Arquivos Cultura E História - Página 169 De 368 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Cultura e história

Banda Mulungu lança segundo single e videoclipe "Deus Tempo"

Novíssimo nome da cena pernambucana, o trio Mulungu lança hoje, dia 03 de setembro, o seu segundo single a música "Deus Tempo". A canção ganha também um videoclipe e faz parte do disco O Que Há Lá, que será lançado em novembro de 2020 com incentivo do Funcultura, através da Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo do Estado de Pernambuco. "Deus Tempo" traz em sua letra e melodia sentimentos autobiográficos dos músicos, que questionam a valorização do tempo. “A música remete à correria do cotidiano, à falta de tempo. Fala sobre a necessidade de olhar mais para as nossas próprias emoções antes que o Deus Tempo nos cobre isso e seja tarde demais”, explica Jáder (vocalista e letrista da banda). É uma canção sobre parar e repensar o cotidiano, a atenção que damos aos próprios sentimentos. Um questionamento bastante comum no atual momento do mundo, quando tivemos que rever nossas rotinas e relação com o tempo. O videoclipe é uma obra visual abstrata, feita a partir de ilustrações de Gabriel Furmiga animadas por Guilherme de Lima, retratando a busca de uma personagem pelo Deus Tempo. O vídeo foi totalmente produzido à distância. Gabriel também assina o projeto gráfico da banda. No final de maio, a banda lançou o seu primeiro single e videoclipe para a música "No Ar", trazendo uma colagem de imagens de redes sociais, memes e gifs e lembranças, além de uma performance corporal intensa interpretada pelo vocalista Jáder. Mulungu - A banda é um projeto que nasceu a partir das inquietudes musicais de Jáder e Guilherme Assis – colegas de palcos e estúdios devido às bandas Projeto Sal e Barro. Experimentando sonoridades desde 2018, a banda criou corpo quando o multi-instrumentista Ian Medeiros (Mahmed de Natal/RN) veio passar uma temporada no Recife. De um encontro sem compromisso já nasceu a primeira canção. O disco de estreia, O Que Há Lá, tem lançamento previsto para 2020. https://www.youtube.com/watch?v=2ZHsisQ83mA&feature=youtu.be FICHA TÉCNICA - Clipe: Direção: Gabriel Furmiga e Guilherme de Lima Roteiro: Gabriel Furmiga, Guilherme de Lima e Jáder Montagem e finalização: Guilherme de Lima Lettering: Gabriel Furmiga Produção executiva: Jáder FICHA TÉCNICA – Música: Composição: Jáder/ Guilherme Assis Voz: Jáder Guitarra, Sintetizadores, Melotron e Programações: Guilherme Assis Bateria: Ian Medeiros Produção Musical: Guilherme Assis Técnico de Gravação: Ian Medeiros e Guilherme Assis Mixagem: Guilherme Assis (Zelo estúdio - Recife, PE) Masterização: Felipe Tichauer (Red Traxx Mastering - Miami, Fl - EUA) Gravado nos estúdios Zelo e Cantilena entre 2018 e 2020 (Recife/PE e Natal/RN)

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Vida e obra de Gilberto Freyre se confundem com história do Brasil

