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Ministério não vê motivos para decretar emergência em saúde no NE

O Ministério da Saúde não cogita em decretar situação de emergência em saúde pública nos nove estados do Nordeste devido aos riscos que a contaminação das praias, manguezais, costões marítimos e desembocaduras de rios atingidos pelo óleo de origem desconhecida representa para a população. Segundo o diretor substituto do Departamento de Saúde Ambiental, do Trabalhador e Vigilância das Emergências em Saúde Pública, do Ministério da Saúde, Marcus Vinícius Quito, a pasta vem monitorando a situação e, até o momento, considera o quadro como de baixo risco para a saúde pública. “Na nossa análise, não é adequada a declaração de emergência de saúde pública. Considerando os elementos que temos, não é isso que vai fazer com que as ações [que já vêm sendo desenvolvidas] sejam mais efetivas ou contundentes do ponto de vista da saúde pública”, disse Quito ao participar de uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir a presença de um volume ainda incerto de óleo na costa brasileira. “Estamos desenvolvendo ações proporcionais ao grau de risco. Nas áreas mais contaminadas, teremos sim ações diferenciadas”, explicou Quito, ponderando que uma eventual decretação de situação de emergência em saúde pública teria efeitos danosos para todo o setor pesqueiro. “Não geraria resultados efetivos e teria um efeito negativo para a produção pesqueira, mesmo em áreas que não estão expostas ao problema.” Contaminação Já o secretário Nacional de Pesca e Aquicultura, Jorge Seif Júnior, garantiu que, até o momento, todo o peixe e fruto do mar comercializado por estabelecimentos habilitados junto ao Serviço de Inspeção Federal estão livres de contaminação. “Todo o material recepcionado nas plantas habilitadas pelo Serviço de Inspeção Federal e que vai ao mercado, seja ele congelado, fresco ou processado, está apto para o consumo humano, não apresentando níveis de contaminação por hidrocarbonetos ou por metais pesados”, garantiu Seif, assegurando que os protocolos de segurança já adotados foram reforçados para garantir que o pescado brasileiro não representa uma ameaça aos consumidores. Intoxicação De acordo com o diretor, desde o fim de agosto, quando as primeiras manchas de petróleo cru começaram a ser avistadas ao longo do litoral nordestino, as secretarias estaduais de Saúde já relataram ao ministério ao menos 70 casos de intoxicação exógena, ou seja, causadas por contato com o óleo ou resíduos contaminados, sendo que 66 foram registradas em Pernambuco, onde outros 31 casos com suspeita de contaminação estão sendo investigados. Quito apontou algumas hipóteses para explicar porque Pernambuco concentra a maioria dos casos. Uma delas é que, além de ter sido um dos primeiros estados afetados pelo problema, houve também uma grande mobilização de funcionários públicos e de voluntários para limpar as localidades atingidas. “Era uma época em que muitas orientações sobre o uso de EPIs [Equipamentos de Proteção Individual] ainda não estavam pacificadas. E, em Pernambuco, muitas pessoas se mobilizaram nesse primeiro momento, expondo-se mais ao produto”, disse, sem descartar a possibilidade de os órgãos de saúde municipais e estaduais de Pernambuco estarem “mais sensíveis, mais atentos”. Além dos 66 casos de intoxicação já confirmados e dos 31 em análise em Pernambuco, outros três casos foram notificados na Bahia e um no Ceará. Nos outros seis estados nordestinos (Alagoas, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe) não há, até hoje, nenhum registro oficial de intoxicação. “Desde o início, imaginávamos que quem estaria exposto [ao maior risco à saúde] seriam aqueles que manuseassem o óleo [sem os devidos cuidados]. Principalmente aqueles que estavam participando da retirada do produto das praias. E é isso que a intoxicação aguda naqueles que estiveram nas praias participando da retirada do produto comprovou: quem se contamina é quem se expõe ao manusear o óleo”, disse o diretor, destacando a importância das pessoas usarem EPIs e evitarem o contato direto com o produto. Seguro-Defeso O secretário Nacional de Pesca e Aquicultura, Jorge Seif, voltou a anunciar que, ainda este mês, pescadores das regiões afetadas pelo óleo e que estiverem cadastrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, receberão a primeira de duas parcelas de R$ 998 que serão liberados a título de auxílio emergencial, que também será dado para marisqueiros e catadores de caranguejos prejudicados pelo surgimento do petróleo cru. Segundo Seif, o governo federal prepara uma medida provisória (MP) estabelecendo critérios para minimizar as dificuldades enfrentadas pelos profissionais. “Sabemos da amplitude e da gravide [do problema causado pelo óleo]. Como isso afeta a natureza, o turismo e a questão socio-econômica dos pescadores. Em outros locais onde houve acidentes [semelhantes], o consumidor tende a reduzir o consumo de pescados”, disse o secretário. Seif explicou ser necessário tratar o assunto por meio da edição de uma MP porque a lei que trata do seguro-defeso não prevê a concessão do benefício a marisqueiros e catadores de caranguejos. “Por isso é necessário uma medida provisória mais inclusiva.” A estimativa é que a medida custe algo em torno de R$ 120 milhões aos cofres públicos. “Estamos pinçando as pessoas dessas regiões cadastradas no Registro Geral de Pesca, e ainda no mês de novembro nós pagaremos a primeira parcela”. (Da Agência Brasil)

