Arquivos Cultura E História - Página 187 De 376 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Cultura e história

Adeus a Moraes Moreira, um baiano de Pernambuco

Por Yuri Euzébio Nessa altura do campeonato todo brasileiro vivo deve saber que morreu na última segunda-feira (13/04) um dos gênios da Música Popular Brasileira, Moraes Moreira, e não podia tratar de outro assunto essa semana. O baiano ficou conhecido após formar o conjunto Novos Baianos ao lado de Luiz Galvão, Paulinho Boca de Cantor, Pepeu Gomes e Baby do Brasil (Baby Consuelo na época). Após a estreia em 1970 com “É Ferro na Boneca”, um bom disco de rock, mas a grande obra do grupo seria o segundo disco “Acabou Chorare” de 1972, O trabalho congregava samba, rock, bossa nova, frevo, choro e baião e representou a modernidade, um novo passo na música brasileira. Já é célebre a história da visita de João Gilberto, o pai da bossa-nova, ao apartamento que o conjunto dividia no Rio de Janeiro e como ele mudou a história da banda. Reconhecido como clássico e como um dos melhores, senão o melhor, álbum de música pop brasileira, o cd foi redescoberto nos anos 90 e depois nos anos 2010 e influenciou um sem número de jovens que, assim como eu, se encantaram com aquela mistura genuinamente brasileira. Moraes entrou cedo na minha vida, tenho um tio que é fissurado pelo cantor e passava o dia ouvindo ou cantarolando suas músicas, foi ele que, após me apresentar os Novos Baianos, me introduziu também a bem-sucedida obra solo do artista baiano, isso mesmo, engana-se quem pensa que o cantor ficou marcado apenas pela trajetória com o grupo. Não consigo mensurar quantas vezes ouvi clássicos como “Chão da Praça”, “Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira”, “Pombo Correio”, “Sempre Cantando” e outras. Recentemente fomos juntos, eu e o meu tio, pra um show dos Novos Baianos aqui e ele estava lá com seu violão a mesma força e potência no palco de sempre. Moraes Moreira conseguia reunir ritmos diferentes e enfeitá-los com uma brasilidade própria e um jeito único e ritmado de tocar o violão. Era um representante legítimo do Nordeste e tinha uma relação singular com o carnaval, foi um dos artistas que melhor representou a folia de momo. Mudou completamente o carnaval baiano ao ser o primeiro cantor de trio elétrico, participando ao lado de Dodô e Osmar no carro que até então só se prestava a música instrumental, já pensou como seria a festa baiana hoje sem a ousadia de Moraes Moreira? Tinha uma relação especial com Pernambuco, sempre guardava espaço para um frevo nos compactos que gravava e foi um dos poucos de fora do Estado a participar do carnaval daqui e não parecer um intruso, absorvia a energia da festa se juntando aos foliões. Foi com muita tristeza que recebi a notícia de seu falecimento, Moraes Moreira partiu cedo e deixou uma legião de fãs famosos e anônimos órfãos de sua ginga e da sua música. Meu tio me ligou aos prantos afirmando que nunca mais vamos ter outro igual a Moraes e tem certa razão no seu pranto. Eu mesmo demorei um pouco pra absorver tudo e consegui escrever aqui uma singela homenagem. Ainda estou digerindo tudo isso. A música pernambucana e brasileira devem muito a ele e eu também, fica aqui o agradecimento e o reconhecimento da sua importância. A saudade é enorme, mas a música ajuda a diminuir.

