Arquivos Notícias - Página 588 De 659 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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Cachaça gourmet ganha as mesas

No Estado da capital brasileira que mais consome uísque, a cachaça tem garantido, pouco a pouco, seu lugar de protagonismo nas mesas de bares e eventos mais sofisticados. Pernambuco é o segundo maior produtor da bebida destilada genuinamente brasileira e, desde 2008, ostenta seu valor como Patrimônio Cultural e Imaterial. No País, a cachaça ocupa o segundo lugar no ranking de bebida alcoólica mais consumida, perdendo apenas para a cerveja. Os dados são do Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Aguardente de Cana, Caninha ou Cachaça (PBDA). Na obra Açúcar, publicada em 1939, o pernambucano Gilberto Freyre apresentou a cachaça como o maior “mata-fome” do Brasil, com o poder de fazer a população pobre esquecer a escassez de comida e voltar ao trabalho. Décadas depois, seu neto e também sociólogo Gilberto Freyre Neto, especialista na bebida, revela que mais de 800 milhões de litros de cachaça são gerados por ano no Brasil e o mercado tem se voltado cada vez mais à produção artesanal. "Nos últimos anos, a cachaça começou a concorrer fortemente com outros destilados, como vodca, uísque, conhaque. As empresas estão desenvolvendo produtos premium e extra premium, com um grande valor mercadológico", informa. Segundo Freyre Neto, além de investir na fabricação sofisticada, os produtores se especializaram no armazenamento (em barris de aço) e no envelhecimento (em barris de madeira) da bebida, etapas posteriores à destilação. "Ela pode ser guardada durante anos. É nessa fase que o produto adquire um diferencial, uma 'personalidade'", especifica. No País, há mais de 40 opções de madeiras para envelhecimento, a exemplo de umburana, bálsamo e castanheira. "Cada espécie imprime um grau de cor e sabor próprio. A sua coloração, por exemplo, pode variar de transparente ou prateada até uma cor âmbar bem escura", revela. "Essa diversidade tem surpreendido os que militam no campo da degustação da bebida", completa o especialista. Cada tipo de cachaça pode ser harmonizada com diferentes pratos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento restringe a cachaça à denominação exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de 38% a 48% em volume, obtida pela destilação do mosto fermentado de cana-de-açúcar. "Há uma diferença entre aguardente, que é simplesmente a bebida destilada proveniente da cana, e a cachaça. Esta segunda deve estar nos moldes exatos de produção, considerando-se indicativos de volume e temperatura por exemplo", explica Gilberto Freyre Neto. As cachaças podem se dividir, de maneira genérica, em dois tipos: artesanal e industrial. A bebida fabricada em maior escala, de maneira mecanizada, é conhecida como cachaça de "coluna", aludindo ao equipamento em que é destilada. Na elaboração do produto artesanal, a destilação acontece em alambiques de cobre, após o corte manual da cana, moendas simples e processos de fermentação natural. RESERVA ESPECIAL. A cachaça Vitoriosa, idealizada em 2013 para celebrar os 75 anos da Pitú, é um exemplo do recente investimento das cachaçarias em rótulos gourmet. "A bebida teve origem numa reserva dos fundadores da Pitú e era oferecida apenas a amigos e familiares em momentos especiais", revela o diretor comercial e de marketing da empresa, Alexandre Ferrer. De acordo com Ferrer, a ideia é produzir um produto diferenciado a partir de uma seleção rigorosa da matéria-prima até o processo de envelhecimento de no mínimo cinco anos em barril de carvalho francês. "Após essa fase, a cachaça é transferida para barris de carvalho americano com a finalidade de aprimorar sua qualidade sensorial. Ao final, é engarrafada artesanalmente com embalagens de design exclusivo. As garrafas são de cristal francês e as tampas, de cortiça portuguesa", detalha o diretor. A história da Reserva 51 também é muito mais antiga do que a data de seu lançamento, em 2009. "A bebida se manteve por um longo tempo em segredo. Depois de sete anos de pesquisa intensa, a versão Premium da marca 51 passou por um processo de aprimoramento. Foi desenvolvida uma linha exclusiva com cachaças envelhecidas em barris de carvalho americano com finalização especial em três diferentes tipos de barris, de acordo com cada edição: a Rara (vinho), a Única (carvalho) e a Singular (umburana)", explica o diretor comercial e de marketing da 51, Rodrigo Maia. Outra marca que segue o processo artesanal é a Quilombo, produzida em Chã Grande, no Agreste Pernambucano. Sua produção chega a envelhecer de um até seis anos em barris de carvalho. Adilênio Sukar Junior, proprietário da cachaçaria revela que o consumidor pernambucano está começando a entender o diferencial de uma cachaça especial. "Por ser artesanal, nosso produto não contém nenhum conservante", conta. Segundo ele, a empresa fabrica cerca de 5 mil litros por ano. A história da cachaça se confunde com a história do Brasil, desde a sua colonização. A chegada do português forasteiro, que trouxe consigo a plantação da cana-de-açúcar; o consumo dos escravos africanos e dos indígenas e a tradição mantida até hoje fez com que a bebida se tornasse símbolo importante da nossa cultura. Hoje, vem ganhando espaço no mercado mundial, podendo ser apreciada de várias formas, seja pura ou resfriada, misturada nos mais diversos drinques ou acompanhada de frutas, cafés e chás. (Por Maria Regina Jardim, Fotos: Diego Nóbrega)  

