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Torcedoras mostram paixão pelos clubes e lutam contra machismo

Você sabia que o termo “torcedor” surgiu a partir da presença feminina nos campos e estádios de futebol? Pois bem, tudo aconteceu no início do Século 20, quando as mulheres frequentavam esses ambientes trajando luvas, vestidos e chapéus. Há quem defenda que o termo tenha sido criado por Coelho Neto, cronista e compositor do hino do Fluminense, na tentativa de nomear um coletivo de “fãs” por meio de uma alegoria que relacionasse sofrimento a uma palavra da língua brasileira que traduzisse o sentimento. Dizia-se que, algumas dessas precursoras, quando nervosas pelo decorrer da disputa e em função do calor, tiravam as luvas e começavam a torcê-las. A partir de então, passou-se a utilizar o termo para todas as pessoas que iam para o campo “torcer” por seus clubes. O fato é que a presença das mulheres na arquibancada teve papel decisivo no surgimento do que hoje conhecemos por torcida. O motivo de você, provavelmente, não conhecer essa história tem relação com anos de repressão e uma posição imposta às mulheres no esporte. Muito disso se deve ao Decreto-Lei nº 3.199 de abril de 1941, que estabeleceu que “às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. Em 1965, a lei foi regulamentada, e foram proibidos os esportes de contato para o sexo feminino. “Não é permitido a prática de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo aquático, polo, rugby, halterofilismo e baseball”. E – pasme! – essa proibição durou até 1983. Em contrapartida, nos últimos anos, elas vêm retomando seu papel de direito. No futebol, os números são expressivos. A última Copa do Mundo feminina teve o maior alcance midiático da história e registrou recordes de audiência na cobertura televisiva. Somente o jogo das oitavas de final, quando o Brasil enfrentou a França, teve 35 milhões de espectadores. Na torcida não é diferente, pesquisas como a do Ibope (2014) ou a da Pluri (2012), comprovam que as mulheres ou são a maioria, ou estão quase empatadas com os homens no número total dos torcedores pernambucanos. Mesmo antes dessa “primavera feminista” no futebol, o Decreto-Lei não chegou a diminuir a paixão feminina pelo esporte bretão. Teresa Ribeiro, consultora da TGI, ainda na infância foi incentivada a gostar do esporte e a praticar a disputa nas quatro linhas. “Meu pai fundou um time de futebol na cidade onde morávamos, no interior da Paraíba, chamado Flamengo em homenagem ao amor que ele sentia pelo time de Zico”, relembra. “Nessa época, ele estimulou a criação de uma ala feminina, que funcionava para entrar com os jogadores no campo e também com o time de futebol mirim”, continuou. “Eu era a ponta-esquerda desse time e tínhamos as partidas organizadas, os uniformes e, durante muito tempo, isso foi presente na minha vida como uma paixão mesmo, até hoje acompanho o esporte”, recorda a artilheira. O assunto tem sido objeto de estudo da publicitária, professora e pesquisadora Soraya Barreto Januário, autora do livro Mulheres no campo – O ethos da torcedora pernambucana. Em sua pesquisa, ela aponta que a retomada da relevância feminina atrás dos alambrados está relacionada à ascensão do feminismo. “Acredito que há uma relação direta entre as conquistas do movimento feminista e o aumento de mulheres participando do futebol, não só como torcedoras, mas como atletas, gestoras, técnicas, árbitras”. Soraya também faz parte do time das torcedoras apaixonadas e a ideia da pesquisa surgiu do seu amor ao esporte. “Desde muito pequena, gosto de futebol, joguei bola na escola, tenho o meu clube de coração, sou Sport. Fui mascote do time, sempre frequentei o campo, uma das minhas maiores referências, além do meu pai, é minha avó que também jogava na sua juventude e que acompanha, apaixonadamente, até hoje o Sport”, conta a pesquisadora. “E, aí, quis unir o meu objeto de trabalho, as questões de gênero na comunicação, com esse amor ao futebol”, justificou. “Meu objetivo era perceber como as mulheres chegavam ao futebol, já que temos um histórico de proibição”, destaca. Atualmente, as mulheres formam seus próprios movimentos de torcida para ocupar as arquibancadas dos clubes do Estado e lutar por representatividade e contra o machismo dentro e fora do gramado. A enfermeira Priscila Azevedo, 26 anos, participa, há três anos, do Movimento Coralinas, um coletivo formado por mulheres torcedoras do Santa Cruz e que vem agindo para mudar a realidade da torcida feminina do clube. “Atuamos dentro e fora do estádio. Construímos, por exemplo, uma caixinha coletiva nos banheiros femininos fornecendo papel higiênico e absorvente às torcedoras”, destaca. “Também adesivamos as portas dos banheiros com informes de que aquele espaço é nosso, porque homens invadiam para utilizá-los. Temos ainda uma pelada feminina que acontece toda quarta-feira no campo do Arruda”, esclarece a tricolor. Viviane Barros, estudante de 27 anos, entende que as torcidas femininas cumprem um papel maior do que apenas acompanhar os clubes. “Nós, do Elas e o Sport, nos reunimos para realizar ações sociais, como o projeto Amor além das Arquibancadas, uma campanha para ajudar uma creche e um asilo. Na nossa última ação recolhemos livros para doação ao Hospital do Câncer. Também trabalhamos com prevenção e cuidado ao câncer de mama e realizamos ações em parceira com outras torcidas, em nível estadual, regional e nacional, abordando temas sobre os direitos e a liberdade das mulheres tanto dentro quanto fora do estádio”, relata a rubro-negra. “Procuramos fazer essa rede de solidariedade, porque acreditamos que o futebol não é somente um lazer, vemos no esporte o poder de transformar a sociedade. Praticamos boas ações que transbordem a alegria de ser Sport Club do Recife para as outras áreas da vida”, defende. Mas nem tudo são flores no caminho das torcedoras pernambucanas. Ainda existem muitos desafios e obstáculos a serem ultrapassados no campo de futebol. A estudante Marcela de Oliveira, 18 anos, é fanática pelo Náutico e participa ativamente do coletivo de torcedoras Timbuzeiras. Mas, ela confessa não ser tarefa fácil ir ao estádio acompanhar seu clube do