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Vivo Brincar traz dicas para dia a dia com crianças em casa

A Vivo, por meio da plataforma Vivo Brincar, está reunindo em seu hub de conteúdo algumas ideias para que os pais que podem ficar em casa consigam brincar e passar mais tempo com seus filhos de forma lúdica e leve. Além disso, a marca também propõe um equilíbrio no uso da conexão, mesmo ela sendo tão essencial nesse momento. A plataforma foi adaptada com conteúdo e atividades que possam ser feitos dentro de qualquer residência. A personagem Violeta também está no hub dando dicas legais de brincadeiras que estimulam a criatividade dos pequenos junto com seus familiares. Além disso, a parceria entre a Vivo e o perfil "Tempo Juntos", especializado em incentivar pais e educadores a brincarem com as crianças, traz alguns vídeos com ideias simples de interação com as crianças, desde propostas de como tornar a hora do almoço ou jantar um momento de trocar de ideias e interagir, brincadeiras para a hora de dormir e até dicas para quem tem dificuldade em brincar por longos períodos com as crianças. Confira todos os vídeos e atividades do Vivo Brincar disponíveis em www.vivobrincar.com.br.

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8 hospitais do Recife Antigamente

Em meio ao período de enfrentamento ao novo coronavírus, a rede de saúde pública e privada se tornaram protagonistas dessa guerra que o mundo e que Pernambuco estão enfrentando. Em homenagens a essas instituições que estão na linha de frente da recuperação de pacientes, a coluna Pernambuco Antigamente publica hoje uma seleção de fotos de grandes hospitais do Recife no século passado. Confira! Clique nas fotos para ampliar. . Hospital Português, em 1905 (Fundaj) . Hospital da Restauração, em 1967 (Biblioteca do IBGE) Inaugurado como Hospital de Pronto Socorro em 1967, somente em 31 de dezembro 1969, foi reinaugurado como Hospital da Restauração . Hospital Pedro II, atualmente integra o Imip (Site do Imip) Foi inaugurado em 10 de março de 1861, com projeto de José Mamede Alves Ferreira. . Hospital Jayme da Fonte, em 1955 e em 1980 . . . Hospital Getúlio Vargas, em 1953 (Correio da Manhã) . Hospital Centenário do Recife - Hospital dos Servidores do Estado Pernambuco (Página Recife de Antigamente - Getty Imagens) Localizado na Avenida Conselheiro Rosa e Silva, Espinheiro Recife em 1940. . Instituto de Olhos do Recife (IOR) Na foto, a antiga sede do IOR, que foi fundado em 1968 e está completando 52 anos neste mês de abril.  . Hospital Santa Agueda, em 1920 (Villa Digital) Descrição da foto  indica que é a atual Rua Arbonio Marques e Hospital Osvaldo Cruz . *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com | rafaeldantas.pe@gmail.com)

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Conheça o criador da página Recife de Antigamente

