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Governo federal libera R$ 20,6 bilhões do Orçamento de 2025

Recursos antes bloqueados ajudarão a recompor áreas estratégicas e reduzir o déficit primário Com a manutenção parcial do decreto que eleva o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o governo federal anunciou a liberação de R$ 20,6 bilhões do Orçamento de 2025. A medida, detalhada no Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, representa um alívio sobre os R$ 31,3 bilhões que estavam congelados desde maio. Com isso, o volume de verbas contingenciadas caiu para R$ 10,6 bilhões — valor que, apesar da liberação, voltou a subir levemente após o bloqueio de R$ 100 milhões em despesas discricionárias para cumprir o novo arcabouço fiscal. A decisão foi amparada por uma revisão positiva nas estimativas de arrecadação federal. As receitas líquidas cresceram R$ 27,1 bilhões, enquanto as despesas aumentaram R$ 5 bilhões. Essa combinação reduziu a projeção de déficit primário de R$ 97 bilhões para R$ 74,1 bilhões — e, considerando apenas os gastos dentro do arcabouço fiscal, o rombo estimado caiu de R$ 51,7 bilhões para R$ 26,3 bilhões. O resultado primário, vale lembrar, é calculado antes do pagamento dos juros da dívida pública. Grande parte da elevação das receitas veio da expectativa de aumento nos royalties do petróleo, impulsionada por um projeto de lei que autoriza R$ 15 bilhões em novos leilões no pré-sal. Além disso, a Receita Federal revisou para cima as projeções de arrecadação com Imposto de Renda — com destaque para os ganhos com offshores, fundos exclusivos e a alta dos juros, que ampliou a retenção na fonte. O crescimento do emprego formal também ajudou, com acréscimo de R$ 1,8 bilhão em contribuições à Previdência Social. Em relação ao decreto do IOF, a estimativa de arrecadação foi reduzida de R$ 11,55 bilhões para R$ 8,6 bilhões, após suspensão parcial pelo Congresso e reavaliações do impacto efetivo da medida. Ainda assim, o ganho total de arrecadação permitiu ao governo evitar um congelamento mais severo — que, sem o ajuste, poderia ter alcançado R$ 51,8 bilhões, comprometendo o funcionamento de áreas essenciais da administração pública. A liberação dos recursos será detalhada no próximo dia 30, quando o governo publicará um novo decreto com os limites de empenho por órgão e ministério. A medida sinaliza um alívio para a execução orçamentária no segundo semestre, preservando áreas prioritárias como educação e saúde e permitindo maior previsibilidade na gestão fiscal.

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Pernambuco se consolida como polo logístico no Nordeste com expansão de galpões

Estado projeta crescimento de 15% no estoque logístico até 2026 e atrai investidores com infraestrutura, localização estratégica e avanço do e-commerce Pernambuco está se firmando como um dos principais polos logísticos do Nordeste, com previsão de crescimento superior a 15% no estoque de galpões logísticos até 2026. O avanço do e-commerce, a descentralização de operações do eixo Sul-Sudeste e os investimentos em infraestrutura rodoviária e portuária têm impulsionado o interesse de investidores nacionais e estrangeiros. Esse cenário promissor será um dos destaques da Multimodal Nordeste 2025, que acontece de 5 a 7 de agosto, no Recife Expo Center. Segundo Bruno Chaves, diretor da consultoria iGalpões, especializada em imóveis logísticos, “o futuro do segmento logístico no Nordeste é extremamente promissor”. Ele destaca a busca crescente de grandes operadores por alternativas fora dos centros tradicionais e o posicionamento estratégico de Pernambuco como porta de entrada para operações no Norte e Nordeste do país. A transformação do perfil de galpões logísticos também é um reflexo dessa nova realidade. A demanda deixou de ser exclusiva por grandes centros de distribuição e passou a incluir galpões menores, bem localizados e próximos aos centros urbanos. “Isso tem levado à valorização de espaços em regiões metropolitanas, como Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho, que concentram cerca de 80% do estoque Triple A do Estado”, explica Chaves. Em sua segunda edição, a Multimodal Nordeste reunirá mais de 100 marcas expositoras e deve atrair cerca de 10 mil visitantes. A feira será acompanhada por uma programação técnica com painéis, palestras e debates sobre temas como transformação digital, sustentabilidade e integração de modais logísticos. “A Multimodal Nordeste nasceu para conectar os elos da cadeia logística e mostrar o quanto o Nordeste está preparado para liderar uma nova fase de desenvolvimento do setor no Brasil”, afirma Tatiana Menezes, diretora do evento. Com entrada gratuita para profissionais do setor e ingressos a R$ 50 para o público geral, a feira reforça o protagonismo regional na agenda de negócios do setor logístico e oferece um panorama estratégico das oportunidades que emergem no Nordeste. SERVIÇO📍 Local: Recife Expo Center – Cais Santa Rita, 156📅 Data: 5 a 7 de agosto de 2025🎟 Ingressos: Gratuito para profissionais do setor / R$ 50 para o público geral🌐 Site: www.multimodalnordeste.com.br📱 Instagram: @feiramultimodalne