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257 toneladas de óleo já foram recolhidos em Pernambuco

Em mais uma ação articulada, equipes do Governo do Estado estiveram, durante todo o dia de ontem (21), coordenando o trabalho de contenção, coleta e remoção das manchas de óleo registradas nas praias de Itapuama, Pedra do Xaréu, Gaibú e Paiva, todas no município do Cabo de Santo Agostinho, além da praia de Sirinhaém. Nas últimas 24 horas, foram recolhidas 186 toneladas de resíduos de petróleo, elevando o total acumulado desde a semana passada para 257 toneladas. Os municípios de São José da Coroa Grande, Barreiros, Tamandaré, Rio Formoso, Sirinhaém, Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho registraram o aparecimento de manchas de óleo em suas praias. Todo o material recolhido está sendo acondicionado em caixas estacionárias, distribuídas nos municípios atingidos. Duas empresas de gerenciamento de resíduos perigosos estão em operação de coleta e transporte do produto, que são encaminhados ao Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) Pernambuco, localizado na cidade de Igarassu. O Governo do Estado mantém um efetivo calculado em 400 pessoas, de diversos órgãos. São equipes de limpeza, supervisão, técnicos e analistas, que utilizam um helicóptero, dez embarcações e 30 viaturas trabalhando na instalação de bóias de contenção nos estuários, remoção do óleo coletado para o aterro sanitário, recolhimento de manchas ainda em alto mar e nas praias, distribuição de EPIs e sobrevoos diários para localização do óleo no mar. Equipes da Secretaria estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e CPRH fizeram a distribuição de mais de 1.700 botas, sete mil luvas, 16 mil mascaras, 3.300 sacos plásticos e 4.500 sacos de ráfia, 640 bags e mil rolos de manta absorvente para os voluntários e equipes do Governo. O efetivo do Porto do Recife, por sua vez, está desde a sexta-feira executando o monitoramento em alto mar. Mais de nove mil metros de mantas absorventes, cerca de três mil metros de barreiras e quatro barcos foram disponibilizados pela empresa. A força tarefa para o trabalho de coleta do petróleo tem sido feito em expedientes de 10 a 12 horas seguidas. “O Porto de Suape e o Porto do Recife atuaram diretamente com a estrutura de embarcações e barreiras, protegendo os estuários e os corais. Importante destacar também a articulação do governo com a sociedade civil para doação de equipamentos de proteção necessários para a remoção do óleo. Muitas empresas estão ajudando”, informou o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach. Técnicos da CPRH monitoraram os rios Persinunga (São José da Coroa Grande) e Una (Barreiros); Rio Formoso (Tamandaré); Rio Massangana (Cabo de Santo Agostinho); Rio Maracaípe (Ipojuca); Rio Sirinhaém (Sirinhaém); e Rio Jaboatão (Jaboatão dos Guararapes). No início da manhã, um barco da Marinha do Brasil interceptou uma mancha de óleo nas imediações da praia de Pedra do Xaréu. Segundo técnicos da CPRH, não foi observada a chegada de novas manchas de óleo nos estuários dos rios nesta segunda-feira. Até o domingo (20) foram instalados dois mil metros de barreiras de contenção, sendo 1.645 do Governo do Estado e o restante da Petrobras. O material foi colocado em diversas localidades, como o Rio Persinunga (São José da Coroa Grande), Rio Una (São José da Coroa Grande), Rio Mamucabas (Barreiros), Rio Maracaípe (Ipojuca), Rio Massangana (Ipojuca) e Rio Sirinhaém (Sirinhaém) REFORÇO – O Governo do Estado anunciou o reforço nas ações de coordenação e cooperação com os municípios atingidos pelas manchas de óleo. Segundo o coronel Lamartine Barbosa, secretário Executivo de Defesa Civil do Estado, a partir desta terça-feira (22) equipes da pasta estarão trabalhando permanentemente nas cidades de São José da Coroa Grande, Tamandaré, Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, oferecendo suporte e apoio nas ações de controle e monitoramento. (Do blog do Governo de Pernambuco)