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In Loco abre mais de 100 vagas

A In Loco, que recebeu recentemente aporte de US$ 20 mi dos fundos Valor Capital e Unbox Capital em Series B, abre mais de 100 vagas, sendo 80 somente para desenvolvedores front, backend e full-stack. Além de vagas para Analista de Dados (BI), Atendimento (CS), Vendedor, entre outros. Candidatos de todo o Brasil podem se inscrever, e caso sejam aprovados, terão ajuda de custo de moradia arcado pela empresa. "Estamos atrás de talentos, não importa onde morem atualmente desde que tenham disponibilidade para viver em São Paulo ou Recife, dependendo da vaga" afirma Thaís Cavalcante, Diretora de Pessoas da empresa, que completa: "Justamente porque queremos talentos com competência técnica e fit com nossa cultura, não importando qualquer outra característica. Além disso, há posições para PcDs, por exemplo, em qualquer posição da empresa". Os interessados devem cadastrar os currículos diretamente no site https://jobs.kenoby.com/inlocoglobal. O processo de seleção inclui análise de currículo, entrevista com a área de pessoas, prova técnica e teste de idiomas. Os contratados terão como benefícios: salário compatível com o mercado, vale refeição e/ou vale alimentação, vale-transporte, Uber ou estacionamento, benefícios flexíveis, seguro saúde e odontológico, suporte ao desenvolvimento profissional, horário flexível, free snacks e ambiente descontraído, sem dress code, entre outros. “Estamos em plena expansão e, por isso, precisamos de cada vez mais pessoas com vontade de aprender e de construir uma empresa de tecnologia brasileira, cercado de profissionais altamente capacitados, que interagem e participam ativamente da estratégia da empresa", afirma André Ferraz, CEO da empresa. "Estamos construindo uma empresa que será a plataforma da Internet da Coisas, entregando ao consumidor a conveniência do digital, mas garantindo o seu direito à privacidade. Quem se identificar com nosso propósito e quiser crescer junto é só se aplicar. São mais de 100 oportunidades", finaliza o CEO.

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Como se prevenir do câncer de próstata? Doença causa uma morte a cada 38 minutos

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) sobre o câncer de próstata revelam um quadro preocupante: até o final do ano estima-se que o biênio 2018-2019 terá 68.220 novos casos da doença. Tal número corresponde a sete casos a cada hora, somando 31,7% dos diagnósticos de todos os tipos da doença registrados no país, fazendo deste o mais incidente entre os homens depois do carcinoma de pele não-melanoma. No âmbito mundial, a tendência é igualmente inquietante, sendo este responsável por 4% das mortes somados todos os tipos de tumores segundo a Globocan 2018. O impacto é sentido até mesmo economicamente. Segundo um estudo da Unidade de Inteligência da revista The Economist as perdas apenas no Brasil somaram – em 2015 – mais de um bilhão de dólares não corrigidos pela inflação. Esse horizonte, seja no espectro pessoal ou nacional, não é, como pode parecer, uma sentença, pois o câncer de próstata é um tipo de neoplasia maligna (tumor) com uma perspectiva de cura otimista caso seja identificado rapidamente. “Pessoas que estejam na faixa de risco, composta por homens acima de 50 anos, com histórico familiar, precisam discutir com seu médico sobre o rastreamento e os exames necessários. Mas, em geral, todos os homens devem fazer acompanhamento anual”, explica André Fay, oncologista do Grupo Oncoclínicas no Rio Grande do Sul. Um dos principais obstáculos na prevenção e detecção desse tumor, e outros que afetam apenas a população do gênero masculino, é exatamente a falta de informação. Uma pesquisa realizada em 2017 pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), encomendada pelo Datafolha, indicou que 21% do público masculino acredita que o exame de toque retal "não é coisa de homem". Considerando aqueles com mais de 60 anos (grupo de risco), 38% disseram não achar o procedimento relevante. Outro dado do IBGE mostrou que aproximadamente 5,7 milhões de homens de 50 anos ou mais realizaram exame físico ou de toque retal nos 12 meses anteriores à pesquisa, equivalendo a apenas 25% dessa faixa de idade. Por isso a importância de campanhas informativas como a promovida pelo Instituto Oncoclínicas - iniciativa do corpo clínico do Grupo Oncoclínicas para promoção à saúde, educação médica continuada e pesquisa -, em parceria com a SBU para desmistificar o exame de toque retal. A ação lançada neste mês de novembro é protagonizada pelo apresentador, ator, roteirista, diretor e escritor Marcelo Tas e tem como foco central a difusão de conhecimento por meio das mídias sociais. “Precisamos esclarecer à sociedade em geral que o exame de toque retal, essencial para a prevenção e detecção do câncer de próstata em estágios iniciais, não precisa ser um tabu. O teste dura em média sete segundos, é simples, não causa dores ou complicações após sua realização e, acima de tudo, é essencial para uma vida saudável”, explica Bruno Ferrari, presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas e um dos idealizadores da campanha. Fay concorda e adiciona: a melhor forma de combater esse tipo de preconceito é com a melhoria e a ampliação das informações. “Este é, de longe, o tipo de câncer mais comum entre os homens. O número de mortes também está aumentando e o exame de toque retal, juntamente com o avaliação do PSA, é fundamental para diagnosticar o tumor em estágios iniciais e salvar essas vidas. À medida que os homens saibam, cada vez mais, da sua importância para curar a doença, em caso de diagnóstico, menos preconceito e mais consciência terá”, afirma. Tumores próximos também deixam homem refém de seu próprio desconhecimento A falta de autocuidado masculino vai mesmo além das consequências para a próstata, alcançando também partes que, em tese, deveriam receber maior atenção médica: o pênis e os testículos. Ainda que menos prevalentes (2% e 5% dos casos respectivamente), os cânceres peniano e testicular também deixam o homem refém de seu próprio desconhecimento. O tumor de pênis tem uma relação íntima com fatores que fogem da genética: a falta de uma boa higiene – leia-se não limpar o órgão com a devida atenção – tem uma relação causal direta no número de casos, que são responsáveis por mais de mil amputações todos os anos. Outro fator de risco é infecção – geralmente via relação sexual - por HPV (papilomavírus humano), que hoje é considerado uma epidemia global e está prevalente em 54,6% da população brasileira de 16 a 25 anos. O câncer testicular, por sua vez, não tem tal correlação com fatores ambientais, mas indica um dado alarmante: a maior incidência ocorre em homens mais jovens, em idades entre 15 e 50 anos. Nessa fase, segundo dados do Ministério da saúde, existe chance de o tumor ser confundido, ou até mesmo mascarado, por um processo inflamatório ou infeccioso envolvendo o testículo. Anualmente morrem cerca de 360 pessoas pela doença, muitas vezes diagnosticadas já em estágios mais graves. “É importante ampliar as conversas sobre esses tumores também. O de pênis, que pode levar à amputação do órgão, felizmente é raro. A adequada higiene e o uso da camisinha para evitar o contágio do HPV são as melhores formas de prevenção. Mas o câncer de testículo, que atinge homens mais jovens, é altamente curável, um dos tumores mais curáveis dentro da oncologia, principalmente se diagnosticados precocemente. Então, é fundamental que o homem busque um médico sentindo ou percebendo qualquer alteração nos testículos”, diz Fay. Incentivo a uma vida mais saudável e mudança de perspectiva Uma revisão sistemática e meta-análise de pesquisadores chineses chegou a um quadro mais transparente de que há uma associação – ainda que pequena – entre atividade física e a diminuição de chances de aparecer câncer de próstata. Ainda que tal estudo não envolva os outros tumores citados anteriormente, o INCA e o Ministério da Saúde concordam que uma rotina de vida saudável, alimentação balanceada e outros pode ajudar na prevenção de diversos tipos de carcinomas. André Fay assina embaixo: “Este é uma recomendação que vai, é claro, para além do mês de novembro, uma vida saudável, exercícios e boa alimentação, evitar o excesso