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Fenearte 2025 movimenta R$ 163 milhões e bate recorde de público em Pernambuco

Com mais de 340 mil visitantes, feira fortalece economia criativa e gera impacto social e ambiental positivo A 25ª edição da Fenearte — Feira Nacional de Negócios do Artesanato — alcançou marcas históricas, com circulação de 340 mil pessoas e uma movimentação financeira de R$ 163 milhões, consolidando-se como a maior feira do segmento na América Latina. Realizada de 9 a 20 de julho, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, a feira reuniu cerca de 5 mil artesãos em 700 espaços comerciais. A próxima edição já tem data marcada: 8 a 19 de julho de 2026. A pesquisa da Empetur revelou que 99,1% dos visitantes aprovaram o evento em 2025. A maioria afirmou que a feira superou suas expectativas, e 95,86% demonstraram interesse em retornar no próximo ano. Do lado dos expositores, 98,1% manifestaram intenção de participar novamente em 2026. "Em uma edição histórica, encerramos esta Fenearte com números que nos alegram e nos impulsionam a realizar uma feira maior e melhor a cada ano", afirmou Ana Luiza Ferreira, diretora-presidente da Adepe. A programação diversificada também foi destaque. Foram realizadas 168 oficinas de práticas artesanais, aulas de gastronomia com o tema “Casas de Farinha”, desfiles de moda, exposições temáticas e apresentações culturais com 78 atrações. Além disso, a feira promoveu acessibilidade com intérpretes de Libras e audiodescrição para 368 visitantes com deficiência, reafirmando o compromisso com a inclusão. A sustentabilidade também foi pauta prioritária. Durante os 12 dias de feira, 8,7 toneladas de materiais recicláveis foram triadas por mulheres da Cooperativa Ecovida Palha de Arroz, gerando mais de R$ 53 mil em renda para o grupo. A feira ainda recolheu 1,4 tonelada de resíduos orgânicos para compostagem. Essas ações evitaram a emissão de 28,9 toneladas de CO₂ — o equivalente à atuação de 202 árvores. “A Fenearte é a mais importante política pública para o artesanato e para a economia criativa, pela dimensão que tomou ao longo desses 25 anos, e que continua a reafirmar”, destacou Camila Bandeira, diretora-executiva da 25ª Fenearte e da Adepe. A feira também poderá ser visitada virtualmente pelo projeto Patrimônio PE Digital, que disponibiliza um passeio 360º pela Alameda dos Mestres no site dos Museus Digitais de Pernambuco.

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Quase 1 milhão de famílias deixam o Bolsa Família após aumento de renda

Regra de Proteção garante transição para beneficiários que conquistaram empregos formais ou melhoraram de renda como empreendedores Em julho, cerca de 958 mil famílias deixaram de receber o Bolsa Família após conquistarem empregos formais ou melhorarem a renda como empreendedores. A mudança é resultado direto da chamada Regra de Proteção, que permite a permanência no programa por até 24 meses com recebimento de 50% do valor do benefício, quando a renda mensal por pessoa fica entre R$ 218 e meio salário-mínimo. Ao completarem esse prazo, essas famílias se desligam voluntariamente do programa por terem alcançado maior autonomia financeira. De acordo com dados do Caged, o avanço do emprego formal no país tem impulsionado essa emancipação. Das 1,7 milhão de vagas com carteira assinada criadas em 2024, 98,8% foram preenchidas por pessoas inscritas no Cadastro Único. Entre os novos contratados, 1,27 milhão eram beneficiários do Bolsa Família, o que representa 75,5% do total. O dado evidencia a eficácia das políticas de inclusão produtiva e geração de renda voltadas à população de baixa renda. Neste mês, mais de 19,6 milhões de famílias ainda recebem o Bolsa Família, com um investimento federal de R$ 13,1 bilhões. Os pagamentos seguem até 31 de julho, conforme o final do Número de Identificação Social (NIS). O programa é um dos pilares do Plano Brasil Sem Fome, que busca tirar o país do Mapa da Fome até 2030 — uma meta que poderá ter avanços reconhecidos pela FAO na próxima semana, em evento na Etiópia. Além da redução na dependência do programa, o governo também celebra a queda nos preços dos alimentos. Em junho, a inflação alimentar ficou negativa pela primeira vez em meses, com -0,18%, segundo o INPC. Entre abril e junho, 16 das 17 capitais monitoradas pelo Dieese registraram queda no valor da cesta básica, com destaque para itens como carne, ovos, arroz e feijão, que ficaram mais acessíveis às famílias brasileiras.