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10 anos do Balanço Empresarial em Pernambuco

Há uma década, Pernambuco vivia o último ano do Governo Jarbas Vasconcelos e elegia Eduardo Campos para o primeiro mandato. Um momento de transição econômica, quando o Estado começava a receber grandes investimentos industriais. Desde 2006, o consultor José Emílio Calado (JBG & Calado Gestão e Negócios) realiza o Balanço Empresarial, mapeando ativos, receitas e lucros das organizações com atuação local, que publicam suas demonstrações financeiras no Diário Oficial de Pernambuco. O resultado tem sido divulgado na Algomais e hoje (17/10) foi apresentado pelo pesquisador em evento no Mercure Recife Mar Hotel. Comemorando a marca, trazemos uma análise do que mudou neste período, quais segmentos surgiram na economia pernambucana e quais companhias se mantiveram no ranking das melhores. Duas empresas se sobressaíram na década, permanecendo nas três listas de 2006 para 2015. “Nesse período destaca-se o desempenho de Baterias Moura e Grupo Raymundo da Fonte pois ultrapassaram e muito os seus indicadores em todos esses três ranqueamentos”, constata Calado. No ranking que mapeia os 35 maiores ativos do Estado, a pesquisa indicou 10 empresas que melhoraram em relação ao ano de 2006 (já corrigidos o Índice Geral de Preços – Mercado), com destaque para Baterias Moura, que saltou de um ativo de R$ 358 milhões para R$ 1,59 bilhão da demonstração de 2015. Um crescimento de 344% na década. “O ativo representa as contas da organização, o imobilizado, os seus investimentos, estoques e contas a receber. É tudo aquilo que ela tem. É um indicador que reflete bem o que aconteceu na empresa”, aponta o consultor. PERFIL ECONÔMICO. Ao analisar os setores das 35 empresas que apareceram no ranking da década, é perceptível a mudança no perfil econômico do Estado. Há 10 anos, cinco empresas do ramo sucroalcooleiro despontavam na lista. Permaneceram apenas duas na lista atual, o que sinaliza a perda de competitividade no segmento. Por outro lado, o setor de energia dobrou o número de empresas no ranking, passando de quatro para oito representações. Entre os maiores ativos de Pernambuco, surgiram companhias dos segmentos de óleo e gás , cimento, naval, entretenimento, financeira, veículo, varejo, shopping, vidros, hotelaria, saúde, loteamento e infraestrutura. Na comparação entre as receitas, o estudo identificou que somando-se o volume das 35 empresas listadas no ranking, houve um crescimento de 81,8% acima do IGP-M. A Celpe, Via Sul, Baterias Moura, Raymundo da Fonte, Usina Central Olho D'água, Eurovia Veículos e a EBBA foram as únicas empresas que permaneceram na lista 10 anos depois do primeiro balanço. A análise do lucro líquido mostra que enquanto em 2006, o acumulado das 35 empresas resultou em um montante de R$ 1,52 bilhão, em 2015 o balanço alcançou a marca de R$ 2,47 bilhões. Um crescimento de 62%. Sete organizações permaneceram na lista dos maiores lucros do ano: Baterias Moura, Celpe, Raymundo da Fonte, Tecon Suape, Mercofricon, Usina Central Olho D’Água e Tramontina Delta. SEGMENTOS. Entre os setores que despontaram no ranking dos lucros, Calado identificou o surgimento de novos segmentos, conectados com as mudanças na matriz econômica pernambucana, como óleo e gás, naval, vidros e infraestrutura. Ancorado com o crescimento do consumo da década e com o avanço do varejo moderno em Pernambuco, o segmento de shoppings entrou também nessa lista, representado pelo RioMar e pelo Plaza Casa Forte. Empresas das áreas de saúde, loteamentos e cimento, que também