certeza foi o maior desafio. Gosto de brincar dizendo que na verdade estava fazendo um filme de 750 páginas. "Súbete A Mi Moto" não é sua primeira série. Você também atuou em "Extant" e "Startap" ao lado de nomes como Halle Barry e Adam Brody. Como foi a experiência? YU: Para mim é sempre um processo de aprendizagem e quando chego ao set com profissionais que admiro e gosto de assistir os seus trabalhos, torna-se ainda mais interessante. Aprendi com Halle Berry que o protagonismo da série dá o tom no set, seguindo o exemplo e isso foi importante no meu caso porque tínhamos um grande elenco e dezenas de jovens atores a quem ofereci apoio enquanto estávamos filmando. Quais os projetos futuros? YU: A indústria está sendo afetada pela atual pandemia e os projetos que eu tinha foram adiados. Tive a sorte de ter essa série lançada e me deu a oportunidade de fazer uma turnê virtual. Realmente curtir o processo promocional, me conectar com os fãs de diferentes países que estão assistindo a série. Ainda não estreamos nos Estados Unidos, então por enquanto acho que vou curtir o Natal com a família enquanto o próximo projeto chega.  

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Crítica| Os Espetaculares (Amazon Prime Video)

Quem costuma frequentar o metrô do Recife provavelmente já deve ter se deparado com uma campanha publicitária da Amazon Prime Video estampada nos trens e nas plataformas. De olho no grande público, o serviço de streaming está investindo em produções brasileiras de apelo mais comercial. Entre as apostas, a comédia Os Espetaculares. A história acompanha Ed Lima (Paulo Mathias Jr.), um comediante de stand-up egocêntrico que, na intenção de provar seu talento ao filho Theo (DJ Amorim), decide participar de um concurso de comédia. Para isso, fará parte de um grupo formado por um ator dramático (Rafael Portugal), uma comediante nerd (Luísa Perissé) e um atendente de padaria nada normal (Victor Meyniel). O filme é dirigido por André Pellenz, diretor do primeiro Minha Mãe é Uma Peça, longa recordista de público no Brasil. O roteiro, escrito por Sylvio Gonçalves (Confissões de Adolescente, S.O.S. Mulheres ao Mar) é raso e previsível. Em meio aos poucos momentos engraçados, destaque para uma sequência hilária de stand-up dentro de uma igreja evangélica.  Quanto ao elenco, Paulo Mathias Jr. não tem o carisma necessário ao posto de protagonista. Diferente de Luísa Périssé, que consegue imprimir na tela o mesmo talento e bom humor da mãe, Heloísa Périssé. Rafael Portugal fica aquém do bom trabalho que faz no Porta dos Fundos. Os Espetaculares estreou na Amazon Prime Video no início do mês ao lado do terror "A Gruta". A proposta é aumentar o número de produções brasileiras na plataforma. Mais dois filmes ainda estrearão em novembro: Carlinhos e Carlão (12/11) e No Gogó do Paulinho (19/11).

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Crítica| O Pequeno Refugiado

Começou na quinta (22) a 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Devido à pandemia do novo coronavírus, o evento acontece em plataformas digitais, além de ter exibições em dois cinemas ao ar livre na capital paulista. Alguns filmes já estão disponíveis gratuitamente na plataforma Spcine Play. Entre eles, a ficção turco-iraniana "O Pequeno Refugiado", uma interpretação aberta da comovente história de Aylan Kurdi, o menino curdo de três anos que foi encontrado morto em uma praia na Turquia, em 2015, após fugir com a família da Síria. O longa trata do drama vivido por famílias que, em busca de proteção, fogem de seus países arrasados pela guerra. Aylan entra na história como fio condutor da trama, que abraça o realismo fantástico ao mostrar o menino frente a frente com o próprio corpo estendido na praia. Sua morte marca o início da jornada. Aylan encontra no caminho figuras como o segurança de um estaleiro, desacreditado por causa do alcoolismo. Também tem um encontro com Nebvar (Farshid Gavili), homem que sofre com a morte do filho. Ainda que Aylan nomeie o filme, quem assume o protagonismo é Nebvar, personagem de grande importância para o desenrolar dos três atos. Dirigido por Batin Ghobadi, que em 2010 ganhou um Urso de Cristal no festival de Berlim pelo curta "Ask The Wind", "O Pequeno Refugiado" tem roteiro fraco, autoexplicativo, que subestima o espectador em alguns momentos. Porém nem tudo é ruim. Destaque para a boa direção de fotografia de Morteza Najafi, principalmente nas cenas que acontecem na praia. Além do streaming Spcine Play, é possível assistir ao longa no Looke, na sessão Spccine. Outros filmes da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo poderão ser vistos também nas plataformas Mostra Play e Sesc Digital. Mais informações: https://44.mostra.org/  