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Copom estima crescimento da economia no 3º trimestre

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) estima que a economia deve ter apresentado crescimento no terceiro trimestre e pode acelerar nos períodos seguintes. É o que diz a ata da última reunião do Copom, divulgada hoje (5), em Brasília. No último dia 30, o comitê reduziu a taxa básica de juros, a Selic, para 5% ao ano, com corte de 0,5 ponto percentual. Para o Copom, o ritmo de crescimento da economia, excluídos efeitos de estímulos temporários, será gradual. “O comitê estima que o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter apresentado crescimento no terceiro trimestre. Os trimestres seguintes devem apresentar alguma aceleração, que deve ser reforçada pelos estímulos decorrentes da liberação de recursos do FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço] e PIS-Pasep [Programa de Integração Social/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público] – com impacto mais concentrado no último trimestre de 2019”, explicou a ata. O resultado do PIB do terceiro trimestre será divulgado no dia 3 de dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Reformas Na ata, o Copom destacou a “relevância da aprovação da reforma da Previdência pelo Congresso Nacional”, mas reforçou a “importância da continuidade do processo de reformas e ajustes que gerem sustentabilidade da trajetória fiscal”. “Ao reduzirem incertezas fundamentais sobre a economia brasileira, essas reformas tendem a trabalhar no mesmo sentido da política monetária e, portanto, estimular o investimento privado. Esse potencial efeito expansionista deve contrabalançar impactos de ajustes fiscais correntes sobre a atividade econômica, além de mitigar [suavizar]os riscos de episódios de forte elevação de prêmios de risco [retorno adicional cobrado por investidores para aceitar correr maior grau de risco]”, disse. “O Copom reiterou o entendimento de que uma aceleração do ritmo de retomada da economia para patamares mais robustos também dependerá de outras iniciativas e reformas microeconômicas que visam ao aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios”, acrescentou. Inflação Para o Copom, as projeções de inflação estão em “níveis confortáveis”. “As estimativas e projeções de curto prazo indicam que a inflação acumulada em 12 meses ainda deve ter recuado em outubro, para níveis ao redor das mínimas observadas durante o regime de metas para a inflação, voltando a se elevar ao longo dos últimos meses do ano”, projetou o Copom. Essa trajetória de curto prazo, acrescentou, reflete uma inflação abaixo do esperado pelo Copom em setembro e revisão, também para baixo, da projeção referente ao mês de outubro. “Para o último bimestre deste ano, foram revistas as projeções de alguns preços administrados, que, por sua vez, compensaram aquelas surpresas desinflacionárias, mantendo a projeção de inflação estável em relação à da reunião anterior”, afirmou o Copom. Próximos passos Na ata, o comitê sinalizou que deve voltar a cortar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual em dezembro. “O Copom debateu, então, a conveniência de oferecer alguma perspectiva sobre possíveis cenários para a política monetária. Decidiu comunicar sua avaliação de que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir um ajuste adicional, de igual magnitude, no grau de estímulo monetário”, afirmou a ata. Sobre novos ajustes, a partir de 2020, “os membros do Copom decidiram reforçar que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo. “O Copom julgou ser fundamental reiterar que a comunicação dessa avaliação não restringe suas próximas decisões e enfatizar que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”, finalizou. (Da Agência Brasil)