passaram a ter representação nessa lista. Já na comparação entre os anos de 2014 e 2015, quando as empresas sofreram com a recessão econômica, alguns segmentos surpreenderam e aumentaram seus ativos, receitas e lucros. Das 35 empresas do ranking dos maiores ativos no ano passado, 26 delas apresentaram desempenho superior ao do ano de 2014. O Hipercard manteve a liderança e cresceu de R$ 8,4 bilhões para R$ 9,5 bilhões, em apenas um ano. “A Odebrecht Ambiental, o Vard Promar, a Petrogal e o Grupo Ser Educacional foram as empresas que mais investiram no ano da crise”, diz Calado. Mesmo num ano em que o PIB caiu 3,5%, o volume acumulado de ativo das 35 maiores empresas teve crescimento real de 0,8%. Após um período de vasto investimento no segundo setor do Estado, as indústrias são maioria na lista, ocupando 21 lugares. Os setores de energia (8 representantes) e óleo e gás (3) são outros destaques nesse ranking. CRESCIMENTO. Já a soma das 35 maiores receitas fecharam o balanço com um crescimento negativo de 6,5% em 2015. O volume caiu de R$ 33,9 bilhões para R$ 31,9 bilhões. “A maioria das empresas ranqueadas nos ativos (77%) também está na lista das maiores receitas líquidas, o que demonstra que os investimentos realizados estão também gerando grandes receitas”, avalia Calado. Apesar disso, algumas empresas exibiram boa performance no ano da crise. Citepe superou o desempenho anterior em 160%, Energética Suape em 126%, o Grupo Ser Educacional em 43% e Hospital Esperança, 35,5%. A representante do setor sucroalcooleiro, a Usina Olho D’água, apresentou avanço de 38% no indicador. Em volume, a Companhia Energética de Pernambuco foi a que liderou esse ranking, com receita na casa dos R$ 4,6 bilhão. Por outro lado, o Estaleiro Atlântico Sul foi a empresa que mais retraiu suas receitas em 2015, caindo de um faturamento de R$ 1,9 bilhão para R$ 599 milhões, o que resulta numa redução de 72%. Como um sintoma da queda da receita, o lucro líquido também foi menor em 2015. O montante das 35 maiores empresas de Pernambuco nesse indicador apresentaram um rendimento 6% inferior ao de 2014. A retração desse total foi de R$ 2,63 bilhões para R$ 2,47 bilhões. “Nesse recorte, 21 empresas estão ranqueadas no lucro líquido e receita líquida, o que demonstra consistência na gestão dessas organizações”, afirma o consultor. CARTÃO DE CRÉDITO. A liderança na lista dos maiores lucros em Pernambuco foi do Hipercard. No ano da crise, a empresa do setor de crédito registrou um rendimento de R$ 460 milhões. Mais que duas vezes em relação ao ano anterior, quando fechou com R$ 182,7 milhões (elevação de 154%). Em segundo lugar ficou a empresa

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Janela Internacional e festa Sem Loção armam mais uma edição de cinema

A festa recifense Sem Loção já tem nova data e local marcados para acontecer e será mais uma edição cinematográfica, desta vez, a convite da produção do Janela Internacional de Cinema. A balada abrirá o festival no dia 28 de outubro, às 23h, no Dokas, localizado no Recife Antigo. Os DJs residentes, Lala K, Felipe Machado e Rebel K, estão preparando um set list especial. Com direito a mashups de trilhas de filmes, antigos e novos clássicos musicais e, como de costume, muito pop, funk, rock e eletrônico. "O Janela é um festival que preza muito pelo diálogo entre os realizadores e o público. Por isso, fazemos questão de armar esses encontros para receber convidados de quase todos os filmes. É uma chance para o público, convidados e pessoas de fora interagirem com a cidade", pontuou a produção do festival.