Se você gosta de apreciar fotos de décadas passadas da capital pernambucana e desfrutar de um certo saudosismo, provavelmente já se deparou e interagiu com as postagens da página Recife Antigamente. Inicialmente no Facebook, o espaço virtual dedicado à memória da cidade também chegou ao Instagram. Entrevistamos virtualmente o criador desse canal digital, Wilton Carvalho Filho. No Facebook a página tem mais de 162 mil seguidores. No Instagram, que a entrada do perfil do Recife Antigamente é bem recente, já são mais de 16 mil internautas seguindo as postagens. "As fotografias e elementos iconográficos publicados na página Recife de Antigamente são aglutinadores de experiências pessoais porque, nas variadas imagens, se enxergam vivências cotidianas com as quais conferimos aos espaços a ideia de lugar e, enquanto indivíduos, construímos a sensação de fazer parte de um grupo. Expressar-se sobre tais vivências, a partir de experiências particulares, é uma força de coesão social. O crescimento do número de participantes do grupo é um indício desta potência. Se, na criação dos álbuns de família e nas caixas de sapato com recordações, a fotografia e outros objetos guardados podem ser vistos por outra perspectiva com o passar do tempo e por diferentes pessoas, porque não seria feito nas redes sociais? Por seus elementos constituintes, a página Recife de Antigamente se assemelha mais a uma caixa de recordações do que a um álbum tradicional, ainda que neste, muitas vezes, sejam colocadas informações em legendas ou guardados recortes de jornal, por exemplo", afirmou Maria Eugênia Bezerra Alves, na conclusão da pesquisa de mestrado em comunicação sobre a Página Recife de Antigamente. Confira a entrevista!  Quando começou o Recife Antigamente? Como surgiu a ideia? WILTON CARVALHO - A página foi criada no final de 2012 com a intenção de compartilhar algumas fotos que eu tinha na minha coleção. A ideia surgiu quando um amigo viu algumas fotos antigas do Recife no meu perfil pessoal do Facebook. Ele achou interessante e sugeriu que eu criasse uma página para que outras pessoas pudessem ter acesso a essas fotos. Como é a sua relação com a história do Recife? Você sempre teve interesse no tema? WILTON CARVALHO - Sou cearense. Nasci em Fortaleza em 1972, mas vim morar no Recife com 8 anos. Na adolescência comecei a admirar as pontes, os prédios históricos, sobrados, o Rio Capibaribe e ruas. Comecei a frequentar museus e livrarias em busca de conhecer um pouco mais a história do Recife. Com o surgimento da Internet comecei a acessar sites e blogs que postavam fotos antigas do Recife e assim fui aprendendo e colecionando as fotos. A página é um sucesso, com alto engajamento dos seguidores. Quando você percebeu que a iniciativa de criar a página tinha tomado uma grande proporção? WILTON CARVALHO - Logo nas primeiras postagens, ainda em 2012, percebi que muitas pessoas ficavam admiradas com as fotos antigas do Recife e foram curtindo e compartilhando as fotos da página. No ano seguinte, em 2013, fui convidado para participar da Bienal do Livro, no estande da Editora Novo Estilo, para dar palestras sobre a história do Recife. Fiz alguns vídeos com fotos antigas que ficavam passando em um telão atraindo muitas pessoas para o estande e muitas delas já eram seguidoras da página. Foi aí que percebi que a página já estava fazendo um certo "sucesso" no Facebook. Que desdobramentos a criação da página trouxe para você?  WILTON CARVALHO - Conheci muitas pessoas através da página. Admiradores do Recife, colaboradores, historiadores e jornalistas. Participamos de diversos eventos e também já promovemos palestras e passeios. Um deles foi o Projeto Recife de Antigamente - Histórias e Memórias, idealizado por Rosa Bezerra, que eram encontros em livrarias e praças para compartilharmos histórias vividas no Recife. . . Já promovemos diversos passeios e palestras com historiadores, entre eles Carlos Bezerra Cavalcanti, autor do livro "O Recife e seus bairros" e "O Recife é suas ruas", participamos de passeios de catamarã com o Projeto Navegando em Poesias e também de ciclos de palestras na Livraria Jaqueira no Projeto Conversando Perto de Casa, ambos criação de Taciana Valença. No ano de 2015 a página Recife de antigamente foi tema de carnaval do Bloco Lírico O Bonde. . . Já participamos de entrevistas para jornais do Recife, como Folha de PE, Jornal do Commercio e Diario de Pernambuco e a página também já foi tema de tese de mestrado do curso de Comunicação na UFPE. (Clique abaixo e confira a pesquisa de Mestrado sobre a Página Recife Antigamente) Maria Eugênia Bezerra Alves Recife de Antigamente representações da cidade e a memória coletiva   . Como é a operação da atualização dos canais do Recife Antigamente no Facebook e Instagram? WILTON CARVALHO - A página é composta de um administrador que sou eu e três editores que ajudam com as postagens e pesquisa: Tulio Couceiro, Felipe Alves e Fernando Silva. Não temos um cronograma específico para postagem, cada editor tem a liberdade de postar o que desejar, só com a exigência de não perder o foco da página que é fotos antigas do Recife e do Grande Recife e nada mais. Quando existe uma data comemorativa no Recife, como exemplo, a festa do Morro da Conceição, procuramos postar algo que tem a ver com a data comemorativa. Também podemos postar sobre pessoas importantes ou que fizeram parte da história do Recife, como exemplo, Clarisse Lispector. . Quais os planos futuros que você tem para o Recife Antigamente? WILTON CARVALHO - O nosso maior objetivo é continuar sendo uma página com foco nas fotos antigas relacionadas com o Recife, mantendo a imparcialidade em diversos temas. Queremos continuar sendo uma página cujo objetivo é emocionar as pessoas com suas memórias em cada foto postada. . Wilton Carvalho também já postou alguns vídeos no seu canal pessoal do Youtube. Confira abaixo algumas produções. .   . . *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais e publica semanalmente a coluna Pernambuco Antigamente (rafael@algomais.com | rafaeldantas.pe@gmail.com)