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Recife Assombrado: diretor conta detalhes do primeiro longa pernambucano de terror

Se você é de Recife e região, certamente já ouviu histórias sobre seres assustadores como a Perna Cabeluda e a Galega de Santo Amaro. Conhece lugares na capital pernambucana considerados, por muitos, assombrados como a Cruz do Patrão no Bairro do Recife. Na década de 50, muitas dessas histórias foram relatadas no livro Assombrações do Recife velho, do sociólogo Gilberto Freyre. Obra que serviu de inspiração para o filme de estreia do jornalista e produtor cultural Adriano Portela, o longa Recife Assombrado, primeiro longa de terror feito em Pernambuco. Em entrevista, Adriano conta detalhes do projeto, que chega aos cinemas em 21 de novembro.     Como surgiu a ideia para o projeto do Recife Assombrado? A ideia do filme surgiu em 2015, quando participei de uma oficina sobre monstros na literatura com o professor André de Sena, lá em Garanhuns. Eu já havia observado que existia muita coisa em formato pequeno, muitos curtas, mas não existia um longa catalogando todas essas assombrações, como Gilberto Freyre fez na década de 20 com o livro “Assombrações do Recife Velho”, na época que era editor do jornal “A Província”. O jornalista Oscar Mello fez uma série de reportagens sobre assombração e o tema depois virou pauta do livro de Gilberto Freyre. Dos filmes produzidos em Pernambuco, poucos são de terror. Por que a opção pelo gênero? A opção pelo gênero, primeiro é que sou apaixonado pelo tema assombração, desta história da oralidade que Freyre, Carneiro Vilela, Jaime Gris e outros autores vêm pesquisando há muito tempo. Fizemos também uma pesquisa sobre o que o público queria ver em Pernambuco. Observamos que os gêneros terror e suspense, mais especificamente, são muito solicitados por aqui.     Considerando a crise atual no audiovisual brasileiro, quais foram os principais desafios enfrentados do início à conclusão das gravações? O desafio maior sempre é conseguir um incentivo. O boom do cinema pernambucano facilitou a aprovação do projeto na Ancine em 2016. Do Nordeste, foram três projetos aprovados, Recife Assombrado, Organismo de Jeorge Pereira, que inclusive é diretor assistente do meu filme, e um projeto do Ceará. O dinheiro do incentivo só caiu na conta em 2017 e o restante para a finalização agora em 2019. Ao longo dos anos, desde a retomada da produção audiovisual em Pernambuco, marcada pela estreia do longa “Baile Perfumado”, os filmes produzidos por aqui têm chamado a atenção não só no Brasil, mas também lá fora. Como explicar essa vocação do estado para a sétima arte? Essa vocação está ligada à vontade de fazer, ver a coisa acontecer. Certa vez eu estava na Academia de Cinema em São Paulo e perguntaram como a gente fazia os filmes por aqui, pois, até então, só tinha curso de cinema na UFPE e Aeso. Respondi que a gente aprendia com a cabeça no sol mesmo. Pernambuco é um celeiro multicultural e é essa vontade de realizar, fazer arte e acontecer.  

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Empresa grega é suspeita do vazamento de óleo, diz Polícia Federal

A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (1º) a Operação Mácula, com objetivo de investigar uma embarcação grega suspeita de ter causado o derramamento de óleo que atingiu mais de 250 praias nordestinas brasileiras. A embarcação grega teria atracado em 15 de julho na Venezuela, onde ficou por três dias antes de seguir a Singapura, via África do Sul. “O navio grego está vinculado, inicialmente, à empresa de mesma nacionalidade, porém, ainda não há dados sobre a propriedade do petróleo transportado pelo navio identificado, o que impõe a continuidade das investigações”, informou a PF. Os dois mandados de busca e apreensão expedidos pela 14ª Vara Federal Criminal de Natal (RN) estão sendo cumpridos no Rio de Janeiro, em sedes de representantes e contatos da empresa grega no Brasil. As investigações começaram em setembro e contaram com a participação da Marinha, do Ministério Público Federal, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, da Agência Nacional do Petróleo, Universidade Federal da Bahia, Universidade de Brasília e Universidade Estadual do Ceará, além de uma empresa privada do ramo de geointeligência. Dessa forma foi possível localizar a mancha inicial do óleo, a 700 km da costa brasileira (em águas internacionais), de extensão ainda não calculada. A partir da localização da mancha inicial, foi possível estimar que o derramamento deve ter ocorrido entre os dias 28 e 29 de julho. Fazendo uso de técnicas de geociência, foi possível chegar “ao único navio petroleiro que navegou pela área suspeita”, naquela data. A Polícia Federal solicitou diligências em outros países, a fim de obter mais dados sobre a embarcação, a tripulação e a empresa. A PF informou, ainda, que está realizando “diversos exames periciais no material oleoso recolhido em todos os estados brasileiros atingidos, bem como exames em animais mortos, já havendo a constatação de asfixia por óleo, assim como a similaridade de origem entre as amostras”. (Da Agência Brasil)

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Bruno Souto, Elomar e Torre. Confira os lançamentos.