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Finissage da exposição A Cidade, as ruínas e depois acontece nesta terça

O finissage da exposição A Cidade, as ruínas e depois, que está em cartaz na Torre Malakoff, acontece nesta terça-feira (18), com obras deAndrei Thomaz, Daniel Escober e Marina Camargo. Os trabalhos dos jovens artistas estão expostos desde o início de setembro. Ainda como parte do projeto, realizado através do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2015 – Espaços Norte/Nordeste, serão realizados dois encontros, nos quais Andrei Thomaz e o curador Márcio Harum vão conversar com o público e com artistas pernambucanos. O primeiro ocorre nesta quinta (20), na Torre Malakoff, às 19h. O outro acontece em Olinda, nesta sexta (21), às 19h, no Atelier Mutirão de Cultura. A entrada é franca. A transformação das urbes e o momento particular vivido pelas cidades brasileiras após anos de crescimento econômico e décadas de processamento do legado modernista são as linhas gerais da exposição. O trio lança seu olhar sobre esses espaços que sofreram diversas transformações nos últimos anos (especulação imobiliária, caos na mobilidade, disputas de território...) e que, agora, sentem os efeitos da crise econômica.  Essas questões não são novas para os artistas, os quais já vêm se debruçando, anteriormente, sobre guias de viagem, mapas urbanos diversos, arquivos de fotografias documentando as mudanças da paisagem urbana ao longo do tempo, mitos urbanísticos, instrumentos de orientação, publicidade no espaço urbano, a especulação imobiliária, as escolhas sobre o que revelar e o que ocultar na urbe. “São artistas que pensam e dialogam com o substrato urbano nas suas produções. Todos estão atentos a esse metabolismo das grandes cidades”, pontua Márcio Harum. Os três abordam o espaço, a paisagem ou a cidade a partir de um ponto onde não é muito possível distinguir realidade e ficção. “Penso que este seja um ponto comum muito eficiente e capaz de unir obras produzidas por processos totalmente artesanais a obras geradas por softwares de última geração, por exemplo”, destaca Daniel Escobar. Andrei Thomaz, Daniel Escobar e Marina Camargo também formaram-se na mesma escola – o Instituto de Artes da UFRGS. Eles têm Porto Alegre como referência, ainda que tenham vivido em outras cidades e tenham percursos artísticos marcadamente distintos. Atualmente, Andrei Thomaz vive em São Paulo, Daniel Escobar em Porto Alegre, e Marina Camargo entre Porto Alegre e Berlim. Segundo o curador, o pensamento que norteia a exposição é a metabolização dos espaços urbanos nas grandes metrópoles brasileiras. “É interessante notar como eles estão trabalhando essa questão da descaracterização da paisagem urbana que tem acontecido em São Paulo, no Recife, em Porto Alegre... É um pensamento sobre o urbano”, comenta Márcio Harum. Ao idealizarem esse novo projeto, o segundo do trio – que desenvolveu em 2010 um outro, intitulado _Lugares e Representações_ –, eles buscaram um espaço urbano novo, onde ainda não tivessem atuado e que estivesse fora do eixo habitual das mostras no país. “Nenhum de nós tinha muito contato com o Recife. Há muito tempo tive uma obra exposta numa coletiva no Museu Murillo La Greca, mas nossa produção