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Crítica Literária: As deliciosas torturas de amor

*Paulo Caldas Uma ideia original atiçou a iniciativa do escritor Bruno Gaudêncio, mais um arguto "galo de campina" (da espécie Bráulio Tavares, Jessier Quirino e Zé Teles), que dirige os periscópios de bons autores (alguns já consagrados) para a música, quem sabe a mais expressiva das manifestações artísticas. Torturas de amor, uma coletânea de contos produzidos pela editora Penalux (editoração eletrônica de Karina Tenório), foge do comum pois não contempla, digamos, os mestres, os virtuosos, mas o outro extremo. O conteúdo abriga composições de harmonias comuns, melodias sofríveis, nascidas de letras concebidas por apelos vulgares. Porém, nesse horizonte reside o paradoxo: não obstante reunir tantos elementos de qualidade discutível, o tema sentimental “brega” é celebrado por legiões de seguidores, gente da gente, amantes insaciáveis da cerva gelada, dos recantos junto às radiolas de ficha nas mesas de bares das periferias, palco consagrado para carpir desilusões. E dentre as joias de amores frustrados, Gaudêncio escolheu dentre outras, essas pérolas para o leitor. Os antológicos "Eu não sou cachorro não" e “Torturas de amor”, estrondosos hits do também antológico Waldick Soriano; "Garçom” de Reginaldo Rossi; “Fuscão Preto” de Almir Rogério; “Se o meu amor não chegar (Eu hoje quebro essa mesa)” de Carlos André; o enfático “Você é doida demais”, de Lindomar Castilho e “Eu vou tirar você desse lugar”, que projetou o cantor Odair José para o universo sentimentalóide da MPB. O livro pode ser encontrado no site https:www.editorapenalux.com.br./loja/torturas-de-amor *Paulo Caldas é escritor

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HQ da Cepe entre as top 10 de 2020

A Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) emplaca uma HQ em prêmio especializado no segmento. O obscuro fichário dos artistas mundanos - roteirizado por Clarice Hoffmann e Abel Alencar e ilustrado pelos artistas Maurício Castro, Paulo do Amparo, Greg e Clara Moreira - ficou na lista dos dez melhores quadrinhos, segundo o Prêmio Grampo 2020, conferido por jornalistas e críticos especializados no segmento literário. Lançada em 2019, a obra inaugurou o selo Cepe HQ e fez da editora pública a primeira pernambucana especializada em quadrinhos. “Estamos radiantes com a notícia. É incrível ficar entre os dez melhores quadrinhos, estrangeiros e nacionais, lançados no Brasil ano passado. Acho que o prêmio é o reconhecimento a um trabalho feito com muito cuidado, muito amor. Um trabalho motivado especialmente pela paixão aos personagens, nossos resistentes artistas, e pelo desejo de contar um pouquinho da história de luta dos artistas deste país”, declara Clarice, que já pensa em editar outros trabalhos com a mesma linguagem. “Esse foi meu primeiro trabalho. Espero fazer muitos outros”. O editor da Cepe, Diogo Guedes, enxerga com alegria o reconhecimento e a circulação de um dos primeiros trabalhos do selo Cepe HQ no mercado editorial. “O obscuro fichário dos artistas mundanos é uma obra forte porque sabe extrair do passado, dos documentos que demonstram a perseguição a artistas e estrangeiros na ditadura de Vargas, as resistências e aprendizados necessários para o presente”, opina Diogo. O jornalista e crítico de quadrinhos Paulo Floro, editor do site O grito!, que participou da votação do prêmio, acha que o reconhecimento corrobora o bom momento que vive o quadrinho atual em Pernambuco. “Fazer parte das dez melhores obras lançadas no ano passado, em um período de um mercado editorial com tantos lançamentos, é um feito e tanto”, constata Paulo, acrescentando a característica inovadora da obra como relevante na inclusão do prêmio. “É um livro inovador dentro da linguagem das histórias em quadrinho ao trazer uma abordagem experimental para o meio ao mesmo tempo em que traz novos olhares para a história do Brasil” completa o crítico. A OBRA – A publicação é inspirada no projeto de pesquisa O obscuro fichário dos artistas mundanos, realizado entre os anos de 2014 e 2017. Os resultados do projeto de pesquisa, que inspirou a obra, estão no endereço eletrônico obscurofichario.com.br. São indícios da vida de mulheres e homens, brasileiros e estrangeiros, protagonistas de uma movimentação ocorrida no campo da arte e do entretenimento da cidade do Recife, entre as décadas de 1930 e 1950, que lançam luz sobre uma potente história cultural e política do estado e do país. Um mundo habitado por bailarinas acrobatas e sapateadores excêntricos, cantores de rádio e cossacos russos, pugilistas e ilusionistas, artistas teatrais e enciclopédicos. Para a polícia de Vargas todos que estivessem de alguma forma ligados à cena do entretenimento eram considerados artistas e, portanto, fichados com prontuário na Delegacia de Ordem Política e Social. Nesse rolo entravam prostitutas, pugilistas e até espaços suspeitos, por serem lugares onde havia muita rotatividade a exemplo de hotéis, pensões, teatros, cabarés, agremiações carnavalescas, vigiados pela polícia. O livro custa R$ 35 e está à venda na loja virtual da Cepe: https://www.cepe.com.br/lojacepe/.

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Cepe lança livro infantojuvenil

A paixão pela gramática e pelo que denominou de leões léxicos, inspirou o carioca Fred Bellintani a escrever A domadora de palíndromos, sua estreia na literatura infantojuvenil. A obra é um lançamento da Cepe Editora, e traz ilustrações da pernambucana Hallina Beltrão. O autor brinca com o desafio de encontrar sentido em palavras e frases escritas de trás para frente, como radar, Roma ou arara rara. Revela-se na determinação da personagem, cujo nome é palíndrômico, anunciado ao final da história, que começa com o clássico Era uma vez. A formação musical de Bellintani, associada à sua habilidade com as palavras, o fez optar por uma narrativa enriquecida pelas rimas. O recurso tornou o texto didático e lúdico ao mesmo tempo. Nele, o autor mostra como a heroína se diverte com ditados, caligrafia, interpretação de textos e o seu forte, que é soletrar palavras, até as mais complicadas. Quando começou a ficar entediada, a menina buscou outros desafios, aí passou a ler tudo de trás pra frente. O exercício virou passatempo. E assim tornou-se domadora de leões léxicos, conta o autor, que fez escolhas emotivas e autorreferentes na construção da história. Embora este seja seu primeiro livro, Bellintani diz que possui outros trabalhos. Todos engavetados, à espera de redenção. Confessa que só conseguiu lançar A domadora de palíndromos porque foi pressionado por prazos estabelecidos pela Cepe Editora. O doloroso exercício de afrouxar no perfeccionismo e libertar seus escritos encontra inspiração numa frase do escritor Nelson Rodrigues: “O trabalho deve ser abandonado, senão nunca vai terminar”. AUTOR Fred Bellintani Falcão nasceu no Rio de Janeiro, em 1968, filho de advogado pernambucano e professora mineira. Advogado formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é músico, jornalista pós-graduado na Universidade de São Paulo e publicitário. Atua há 20 anos como profissional de comunicação da Petrobras. Tem apresentado seus frevos inéditos nas Rodas de Frevo do maestro Spok. É pai de Pietro e Francesco, e bisneto de Leovigildo Júnior, escritor e poeta pernambucano. ILUSTRADORA Hallina Beltrão nasceu no Recife, em 1980. Graduada em Design pela Universidade Federal de Pernambuco, é mestra em Design Gráfico Editorial pela Elisava (Universitat Pompeu Fabra — Barcelona, Espanha) e especializada em Ilustração Criativa (Universitat Autònoma de Barcelona). Há 20 anos, atua como designer gráfica e ilustradora de diversos projetos gráficos editoriais e identidades visuais de festivais, livros, jornais, revistas, televisão e plataformas digitais no Brasil, na Espanha e na Itália. A domadora de palíndromos é o seu sétimo livro infantil. SERVIÇO Lançamento virtual de A domadora de palíndromos Data: 14 de abril, quando o livro estará disponivel na loja virtual da Cepe Editora (https://www.cepe.com.br/lojacepe/) e a partir do próximo dia 17 estará disponível nas principais plataformas digitais: Amazon, Apple, Google, Livraria Cultura, Saraiva, Kindle, Novo, Leve Preço: Livro impresso R$ 35,00, e-book R$ 11,50