Por Yuri Euzébio Eu ainda era um garoto, salvo engano na sétima série, quando eu uma visita a uma livraria me deparei com o álbum “Acima da Chuva” da Volver, uma banda que (eu só iria descobrir depois) tem o mesmo nome de um filme de Almodóvar. Confesso que comprei o CD pela capa, um registro histórico da Praça do Diário, e história sempre foi a minha matéria favorita. Bem, ainda que despretensiosamente e ao acaso, fui apresentado a uma das mais diferentes bandas surgidas no Recife pós-mangue. A Volver faz um rock simples, puro e cru dos anos 60 e até aqui já lançou três álbuns. A banda resolveu fazer uma pausa e o seu vocalista, Bruno Souto, embarcou na inevitável carreira solo. Na última quarta-feira (30/10), Souto disponibilizou nas plataformas digitais “Valsa”, álbum em comemoração aos seus 15 anos de carreira. “Já faz um tempo que eu pensava em regravar algumas músicas da época da Volver e tal. Não para superá-las ou mesmo renegar as originais. Queria lançar um novo olhar sobre algumas canções antigas, revisitá-las”, explicou. A nova produção do artista tem a bênção e a garantia de qualidade do selo Passa Disco, e surgiu da vontade do músico em celebrar seu tempo de carreira. “Batizei o disco de Valsa, pois a palavra reflete como enxergo o passar do tempo nessa minha trajetória até aqui: feito passos em uma dança de valsa. Também faço um paralelo subjetivo entre a valsa e a beleza melódica das canções, os arranjos de cordas, etc. Importante deixar claro que o disco não é um “best of” com as minhas melhores composições, nem um apanhado do que as pessoas gostam mais”, justificou. De acordo com Bruno, no início do projeto seriam apenas músicas da Volver, mas para fechar um conceito resolveu regravar músicas que percorressem toda a sua trajetória. “Todos os cinco discos que lancei nesse período (três com a banda e dois na carreira solo) teriam de ser contemplados, nem que fosse com apenas uma música de cada”, detalhou. A ideia amadureceu e ganhou também duas canções inéditas, na abertura e no fechamento do álbum. O álbum reconstrói belíssimas canções em novos arranjos mais intimistas e amplia o universo do artista. Se você , assim como eu, era fã da Volver não vai se arrepender. Se não era, não pode perder a oportunidade de ouvir esse som classe alta. Enfim, eu se fosse tu, não perdia a chance. Elomar e Titane apresentam concerto em Recife Elomar, assim como seu conterrâneo João Gilberto, não é muito afeito à entrevistas ou um marketing forte de sua imagem. Sua obra fala por si só, tal qual a do pai da bossa nova. Nesses nossos tempos de instagramização da vida, isso é encarado com muita estranheza, mas se você conhece a produção do baiano, certamente gosta dele mesmo com toda dificuldade de saber qualquer coisa do artista. Pois bem, aos 81 anos, Elomar, compositor, violonista e cantor, divide palco, mais uma vez, com a artista mineira Titane, em concerto no dia 10 de novembro, domingo, às 19h, no Teatro de Santa Isabel, no Recife. Com trajetória de 30 anos e 5 discos gravados, o mais recente trabalho da cantora, o CD "Titane canta Elomar – nas estradas das areias de ouro" (2018), marca um tempo inédito em sua carreira ao se dedicar à obra de um único compositor. Como nos concertos realizados em Belo Horizonte (MG) e Vitória da Conquista (BA), Elomar e Titane serão acompanhados por Hudson Lacerda (violões) e João Omar, instrumentista e maestro, filho de Elomar, que tocará violão e violoncelo. O repertório foi selecionado especialmente para o concerto. Os ingressos estão à venda na bilheteria do teatro e na Loja Passadisco. Informações para o público nas redes sociais da cantora Titane, da Liquidificador Produções ou pelo telefone do teatro (81) 3355 3323. SERVIÇO - Elomar e Titane em Recife (PE) 10 de novembro de 2019, domingo - 19h Teatro de Santa Isabel (Praça da República) VENDAS Ingressos a R$100 e R$50 (meia-entrada) Bilheteria do Teatro - Praça da República, 233 - Santo Antônio – (81) 3355 3323 ou Loja Passadisco - R. da Hora, 345 – Espinheiro - Galeria Hora Center – (81) 3268 0888 Classificação indicativa: livre Mais informações para o público: Facebook: https://www.facebook.com/oficialtitane/ e Instagram: @titaneoficial Liquidificador produções - https://bit.ly/2N2OBOv TORRE PINTA A INFÂNCIA EM SEU SEGUNDO SINGLE, “TINTA” Segunda música do disco Pág. 72 já está disponível nas plataformas digitais A Torre é uma banda da cena independente de Recife, que nasceu do encontro de Antônio Novaes (guitarra e synth), Danillo Sousa (baixo e backing vocals), Felipe Castro (vocal e guitarra) e Vito Sormany (bateria), no final de 2017. A banda mistura referencias do rock, pop e eletrônico. Seu disco de estreia rua foi bem aceito pela crítica e destacado como melhor disco do ano, por importantes veículos nacionais. “Pintar o mundo com tinta de infância”. Esse é o espirito de “Tinta”, mais novo single do quarteto pernambucano, lançado na última quarta-feira (30) nas plataformas digitais. Com audição marcada para próxima terça-feira (05), às 19h, no Estúdio Apollo 17, o single foi escrito a partir de fotografias antigas e nos traz o desafio de buscarmos no ontem, luz para o hoje, contradizendo as vozes adultas que nos dizem que precisamos ser adultos. Na energia e na simplicidade de suas mensagens, a Torre quer ser criança e nos chama para participar da brincadeira através das diversas formas que podemos lembrar da nossa infância. A nova canção brinca com o muno imaginário dos pega-pegas e esconde-escondes. Mundo de criança arteira que não quer saber a hora de parar. O novo trabalho, Pág.72, marcado para ser lançado em novembro, no festival No Ar Coquetel Molotov, é um experimento focado nas memórias e reflexões sobre o passado e propõe uma experimentação como condutor para novos ambientes, sendo uma experiência sensorial quase física, com texturas, lugares e cenários, criados pela mistura dos sons que brotam e tomam formas. Ouça TINTA: Serviço: TORRE PINTA