Aclamado como um dos mais importantes sociólogos do século XX, o também antropólogo, ensaísta, jornalista e poeta pernambucano Gilberto Freyre se dedicou a explicar a complexidade da formação do Brasil e da identidade do País a partir de estudos da miscigenação, desde a colonização. Conservador e tradicionalista, foi favorável ao golpe militar de 1964 e pagou com o ostracismo de mais de duas décadas por esse apoio. Somente após a redemocratização voltou a ser descoberto por suas teorias e metodologias inovadoras, ousadas e controversas, expressas em títulos famosos como Casa Grande & senzala (1933), Sobrados e Mucambos (1936), entre tantos outros. Defensor da formação mestiça do povo brasileiro, procurou mostrar o grande erro do pensamento elitista e arianista de que a mistura de raças seria a causa do subdesenvolvimento dos trópicos. Vida e obra de Gilberto Freyre se confundem com a história da formação do Brasil. Em comemoração aos 120 anos de Gilberto Freyre, a Cepe reedita o livro O Brasil de Gilberto Freyre: uma introdução à leitura de sua obra, do jornalista, escritor, poeta, historiador e antropólogo Mario Helio. Com a tarefa de oferecer uma visão ampla mas nada superficial de Freyre e de sua bibliografia para o conhecimento da história brasileira, o livro será lançado dentro da programação do Circuito Cultural de Pernambuco, dia 10 de setembro, às 19h30, em uma live com participação do autor e do professor e escritor Anco Márcio Tenório Vieira. Com ilustrações do artista José Cláudio, a edição da Cepe é revisada e publicada 20 anos após a primeira, que saiu pela Comunigraf em 2000, ano do centenário do nascimento de Freyre. A primeira edição foi originada de um longo ensaio publicado no Jornal da Tarde, de São Paulo. “O jornalista Antônio Portella me sugeriu a expandir em livro aquela apresentação jornalística de Freyre. Aceitei a proposta e escrevi O Brasil de Gilberto Freyre, com o propósito modesto de que servisse de uma introdução à leitura de sua obra, uma espécie de Gilberto Freyre para iniciantes, não para iniciados. O caminho escolhido para pôr em linhas a narrativa foi a máxima clareza possível, num tom quase didático, tentando percorrer os labirintos de um dos mais ricos e complexos personagens da cultura brasileira”, revela Mario Helio. “A reedição é uma uma introdução feliz para o pensamento de Gilberto Freyre, em suas complexidades, controvérsias, antevisões. Mais do que uma antevisão da obra do sociólogo pernambucano, é uma apresentação qualificada, feita por um profundo estudioso da obra freyriana”, define o editor da Cepe, Diogo Guedes. A história do Brasil contada por Gilberto Freyre, como nos diz Mario Helio, nunca termina no relato dos acontecimentos apenas. Continua nas correlações que estabelece entre sociologia e biologia, psicologia e ecologia para compreender os fatos. Tanto é que Freyre analisa pioneiramente a gastronomia e a moda para explicar o comportamento social. É uma narrativa mais orgânica, que vasculha a intimidade para revelar a complexidade. “De um ponto de vista extremamente sintético e redutor, pode-se dizer que o Brasil como visto e recriado por Gilberto Freyre é uma invenção mais da religião que da raça. Mais da família que do indivíduo. O brasileiro, por sua vez, é chamado por Freyre de homem situado. Situado nos trópicos, onde espaço e tempo se confundem; clima e raça definem o idioma. “É uma escrita que fala, e não somente um desfile de fatos”, define o autor. Em vez de colocar na conta da formação mestiça da população brasileira o motivo das mazelas do País - ideia propagada pela elite do começo do século XX -, Freyre mostrou, em Casa-grande & senzala, que o atraso vinha do sistema econômico e social, como revelam as palavras de Mario Helio: “da monocultura da cana-de-açúcar, da alimentação deficiente, da falta de higiene etc.” A mestiçagem brasileira é para Gilberto Freyre um bem para a humanidade. O sociólogo nos oferece um Brasil tão humano que, “por vezes, chega a carregar nas tintas para mostrar uma fraternidade de convivência entre as classes maior do que provavelmente terá sido. Quando assim ocorre, o como deveria ser interfere no como realmente foi. O poeta vence o historiador”. Vence, por exemplo, quando busca ver o que chama de “lado benigno” da escravidão, destacando “a relação de quase compadrio entre senhor e escravo no país”, diz Mário Helio em trecho do livro. Se há críticas aos métodos científicos de Freyre - muitas vezes acusado de se apoiar nas “testemunhas oculares” dos viajantes estrangeiros -, por outro lado o autor pernambucano é elogiado pela ousadia de experimentar novas metodologias e, assim, conseguir uma das interpretações mais originais e próximas do Brasil autêntico. “E numa capacidade de abrir-se à discussão, que foi bem destacada por Sérgio Buarque de Holanda, em Tentativas de mitologia: ‘Uma das virtudes de Gilberto Freyre, e que contribui para singular importância de seus ensaios, está em que convida insistentemente ao debate e provoca, não raro, divergências fecundas’.” Sua narrativa também é única e merece destaque, pois é considerada uma das melhores prosas da língua portuguesa. Foi também tido como “o mais brasileiro dos escritores” por nomes como Darcy Ribeiro e João Cabral de Melo Neto. “Escrevia como num aparente improviso. Esta é uma das razões de o seu estilo ser inimitável. (...) Não é difícil perceber que o seu modo de escrever não é exemplar, ou seja, não serve como modelo a ser seguido, pois a alguém dotado de menos talento se revelaria um desastre compor frases tão longas, cheias de orações interpoladas, tantas locuções adverbiais, tantos adjetivos, tantas repetições. E quase nenhuma conclusão”, descreve Mario Helio. Formado nos Estados Unidos em Artes Liberais, com especialização em Ciências Políticas e Sociais, Gilberto Freyre fez o mestrado em Ciências Políticas, Jurídicas e Sociais também em solo norte-americano, país que chamava de Outra América. Sua dissertação de mestrado intitulou-se Social Life in Brazil in the Middle of the 19th Century (Vida social no Brasil nos meados do século XIX). “Gilberto Freyre descobriu o Brasil nos Estados Unidos”, diz Mario Helio. Foi lá na

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Crítica literária: Rabo de Burro

*Paulo Caldas “Rabo de Burro”, livro de Heitor Bezerra de Brito é todo concebido nos conformes. Bem postado, obediente à assimetria, coisa de engenheiro, mostra habilidade no manejo das técnicas literárias e em vários momentos faz o uso discreto de passagens de tempo, elipse narrativas e mudança de narrador, com fidelidade ao aspecto temporal. Com a visão arguta dos detalhistas, o autor dirige o foco de suas lentes para o lado humano, traduzido nos dramas cotidianos estratificados entre as classes sociais em permanente contraste. Assim, da observância desse fenômeno, lançou esta coleção de contos (edição do autor, capa e projeto gráfico de Zózimo Neto, revisão textual de Conceição Rodrigues e impressão da Cepe Edtora). Ha incursões reminiscentes que ocupam o vivenciar dos protagonistas. Os personagens são tirados das ruas, com traços físicos e ranços psicológicos bem definidos, que contracenam no palco da memória telúrica de Heitor, exalando o aroma trazido nos ventos do Cariri. Munido de lápis preto e papel branco, em “Memórias de uma partida”, espécie de bônus, um capítulo com nome de posfácio, ele desenha a imagem de uma geração circunscrita ao amanhã paroquiano, algemada entre a utopia da aventura e a pasmaceira da permanência, tela rabiscada em tom cinza nostálgico. *Paulo Caldas é escritor

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Pequeno Encontro da Fotografia começa hoje (31)