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11 fotos da Semana Santa Antigamente

Neste período de Semana Santa, a coluna Pernambuco Antigamente faz uma seleção de imagens de alguns tradicionais templos católicos pernambucanos e também de algumas celebrações, como encenações da Paixão de Cristo e procissões típicas do período de Páscoa. Na pesquisa de fotos, encontramos algumas imagens de Dom Helder, da década de 60, do site Nação do Divino. Clique nas imagens para ampliar. 1. Igreja de Santa Cruz, no Recife - Representando as igrejas católicas, que reúnem milhares de fiéis anualmente durante a semana santa, resgatamos hoje uma imagem da Igreja de Santa Cruz. Construída no Bairro da Boa Vista, sendo concluída entre 1725 e 1732, o templo foi paróquia até 1793, ano em que o Santíssimo Sacramento foi transferido para a Igreja da Boa Vista, atual Igreja Matriz da Boa Vista. Mas, até 1920, no último domingo antes da Páscoa, saía a procissão do Encontro no Pátio da Santa Cruz, onde também eram realizadas as festas religiosas de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e de Nossa Senhora de Santana. (Foto e Nota da Biblioteca do IBGE) . 2. Igreja da Penha (Acervo Josebias Bandeira, Fundaj) . 3. Pátio do Terço (Acervo Josebias Bandeira / Fundaj) . . 4. Igreja do Divino Espírito Santo (Acervo Josebias Bandeira / Fundaj) . 5. Nova Jerusalém Antigamente (Divulgação da Paixão de Cristo) . 6. José Pimentel na Paixão de Cristo em 1978   7. Dom Helder Camara em Procissão, em Ponte dos Carvalho, em 1968 (Site Nação Divino) "Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife na época, era frequentador assíduo dos encontros de Penitência da Ponte, percorrendo também o percurso de pés descalços. No momento em que as duas procissões se encontravam, além do tradicional Sermão do Encontro (proferido por Dom Helder Câmara), eram apresentados os jograis (teatros) do Encontro de Penitência e Descida da Cruz, elaborados pelo Padre Geraldo Leite Bastos e o antropólogo José Maria Tavares", relatava o post A Semana Santa na Nação do Divino (III): Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor, do site Nação do Divino. . 8. Dom Helder Camara em Procissão, em Ponte dos Carvalho, em 1968 (Site Nação Divino) 9. Encenação do Jogral Encontro de Penitência, em Ponte dos Carvalho, em 1968 (Site Nação Divino) 10. Encenação da Paixão de Cristo, em Escada, em 1968 (Site Nação Divino) . 11. Procissão da Paixão de Cristo em Escada, em 1968 (Site Nação Divino) *Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com) . As fotos do site Nação Dividno são das pesquisas: BATISTA FILHO, Felix Galvão. Um retiro popular de 40 dias. Edições Paulinas. São Paulo, 1987. FONSECA, Joaquim. O canto novo da Nação do Divino - música ritual inculturada na experiência do padre Geraldo Leite Bastos e sua comunidade. Editora Paulinas. São Paulo, 2000.