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Grau Técnico cresce no País e prevê dobrar o número de alunos

Enquanto o emprego está em crise no País, a preparação para o mercado de trabalho está em alta no Grau Técnico. A rede de formação técnica que nasceu na Avenida Conde da Boa Vista, em 2010, começou a franquear no ano seguinte e hoje está presente em 16 Estados, com 52 mil alunos. Com uma estrutura que contempla agências de encaminhamento dos formandos aos processos seletivos e cursos ajustados à rotina de quem precisa estudar e trabalhar, a empresa vive um momento de crescimento nas duas pontas: grande procura de novos estudantes e um avanço exponencial de novas franquias. A empresa foi inaugurada num momento de alta da economia pernambucana, nos anos áureos do avanço da industrialização do Estado. As turbulências no mercado, porém, passaram bem longe do Grau Técnico. “Surpreendentemente não sofremos com a crise. Com o índice de desemprego alto no País, ao trabalhar com educação, conseguimos suprir uma necessidade das pessoas, pois nossa proposta não é apenas oferecer formação profissional, mas, de fato, preparar e encaminhar os alunos para o mercado de trabalho por meio das agências de encaminhamento em todas as escolas”, afirma Carolina da Fonte, sócia-diretora do Grau Técnico. Ela divide a direção do negócio com os irmãos Ruy Porto Carreiro e Cristiana da Fonte. Neste ano entraram 12 novas unidades franqueadas da rede, totalizando 45 escolas em operação no País. Até dezembro serão mais 15 unidades. Para 2020, novas 70 unidades serão abertas. Não é uma expectativa. Esse número é de negócios já fechados. “Nossa pretensão é finalizar o ano de 2020 com 130 unidades, que já foram comercializadas e estão em obras ou em busca de imóvel”, afirma Carolina. Os números representam um aumento no faturamento em 2019 de 50%. Uma novidade do próximo ano é que a presença majoritária de franquias, hoje concentrada no Nordeste, passará a ser no Sul e Sudeste, que terá em torno de 60% das escolas em funcionamento da rede. Os Estados do Rio de Janeiro e de Santa Catarina receberão suas primeiras unidades e em breve no Grau Técnico do Brás, na capital paulista, passará a funcionar uma base de apoio para dar suporte aos associados dessas regiões, funcionando como uma sub-sede. Só o Estado de São Paulo, por exemplo, já dispõe de sete unidades. O valor inicial de investimentos dos franqueados é de no mínimo R$ 1 milhão. A diretora explica que na maioria das unidades não há apenas um investidor, mas são formados grupos de franqueados que assumem o negócio. Hoje são cerca de 100 franqueados. Com o aumento do número de escolas, a empresa projeta em 2020 praticamente dobrar o corpo discente atual, fechando o próximo ano com 100 mil estudantes em todo o País. “Percebemos que há uma demanda gigante não só causa do desemprego alto, mas porque a cultura dos estudantes vem mudando. Muitos alunos não estão indo diretamente para cursos superiores, mas passaram a optar por técnicos, por serem relativamente mais rápidos, com teoria e prática, além de um índice de empregabilidade muito maior, se comparados com as graduações”, afirma Carolina da Fonte. Atualmente a rede tem uma cartela de 24 cursos técnicos e a cada ano pelo menos dois novos ingressam na grade de oferta. As formações mais procuradas em todo o País são os cursos técnicos em enfermagem, em radiologia e em administração. Em 2019, a escola passou a formar técnicos em nutrição, em desenvolvimento de sistemas e em estética. Para o próximo ano, entrarão na grade pelo menos os cursos de saúde bucal e agronegócio. Para atender todo o alunado matriculado na instituição, trabalham atualmente 2,5 mil profissionais no Grau Técnico, em torno de 700 a mais do que no ano passado. Sem somar os instrutores que ingressarão na rede no próximo ano, Carolina fala que a franquia deverá contar com, pelo menos, mais 1,5 mil funcionários até o final do próximo ano. Em 2020 duas grandes novidades da empresa serão a inauguração da Faculdade Grau, com três cursos (administração, engenharia de produção e pedagogia) e a mudança da marca Nível A (empresa da rede com formações profissionalizantes que já possui 7 escolas e 4 mil alunos) para Grau Profissionalizante. Para a faculdade, a empresa está construindo um prédio na esquina Avenida Conde da Boa Vista com a Rua Dom Bosco, onde funcionava no passado o Colégio Panorama. Em alguns anos, já estão nos planos da marca a fundação do Colégio Grau. Com os novos contratos fechados e as inovações em curso, a rede prevê aumentar o faturamento em 60% no próximo ano. *Rafael Dantas é repórter da Revista Algomais e assina a coluna Gente e Negócios no Algomais.com(rafael@algomais.com)

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Orquestra Criança Cidadã abre 11ª Cúpula dos BRICS