O Pequeno Encontro da Fotografia chega a sua sexta edição em 2020 com algumas adaptações no formato, que foram pensadas com o intuito de manter viva a essência do evento mesmo com o isolamento social necessário para enfrentamento da Covid-19. Assim, as palestras, oficinas, leituras de portfólio, exposições, projeções e o Espaço do Livro que ocorriam em diferentes espaços do Sítio Histórico de Olinda (PE) são promovidos virtualmente desta vez, compondo uma programação que vai da segunda-feira (31/8) até a sexta-feira (4/9). A maior parte das atividades tem acesso gratuito e são oferecidas bolsas em parceria com projetos socioculturais. “Nos anos anteriores, conseguimos realizar o Pequeno Encontro graças ao financiamento público, através do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura). Neste ano, além do projeto não ter sido contemplado no edital, nos deparamos com a pandemia. Tivemos não só o desafio de captar recursos num momento em que a economia está sofrida, como também de transpor para o ambiente virtual um evento que tem os encontros presenciais na sua essência, tentando manter o clima do festival”, afirmam os idealizadores do evento, Eduardo Queiroga, Maria Chaves e Mateus Sá. Com esse plano em mente, o trio conversou com os convidados desta edição, orientada pelo tema A Insustentável Leveza da Fotografia. O grupo é composto pela fotógrafa e curadora Ana Lira (PE), pelos artistas visuais Joelington Rios (MA) e Letícia Lampert (RS), os curadores Mariano Klautau (PA) e Rosely Nakagawa (SP) e os fotógrafos Cristina De Middel (Espanha), Miguel Chikaoka (SP) e Pio Figueiroa (PE). Para realizar o festival em 2020, o trio conta com o apoio da empresa Proa Marketing Cultural e Projetos e com o das mais de 80 pessoas que já colaboraram com a campanha de financiamento coletivo intitulada Pequeno em Casa 2020. Parte das vagas nas oficinas e leituras de portfólio foram oferecidas como recompensa para os benfeitores (nos anos anteriores, todas as atividades tinham acesso gratuito). “A campanha de financiamento coletivo nos revelou já de cara um sucesso: O fato do engajamento do público com o festival ter se mantido, já sentimos isso pelo envolvimento das pessoas com a própria campanha. Temos o entendimento de que esse sucesso se deve também à resistência dos agentes de cultura, que se unem e apostam nas oportunidades e iniciativas de manter vivas as linguagens culturais, as produções culturais”, avaliam os idealizadores do Pequeno Encontro. Quando a primeira meta da campanha foi alcançada, o trio conseguiu garantir uma remuneração simbólica para os convidados para as oficinas, leituras de portfólio e palestras; assim como as bolsas de estudo e verba para despesas administrativas e plataformas digitais. As bolsas são destinadas a pessoas indicadas por entidades socioculturais como o Coque Vive (PE), Mão na Lata (RJ), Favela em Foco (RJ), Cidade Invertida (SP), Foto Lata (MG), IJCPM (PE), FotoAtiva (PA) e Memaker (PE). Desta maneira, elas podem ser agentes multiplicadores do que aprenderam nas atividades do Pequeno Encontro. No momento, a campanha continua em aberto, rumo à segunda meta: “Com esse patamar conseguiremos remunerar melhor os convidados, além de ampliar as ações sociais e cobrir custos com equipe e insumos de produção e comunicação. É importante destacar que, mesmo nesta meta, os valores ainda são simbólicos. Um esforço enorme e muito trabalho voluntário estão sendo investidos para o Pequeno acontecer”, explicam os idealizadores do festival. Com o valor estipulado para a terceira meta, seria possível remunerar toda a equipe e convidados com valores praticados pelo mercado e arcar com os demais custos para a realização do evento. OFICINAS E LEITURAS DE PORTFÓLIO As inscrições para oficinas e leituras de portfólio do festival são feitas previamente, desta vez como recompensas da campanha Pequeno em Casa 2020. Uma das atividades é conduzida pela fotógrafa, artista visual, curadora e articuladora Ana Lira (PE), que se debruça sobre temas como relações de poder, dinâmicas de comunicação no campo das narrativas visuais e publicações independentes. Ana participa do Pequeno com uma edição especial do Programa Em Tempo, iniciativa promovida por ela para oferecer orientações a pessoas ou coletivos que estão desenvolvendo projetos artísticos. As oficinas são ministradas pela artista visual Letícia Lampert (RS) e o fotógrafo Miguel Chikaoka (SP). Os temas são, respectivamente, Fotografia nas Artes Visuais: Práticas Contemporâneas e Minilab Fototaxia: em busca do elo perdido. Letícia desenvolve uma investigação sobre maneiras de compreender a paisagem, especialmente urbana, e as relações que estabelecemos com as cidades com mediação da arquitetura. Miguel tem se dedicado à pesquisa e experimentação de recursos educativos, com uma abordagem transdisciplinar do que constitui a gênese das imagens. Os curadores Mariano Klautau (PA) e Rosely Nakagawa (SP) fazem as leituras de portfólio. Entre outras ocupações, Mariano é o curador do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia e da exposição Antilogias: o fotográfico na Pinacoteca (São Paulo), espaço onde trabalhou como consultor de fotografia. Rosely tem uma longa trajetória na fotografia, como coordenadora de espaços culturais, curadora, editora de livros e colaboradora de eventos como o Festival Solar Fortaleza (2018/2020), Festival Paraty em Foco (desde 2000) e Foto em Pauta Tiradentes (desde 2010). PALESTRAS E PROJEÇÕES AO VIVO Todas as outras atividades são abertas ao público, com acesso gratuito. Os trabalhos escolhidos via convocatória serão exibidos em mostras virtuais no site do Pequeno Encontro ou nas projeções antes da roda de diálogo e das palestras, que serão transmitidas ao vivo em nossas páginas do Facebook e Youtube. As listas dos selecionados estão no site do evento. A abertura do festival, na segunda-feira (31/8), é feita com a transmissão ao vivo da roda de diálogo Sobre livros e fotografias: as dores e as delícias de fazer fotolivros. Participam do encontro a pesquisadora e autora Marina Feldhues (PE), os editores José Fujocka e Luciana Molisani, da Lovely House (SP), e os editores Lígia Fernandes e Valdemir Cunha, da Origem Editora (SP). A primeira palestra é realizada na terça-feira (1/9), com o fotógrafo Pio Figueiroa (PE), que iniciou a carreira pelo fotojornalismo no Recife, onde nasceu, foi fundador do coletivo Cia de Foto (SP, 2003/2013) e atualmente

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Jovem cineasta do interior de PE é selecionado para maior escola de cinema da América Latina