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Liderança feminina ainda enfrenta obstáculos para assumir cargos de alta gestão no Brasil

Apesar de avanços pontuais, apenas 17,4% das presidências formais no Brasil são ocupadas por mulheres, revelando estagnação e barreiras estruturais à equidade de gênero nas empresas O relatório Women in Business 2024, da Grant Thornton International, mostra que 33,5% dos cargos de alta gestão em empresas de médio porte no mundo são ocupados por mulheres — uma alta de 1,1 ponto percentual em relação a 2023 (32,4%). Embora esse seja o maior percentual já registrado desde o início da pesquisa, o dado ainda revela que apenas uma em cada três posições de liderança é ocupada por uma mulher. No Brasil, a igualdade de gênero enfrenta ainda mais desafios e está longe de alcançar o comando das principais empresas, segundo a pesquisa Panorama Mulheres 2025, realizada pelo Instituto Talenses Group em parceria com o Insper. Das 310 empresas de diferentes setores e portes analisadas, 224 possuem presidência formalizada, mas apenas 39 são lideradas por mulheres — o que representa 17,4% do total. O número evidencia uma estagnação no avanço da presença feminina nas lideranças corporativas do país. “Historicamente, as mulheres foram condicionadas a priorizar a vida doméstica, o cuidado familiar e o amor romântico, muitas vezes em detrimento de suas ambições profissionais. Essa construção social ainda persiste, influenciando desde a infância a forma como meninas enxergam seu lugar no mundo”, comenta Luciana Almeida, consultora e sócia da TGI, especialista em liderança nas empresas. Segundo ela, na vida adulta, as competências das mulheres continuam sendo frequentemente questionadas — seja pela maternidade ou pela suposição de que não são tão técnicas quanto os homens. “Mesmo mais preparadas academicamente, muitas vezes recebem menos investimento em capacitação e têm acesso limitado a oportunidades de crescimento”, completa. Apesar de avanços em setores como saúde, educação e empreendedorismo em serviços, a presença feminina em posições estratégicas de alta gestão ainda é reduzida. “E, quando chegam lá, muitas vezes é por caminhos paralelos, como o empreendedorismo, que oferece maior flexibilidade — embora enfrente obstáculos como o acesso restrito ao crédito. Soma-se a isso o impacto emocional da chamada ‘síndrome da impostora’, que leva muitas profissionais a duvidarem da própria capacidade, mesmo quando plenamente qualificadas”, explica Luciana. Para a consultora, mais do que uma questão de justiça, ter mulheres em cargos de gestão é uma estratégia de negócio. “Lideranças femininas tendem a fomentar culturas mais inclusivas, promover equilíbrio emocional nas equipes e estimular a inovação”. Segundo ela, a equidade de gênero nas empresas deve ser tratada como uma meta estratégica. “É preciso estabelecer objetivos claros de equidade no planejamento organizacional; criar programas de desenvolvimento e mentoria voltados para mulheres; adotar políticas como vagas afirmativas; além de promover transparência nos critérios de promoção, licença parental igualitária e apoio à parentalidade — como a oferta de creches”, conclui.