A Orquestra Criança Cidadã será a principal atração musical da cerimônia de abertura da 11ª Cúpula dos BRICS, que acontecerá no Palácio Itamaraty, em Brasília, no dia 13 de novembro, às 20h. Sob regência do maestro Nilson Galvão Jr., os 50 músicos do grupo farão um número com arranjos de quatro canções folclóricas e populares típicas dos países visitantes (Rússia, China, Índia e África do Sul) e de sucessos brasileiros de diversos ritmos: do frevo ao samba, passando pela bossa nova e pelo forró. O grupo também realizará outras três apresentações na capital federal: na Caixa Cultural Brasília, no Átrio dos Vitrais do edifício Matriz da Caixa e na abertura de uma agência do banco. Esses demais concertos serão dirigidos para convidados da Caixa ou projetos sociais indicados pela instituição, patrocinadora máster da Orquestra Criança Cidadã. Gerida pela Associação Beneficente Criança Cidadã, a Orquestra Criança Cidadã é um projeto social de educação musical inaugurado em 25 de julho de 2006, no Recife, por iniciativa do juiz de Direito João José Rocha Targino – em parceria com o maestro Cussy de Almeida (1936-2010) e com o desembargador Nildo Nery dos Santos (1934-2018) – e atende 360 jovens, com idade entre 07 e 21 anos, da comunidade do Coque (Recife), do distrito de Camela (Ipojuca) e da zona rural do município de Igarassu. Para incentivar a criatividade musical, o projeto conta com uma orquestra principal e mais de uma dezena de grupos representativos: trios, quartetos e quintetos de cordas; grupos de sopros, percussão e flautas doces; o núcleo de música popular, além de corais e orquestras de diferentes níveis (infantil, infantojuvenil e juvenil). Diversos alunos da Orquestra já tiveram a chance de realizar intercâmbio musical em países como Polônia, Áustria, República Tcheca, Alemanha, México, Canadá e Espanha. No dia a dia da Orquestra Criança Cidadã, os alunos permanecem no projeto por um período de quatro horas, sempre no contraturno escolar, e recebem aulas de instrumentos de cordas, sopros e percussão, luteria, teoria musical, flauta doce e canto coral. O projeto conta ainda com apoio pedagógico; atendimento psicológico, médico e odontológico; aulas de inclusão digital; fornecimento de três refeições por dia e fardamento.

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"Boemia faz parte da cultura de uma cidade"