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Ella Café: uma cafeteria dedicada ao jazz e às mulheres

Para fazer uma homenagem ao jazz a às mulheres, com uma proposta de cardápio vegetariano nasceu há um ano o Ella Café. A cafeteria localizada em Boa Viagem (uma das poucas especiais na zona sul), completou um ano de operação e já anuncia uma série de novidades que passam pela realização de eventos e a entrada de novos pratos. A casa é um espaço privilegiado também para o público vegano, com uma grande variedade de doces e salgados. A proprietária da casa, Maria Caroline do Nascimento é geóloga e trabalhava até pouco tempo na Petrobrás. Interessada em mudar de ares profissionais, há alguns anos ela decidiu juntar seu gosto pelo café e pela música para entrar no aquecido mercado das cafeterias especiais do Recife. "Sempre curti ambientes de cafés. E hoje vejo que é uma tendência. Todos curtem. No começo, nem sabia que tinha um interesse tão grande pelos cafés especiais" O Ella Café é cheio de referências de grandes divas da música mundial, em especial ao jazz. O ritmo é que dá a trilha sonora do espaço, que tem ainda o Corredor das Divas (uma área da casa com fotos de grandes cantoras de todos os tempos).   . Ela, que é vegetariana, leva para o espaço esse perfil. "Nosso cardápio é 100% vegetariano, com várias opções veganas para os diferentes tipos de pratos do nosso cardápio". Todos os bolos da casa, por exemplo, são veganos. Há opções de milkshake, croissants (o defumado de requeijão é um dos destaques da casa, vale muito a pena experimentar!) e de sanduíches veganos também. Os sandubas especiais do cardápio são dois: O Ella Fizgerald (tipo um tostéx, no pão ciabatta, com hommus, cebola caramelizada e shitake) e o Anita O'Day (também no pão ciabatta, com hommus, faláfel, alface americana e confit de tomate). No cardápio dos salgados, uma das delícias da casa é o pão de inhame (no formato do tradicional pão de queijo). . Para os amantes do café, o Ella disponibiliza 10 métodos filtrados para o preparo da bebida. Os mais pedidos do público são o koar, V60 e a Prensa Francesa. Os grãos servidos na casa vem principalmente de Minas Gerais. Um dos destaques desse cardápio da bebida são os capuccinos. "Temos várias opções de leite. Tem tando o tradicional, como opções de leites vegetais, de soja, castanha e de coco". NOVIDADES NA CASA Apesar da casa ser nova, a proprietária tem inovado. "Em breve vamos lançar hambúrguer vegetal e no próximo mês vamos lançar um happy hour quinzenal, nas quintas-feiras. Começando no dia 7 e 21 de novembro", conta Caroline. A cafeteria vai participar também do evento "Eu amo Café", promovido pela Ascape. Outra novidade do Ella é que o estabelecimento entrou recentemente no aplicativo iFood. No mês passado, a cafeteria iniciou também o projeto Ella Inspira, que trouxe para a casa palestras com especialistas em linhas terapêuticas como Reiki, Bioeletrografia, Terapia Natural Ayurvédica e Constelação Familiar Sistêmica. A ideia de Caroline é repetir o evento mais vezes no espaço. As terapias serão oferecidas em breve semanalmente. O Ella Café fica na Rua Carlos Pereira Falcão, 322 (Boa Viagem). O espaço funciona nas terça e quartas das 15h às 20h30 e da quinta a domingo das 15h às 21h *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com) . VEJA OS DEMAIS POSTS DA COLUNA SOBRE OS CAFÉS DO RECIFE . Casa de pães e cafés especiais lança novidades . Uma café especial no mercado público   Santa Clara irá inaugurar cafeteria no Parnamirim e anuncia novidades   Ernest, o bistrô dos cafés e empadas especiais   Café Mais Prosa: Um café familiar na Zona Norte . Na Venda, tradicional café das Graças inova no cardápio . Leiva: um café artesanal e uma inspiração familiar . Lalá, o café afetivo do bairro das Graças . Cordel, o novo recanto dos cafés especiais no Parnamirim