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Tarifaço dos EUA ameaça exportações brasileiras e pressiona agronegócio

Com sobretaxa de 50%, suco de laranja, café, carne bovina e frutas frescas estão entre os mais afetados A nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros coloca em xeque a competitividade de importantes cadeias do agronegócio nacional. De acordo com análise do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, as exportações de suco de laranja, café, carne bovina e frutas frescas correm risco de retração significativa, provocando prejuízos para produtores e instabilidade no mercado interno. O suco de laranja é apontado como o item mais vulnerável ao tarifaço. Atualmente, o produto já sofre uma tarifa de US$ 415 por tonelada para entrar no mercado norte-americano. Com a nova sobretaxa, os custos se tornam praticamente inviáveis. “Essa instabilidade ocorre justamente em um momento de boa safra no estado de São Paulo e Triângulo Mineiro: 314,6 milhões de caixas projetadas para 2025/26, crescimento de 36,2% frente ao ciclo anterior”, afirma a pesquisadora Margarete Boteon. No setor cafeeiro, o impacto é igualmente severo. Os Estados Unidos são responsáveis por cerca de 25% das exportações brasileiras, sobretudo da variedade arábica. A elevação dos custos ameaça a sustentabilidade da cadeia de produção americana, que não cultiva café. “A exclusão do café do pacote tarifário é não apenas desejável, mas estratégica, tanto para a sustentabilidade da cafeicultura brasileira quanto para a estabilidade da cadeia de abastecimento norte-americana”, diz Renato Ribeiro, pesquisador do Cepea. A carne bovina também figura entre os produtos atingidos. Os EUA, segundo maior comprador da proteína brasileira, chegaram a importar mais de 40 mil toneladas mensais entre março e abril, possivelmente antecipando estoques. Apesar de uma recente redução nas compras norte-americanas, países como China vêm ampliando seus volumes, abrindo caminho para redirecionamento de embarques, especialmente de frigoríficos dos estados de São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. O mercado de frutas frescas, com destaque para manga e uva, também deve sentir os efeitos. A janela de exportação da manga para os EUA começa em agosto e já enfrenta atrasos por conta da incerteza tarifária. “A projeção otimista foi substituída por dúvidas. Além da retração esperada nas vendas aos EUA, há o risco de desequilíbrio entre oferta e demanda nos principais destinos, pressionando as cotações ao produtor”, explica Lucas de Mora Bezerra, do Cepea. Diante do cenário, o Cepea reforça a necessidade de uma “articulação diplomática coordenada” para reverter ou mitigar os impactos das novas tarifas.

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Governo anuncia novo aporte de R$ 1,4 bilhão para trecho cearense da Transnordestina

Ferrovia deve iniciar operação no fim de 2025, com expectativa de impacto anual de até R$ 7 bilhões no PIB do Semiárido O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, na última sexta-feira (18), a destinação de mais R$ 1,4 bilhão para as obras da Ferrovia Transnordestina, durante visita ao trecho finalizado em Missão Velha, no Ceará. Com o novo investimento, o governo reforça o compromisso com a conclusão do empreendimento, lançado ainda em 2006. A previsão é de que a ferrovia inicie sua operação no Ceará até o fim de 2025. Do novo montante, R$ 600 milhões serão repassados nos próximos meses por meio do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), e outros R$ 816 milhões virão da liquidação de ativos do Fundo de Investimento do Nordeste (Finor). O orçamento total do projeto já alcança R$ 15 bilhões, sendo R$ 8,2 bilhões já aplicados por fontes públicas e privadas. Segundo estimativas do governo, a ferrovia poderá acrescentar até R$ 7 bilhões anuais ao Produto Interno Bruto (PIB) da região. Durante a cerimônia, Lula ressaltou a importância estratégica da Transnordestina para o desenvolvimento regional. “O Nordeste precisa dessa obra. O Nordeste não quer ser mais tratado como se fosse a parte pobre do Brasil. O Nordeste precisa ser respeitado”, afirmou. O presidente também compartilhou os desafios enfrentados ao longo da execução do projeto, como entraves judiciais, ambientais e orçamentários. “Eu assumi a responsabilidade de que nós vamos concluir essa ferrovia, custe o que custar”, declarou. Atualmente, 280 quilômetros da ferrovia estão em construção, com mais de R$ 4 bilhões em contratos ativos e a geração de 4 mil empregos diretos. A operação inicial do trecho cearense está prevista para ocorrer em fase de comissionamento, com transporte de cargas entre o Terminal Intermodal de Cargas do Piauí e regiões do Ceará e de Pernambuco. A ferrovia será estratégica para o escoamento de produtos como soja, milho, farelo de soja e calcário, integrando a produção agrícola e mineral do interior nordestino aos portos e centros logísticos. Em Pernambuco, as obras não reiniciaram.