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As lives da pandemia

Por Yuri Euzébio Recentemente escrevi aqui que uma boa dica para se distrair nesse isolamento social era acompanhar os shows que os artistas promoviam em suas casas, as famosas lives do instagram. Não imaginava, contudo, que rapidamente esse virasse a principal expressão de uma classe artística e que fosse causar tanta polêmica. As lives começaram de forma despretensiosa e simples, com os artistas em casa acompanhados de um violão filmadas do celular mesmo, sem microfone, cantando suas músicas numa proposta bem caseira e pessoal. De repente, e sobretudo no mundo Sertanejo, houve uma mudança de estilo. Gusttavo Lima acabou, sem intenção acredito, sendo o marco de um novo formato. Ao investir em uma transmissão elaborada de seu show com cinco horas de duração, câmeras profissionais e patrocínio incluso, o cantor puxou uma fila inesperada e elevou o patamar das lives, pelo menos no mundo sertanejo. Logo em sequência disso, outros artistas do mundo sertanejo fizeram suas próprias superproduções, algumas cercadas de polêmicas com o uso de uma grande equipe rompendo o isolamento social, e logo bateram o recorde imposto por Gusttavo Lima. Agora há uma expectativa do público quanto a novas produções desse estilo. Recebi por e-mail uma chamada para a live de Luan Santana no dia 26 de abril. Analisar o mundo sertanejo não é a intenção desse colunista que vos escreve, até porque o conhecimento é muito raso e superficial para qualquer discussão, não vou esconder que esse novo sertanejo que domina as rádios atuais não me apetece, embora reconheça a força e o poder de engajamento do meio. O ponto aqui é que ao mesmo tempo que os sertanejos podem ter descoberto uma nova tendência no mercado musical diante do cenário de pandemia, podem ter perdido a essência do que eram as lives e iniciado uma competição sobre números envolvidos. Importante deixar claro que em todos esse shows, levantaram-se fundos e doações para o combate ao Coronavírus e auxílio dos mais vulneráveis, há também a preocupação em ajudar quem está precisando nesse momento tão difícil. A Nação Zumbi publicou em seu perfil no instagram uma nota a respeito das lives, informando que são uma banda e que seria muito perigoso para os músicos e para a equipe técnica romper o protocolo de isolamento social para oferecer o que a banda tem de melhor. Outros artistas como o grande Zeca Pagodinho, não fazem live porque não sabem tocar e não tem ninguém para acompanha-los. Outros permanecem numa estrutura modesta, caseira, voz e violão como muitos daqui de Pernambuco. Toda a nova geração do Reverbo participou do Pernambuco.som, projeto da Tv Pernambuco que promove encontros de artistas pernambucanos com transmissão semanal no youtube e nos canais da Tv, outros como Juvenil Silva tão mandando brasa dentro de casa com participações por videoconferência. Enfim, opções não faltam por aqui. Acredito que as transmissões de shows dos artistas em casa são uma grande opção de entretenimento para esse momento em que vivemos, além de manterem a cultura viva. Ainda que em alguns casos tenha virado competição de acessos e com produção rebuscada, como no mundo sertanejo, servem para aproximar os artistas do público de forma natural e espontânea e ainda ajudam quem está precisando. Particularmente, só assisti duas lives nessa quarentena, de Rodrigo Amarante e de Tim Bernardes e ambas me deixaram muito satisfeito. O formato foi voz e violão, na sala de suas casas, e para mim basta isso. No fim das contas, o que importa é ouvir boa música. Então aproveitem a temporada de lives dos seus artistas preferidos, cada um dentro de sua casa e não esqueçam de lavar as mãos sempre que necessário. P.S - Mais uma dica do que fazer no isolamento, assistam o Roda Viva com Jorge Ben Jor de 1995 com direito a Chico Science no time de entrevistadores. É sempre bom ouvir as histórias do morador mais famoso do Copacabana Palace.