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A comida no 1º Congresso Afro-brasileiro, Recife, 1934

“(...) O afro-brasileiro que hoje se reúne, às 15 horas, com toda simplicidade, numa sala do Santa Izabel tal venha a ser o início de um movimento considerável de cultura e da acção social. A primeira tentativa seria de clarificação do ambiente brasileiro no sentido de separar o preto do escravo (como já queira Nabuco, que neste mesmo Santa Izabel fez a campanha da abolição) e de reconhecer no negro, assim rehabilitado, uma raça capaz e com contribuições já notáveis para o desenvolvimento nacional. Ao mesmo tempo que cheia de possibilidades e aptidões magnificas. Por muito tempo nos dominou, um arianismo-ridículo, ligado a preconceito de classe e de exploração econômica. (...) O afro-brasileiro representa reação necessária. O sangue negro no Brasil não deve ser vergonha para ninguém. Nem o sangue negro nem a influência africana, que alcança o todo brasileiro sincero o authentico como uma enorme ‘mancha mongólica’ que se tivesse alastrado a alma nacional”. (Jornal Diário de Pernambuco de 1934) Reunido no Teatro de Santa Izabel, de 11 a 16 de novembro de 1934, sob a organização de Gilberto Freyre, e tendo contado com a participação de notáveis da época como Cícero Dias, Di Cavalcanti, Mario de Andrade; e representantes de Maracatus, Xangôs, e outros segmentos populares e tradicionais, que buscavam diálogos e referências sobre as matrizes africanas, ocorreu o 1º Congresso Afro-brasileiro. E a perspectiva teórica que orientava este 1º Congresso encontrava-se num intervalo entre duas Grandes Guerras mundiais, e representava questões raciais, sociais, econômicas e culturais. Gilberto Freyre, já um culturalista notável, que acabara de publicar em 1933 “Casa-Grande & Senzala”, oferece um rico acervo de revelações e transgressões, à época, que privilegiava as relações multiétnicas. Gilberto também buscava uma igualdade de representações sobre as questões africanas e afrodescendentes, que já dominavam o seu interesse antropológico e humanista. Destaque para uma forte tendência de Gilberto Freyre para as questões da arte, e de uma valorização ainda em construção que se chamaria de patrimônio cultural. Estas questões uniam-se numa busca por um entendimento interrelacional para o respeito à alteridade do homem africano e do homem afro-brasileiro. Muito relevante, e conceitualmente orientador para o 1º Congresso Afro-brasileiro, foi a carta lida por Gilberto Freyre durante a abertura deste Congresso. “ O 1º Congresso Afro-brasileiro manifesta sua solidariedade a essas classes contra toda forma de opressão; louva a ação da Assistência Psicophatas em Pernambuco, reconhecendo nas seitas africanas de organização definida como cultos religiosos e resguardando-as das perseguições policiais; o 1º Congresso Afro-brasileiro protesta contra a atitude da Commissão de Censura Esthetica do Recife querendo fazer desta capital uma cidade de cores delicadas. O 1º Congresso Afro-brasileiro protesta contra toda espécie de descriminação contra negros ou mestiços, que ainda se verifique no Brasil. (...)”. Integrado a este amplo olhar de Gilberto Freyre para questões tão complexas e diversas da temática afro-brasileira, há um tema preferencial que é a comida nas suas múltiplas dimensões culinárias, técnicas e simbólicas. Assim, no dia 14 de novembro, na programação deste 1º Congresso, ocorreu um jantar afro-brasileiro que trazia o seguinte cardápio: acarajé; inhame com mel; farinha de mandioca; “beijo-de-mandioca”; e, cocada. Creio que o acarajé servido foi o frito no azeite de dendê, no formato convencional de uma colher de sopa, que é o que faz parte dos oferecimentos rituais dos Xangôs de Pernambuco. Outro ingrediente que fazia parte do jantar era o inhame, que até hoje, em muitas localidades do Recife e, em especial, nas feiras e mercados populares, é chamado de “inhame-da-costa”, uma referência que atesta a sua procedência africana. A farinha de mandioca, ingrediente tão popular na região, geralmente é servida como um acompanhamento ou no preparo de pirões ou farofas. Havia ainda dois preparos doces que era o “beijo-de-mandioca” e a cocada, como atestações da civilização do açúcar, dominante e fundamental na região.