pode ser considerada inédita na cidade”, diz Andrei Thomaz. “Para mim, há várias razões nessa escolha. Uma delas é por ser uma cidade que me parece ter um paralelo com Porto Alegre, não por semelhança, mas por serem duas cidades com uma vida cultural ativa e fora de um eixo da região sudeste”, complementa Marina Camargo. A exposição vai apresentar tanto obras individuais, como outras realizadas em parceria especialmente para o projeto. O trio, que prefere não ser visto como um coletivo, criou o aplicativo As ruínas e depois, uma espécie de guia sonoro da exposição e documentação visual da mesma, que estende sua abrangência para além do espaço expositivo. Os artistas Marina Camargo: sua formação se divide entre Porto Alegre (onde realizou graduação e mestrado em Artes Visuais), Barcelona e Munique, onde estudou como artista bolsista do DAAD. Em seu trabalho investiga as relações de representação das coisas ou fenômenos do mundo, seja através da relação direta com os lugares ou a partir referências encontradas. Entre os diversos prêmios e bolsas que recebeu, está a bolsa da Fundação Iberê Camargo para residência no Gasworks (Londres). Suas exposições individuais mais recentes foram Ensaio sobre uma ordem das coisas (2015), Goethe-Institut, Porto Alegre; Reflexo Distante (2013), Galeria Bolsa de Arte, Porto Alegre; O ar entre as coisas (2013). Andrei Thomaz: é artista visual e professor. Mestre em Artes Visuais pela ECA/USP e formado em Artes Plásticas pela UFRGS. Sua produção artística abrange diversas mídias, digitais e analógicas, envolvendo também várias colaborações com outros artistas, entre as quais encontram-se performances sonoras e instalações interativas. Entre os prêmios e editais pelos quais foi contemplado, encontram-se a Bolsa Funarte de Estímulo à Produção em Artes Visuais 2014; #1 C.LAB - Blau Projects, com curadoria de Douglas Negrisoli, 2014; Edital de Estímulo à Produção Audiovisual do Espaço do Conhecimento UFMG 2012; Prêmio de Ocupação dos Espaços da Funarte 2010, junto com Daniel Escobar e Marina Camargo e outros. É sócio da produtora Mandelbrot, onde atua como programador e coordenador no desenvolvimento de projetos interativos. Vive e trabalha em São Paulo. Daniel Escobar: graduado em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS, a sua pesquisa aborda as paisagens do desejo criadas pelo consumo e pelo entretenimento, a partir da apropriação de objetos ou símbolo ordinários e cotidianos, próprios ao mundo urbano. Entre as mostras individuais recentes destacam-se A História Mais Curta, Celma Albuquerque Galeria de Arte (Belo Horizonte, 2015), A Nova Promessa, Zipper Galeria (São Paulo, 2014) e Seu Lugar é Aqui, seu Momento é Agora, Santander Cultural (Porto Alegre, 2014). Participou de exposições como: Depois do Futuro, Parque Lage (2016), Cidade Gráfica, Itaú Cultural (2014); Jenseits der Bibliothek, Frankfurt Book Fair (Frankfurt, 2013) e outras. Em 2012, realizou sua primeira exposição individual internacional na RH Gallery, em Nova York. Possui obras em acervos públicos e privados no Brasil e no exterior, incluindo Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte da Pampulha, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Casa de Velázquez/Madrid, entre outros.