Alysson Souza é um realizador audiovisual do interior de Pernambuco e foi selecionado para o Curso Regular de Roteiro, com duração de 3 anos, na Escuela Internacional de Cine y TV, em Cuba. A EICTV é considerada a maior escola de Cinema da América Latina e reconhecida por sua importância mundial. O governo brasileiro não apoia mais os ingressados na EICTV, deixando os brasileiros selecionados sem bolsas. Da cidade de Vitória de Santo Antão, Alysson Souza se formou em Rádio, TV em Internet pelas Faculdades Integradas Barros Melo. Diariamente, enfrentando uma distância de 60 km entre o município vitoriense e Olinda, sempre se dedicou muito aos estudos da dramaturgia cinematográfica. “Durante a graduação, tive uma rotina bastante cansativa e um trajeto também bastante difícil. Eu me acordava de madrugada, às 4h da manhã, pra poder pegar um ônibus às 5h, da prefeitura, pra poder economizar a passagem, e pegava um outro ônibus, no centro do Recife, até a faculdade pra poder assistir as aulas a partir das 7h30. Chegava na faculdade às 7h30. E à tarde eu estudava bastante, procurava estágio. Sempre me dediquei muito aos estudos, e chegava em casa às 11h da noite pra poder, no outro dia, acordar às 4h novamente. Foi assim por 4 anos. No meio do caminho, eu acabei enfrentando uma depressão, que deixou tudo muito mais difícil. Mas, enfim, eu não tenho vergonha nenhuma de falar sobre isso, porque é o que fez parte da minha vida”, declara Alysson. A Escuela Internacional de Cine y TV, em Cuba, teve como um de seus fundadores o Prêmio Nobel Gabriel García Márquez. Desde sua fundação, alunos de 50 países se formaram na instituição, muitos dos quais já exibiram filmes em festivais como o Festival da Cannes e outros festivais importantes. Ao longo dos anos, grandes nomes como Steven Spielberg (Jurassic Park), George Lucas (Star Wars) e Francis Ford Coppola (Apocalypse Now) já ensinaram na instituição. Além do reconhecimento formal, a EICTV é uma escola com filosofia que respira cinema. A cada dois anos, apenas 5 alunos de todo o mundo são selecionados para cursar cada uma das especialidades que a escola oferece, ou seja, é uma instituição muito concorrida. Por ser uma escola internacional, ao longo dos três anos de curso, os alunos têm contato com diversos professores de diversos países que atuam no mercado e vão para Cuba apenas para ministrar EICTV. “É uma oportunidade única e é meu sonho. Me esforcei muito a vida toda para estudar e trabalhar. Fiz a prova para estudar na EICTV 4 vezes. Dessa vez que fui aprovado, fui para Fortaleza realizar a seleção, sem dinheiro, mas com apoio dos amigos, e consegui passar. Sou o único pernambucano aprovado neste ano e infelizmente não tenho o dinheiro para pagar. Existem outros brasileiros na mesma situação de não ter o dinheiro para poder ir.”, afirma Alysson. “Trabalho na Mostra de Cinema da Vitória de Santo Antão como um dos curadores e diretores artísticos, fazemos a Mostra com sessões gratuitas e ações formativas gratuitas para todo o público. Tive um filme aprovado no edital do Funcultura Audiovisual, na categoria ‘Revelando os Pernambucos’, porém o projeto precisou ser paralisado devido à pandemia de Covid-19, tem pessoas da minha cidade na equipe do filme. Faço questão de andar junto com elas nesses trabalhos, pois cinema não só se faz nas capitais. Essa é uma forma construir um cinema mais democrático.”, completa. Desde 2017, durante o governo Temer, o apoio aos brasileiros ingressados na EICTV foi interrompido. O governo brasileiro não apoia mais os ingressados na EICTV. O governo cubano financia as mensalidades em 75%, o restante o Brasil não honra mais, tendo retirado as bolsas dos brasileiros para que os alunos possam estudar na instituição cubana. Isso significa desembolsar o valor de 6 mil euros por ano para arcar com os custos do curso. Fora isso, o valor de 6 mil euros não inclui passagens aéreas e seguro saúde (obrigatório para entrada no país). Como as aulas são em período integral, e por questões de visto de estrangeiro, não é possível trabalhar no país. O vitoriense precisa de um valor de R$ 50.000,00 para poder estudar o primeiro ano de curso, que tem início em janeiro de 2021. Neste valor estão inclusos o curso, passagens aéreas, seguro saúde, roupas de frio e um valor para poder se manter por mês e comprar alguns produtos de higiene. “Mesmo com a alimentação sendo oferecida pela escola, os brasileiros que já estudaram na Escuela recomendam que tenhamos como fazer nossa própria comida, pois as aulas são das 9h às 17h. Às vezes das 9h às 23h. É importante para podermos comprar e cozinhar nossa própria comida para seguir aulas sem chocar os horários”. Em um momento em que o cinema brasileiro se encontra em crise, e sem perspectivas de bolsas, Alysson busca apoio através de uma “vaquinha” na internet (link: https://benfeitoria.com/alyssonemcuba). “As doações pela vaquinha são minha única forma, no momento, de poder arcar com, pelo menos, o primeiro ano de curso em Cuba, pois devido às minhas condições financeiras fica impossível arcar com custos tão altos. Quanto aos dois anos seguintes de curso, não sei como vou como vou pagar. Tenho medo de não ir, assim como também tenho medo de não conseguir terminar o curso. Se eu não conseguir atingir a meta da vaquinha, não será possível ir. Fiz essa prova 4 vezes, é meu sonho estudar lá. Não quero morrer e nadar na praia.” O desejo de quando retornar ao Brasil é compartilhar o conhecimento adquirido na Escuela Internacional de Cine y TV com trabalhadores da área do cinema das cidades interioranas e das periferias das capitais por acreditar que esses profissionais encontram dificuldade em trabalhar no mercado que se concentra nos grandes centros. “Eu sinto que muita coisa incrível pode acontecer se eu receber essas doações para poder estudar na EICTV. Eu vou estar realizando um sonho, um sonho imenso da minha vida. Quando eu voltar, eu preciso compartilhar o conhecimento

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Os impactos da pandemia no cinema brasileiro