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Ronaldo Fraga e a narrativa do vestir

Por Carolina Botelho* Mais do que estilista, o mineiro Ronaldo Fraga é um artista da roupa. Mergulhado na cultura brasileira, Ronaldo se inspira principalmente na literatura para criar suas coleções. O criador estará no Recife nesta sexta-feira, 1º de novembro, participando da 5ª Feira Nordestina do Livro (Fenelivro), às 19h, na palestra Roupa para se ler: a literatura como inspiração nas coleções de Ronaldo Fraga. Ele que já criou coleções baseadas em livros de Guimarães Rosa e Carlos Drummond de Andrade, não deixa de refletir também sobre a questão política, sempre fazendo uso de uma narrativa poética cotidiana. Tudo a ver com o tema da feira: Terra viva: compromisso de todos. Você vem ao Recife justamente nesse momento em que o litoral nordestino passa pela maior tragédia ambiental de sua história. Acha que esse fato triste será expresso de alguma forma em alguma coleção sua? Eu sempre construí as minhas narrativas de moda não olhando para o passado, reproduzindo o passado ou tentando adivinhar o futuro, mas falando de hoje, falando desse momento, falando desse agora. Porque eu acho fascinante essa história da moda como documento de um tempo, e o meu tempo é hoje. Então é impossível me desvencilhar do lugar da moda como manifesto de protesto, como manifesto político. E tem sido assim nas minhas últimas coleções. Falei de transfobia, falei na tragédia de Mariana, falei de Guerra e Paz na coleção passada, dos judeus e palestinos… Quatro ou cinco coleções com temas muito, muito pesados. E agora também não vai ser diferente, principalmente nesse momento que a gente vive em um país de tragédias diárias, onde a gente não tem fôlego, nem nos é dado fôlego. Mas eu acredito que a arte salva, a cultura é um instrumento poderosíssimo. Não à toa, seguindo o exemplo dos regimes ditatoriais, o governo brasileiro nesse momento tem trabalhado com afinco na demonização da cultura. Mas nós não podemos deixar que isso aconteça. Você sempre lançou coleções inspiradas em literatura. Daí seus desfiles tão poéticos, que mostram a beleza e a tristeza do mundo real, assim como os grandes livros. Qual a relação entre moda e literatura no sentido da criação e da expressão de um sentimento? Por que você acha que a moda ainda é uma linguagem cercada de preconceitos e vista como superficial e apelativa ao consumo? Por mais que exista preconceito na moda...Aliás nem sei se é preconceito porque a moda é um vetor muito diverso, de muitas face: ela é econômica, ela é histórica, ela é política, ela é manifesto, ela é cultural. Então você verá a moda sendo falada de formas diferentes. Agora o lugar do vetor que eu enveredei pela moda, que eu construí minha carreira, foi a moda como vetor cultural. Esse é o que me interessa. E desde o início essa história da literatura, onde a sua imaginação vai pela palavra, e aí a cor quem vai dar é você, a forma quem vai dar é você. Eu acho isso fascinante. E essa associação da moda com poesia é o que faço desde a minha primeira coleção. Há coleções em que a literatura está ali exposta de forma explícita; outras de forma implícita. Mas eu acho que moda é leitura; moda é escrita. Como fazer para que, assim como livros, roupas não sejam apenas vestidas, mas também 'lidas'? O desejo de um tempo é a escrita desse tempo. O desejo que as pessoas têm do que colocar no corpo, do que vestir, é muito reflexo desse desejo, e desejo é escrita; desejo é marca. Isso é independente da roupa, do que que você comprar, se é tendência ou não. Ali há uma escrita. Se as pessoas pensassem nisso levariam mais a sério porque além da construção do personagem diário a roupa é essa marca; é essa fala. Você já veio a Pernambuco para trabalhar com bordadeiras e costureiras. É conhecido por valorizar essas técnicas tradicionais. Algo semelhante ao ato de ler um livro, hábito que infelizmente no Brasil é pouco praticado. Como enxerga o futuro do livro e da literatura no Brasil? Você prefere o livro digital ou impresso? Eu até tenho tablet, mas eu ainda gosto do livro físico, de marcar, escrever, do envelhecer da página do livro. Então acho que nunca vai se acabar mas vai se tornando cada vez mais um luxo. Adoro ter biblioteca em casa. Adoro casas com biblioteca, o que é cada vez mais raro, e ficou triste assim. Leio três livros ao mesmo tempo. Trago isso desde a infância. Dói ver meus filhos lendo cada vez menos. Eu lia muito mais que eles. Mas eu não canso de falar. Então diminuiu sim mas nunca vai acabar. Li uma entrevista sua dizendo que em escolas primárias públicas alunos estudam suas coleções para aprender literatura. Acha que o atual modelo de ensino afasta o estudante do prazer de ler? A história da educação do Brasil vive um momento tão árido como a história do sereno na caatinga, que quando cai floresce, e todas as vezes que me convidam, sempre priorizo escola pública, fazem muita exposição e muita pesquisa sobre o meu trabalho. Lembro que uma vez estava dando uma palestra para 800 estudantes jovens. E um levantou a mão e disse que só leu Guimarães Rosa e Drummond por ter visto um desfile seu sobre eles no São Paulo Fashion Week. Então uma forma de a leitura chegar aos jovens é por aquilo que eles amam, e a moda é um desses vetores. Então acho que nesse lugar a moda pode ser muito mais, e é, do que a roupa nova da estação. Sua moda é um ato político, como a coleção sobre Marielle Franco, ou na Quem matou Zuzu Angel. O que esperar de um Brasil que tem censurado a arte? Um país onde o conservadorismo está 'na moda'? Como fazer da moda um ato político mesmo não sendo um criador? Tem uma ditadura velada que está se instalando no País e isso é muito sério.

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