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Isadora Melo lança primeiro álbum e faz show no Teatro Santa Isabel

Revelação da música brasileira contemporânea, a cantora Isadora Melo lança seu disco de estreia, Vestuário, no dia 20 de outubro. O álbum estará disponível nas principais lojas do Brasil e em todas as plataformas de streaming. No Recife, ela faz show no Teatro de Santa Isabel, com entrada gratuita. O disco conta com participação de músicos conceituados, como Jaques Morelenbaum, e expoentes da música nacional, como Zé Manoel e Juliano Holanda Uma das apostas máximas da nova safra de cantoras brasileiras, a pernambucana Isadora Melo lança no dia 20 de outubro o primeiro álbum da carreira: Vestuário. Aos 27 anos, sua voz é referência pela precisão e personalidade. Está presente em diversos discos da cena recifense contemporânea, cruzando fronteiras em participações na televisão, como na série Amorteamo (TV Globo) e no teatro, escalada por João Falcão para compor o elenco do musical Gabriela. Após dois anos do lançamento de seu primeiro EP (Isadora Melo, 2014), a artista já tem também na trajetória o convite para compor o time do projeto Cantoras do Brasil. Desatando nós para uma nova roupagem da canção brasileira, com a refinada formação de bandolim, acordeon, baixo acústico e violão, a voz de Isadora é reforçada pelo acompanhamento de respeitados músicos da cena pernambucana: Rafael Marques (Arabiando e Saracotia), Julio Cesar (Arabiando), Walter Areia (ex-Mundo Livre S/A e Areia e Grupo de Música Aberta) e Juliano Holanda (Orquestra Contemporânea de Olinda) - que assina a produção do disco -, respectivamente. No álbum, as canções Partilha e A joia do EP de estreia, lançado em 2014, ganham novos arranjos para se juntar à outras dez faixas de seu repertório. Interpretando canções de Juliano Holanda, Júlio Holanda, Glauco César, Zé Manoel, Kassin, Mavi Pugliesi, Hugo Linns, Clara Simas, Paulo Paes, Hugo Coutinho, Walter Areia e Caio Lima, Isadora nos presenteia com uma das mais belas vozes da música contemporânea. Vestuário conta ainda com as participações dos músicos e parceiros Karlson Correia, Clara Torres, Zé Manoel e o renomado violoncelista Jaques Morelenbaum (arranjador de trabalhos emblemáticos de Tom Jobim, Caetano Veloso, Gal Costa e Ivan Lins), em canções como Pequena, Ave d’alma e O de mais valia. À convite do parceiro Juliano Holanda, que assinou a produção musical do EP e do disco Vestuário, Isadora Melo participou, em 2015, da trilha sonora da minissérie global Amorteamo. A colaboração, que inicialmente seria na interpretação de algumas músicas, culminou com a artista sendo integrada ao elenco da série. A cantora e atriz recebeu, na sequência, o convite do diretor João Falcão para integrar o musical Gabriela, baseado na obra de Jorge Amado, que ficou em cartaz entre junho e agosto de 2016 no Teatro Cetip, em São Paulo. TRAJETÓRIA Foi no hall de entrada do Centro de Artes e Comunicação da UFPE que Isadora se deparou com sua primeira oportunidade como cantora e atriz, aos dezoito anos: um cartaz anunciava inscrições para o coro Baile do Menino Deus, tradicional espetáculo que celebra anualmente o ciclo natalino em um dos mais importantes palcos da cultura pernambucana, o Marco Zero do Recife. "Era um espetáculo que eu sempre ia e amava. Já conhecia o coro antigo por conta do meu pai e vivi a minha infância toda cantando as músicas do espetáculo", releva. Na audição, Isadora chamou a atenção do diretor Ronaldo Correia de Brito com sua voz firme e suave a ponto de ser escolhida como uma dos três solistas principais e integrando o elenco da montagem de 2008 a 2010, retornando em 2012 para continuar atuando e cantando até agora. Paralelamente a isso, ao lado do grupo Arabiando, do qual foi vocalista entre 2009 e 2012, entrou nas rodas de samba e chorinho do Recife, angariando elogios de público e crítica como revelação da nova canção pernambucana. Após o pontapé inicial, a identificação como cantora e atriz veio de forma muito natural, através da consolidação de seus trabalhos. Apesar da curta idade, não faltam experiências. Aos 27 anos, a cantora acumula no currículo importantes apresentações nos palcos do ExcentriCidades, Museu do Estado de Pernambuco, Festival Contemporâneos, do histórico Teatro de Santa Isabel, além de passagens pelas cidades de Bordeaux e Orleans (França), e Lisboa (Portugal). Somam-se à estas, participações em shows do grupo Arabiando (do qual foi vocalista entre 2009 e 2012) e Zoca Madureira; e nos discos de artistas como Trio Pouca Chinfra, Orquestra Contemporânea de Olinda, Zé Manoel e Juliano Holanda. Ao lado dos compositores Juliano Holanda e Zé Manoel, já passou por festivais de renome como o Festival MIMO, Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), Festival Rec-Beat, A Noite do Desbunde Elétrico e Prata da Casa do Sesc Pompeia, sempre despertando interesse do público e crítica especializada. Em 2016, Isadora integrou ainda coletânea Música a retalho - Gravações avulsas, da Phono Produções, que lançou em formato digital cinco promessas da música pernambucana.