Um encontro para debater e avaliar como o campo da indústria audiovisual brasileira está reagindo às dificuldades causadas pela crise pandêmica do novo coronavírus. Encerrando o ciclo de debates virtuais da série Pandemia e Sociedade, a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) trabalhará o tema “Os impactos da pandemia da Covid-19 na atividade de cinema no Brasil”, no próximo dia 28, no canal da Fundaj no YouTube. Mediado pelo pesquisador do Centro de Estudos em Dinâmicas Sociais e Territoriais (Cedist) da Fundaj, doutor em Sociologia, mestre em Comunicação e Cultura, jornalista e advogado, Augusto Amorim, o evento virtual contará com a participação de três convidados: Lúcio Aguiar, diretor, roteirista, pesquisador, produtor executivo, controller e assessor em leis de incentivo; Waldemar Dalenogare Neto, pesquisador na área de política e cinema, crítico cinematográfico e consultor de distribuidoras brasileiras; e Mikael de Albuquerque, mestre em Escrita Dramática, bacharel em Cinema e roteirista. “Além do campo das ciências da saúde, é importante refletirmos sobre as diversas áreas que foram atingidas pela pandemia da Covid-19. No caso dos impactos sobre a indústria cinematográfica, eles não estão restritos apenas às salas de projeção paralisadas desde março. Mas também, a outros elos da cadeia produtiva do audiovisual, que envolvem a produção e a distribuição. Tendo vários filmes premiados, o Recife é um importante polo de conteúdos audiovisuais, e é pensando nisso também que precisamos refletir sobre os desdobramentos que serão analisados nesta live”, afirmou o coordenador do Cedist da Fundaj, Neison Freire. Com expertises no assunto em questão, os convidados escolhidos para a edição são pessoas que vivem o cinema em seus diversos âmbitos. Na roda de conversa virtual, eles serão questionados sobre as mudanças de rotina, e avaliarão a nova realidade decorrente da adoção de medidas necessárias ao combate à pandemia. “O tema será trabalhado a partir dos conhecimentos e vivências dentro da área onde cada um trabalha. Teremos visões distintas, de quem lida com a análise do mercado de produção, distribuição e exibição de filmes, com a administração de burocracias e prestações de conta a órgãos estatais, como a Ancine, e de quem é contratado para desenvolver e escrever roteiros”, destacou o pesquisador do Cedist, coordenador e mediador do evento, Augusto Amorim. Assim como em outras esferas da sociedade, a indústria cinematográfica tem sido afetada por dificuldades financeiras, estruturais, conjunturais e artísticas. Os cinemas permanecem fechados há mais de quatro meses e as filmagens de produções em curso tiveram seus cronogramas alterados neste período. Isso por causa da adoção de medidas de isolamento social necessárias à segurança sanitária. “Para combater a Covid-19, muitas produções tiveram que ser atrasadas, uma vez que roteiros e protocolos de segurança nos sets de filmagem agora precisam ser adaptados à realidade da pandemia”, afirmou o roteirista Mikael de Albuquerque. Inevitavelmente, a situação das produções audiovisuais foi afetada internacionalmente. Analisando-se o “acúmulo” de estreias estrangeiras que foram adiadas, e que serão lançadas quando houver a liberação das salas exibidoras, existe uma grande concorrência em desfavor do Brasil. No que diz respeito às leis e mecanismos para a realização de produções, os profissionais brasileiros já enfrentavam dificuldades antes mesmo da pandemia. Com a necessidade do isolamento social, os trabalhos foram ainda mais impactados. “Poderíamos estar desenvolvendo novos projetos, mas neste período nos foi dada a opção, apenas, por linhas de crédito para capital de giro de algumas poucas produtoras. Dessa forma, ficamos ainda mais imobilizados, visto que contamos com mais de trinta mil produtoras em todo o Brasil, a esmagadora maioria composta por pequenas empresas. Trabalho no modo home-office faz quase uma década e nunca fiquei tanto tempo parado, imobilizado, impotente, respondendo diligências ou subindo documentos sem ganhar nenhum centavo por isso”, afirmou o diretor, roteirista, pesquisador, produtor executivo, controller e assessor em leis de incentivo, Lúcio Aguiar. Como uma de suas missões culturais, a Fundaj é responsável por difundir e preservar a arte audiovisual em suas duas salas de cinema (campis Casa Forte e Derby) e por meio da Cinemateca Pernambucana. Durante este período de fechamento dos seus espaços, a direção do Cinema da Fundação continuou com exibições de filmes, documentários e palestras por meio de seus canais digitais. Além da opção de encontrar, na internet, serviços gratuitos como esse, o público apreciador da arte audiovisual tem apostado bastante na assinatura das plataformas de streaming. Entretanto, mesmo essas plataformas necessitam de constante renovação, com a inserção de novas produções recentemente realizadas. Assim, tendo em vista esses vários aspectos, o setor audiovisual é responsável por uma grande movimentação social, artística e econômica na sociedade. No debate, se buscará levantar perspectivas para os seguimentos do setor. Serviço: Os impactos da pandemia da Covid-19 na atividade de cinema no Brasil Mediador: Augusto Amorim, doutor em Sociologia, mestre em Comunicação e Cultura, jornalista, advogado e pesquisador do Centro de Estudos em Dinâmicas Sociais e Territoriais (Cedist) da Fundaj. Participantes: Lúcio Aguiar, mestre em Comunicação Social, bacharel em Ciências Econômicas, diretor, roteirista, pesquisador, produtor executivo, controller e assessor em leis de incentivo; Waldemar Dalenogare Neto, doutor em História, pesquisador na área de política e cinema, crítico cinematográfico e consultor de distribuidoras brasileiras; Mikael de Albuquerque, mestre em Escrita Dramática, bacharel em Cinema e roteirista. Data: 28 de agosto Hora: 10h Plataforma: canal da Fundaj no YouTube

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Placas do Prá Vocês doadas à Fundação