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Crítica| O Dilema das Redes (Netflix)

Saia um pouco das suas redes sociais. Vá até a janela. Percebeu como está lindo o dia? Por que gastar, então, tanto tempo postando fotos ou conferindo o número de curtidas? Explico: difícil encarar a internet e as redes da mesma forma após assistir ao documentário O Dilema das Redes. É disso que fala a nova produção original Netflix. O doc aponta a internet como grande responsável pela polarização que vem tomando o mundo, principalmente na política. Fruto da personalização dos conteúdos que nos são apresentados conforme nosso histórico de busca, criando uma espécie de bolha. Entre os entrevistados, executivos e engenheiros que trabalharam nas gigantes da internet e redes sociais, como Tristan Harris, especialista em ética de design e ex-funcionário do Google e Tim Kendall, ex-diretor financeiro do Facebook. Revelam que sequer permitem aos filhos acessar as redes. Alguns, inclusive, confessam estar viciados nas próprias criações.     Intercalando os depoimentos, são introduzidas cenas do cotidiano de uma família fictícia que passa por uma crise em função do uso excessivo das redes sociais. Se por um lado o recurso ajuda no sentido de ilustrar o assunto tratado, por outro, quebra o ritmo da narrativa. Faltou ao longa apontar caminhos concretos e eficientes para uma possível solução do problema. Apenas frisar que é preciso excluir as redes sociais é o mesmo que limitar-se a aconselhar um dependente químico a largar o vício. O Dilema das Redes é dirigido por Jeff Orlowski, que tem no currículo outro documentário disponível na Netflix, Em Busca dos Corais, ganhador do prêmio de melhor documentário no Festival de Sundance em 2017.

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#Alive: filme sul-coreano de zumbi é o novo sucesso da Netflix

Fonte de inspiração para roteiristas e de lucro para grandes estúdios, os zumbis não perderam força, nem público. A prova disso é o sucesso da série The Walking Dead (desconsidere os últimos anos) e de filmes como Invasão Zumbi e a comédia Zumbilandia. O mais novo representante do subgênero estreou recentemente no catálogo da Netflix, o sul-coreano #Alive. Ele está atualmente entre as dez produções mais vistas do serviço de streaming. O longa acompanha Joon-woo, interpretado por Yoo Ah-In ("Em Chamas"), um gamer que tem a rotina virada ao avesso quando, sozinho em casa, descobre pela TV que um vírus está se espalhando rapidamente por sua cidade. Da janela do seu apartamento vê centenas de pessoas fora de controle, destruindo o condomínio onde mora. Isolado e com pouca comida, terá de lutar para manter-se vivo, nem que seja por mais algumas horas. Tudo acontece muito rápido em #Alive, não dá tempo do espectador se apegar a Joon-woo. Pouco se sabe sobre seu passado e família, no máximo alguns retratos e mensagens deixadas por seus pais. Essa falha na construção do personagem enfraquece a narrativa que na maior parte do tempo busca sustento na ação. A premissa inicial de um jovem sozinho em seu apartamento lutando pela vida enquanto o mundo lá fora se acaba em um apocalipse zumbi, abriria um leque de possibilidades. Joon-woo poderia encarnar o papel de um náufrago em seu apartamento-ilha e os zumbis serviriam de pano de fundo à trama. Mas logo a proposta se esvai ao serem introduzidos novos personagens à história, como a vizinha de condomínio Kim Yoo-bin (Park Shin-hye). O filme passa, então, a ser mais um entre tantos outros de zumbis. #Alive foca na ação vazia, desprovida de qualquer significado e mensagem. Bem diferente do que fez George A. Romero no clássico Noite dos Mortos Vivos e do também sul-coreano Invasão Zumbi, que por trás da superfície do terror propõem forte crítica social. A nova aposta da Netflix segue o grande fluxo de produções genéricas ligadas ao tema. Vale como bom passatempo ao público menos exigente. Apenas isso.

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