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Decisão do STF sobre o IOF aprofunda desafios fiscais e expõe divergências

Por Edgard Leonardo Lima A recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) tornou-se um símbolo das tensões institucionais e dos dilemas fiscais brasileiros. Ao validar quase todas as elevações de alíquotas propostas pelo governo federal, o ministro Alexandre de Moraes manteve o núcleo da estratégia de reforço de caixa do Executivo, explicitando, ao mesmo tempo, o elevado grau de tensão entre os Poderes e os riscos para a condução da política econômica. Em decisão de 16 de julho de 2025, Moraes restabeleceu quase integralmente o decreto presidencial que ampliava e aumentava as alíquotas do IOF, revertendo a suspensão determinada pelo Congresso Nacional. Apenas manteve suspensa a incidência do imposto sobre as chamadas “operações de risco sacado”, modalidade vinculada ao adiantamento de recebíveis para pequenas empresas, por considerar que a mudança exigiria respaldo legal específico. O alcance da decisão é amplo: inclui operações de crédito, câmbio, seguros, abrangendo aplicações como VGBL. A expectativa oficial é de uma arrecadação adicional de aproximadamente R$ 11,5 bilhões com a manutenção da medida, certamente importante para o Governo Federal, no momento atual. Esse episódio evidenciou, todavia, as fragilidades da articulação entre Executivo e Legislativo, revelando conflitos que ultrapassam o campo jurídico e atingem diretamente a política econômica. Enquanto o Congresso optou por sustar o decreto presidencial que aumentava o imposto, o STF deliberou no sentido oposto, restaurando a maior parte das medidas propostas pelo Executivo. Isso reflete a disputa por protagonismo entre os Poderes, típica de cenários marcados pela ausência de consenso político e instabilidade institucional. A judicialização da política econômica reforça esse contexto. Temas centrais para a gestão fiscal e tributária, que em tese deveriam ser objeto de debate político, acabam decididos pelo Judiciário. Dessa forma, o Supremo consolida sua função de árbitro em decisões de grande impacto macroeconômico, ampliando a incerteza e a insegurança jurídica para agentes econômicos e investidores. Do ponto de vista fiscal, a medida proporciona efeitos imediatos ao garantir um reforço temporário de caixa ao governo. Contudo, não enfrenta questões estruturais das contas públicas. A elevação do IOF tende a desestimular a poupança, encarece o crédito e desincentiva o investimento produtivo, contribuindo pouco para a solução dos desequilíbrios fiscais profundos. Os efeitos práticos recaem de modo mais severo sobre empresas de menor porte, que dependem do crédito para operar e crescer, e sobre famílias de baixa e média renda, já que o imposto incide sobre um vasto leque de operações financeiras, como financiamentos e empréstimos. Para esses grupos, o encarecimento do crédito pressiona orçamentos, pode postergar investimentos e restringir o consumo, com potencial de impacto inflacionário em cadeia. O IOF, por sua natureza regressiva, incide uniformemente sobre diferentes operações, sem distinção por faixa de renda ou patrimônio. Por isso, pesa proporcionalmente mais sobre aqueles que dependem do crédito para financiar necessidades básicas. Ainda que parte da arrecadação provenha de grandes operações, a incidência recai sobre toda a população economicamente ativa, afetando especialmente os segmentos de menor renda disponível. A decisão do STF ocorre num contexto em que o próprio governo federal admite uma projeção de déficit primário de R$ 78,1 bilhões para 2025, podendo chegar a R$ 128 bilhões em 2026, segundo o Instituto Fiscal Independente (IFI). O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, divulgado em abril de 2025, alerta que, a partir de 2027, a situação fiscal se agrava de forma inédita, prevendo um “apagão” de recursos para despesas discricionárias como: investimentos, custeio administrativo e políticas públicas não obrigatórias. Ao optar por validar quase todo o aumento do IOF, o STF endossa uma solução de curto prazo para a crise fiscal, sem, no entanto, superar as divergências políticas e institucionais em torno dos rumos da política econômica. A recorrência desses impasses e o uso frequente de instrumentos arrecadatórios como resposta emergencial ao desequilíbrio das contas públicas ressaltam os limites do atual modelo de governança fiscal, indicando que ajustes mais profundos continuam sendo necessários. *Edgard Leonardo Lima é economista

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Bootcamp Santander Code Girls abre 5 mil bolsas para formação de mulheres em tecnologia