Pina, 1938. Ao longo de 82 anos, o bar e restaurante Prá Vocês foi palco de inúmeras transformações sociais do Recife. Por lá, passaram figuras ilustres da capital pernambucana, a exemplo de Fernando Freyre (1943—2005), ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e filho do sociólogo Gilberto Freyre, e o saudoso frevista Capiba (1904—1997). Nomes imortalizados nas paredes do estabelecimento de Severino Reis — o Pivete, para clientes e amigos. Com o fechamento neste ano, as 332 placas que homenageiam personalidades que vão de Ricardo Fiúza a Hebe Camargo serão doadas para a Instituição pernambucana, nesta terça (25), às 10h. A escolha da Fundação Joaquim Nabuco para a doação foi acertada entre Luiz Felipe e João Alberto, pelo trabalho de proteção e conservação de acervo e se tratar de uma Instituição que preserva a memória e valoriza o patrimônio artístico, histórico e cultural brasileiro. “É com orgulho que recebemos esse patrimônio da cidade do Recife. As placas denominativas marcam a importância deste reduto, no Pina, para a sociedade do Século 20 e evidencia o grande desejo do homem: ser imortal. Essa Casa compreende o respeito que presta aos que foram, mas aqui continuam, e, por sua vez, assegura que os que virão não esqueçam da ‘cidade imaginária’ e dos que nela habitaram.” “O lugar vinha ‘embolado’ financeiramente e fechou em fevereiro”, explica o jornalista Luiz Felipe Moura, responsável pela transferência das placas do espaço gastronômico para o Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra), da Fundaj. Idealizada há 42 anos pelo jornalista Augusto Boudoux, a coleção surgiu como possibilidade para ampliar o faturamento do lugar. “Ele tinha voltado de Paris e contou que viu as placas de madeira em botequins da capital francesa, o quanto as pessoas comentavam a respeito. Em um almoço foi decidido que a alternativa seria adotada para salvar o restaurante”, recorda Luiz Felipe. Uma ideia simples, aparentemente. Mas bastante criteriosa. Há cada dois meses um colegiado formado por cinco amigos — mais tarde, nove — indicaria alguém à homenagem. “O aval só era dado após a aprovação da comissão julgadora. Cada placa leva uma homenagem a uma pessoa ilustre, transformada em uma rua ou praça: uma cidade imaginária”, explica, ao reclamar que caso alguém não concordasse com a sugestão, a possibilidade era automaticamente descartada. Com o apogeu, as homenagens saltaram de bimestral a mensal, depois quinzenal. A primeira placa foi confeccionada, em 1978, com o nome ao empresário George Permann. George, aliás, foi o grande responsável pela iniciativa. A ideia foi assinada por Boudoux, mas o desejo de ajudar Pivete a manter seu negócio era dele. Outro grande responsável foi o colunista social João Alberto. Luiz Felipe Moura ingressaria mais tarde. Entretanto, todos colaboraram na criação dos objetos denominativos que conferiam certo status. “Teve homenagem de ‘tá’ mil pessoas na rua. Um detalhe interessante é de que era o homenageado quem pagava tudo. Arranjávamos apenas whisky Teacher e cerveja Brahma”, celebra o jornalista, que, em seguida retruca. “Não adiantava vir com dinheiro, só homenageávamos quem merecesse”, adverte.

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Prefeitura do Recife retoma Sistema de Incentivo à Cultura

Depois de ter seu calendário interrompido pela pandemia, o Sistema de Incentivo à Cultura (SIC) terá tratativas retomadas pela Prefeitura do Recife neste mês de agosto, para assegurar fôlego e voz aos artistas e manifestações artísticas, que representam uma das cadeias produtivas mais impactadas pelo distanciamento social. Ao todo, o SIC destinará R$ 5,6 milhões para fomentar a produção artística, em suas mais variadas linguagens e desdobramentos. A partir do próximo dia 24, a seleção dos projetos inscritos será iniciada, com previsão de divulgação dos resultados em outubro. Ao todo, serão injetados R$ 5,6 milhões para fomentar a produção artística, com foco em música, artes cênicas, audiovisual, fotografia, literatura, artes visuais, artesanato, cultura popular e patrimônio artístico e cultural Depois de ter seu calendário interrompido pela pandemia, o Sistema de Incentivo à Cultura (SIC) terá tratativas retomadas pela Prefeitura do Recife neste mês de agosto, para assegurar fôlego e voz aos artistas e manifestações artísticas, que representam uma das cadeias produtivas mais impactadas pelo distanciamento social. Ao todo, o SIC destinará R$ 5,6 milhões para fomentar a produção artística, em suas mais variadas linguagens e desdobramentos. A partir do próximo dia 24 de agosto, a Comissão Deliberativa do SIC, formada por representantes do poder municipal, da secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura, e por representantes do Conselho Municipal de Cultura, analisará os mais de 200 projetos válidos inscritos, com foco em música, artes cênicas, audiovisual, fotografia, literatura, artes visuais, artesanato, cultura popular e patrimônio artístico e cultural. O resultado da seleção será anunciado no próximo dia 3 de outubro. Outra mudança implementada em função da pandemia será a ampliação do prazo para execução dos projetos, que passará a ser de um ano, a contar da data de assinatura de cada contrato. “Entendemos que o desafiador contexto histórico que estamos vivendo dificulta o trabalho dos artistas, da captação à execução dos projetos. Mas é justamente para que possamos superar este momento tão duro com a ajuda da arte e de mãos dadas com os artistas que estamos retomando o SIC, mesmo diante do maior desafio de saúde, fiscal e de todas as ordens que os poderes públicos de todo o mundo tiveram que enfrentar na história recente da humanidade”, diz Diego Rocha, presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife. Inscritos - O Mecenato, que prevê a captação dos artistas junto à iniciativa privada após a aprovação dos projetos, foi o mecanismo que registrou maior procura, totalizando 127 inscrições válidas. Audiovisual e a Música foram as linguagens que concentraram a maior parte da demanda, com 35 projetos inscritos em cada. Artes Cênicas ficaram em terceiro lugar, com 26 projetos. O Fundo de Incentivo à Cultura, que contará com investimento direto do poder municipal, contabilizou 78 inscrições. Novamente Música e Cultura Popular foram as linguagens que registraram mais inscritos, com 24 e 23 projetos, respectivamente. Audiovisual e Artes Cênicas tiveram a terceira e a quarta maiores demandas, tendo registrado 14 e 11 projetos inscritos. MECENATO DE INCENTIVO À CULTURA Para o mecenato, os valores por linguagens são: AUDIOVISUAL: R$ 700.000,00 MÚSICA: R$ 200.000,00 TEATRO: R$ 200.000,00 DANÇA: R$ 150.000,00 CIRCO: R$ 100.000,00 CULTURA POPULAR: R$ 200.000,00 PATRIMÔNIO: R$ 150.000,00 FOTOGRAFIA: R$ 100.000,00 LITERATURA: R$ 100.000,00 ARTES VISUAIS: R$ 100.000,00 ARTESANATO: R$ 100.000,00 FUNDO DE INCENTIVO À CULTURA Os R$ 3,5 milhões que serão dedicados a eventos e projetos culturais promovidos pela sociedade civil serão assim distribuídos entre os diferentes mercados e manifestações: AUDIOVISUAL: R$ 500.000,00 MÚSICA: R$ 960.000,00 ARTES CÊNICAS: R$ 1.070.000,00 FOTOGRAFIA: R$ 50.000,00 CULTURA POPULAR: R$ 820.000,00 ARTESANATO: R$ 100.00,00