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Tecnologia de geração solar flutuante aumenta em 14% a produção dos painéis fotovoltaicos

Estudos feitos em usinas solares flutuantes da Europa e Ásia, locais onde o nível de irradiação é bem menor do que no território brasileiro, mostram que a tecnologia de geração solar no espelho d’água gera aproximadamente 14% a mais de eletricidade do que a geração solar em terra ou no telhado. De acordo com os estudos realizados pela fabricante francesa Ciel & Terre International, detentora do Hidrélio®, tecnologia aplicada de estruturas plásticas flutuantes e utilizada em mais 40 usinas no mundo, o aumento de geração de energia se deve em função do resfriamento da temperatura dos painéis fotovoltaicos instalados no espelho d’água. “Os painéis fotovoltaicos funcionam a partir da irradiação solar, mas a incidência de calor em um terreno ou em um telhado pode comprometer a eficiência energética. Quando instalado em um reservatório ou em um curso d’água, o sistema tem um ganho significativo de geração de energia”, afirma Orestes Gonçalves, diretor da Ciel & Terre Brasil. “Outra vantagem de gerar energia solar na água é possibilitar um uso mais nobre da terra, seja para a agricultura ou outras atividades primordiais do ser humano”, acrescenta Gonçalves. O diretor da Ciel & Terre Brasil informa que a tecnologia aplicada de estruturas plásticas flutuantes será produzida ainda este ano no Brasil. A própria Cesp, de forma inovadora, fez estudos na usina solar flutuante instalada no reservatório de Porto Primavera e os resultados de eficiências dos painéis ficou acima dos 14% verificados na Europa e na Ásia.

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O Baobá e o urbanismo-Lego

No mês passado, foi aberto ao público o Jardim do Baobá em Ponte D’Uchoa, “marco zero” do Parque Capibaribe, um projeto urbanístico desenvolvido em convênio entre a Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura do Recife e o InCiti – Instituto de Pesquisa e Inovação para as Cidades da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Seu objetivo é transformar as margens do Capibaribe dentro do Recife num enorme parque urbano em meio ao qual venha a ser implantada uma via mista para pedestres e ciclistas, da Várzea ao Centro da cidade. Com isso, a área verde por habitante pode passar de 0,7 m² para 20 m² até 2037 quando o Recife completa 500 anos. Imediatamente o Jardim se transformou num sucesso de público e crítica com milhares de pessoas visitando diariamente, em especial nos finais de semana, seus espaços para relaxamento e meditação, seus balanços que podem ser usados por adultos, sua grande mesa para piqueniques e/ou jogos, seu pier flutuante com vista ímpar de dentro do rio, seus barcos para passeios fluviais... Do ponto de vista urbanístico, não é descabido dizer que o Jardim é uma experiência bem sucedida de “urbanismo-lego”. Ou seja, aquele baseado num plano geral cuidadosamente bem conceituado e esboçado que começa a implantar-se com a colocação de uma primeira “peça”, sem necessidade de seguir a via crucis tradicional e interminável de um extenso projeto básico acoplado a um plano de financiamento orçamentário milionário, ainda mais numa época como a nossa de recursos públicos mais do que escassos... Tecnicamente pode-se enquadrar essa experiência como parte do urbanismo emergente ou tático, um conceito contemporâneo acerca do modo de desenhar, construir e viver as cidades. Diferente do conceito tradicional do urbanismo top-down planning, de cima para baixo (hoje, da fotografia do satélite para a planta), o urbanismo emergente considera a experimentação do tipo botton-up planning, de baixo para cima, como componente essencial do sucesso da implantação e do próprio aperfeiçoamento da solução macro. Com o “urbanismo-lego”, o Jardim do Baboá e mais especificamente o Parque Capibaribe, colocam o Recife no centro do debate mundial que tem cidades como Barcelona, Medellin, Copenhage e Nova York na condição de campos de experimentação avançada do urbanismo up to date.