Quem costuma frequentar a noite recifense certamente já se divertiu em alguma festa promovida por Paulo Braz nos últimos 30 anos. Mentor de festejos memoráveis, quando a capital pernambucana ainda sofria os tristes e duros anos de chumbo da ditadura militar, Braz também abriu casas noturnas que ficaram célebres. Foram mais de 30 festas. Nesta entrevista a Cláudia Santos, feita no seu negócio atual, a Mercearia do Braz, no bairro da Boa Vista, ele conta sua surpreendente trajetória como funcionário do Banco Central, psicólogo e promotor da boemia. E ainda divulga uma novidade: após 10 anos sem organizar festejos de ano novo, ele paneja montar um Réveillon no Bar Biruta, no bairro do Pina. Como um funcionário do Banco Central tornou-se o rei da noite recifense? Este ano lancei o livro Meu peito é feito de festa, onde conto essa história. Nasci no interior da Paraíba, cheguei no Recife, aos 15 anos, em 1969. Morava na casa de um tio que eu nem conhecia. Estudei no colégio interno dos padres franciscanos, que foi uma coisa muito boa para mim porque eu logo cedo desenvolvi o hábito da leitura, que foi minha tábua de salvação. Por que? Porque descobri a arte. Eu ia na biblioteca pegar livro emprestado e me preparei. Eu tinha uma bagagem cultural melhor do que a de meus primos daqui que já tinham 16, 17 anos. E o que me restava era fazer concursos. Passei na Embratel, no Banco do Brasil, na Faculdade de Psicologia e entrei no Banco Central, em 1976. Naquela época, você podia trabalhar seis horas, havia perda de salário, mas para mim era mais interessante, porque podia atender no consultório. O Banco Central era uma instituição muito séria, mas sabia que aquilo não ia me satisfazer, e comecei a participar da vida cultural da cidade. Acontece que surgiu o Congresso de Psicologia em Havana e, nessa época, o Brasil ainda nem tinha relações diplomáticas com Cuba. Fomos num grupo de 10 psicólogos do Recife, de um total de 300 da América Latina. Quando cheguei lá, fiquei encantado com o estilo de vida dos cubanos, com sua alegria, com a dança, com a soltura da pélvis dos homens cubanos, com a festa, com o rum, com o charuto, com toda essa festa tropical latina. Enquanto lá eles comemoravam a vida, a gente vivia uma ditadura, o Recife era uma cidade triste. Quando voltei, pensei em promover festas com a alegria cubana. Na época, a gente se encontrava na loja Allegro Cantante, que foi a primeira a fazer a passagem do vinil para o CD. Era frequentada por publicitários, jornalistas e o pessoal de música. Eu saia do Banco Central e ia pra lá. Um dia eu falei: tô querendo fazer umas festas temáticas, um negócio bacana mesmo. Daí, eu e um grande amigo, Wagner Nogueira, diretor de arte da Italo Bianchi, saímos da loja e fomos continuar a bebedeira na casa dele. Contei pra ele como queria a festa e ele começou a rabiscar o cartaz do evento. A partir desses encontros, desses brainstorms, surgiram as primeiras festas temáticas. Como eram os temas dessas festas? A primeira, O Baile, teve no cartaz de divulgação uma arte com Rita Hayworth e aconteceu no The Pernambuco British Town Club, antigo clube dos ingleses que ficava no Recife Antigo. Depois promovi Os incríveis anos 60, que tinha como cartaz uma arte lembrando o disco Sgt. Pepper's, dos Beatles. O estilo de música era o das big bands, ou jazz, ou salsa. Nos 200 anos da Revolução Francesa, fizemos uma festa inspirada em Coco Chanel e no filme O Baile, de Ettore Scola, e trouxemos ninguém menos que Bibi Ferreira para cantar as canções de Edith Piaf. A ditadura terminou em 1985/1986, mas as pessoas não costumavam frequentar as ruas à noite. Aí eu descobri o Forte das Cinco Pontas, a Torre Malakoff, a Rua do Bom Jesus, que estavam em ruínas. Comecei a promover festas temáticas nesses locais. Era uma forma de levar as pessoas para lá. Fiz mais de 20 festas temáticas, também promovi Réveillon, os festejos do bloco Siri na Lata. Depois eu evoluí para casas noturnas. Qual o perfil do público? O "público cabeça" da cidade. Abri a casa Calypso, junto com os sócios Murilo Cavalcanti e Mário Delli Colli, na Rua do Bom Jesus, que estava se descolando de ser uma ruína para ser o point da cidade, no Governo Jarbas. Eu já estava tão esperto que enxergava onde deveria abrir um negócio. Sabia que o local iria se transformar numa espécie de Bourbon Street, rua boêmia de Nova Orléans, que eu tinha acabado de visitar. Enquanto os outros empresários escolhiam casas já restauradas, preferi uma que estava em ruínas, mas tinha boa localização. Transformou-se num dancing. Quando a Rua do Bom Jesus foi totalmente restaurada, com grande número de frequentadores do Recife e turistas, todo mundo ficava bebendo nos bares e a minha casa era a única pra dançar. Por volta das 22h, o pessoal já estava alegrinho e vinha dançar no Calypso. Depois eu abri o Cuba do Capibaribe no Paço Alfândega, que também foi um grande sucesso. E esta foto de Chico Science (na parede do bar, há uma fotografia do artista com um caranguejo na mão apontando para a placa da Rua do Bom Jesus)? Foi do Réveillon do Bom Jesus, em 1995. Chico estava despontando e aí propus: Chico vamos fazer o Réveillon? O empresário dele não queria. Aí fiz pressão. Esperei, às 5 horas da manhã para que ele descesse do apartamento dele para convencê-lo de que aquela seria a melhor opção para ele se apresentar no Recife naquele fim de ano. Algumas outras pessoas ajudaram no convencimento. E foi um sucesso! Essa foto aí, é Chico na Rua do Bom Jesus, dizendo “olha, o Réveillon vai ser aqui”. E pretendo fazer o próximo Réveillon no bar Biruta, no Pina. Como você conciliava o emprego no BC e a administração das casas noturnas? Eu me afastei

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Exército vai reforçar ações em praias atingidas por óleo

O presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse que militares do Exército vão reforçar as ações de limpeza das praias atingidas por óleo no litoral do Nordeste. De acordo com Mourão, um grupo de cerca de 5 mil militares, da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército, em Recife (PE), começará a trabalhar na limpeza das praias a partir desta segunda-feira. "Fora os equipamentos que estão sendo distribuídos à Defesa Civil dos estados e municípios", disse ele a jornalistas depois de reunião no Ministério da Defesa sobre o vazamento. O presidente em exercício informou que o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, vai a Recife e também se encontrará com os governadores da Bahia, Rui Costa, e de Sergipe, Belivaldo Chagas Silva, para organizar os esforços de limpeza das praias e que o material recolhido está sendo enviado para fábricas de cimento que utilizam o óleo na linha de produção. “A coisa vai sendo organizada”, disse. Mourão disse que o governo trabalha com a hipótese de que o derramamento de óleo tenha ocorrido na região marítima próxima ao litoral do Rio Grande do Norte. “Todos os sistemas de inteligência estão trabalhando para tentar chegar à conclusão de onde partiu esse óleo. A área a gente já sabe, no bico do Rio Grande do Norte, antes de fazer a curva para o norte do Brasil. Pelo trânsito das correntes marinhas, se acredita que dali teria saído esse óleo. Aí agora é cruzar dados”, disse Mourão. O presidente em exercício disse que o governo não demorou em dar resposta ao desastre ambiental, o qual classificou como "inédito no mundo". De acordo com ele, o governo não demorou para acionar os protocolos de segurança, mas faltou mais comunicação. Mourão comentou a decisão da juíza federal Telma Maria Santos Machado, que, em resposta a uma ação apresentada pelo Ministério Público Federal em Sergipe, reconheceu que o governo teria tomado as providências necessárias para conter o vazamento de óleo nas praias do Nordeste. “A juíza já analisou, já mostrou que o governo, desde o dia 2 de setembro, já acionou os protocolos correspondentes. Apenas, mais uma vez, nos faltou comunicar mais isso aí”, disse Mourão ao sair da reunião. (Da Agência Brasil)