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Fernando Albuquerque lança livro de poesias

Mesmo diante do cenário de restrições gerado pandemia do novo coronavírus (Covid-19) ou mesmo as proposições acerca da taxação dos livros encarados erroneamente pelo Governo Federal como “artigo de luxo”, a editora pernambucana Castanha Mecânica realiza lançamento de novos livros. Está em pré-venda,  o livro “Apaguei a playlist/ comecei a dançar”, que reúne poesias do autor e jornalista pernambucano Fernando de Albuquerque. Com 96 páginas, ilustrações do baiano Márcio Junqueira, edição e design de Fred Caju, o título reúne 13 poemas de tom memorialístico e recebeu menção honrosa no Edital de Chamamento Público, divulgado em dezembro de 2019 pela editora Castanha Mecânica. “Eu pensei em publicar apenas um livro com o edital. No entanto me deparei com três obras instigantes. A de Fernando de Albuquerque me tocou por sua sensibilidade e por ser contextualizada num universo pop contemporâneo com um tom que não dissolve a identidade do autor entre as referências que o livro traz. Estava diante de um livro que precisava publicar”, disse o editor da Castanha Mecânica Fred Caju. A música é o fio condutor que costura a relação do eu lírico construído pelo autor com os 13 personagens que dão título a cada um dos poemas em “Apaguei a playlist/ comecei a dançar”. Relações que envolvem perda, amizade, paixão, sexo e carinho são explorados nos poemas que tem forte viés narrativo, dicção coloquial, recriação da vida cotidiana e opção pelo verso livre. “Para a composição do livro criei um eu lírico que, diante de uma situação limite, começa a realizar um inventário das diversas relações que marcaram sua existência até aquele ponto. Ele começa a avaliar a forma como lidou com essas relações, os sentimentos e as lições guardadas”, disse o autor. Os poemas são povoados por personagens bem realizados, ora com o mínimo de traços, como em “Renato” ou em “O chinês”. No primeiro, um conjunto de inflexões sobre a categoria dos “advérbios” na gramática funciona enquanto pano de fundo para, com muita ironia, o autor relativizar amores furtivos e casos de uma única noite. No segundo, uma série de imagens poéticas sobre cidades e locais como Nova Iorque, Istambul, Pretória e o Atol de Bikini enumeram as condições para o que os idealistas indicam como “amor à primeira vista”. Além das referências musicais inseridas não só nas epígrafes como nos versos, a ironia e a melancolia são polos que vão definindo as composições, nunca como opostos, mas trabalhando para modular as zonas claras e escuras consolidadas na lírica contemporânea. Em “Ismael”, o autor reúne uma série de referências sobre as vivências da infância, a descoberta da sexualidade, o assédio tão comum, quanto criminoso, de adultos, e a primeira paixão. Ou mesmo quando no texto “Thiago” fica latente a necessidade da perda para a reconstrução da própria identidade. “Esse livro é, antes de tudo, um convite para nos despirmos daquilo que se acumulou em nossa consciência e nas nossas rugas. A experiência é o nosso trunfo, a tábua de salvação contra os erros e contra a inoperância de certas condutas. Mas ela não pode, jamais, ser o peso que nos impede de continuar e de nos reinventarmos. Não pode ser responsável pela continuidade e insistência no erro. Assim, o eu lírico criado viaja de forma profunda pelo seu catálogo de bons e maus encontros para logo depois se entregar à catarse”, disse o autor. Editora - A Castanha Mecânica surgiu em 2011 editando e-books livres numa plataforma gratuita. Após dois anos de atividades, passamos a incluir livros digitais também em copyright. E em 2016 foi a vez de inserirmos os analógicos em nosso acervo. Para o livro físico, pensamos em projetos gráficos que interferem na obra como elemento narrativo e provoquem experiências sensoriais e sinestésicas nos leitores. Acreditamos muito no livro como um vetor de transmissão de afeto e como uma arma de luta, por isso, na artesania das nossas edições, buscamos potencializar e reutilizar ao máximo os recursos empreendidos. Esse aceno para o livro de papel, porém, não nos fez recuar com nossa resistência em manter o e-book a um preço acessível. São dois formatos que manteremos coexistindo em nosso catálogo. A travessia nos livros em copyleft nos fez optar por diagramar utilizando apenas softwares livres e tipografias em domínio público ou doadas por seus autores. Apaguei a playlist/ comecei a dançar Editora Castanha Mecânica Fernando de Albuquerque R$ 50 Link: https://pag.ae/7WhXg1o2K

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Uma análise robusta sobre a obra de João Cabral