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A perda do que nunca tivemos

Tem um poema de Pablo Neruda que diz assim: “se cada dia cai dentro de cada noite, há um poço onde a claridade está presa. Há que pescar a luz caída com paciência”. O sol tem um efeito Neruda em mim. Os pensamentos fatalistas e a melancolia da noite fazem menos sentido de manhã. E de dia tem roupa na máquina, o varal tá pesado, o café tá frio. Quando mais nova, cansava meu pai perguntando a importância de fazer a cama. Se vai usá-la de noite, por que arrumá-la pela manhã? Defendia os pratos limpos não guardados, a cama pronta para mais tarde. Assim sobraria tempo para a vida. Ele fazia a retórica: “por que tomar banho se vai se sujar?”, “por que viver se vai morrer?”. É que a repetição é a ordem natural do mundo. A volta da Terra nela mesma. O sol, a lua. Acordar, dormir. Limpar, sujar. Viver, morrer. Limitados fisicamente, grita em nós o que há de mais mundano. A rotina tem um fim em si própria. Tia Angela, mãe de Isadora, disse que o tempo agora é medido em dias. Porque o futuro é algo deveras intangível. Os planos para mês que vem são ridículos. O vírus nos colocou diante do óbvio: nunca tivemos controle. A verdade é que toda pergunta que já sabemos a resposta é sempre falsa. Isabel Allende em “Paula” relata quando percebeu a grandeza do ato de beber de água, enquanto vivia o terror de cuidar de sua filha em coma: “O meu braço se levanta e pega o copo com a força e a velocidade exata. Bebo e sinto os movimentos da língua e dos lábios, o sabor fresco na boca. O líquido frio baixando na garganta. Nada disso pode fazer minha pobre filha”. Lembro dela quando ouso ser ingrata. Na medida do tempo diário, vivemos e morremos todo dia. A perda do que nunca tivemos - o futuro - nos causa medo. Aprendi, pois, que o oposto do medo não é coragem, é amor. Amor é olhar na cara do monstro bem pertinho. Reconhecê-lo em nós mesmos. Entendê-lo. A palavra monstro vem do latino monstrum, que significa “avisar, prevenir”. A criatura inventada por Mary Shelley em Frankenstein avisava aos mortais do perigo da ambição do homem. Quando o monstro entende que causa terror, lamenta: se não posso inspirar amor, causarei medo. A escritora alertou: "nada é mais dolorosa para a mente humana que uma grande e repentina surpresa”. A natureza, sem medo do amanhã, carece de pressa. Ela faz do caos sua fantasia, mas é, na verdade, a ordem esperando ser desvendada. Regina Gianetti observou uma lagarta que inventou de virar casulo na sua janela. A observadora desenhou cenários terríveis para sua inquilina. O vento vai derrubá-la. A faxineira, espaná-la. A chuva, matá-la. Enquanto preocupava-se, o casulo parecia inerte. Será que morreu? Eu matei? Algo ruim aconteceu? O devaneio durou semanas. Um dia, a danada virou borboleta. Invisível e incompreensível à percepção humana, a natureza ocupava-se do seu processo fantástico de transformação. Criou asas. Voou.  O perigo nunca foi o mundo, o amanhã, o vírus, mas a nossa ignorância sobre eles. O perigo é olharmos e não nos reconhecermos no monstro. A cada manhã, o mundo se recria. Quem sabe agora ele esteja se preparando para virar borboleta. E quando o pavor fizer morada, a roupa tá suja, o varal tá pesado, o café tá frio. Bebe um copo de água. O céu coloriu. Alaranjou. Vai cair mais uma vez dentro do poço. Agora, há que pescar a luz caída, enquanto enxergamos sentido nisso tudo, porque senão, pra que viver se vai morrer?

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