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71 toneladas de óleo são retiradas das praias do litoral sul

O Governo de Pernambuco está realizando as ações de contenção, limpeza e prevenção das manchas de óleo nas praias do litoral sul do Estado. Ao todo, já foram coletadas 71 toneladas de óleo nas áreas atingidas, nos últimos três dias. A Sala de Situação, criada pelo governador Paulo Câmara para tratar exclusivamente do tema, está comandando as ações junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e CPRH. Além de São José da Coroa Grande, Tamandaré, Sirinhaém, Barreiros, Rio Formoso e Ipojuca, também foram localizadas, neste domingo, manchas de óleo no município do Cabo de Santo Agostinho, nas praias de Itapuama e Pedra Xaréu; e na praia de Ilha Cocaias, em Suape. O efetivo do Governo do Estado, hoje, passou de 200 para 400 pessoas de diversos órgãos. Além dessa mobilização, cerca de 350 pessoas participaram das ações de limpeza nos municípios afetados. Para a operação deste domingo foram utilizados três helicópteros, 30 viaturas, sete caminhões, dois tratores e três barcos contratados pelo Governo do Estado. Das 71 toneladas recolhidas, 60 já foram encaminhadas ao Centro de Tratamento de Resíduos (CTR), localizado em Igarassu, onde estão sendo descartadas corretamente. A pedido do Governo do Estado, o CTR Pernambuco estenderá o horário de funcionamento neste final de semana para receber a coleta especial. Embora o Governo do Estado tenha se esforçado para realizar o trabalho de contenção do derramamento de óleo, o secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Bertotti, voltou a cobrar que o Governo Federal supra as necessidades previstas no Plano Nacional de Contenção de Vazamento de Óleo. “O Governo Federal ainda não conseguiu identificar a origem do vazamento, mas precisamos que, efetivamente, sejam disponibilizados todos os equipamentos necessários para realizarmos o processo de contenção”, pontuou. Para esta segunda-feira, Bertotti adiantou que o trabalho continuará dentro dos mesmos moldes. “Serão realizados novos sobrevoos pela manhã e vamos continuar monitorando o processo de recolhimento de resíduos”, reforçou. DECISÃO - A Justiça Federal expediu, neste domingo (20.10), decisão que obriga a União a cumprir o previsto no Plano de Contenção de Desastres Ambientais, assumindo a parte que lhe cabe no trabalho de combate ao vazamento de óleo no litoral de Pernambuco, iniciativa pela qual o Governo Federal vinha sendo cobrado desde a identificação das primeiras manchas. A ordem foi expedida pelo juiz plantonista Augusto César de Carvalho Leal, que concedeu a tutela de urgência postulada pelo Ministério Público Federal (MPF) em Ação Civil Pública movida contra a União e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Na decisão, o magistrado determina que a União adote imediatamente todas as medidas necessárias para contenção, recolhimento e adequada destinação do material poluente encontrado na costa "com foco na proteção de ecossistemas sensíveis de Pernambuco (manguezal, áreas de estuário, bancos de fanerógamas e recifes de coral)". O juiz estipulou ainda um prazo de 24 horas para que o Governo Federal implante barreiras de proteção, realize o monitoramento de ecossistemas no território pernambucano e providencie os equipamentos de proteção individual (EPIs) aos voluntários, bem como recipientes de acondicionamento adequado do material recolhido solicitados pelo CPRH, além de atuar no resgate à fauna e flora atingidos. A decisão judicial adverte que o descumprimento de quaisquer das ordens contidas na tutela acarretará em multa diária de R$ 50 mil, além do risco de outras sanções legais. (Blog do Governo de Pernambuco)

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Fundaj cria grupo para monitorar manchas de óleo por georreferenciamento

A Fundação Joaquim Nabuco criou um grupo de trabalho para monitorar, por meio do Centro Integrado de Estudos Georreferenciados (Cieg), da Diretoria de Pesquisas Sociais(Dipes), as manchas de óleo que surgiram no litoral da Região Nordeste. O Cieg fará monitoramento por georreferenciamento. Para isso processará imagens de radar do satélite francês Sentinel-1, em cooperação técnica com pesquisadores do Centre d’Etudes Spatiales de la Biosphère (Cesbio),da Universidade de Toulouse, França. A tecnologia é conhecida por Radar de Abertura Sintética (SAR), sendo considerada pelos especialistas como a adequada para monitorar o caso. Coordenado pelo pesquisador do Cieg Neison Freire, o monitoramento será encaminhado às instituições competentes. Esse mesmo trabalho de monitoramento foi realizado no Caso Brumadinho.