Iniciativa oferece capacitação gratuita em computação em nuvem com tecnologia AWS; as 250 melhores participantes receberão certificação internacional e poderão disputar vagas na F1RST Com o objetivo de promover mais diversidade e inclusão no setor de tecnologia, o Santander, a empresa F1RST e a Amazon Web Services (AWS) lançam a 3ª edição do Bootcamp Santander Code Girls. O programa oferece 5 mil bolsas de estudo gratuitas voltadas exclusivamente para mulheres interessadas em aprender sobre computação em nuvem e DevOps. As inscrições estão abertas até o dia 3 de agosto pelo Santander Open Academy, sem exigência de conhecimento prévio ou vínculo com o banco. A trilha de aprendizagem, disponibilizada pela DIO (Digital Innovation One), aborda desde os conceitos básicos da AWS até práticas avançadas com ferramentas como Lambda, Kubernetes e automação de processos. Ao final do curso, as 250 alunas com melhor desempenho ganharão vouchers para realizar a prova de certificação oficial da AWS Cloud Practitioner e poderão participar de um processo seletivo para atuar como Analistas de Tecnologia na F1RST, em São Paulo. “Na F1RST, sempre incentivamos os colaboradores a acelerarem a carreira profissional, oferecendo treinamentos, certificações e capacitação de alto nível. Iniciativas como o Code Girls promovem a diversidade e impulsionam a participação de mulheres nas áreas de tecnologia e inovação, além de transformar as alunas em especialistas de programação”, afirma Richard Flavio da Silva, CEO da F1RST. A empresa já contratou mais de 40 analistas por meio do programa. Criado em 2021, o Code Girls já impactou mais de 14 mil mulheres em todo o país. A nova edição reforça o compromisso das instituições parceiras com a redução das desigualdades de gênero no setor. “O projeto atua como porta de entrada para transformar esse cenário, promovendo inclusão, diversidade e oportunidades para um setor que demanda profissionais preparados e inovadoras”, destaca Márcio Giannico, do Santander. Fabio Filho, da AWS, completa: “O Santander Code Girls é uma iniciativa transformadora que abre portas para mulheres na computação em nuvem e contribui para um setor de tecnologia mais inclusivo”. Serviço:Inscrições até 3 de agosto de 2025Link: https://c.dio.me/code-girls-2025Gratuito e aberto para todas as mulheres.

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Governo regulamenta BR do Mar e aposta na cabotagem para reduzir custos logísticos

Decreto assinado por Lula fortalece indústria naval, incentiva transporte marítimo entre portos e estimula uso de embarcações sustentáveis O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto que regulamenta o programa BR do Mar, voltado à ampliação da cabotagem no Brasil. A medida visa estimular o transporte marítimo de cargas entre portos nacionais, com expectativa de redução de até 60% nos custos logísticos, geração de empregos e fortalecimento da indústria naval. Hoje, a cabotagem representa 11% do volume transportado por navios no país, mas o governo aposta em seu crescimento nos próximos anos. A regulamentação, elaborada pelo Ministério de Portos e Aeroportos, define critérios que facilitam o afretamento de embarcações estrangeiras — com incentivos maiores para navios sustentáveis — e promove o uso de estaleiros brasileiros para manutenção de frotas. A estratégia busca reduzir o frete em até 15%, segundo estimativas da Infra SA, o que pode representar uma economia anual de R$ 19 bilhões. Além disso, a navegação marítima reduz em 80% a emissão de gases de efeito estufa quando comparada ao transporte rodoviário. Para o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o programa traz impactos positivos para a economia nacional. “O programa tem o papel de reduzir os custos logísticos no país de 20% a 60%, potencializando, ainda mais, o setor portuário brasileiro”, afirmou. Ele ressaltou que o BR do Mar contribui para a agenda de descarbonização ao favorecer o transporte marítimo de contêineres entre portos como Suape (PE) e Santos (SP). A medida também foi celebrada por lideranças do setor produtivo e sindical. “Essa regulamentação irá fortalecer e tornar o programa BR do Mar mais equilibrado e mais justo para os trabalhadores e representa um passo muito importante”, avaliou Carlos Augusto Muller, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aquaviário. Já Ariovaldo Rocha, presidente do Sinaval, destacou que os incentivos “assegurarão a competitividade da indústria naval brasileira” frente ao mercado internacional.

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