Neste ano do centenário do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) lança "João Cabral de ponta a ponta". Trata-se de uma edição revisada e enriquecida com material inédito, onde estão reunidos estudos dedicados a toda a obra publicada pelo poeta pernambucano, realizados pelo escritor, professor de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Letras, Antonio Carlos Secchin. O autor passou mais de 35 anos debruçado sobre as escritas cabralinas. No título de 598 páginas o leitor descobre um ensaio sobre Cabral e Carlos Drummond de Andrade; uma importante entrevista de Cabral concedida a Secchin em 1980; a última palestra do poeta em ambiente acadêmico (na Faculdade de Letras da UFRJ, em 1993); e valiosas imagens com reprodução de dedicatórias importantes e de capas raríssimas de obras do autor. O livro conta ainda com todo o material analítico dos 20 títulos de João Cabral, expostos cronologicamente de acordo com as datas das publicações. Sem falar nos cinco ensaios sobre temas transversais da poesia do autor e de suas relações com outros escritores. Este último material de pesquisa foi publicado em 2014, pela extinta Cosac Naify, sob o título João Cabral: uma faca só lâmina. A obra será lançada dia 26 de agosto, às 17h30, em uma live no canal da Cepe no You Tube, com a participação de Secchin mediada pelo editor do Suplemento Pernambuco (Cepe), Schneider Carpeggiani. Na ocasião o autor pretende falar da concepção do livro, desde as versões iniciais, publicadas em 1985 e 1999, passando pela de 2014, até chegar à forma definitiva, pela Cepe. Inicialmente os livros estarão disponíveis apenas em formato e-book. A impressão está condicionada ao retorno das atividades presenciais da gráfica da empresa pública. “É um orgulho publicar, dentro da programação do centenário de João Cabral de Melo Neto, uma obra que se dedica aos meandros da sua poesia, do primeiro ao último livro. João Cabral de ponta a ponta é a versão ampliada e consolidada das pesquisas de Secchin sobre o poeta; parte do trabalho de uma vida dedicada à literatura. É uma edição para conhecer a poesia cabralina em profundidade, pois o autor traz leituras essenciais da produção tardia de João Cabral, pouco lembrada pela crítica. Na edição da Cepe Editora, temos ainda material inédito, com um novo ensaio, uma entrevista, um depoimento e imagens de exemplares raros colecionados por Secchin. Além de tudo isso, o ensaísta consegue mostrar como ninguém, ao longo do volume, a vitalidade e novidade do poeta pernambucano para os leitores atuais”, resume o editor da Cepe, Diogo Guedes. "Uma vez que Cabral dizia apreciar meu trabalho crítico sobre sua poesia, gostaria de que quem gosta da obra cabralina pudesse conhecer o que sobre ela escrevi, o que agora será possível graças à publicação da Cepe. Mas antes, ou paralelamente a isso, o fundamental é ler a própria obra dele", sugere Secchin. O livro propõe, segundo Secchin, “uma leitura que não privilegie em particular qualquer corrente teórica que se ocupe do discurso poético. Por causa da multiplicidade de direções que o poeta imprimiu à sua obra”, diz Secchin na introdução do livro. Estudioso de vários autores, Secchin admite que enfatizou as pesquisas em João Cabral pela sintonia que se criou entre o escritor e o que ele, como leitor, valorizava: poemas de alto teor criativo simultaneamente claros e complexos. “O poema apenas ‘claro’, muitas vezes, tende a ser ingênuo ou panfletário. E me agrada percorrer a teia de seus versos para constatar que nela o ‘complexo’ jamais se transforma no ‘confuso’”. João Cabral é apontado como concretista, modernista, poeta marginal, integrante da geração de 45... O fato é que percorreu diversos movimentos artísticos, o que o torna atemporal. "Transitar entre vários movimentos artísticos é não congelar no tempo. Autores que respondem canonicamente à demanda de suas épocas correm o risco de desaparecerem com elas, por não terem injetado em seus textos um suplemento de sentido que os capacitasse a suportar demandas vindouras", defende Secchin. No início dos escritos do poeta, em 1938, João Cabral sofre influência do intelectual Willy Lewin, que o apresenta ao surrealismo, estilo que apareceu em seus primeiros trabalhos como forte característica, para logo desaparecer sem deixar rastros, e ser repudiado veementemente pelo autor. Essa fase surrealista e onírica é bem presente em Pedra do sono (1942), seu livro de estreia. “O surrealismo só esteve presente nas produções iniciais do poeta. Logo a seguir, já em 1945, em O engenheiro, ele começa a se libertar da influência surrealista, situando-se resolutamente contra o idealismo de ‘mistérios’ e de ‘essências’ na poesia, em prol de uma arte solar”. A morte está sempre ali, mas nunca é sombria. “É ao ar livre, ou então temperada ou relativizada pelo humor, embora ácido”. Nos detalhados estudos críticos, há espaço também para comentários de outros críticos sobre os livros de João Cabral. Tanto sobre o que os críticos mais falam quanto sobre o que eles preferem ignorar. Poucos críticos destacavam, por exemplo, o caráter de humor de suas poesias, como o próprio João Cabral observava, segundo Secchin. “Um humor cortante, quase agressivo, eu acrescentaria, bem típico de quem maneja uma faca só lâmina”. Título de um dos livros de João Cabral, Uma faca só lâmina (1955) é obra de mais de 300 versos hexassílabos. Outros livros ignorados pela crítica são A escola das facas (1980) , O Auto do frade (1984) e Agrestes (1985). "Considero que muitos se dão satisfeitos com a digamos, fase um de Cabral, que se encerra em 1968: ele entra na Academia Brasileira de Letras e publica, com grande sucesso de público e de crítica, sua Poesias completas . Quando retorna ao verso, em 1975, o contexto cultural já é outro, o da 'poesia marginal', e ele fica numa espécie de limbo, um poeta-'monumento' que pouco teria de novo a dizer. Mas não foi o que ocorreu”. Averso ao poema lírico, Cabral se autodenominava antilirista. "Minha poesia é intelectual, em alguns livros,

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