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Juvenil Silva, um operário do rock pernambucano

Por Yuri Euzébio Os anos 70 representam um marco na cultura e na música mundiais. Marcada pela psicodelia, pelo rock'n’roll e pelo movimento hippie, essa década deixou um legado de diversidade e liberdade para as gerações posteriores. No Nordeste, o período representou um despertar de um movimento musical forte e marcado pelo caráter regionalista. Uma turma nova surgiu do Ceará a Pernambuco, passando pela Paraíba. Diversos novos nomes apareceram e revelaram ao Brasil um Nordeste pop onde frevo, forró e maracatu se misturavam com uma atitude rock'n’roll. Juvenil Silva é um setentista que nasceu tarde demais. O músico e multiartista pernambucano já tem três álbuns lançados, sempre fazendo rock com influências da psicodelia e do desbunde dos anos 70. Começou na música desde cedo e de forma despretensiosa como parece levar a vida até hoje. “Eu tenho 34 anos e desde os 14, 15 anos de idade que eu troquei a minha bicicleta por um baixo velho e fiquei tentando aprender umas músicas fáceis, aí já fiz uma banda sem muita expectativa de nada”, relembrou. “Sempre gostei de escrever, comecei então a compor loucamente e sempre deixei a galera cantar porque tinha muita vergonha dessa coisa de ser o frontman, eu não me via nesse papel”, pontuou. “Com o tempo, vez ou outra, num bar mostrando música nova pros meus amigos de outras bandas, eles chegavam e diziam ‘Ah, cara, é muito diferente quando tu interpreta as tuas músicas, tu devia cantar’, depois de muita gente falar isso eu resolvi tentar”, concluiu. O músico caminha desde o início por uma trilha própria, em paralelo à sombra da influência manguebeat, mas de ouvidos atentos ao que lhe contorna. Em 2013, lançou seu primeiro disco “Desapego”. "Foi meio que tranquilo, eu tava com uma grana e tinha promoção no estúdio, podia ensaiar de graça. Eu aproveitei e falei ‘vamo gravar’”, detalhou. “Escolhi dez músicas fáceis, ensaiei e gravamos o disco rapidamente e continuei minha vida sem a pretensão de ser um artista, fui pular o Carnaval, de repente apareceram várias matérias sobre o disco. O pessoal descobriu meu som e começou a fazer resenha e a aparecer proposta de show”, confessou. Ele teve que montar uma banda pra tocar no Abril Pro Rock, porque havia gravado o disco sozinho. No mesmo ano, Juvenil tocou em todos os festivais da cidade. Um ano depois dessa estreia, ele emendou com a produção de um segundo disco. “O segundo disco foi um processo mais profissional, ensaiando bastante, com banda, uma produção refinada”, explicou sobre “Super Qualquer no Meio de Lugar Nenhum” de 2014. Meio que por acaso, sem nunca se dar conta do que estava acontecendo, o compositor foi ampliando seu leque de atuação na cena musical independente e autoral da cidade. “Eu comecei a produzir festival, como o Desbunde Elétrico que durou 10 anos, comecei a tocar com outras pessoas”, destacou. Representante de uma cena musical da cidade ligada à psicodelia, rock e retomada do espírito setentista, o artista explica como essa época o influencias. “Existe muito o negócio de choque de geração, uma geração nega a outra é o que dizem. Nos anos 70 existiam uma parada, depois veio o manguebeat que inventou uma coisa nova e depois vieram ouros jovens roqueiros como a gente e resgatamos os anos 70”, pontuou. “Nós não dávamos muita moral pro manguebeat, estávamos ouvindo as coisas mais velhas, mas também jogando pra realidade que vivíamos.  Acho que foi isso, daqui a pouco as gerações mais novas vão vir e achar uma merda esse som que fazemos. E depois de um tempo, vai ter uma galera curtindo a gente”, refletiu. “Hoje em dia, eu sou um cara totalmente nem aí pra isso. Não sou muito fechado a nicho ou a galera, eu vou mais por energia”, ponderou. Figura simples e cativante, a ponto de trocar essa ideia com esse intrépido colunista em um bar brindando uma cerveja, Juvenil Silva segue fazendo a trajetória de seu caminho com acentuadas curvas ao contrário do esperado. O importante para ele é manter a sinceridade em sua vida e obra. “Eu dou muito mais valor, se o trabalho é sincero, do que aquele cara que finaliza algo aparentemente bom, mas forjado. Eu to mais pro lado do coração mesmo”, admitiu. Pro futuro, o músico planeja, à sua maneira própria, gravar um próximo álbum e retomar sua carreira solo, simultaneamente em que mantém seus inúmeros outros projetos como a Avoada, banda de música independente que formou com seus amigos, ou o espaço cultural TV Tumulto. “Eu não sei como eu vou findar esse próximo disco ainda, eu vou deixando rolar. Esse ano eu só compus e guardei as músicas, mas agora, enquanto eu vou executando meus projetos, eu vou gravando o meu próximo trabalho”, instigou. “Domingo a domingo, acordando cedo e dormindo tarde com um bom operário do rock”, concluiu.

