Terminado a Campeonato Pernambucano, festa para os campeões e para os times classificados para Copa do Nordeste e Copa do Brasil. Mas passadas as comemorações é preciso avaliar o que não deu certo na edição 2017 do torneio. A limitação de datas é sempre a justificativa para as dificuldades no cronograma. Mas não é apenas isso.
1. A final
A distância de 52 dias da primeira partida para a decisão do Campeonato Pernambucano foi um dos itens mais estranhos da edição 2017 da competição. Mesmo sem discutir o aspecto técnico (há quem considere que o Salgueiro a agenda prejudicou o Salgueiro), o tempo entre as finais quebrou completamente o ritmo do campeonato.
2. Tabela deixa interior sem prestígio e repete jogos
A tabela da referida série A1 do Campeonato Pernambucano concede de fato apenas 3 vagas para os times do interior. Jogar uma primeira fase sem os grandes da capital retira completamente a motivação dos times que subiram da A2. E sem jogar contra Sport, Santa Cruz ou Náutico, atletas, clubes e seus patrocinadores ficam fora da vitrine do grande público. Além de excluir os times do interior de partidas com os grandes, a atual tabela permite muitas repetições de jogos num campeonato tão pequeno. O Sport e Salgueiro, por exemplo, tiveram quatro confrontos em apenas 14 partidas disputadas. O mesmo aconteceu com o Santa Cruz x Náutico, Santa Cruz e Salgueiro, Náutico x Sport. (Uma sugestão: primeiro turno com apenas jogos de ida, definidos em sorteio, agregando mais que as 6 equipes atuais).
3. Torcidas Organizadas
Não é um problema apenas local, mas as torcidas organizadas seguem sendo um problema para o campeonato e para a cidade. Em geral, só se esboça alguma ação para coibir a violência desses grupos após um caso de maior repercussão, como a morte de um torcedor.
4. Arbitragem
A arbitragem é um problema que não se concentra apenas no Campeonato Pernambucano, mas tem sido dor de cabeça há algum tempo. Não bastasse a distância entre as datas das finais, a atuação da arbitragem no jogo decisivo foi bastante questionada. Almejado para tirar dúvidas e evitar erros da arbitragem, o uso de tecnologias de vídeo na final acabou sendo mais um ingrediente para complicar a arbitragem. O lance polêmico que anulou o gol do Salgueiro ainda rende questionamentos do time sertanejo e dúvidas entre os cronistas.
5. Violência em campo
Anoto o quinto erro envolvendo equipes pernambucanas em outra competição, a Copa do Nordeste. As semifinais envolvendo Santa Cruz e Sport contaram com fatos para serem esquecidos da competição. As provocações entre Diego Souza e Halef Pitbull geraram uma partida tensão, com brigas entre atletas, expulsões e desrespeito às torcidas. Quem assistiu o "espetáculo" da segunda semifinal em paralelo aos jogos decisivos da Champions League, com viradas históricas e respeito mútuo ao final dos jogos, ver a confusão local foi vergonhoso.
6. Desigualdade econômica
Não é novidade para ninguém e não é um problema exclusivo pernambucano. Do mesmo jeito que o trio de ferro da capital pena quando chega à elite do futebol brasileiro, devido ao volume expressivo de recursos na montagem dos times do sul e sudeste do País, no Estado a discrepância é principalmente com os times do interior (apesar da diferença acentuada entre Sport, Náutico e Santa Cruz). Casos como a classificação do Salgueiro à final e dos últimos recentes títulos corais são pontos fora da curva que quebram a lógica dessa desigualdade. Garantir orçamento para elevar a competitividade das equipes do interior e garantir maior equilíbrio no pernambucano talvez seja o ponto mais complicado de combater.
7. Arena Pernambuco
Para completar os 7 erros poderíamos citar as dificuldades de viabilizar o melhor dos palcos para o futebol no Estado que é a Arena Pernambuco. Um investimento que custou caro aos cofres públicos e que tem muita resistência por parte dos clubes por um motivo óbvio: o acesso ao estádio. Chegar e sair da Arena ainda é um desafio, principalmente para quem depende do transporte público.
O futebol pernambucano tem clubes de tradição, torcidas apaixonadas e um histórico de revelação de jovens jogadores, mas ainda tropeça em algumas pedras que o aproxima de categorias mais amadoras.
*Por Rafael Dantas, jornalista (rafael@revistaalgomais.com.br)