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Dor nas costas é campeã em afastamentos do trabalho

Neste Dia Mundial de Combate à Dor, celebrado hoje (17 de outubro), paira um alerta sobre um assunto bastante comum que afeta a aproximadamente 80% da população brasileira: as dores nas costas. Trata-se de um problema que interfere em diversas esferas da vida do indivíduo, especialmente na sua capacidade funcional no trabalho, fato que é atestado pelo INSS ao reportar que a maioria dos pedidos de afastamento das atividades está relacionada ao distúrbio. Só em 2017 foram contabilizados 83,8 mil casos de licença por este motivo, segundo o órgão. Segundo o neurocirurgião pela Unifesp, com foco de atuação em coluna, Dr. Alexandre Elias, a prevalência dos casos de dores nas costas se dá por processos inflamatórios e degenerativos na região, sendo que ambos costumam ser potencializados por maus hábitos do próprio indivíduo. “São erros posturais, sedentarismo, excesso de peso corporal e de carga empregada, além de atividades físicas inadequadas, que em geral passam despercebidos nas ações cotidianas, gerando desgaste das articulações e estruturas adjacentes. E quando somados aos fatores de predisposição genética, tem-se um quadro bastante favorável ao desenvolvimento de problemas crônicos e de mais difícil solução”, explica o médico. Como identificar Não é difícil saber quando as costas doem. Mas se as crises são constantes e insistentes, persistindo por mais de três meses, é indício de que algo não está funcionando bem. Mas é preciso ter atenção! A automedicação, apesar de parecer uma solução eficiente e mais barata, pode trazer sérios riscos. “Se o indivíduo tem quadros dolorosos várias vezes e toma analgésicos para sanar momentaneamente o problema, pode estar mascarando uma doença mais grave. Por isso, recomendo que haja uma espécie de diário para registrar quantas vezes essas crises aparecem, com que intensidade e especialmente em quais situações. Isso facilita o diagnóstico de inúmeros distúrbios, como a hérnia de disco, espondilolistese e até tumores”, diz o neurocirurgião. Tratamentos mais eficientes E qual é o tratamento mais indicado para o controle da dor nas costas? Depende. Quanto mais cedo a disfunção que gera o sintoma for identificada, mais chances o paciente tem de responder positivamente ao método terapêutico escolhido. “Inicialmente o tratamento é feito pela via medicamentosa, que pode sofrer alguns ajustes ao longo do caminho. Quando aliada a reabilitação postural e realização de exercícios de fortalecimento, tende a ser mais que suficiente”, contextualiza o especialista. Porém, casos mais resistentes podem ter indicação de procedimentos cirúrgicos. “Quando a disfunção é crônica, precisamos agir direto na coluna. Um dos recursos que temos é injetar opioides específicos na estrutura da coluna. A toxina botulínica A e o CBD, derivado do canabidiol, também estão sendo considerados atualmente. Para além disso, com o avanço da medicina, felizmente podemos contar com diversas possibilidades de cirurgias minimamente invasivas, com cortes reduzidos e menor tempo de recuperação”, explica. Dr. Alexandre Elias ainda lista algumas medidas que podem ser de grande valia tanto para quem sofre com as dores como para aqueles que querem se prevenir. São elas: 1) Atenção ao uso de saltos: o uso de sapatos com saltos, especialmente os mais finos, pode prejudicar o pescoço e a lombar ao longo do tempo. Isso porque ao andar, os ombros são projetados para trás e a cabeça para a frente, mudando a angulação da coluna. A dica é reduzir o tempo em cima deles e buscar opções que tenham elevação entre 2 e 3 cm, ou ainda solados com sistema que minimize o impacto do peso corporal contra o solo. 2) Observe a angulação do pescoço ao usar o celular: a cabeça inclinada força o pescoço além do necessário, sobrecarregando a região e toda a cervical. O excesso de peso também se reflete nos ombros e costas, podendo até mesmo ocasionar hérnias de disco. Para evitar o problema, basta colocar o telefone na altura dos olhos. 3) Cuidados ao dormir: seja qual for o material do travesseiro, o importante é que a sua elevação esteja alinhada com a cabeça, fazendo com que não seja necessário dobrar o pescoço para cima ou para baixo. Usa-se, como média, uma altura de aproximadamente 10 centímetros. A mesma atenção vale para o colchão, que deve acolher o corpo com flexibilidade, mas não permitir que ele afunde. A posição de dormir também é importante, sempre de lado e não de bruços ou barriga para cima. 4) Alimentação equilibrada: a obesidade pode trazer consequências sérias para a saúde da coluna e corpo como um todo, sobrecarregando suas estruturas. Controlar o peso por meio de uma alimentação balanceada, rica em proteínas, verduras, legumes e frutas é o caminho. 5) Praticar atividades físicas sob supervisão: os exercícios ajudam no fortalecimento de músculos e ossos, liberam hormônios que reduzem a dor, melhoram a capacidade funcional e, por fim, a qualidade de vida.

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