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Temudo fala por si

Dia após dia, milhares de pessoas dos mais variados estratos sociais transitam pelo viaduto Joana Bezerra, a maioria esmagadora sem se dar conta de que o viaduto Joana Bezerra, é na realidade o viaduto Capitão Temudo. Você, possivelmente, é uma dessas pessoas. Capitão o quê? você tem razão de achar a afirmação muito estranha. Não só pelo fato de o nome correto não ser Joana Bezerra, mas por ser Capitão Temudo. Pois saiba que muito se tem a falar dele. Quem, afinal, foi o capitão Temudo? Foi um militar português que deixou o seu nome insculpido não só no viaduto Joana Bezerra, mas na história do Brasil e de maneira mais marcante na de Pernambuco. Você, de novo, se põe a cismar: Quer dizer que um militar português deu nome a um monumento brasileiro, genuinamente pernambucano! Quer saber por quê? André Pereira Temudo, o nome completo do capitão, acompanhou, em 1615, a expedição destinada a auxiliar Jerônimo de Albuquerque na expulsão dos franceses do Maranhão e do Pará. Missão cumprida, em janeiro de 1616, o capitão-mor Francisco Caldeirar Castelo Branco e o capitão de infantaria André Temudo navegaram por um afluente do Rio Guajará e em determinado ponto construíram um fortim, dando por fundada sob a proteção de Nossa Senhora de Belém a povoação Feliz Lusitânia. Logo ela passou a chamar-se Nossa Senhora de Belém do Grão-Pará, em seguida Santa Maria de Belém e, finalmente, Belém. Foi assim que nasceram o Estado paraense e a sua capital, Belém. Tamanha foi a sua importância na conquista do Maranhão e do Pará que, como recompensa, pouco depois ele foi nomeado capitão-mor da capitania do Rio Grande do Norte. De que têmpera deveria ser o homem a assumir os destinos de terras tão inóspitas, de vida tão insípida e, sobretudo, de alto risco? Deveria ser suficientemente forte, física e mentalmente, para desempenhar tão difícil missão, e o capitão Temudo o era. Os capitães-mores tinham formação militar e larga experiência em combates. Eram oficiais de milícias, soldados de carreira construída em Portugal ou, quando não, plasmados em forças organizadas. Ex-participantes das lutas pela conquista de terra, eram frequentes entre eles gestos de coragem e desprendimento. Eram homens rústicos, decididos, desprovidos de eufemismos, absolutamente resolutos em qualquer situação enfrentada, quase nada sensíveis à justeza das suas decisões. Simplificando, não vacilavam, administrando a capitania com mão de ferro. Disciplina era a palavra-chave, não importava a circunstância. E quando se impunha a mediação do capitão-mor em alguma contenda, a sentença era, com frequência, rápida, contundente e irrecorrível. Eram esses os traços levados em conta na escolha dos capitães-mores, já que eles detinham poder incontrastável sobre a milícia, sobre a população circunvizinha, podendo eventualmente surrar as pessoas, pô-las a ferro, condená-las ao degredo ou, até, em situações extremas, à morte, desde que os motivos fossem plenamente justificáveis. Pensando bem, ele era o representante do rei luso. Fazia mais: concedia sesmarias, mas para obtê-la o postulante tinha que ser seguidor do catolicismo, a religião oficial. Não havia concessão se não houvesse plena satisfação de tal requisito. Em síntese, o capitão-mor era plenipotenciário, a suprema lei. Naqueles tempos, o Estado não era laico... A Igreja, pregavam, purificava as almas.A conduta austera, inteligente e briosa do capitão André Temudo lhe rendeu reconhecimento, empossado que foi na capitania-mor do Rio Grande do Norte. Ao fim de sua administração, todavia, fixou residência em Olinda, onde passou a comandar uma companhia de infantaria e mostrou de forma cabal a razão de ser nome do maior viaduto recifense. É óbvio que você, com muita razão, insiste no questionamento do que leva um homem nascido há 400 anos, em Portugal, o homem que fundou Belém, capital do Pará, a ter seu nome imortalizado em uma obra tão importante quanto o Viaduto Joana Bezerra, aliás Capitão Temudo? Vieram as invasões holandesas. O Recife, então com escassos 150 moradores, estava armado e pronto para resistir. De um lado, o Forte de São Jorge, de outro o Diogo Paes, ambos prontos para nos defender. Para nós, brasileiros, tratava-se da nossa jovem nação. Para os portugueses a defesa de mais uma colônia entre as tantas que possuía em todo o mundo, esta riquíssima e extensa. Para os invasores holandeses, a exploração da cana-de-açúcar, de que, naquela época, Pernambuco era o maior produtor mundial. O rio Tapado, defesa natural do porto do Recife e das praias de Pau Amarelo, ficara sob os cuidados do capitão André Pereira Temudo, à frente de 130 homens, número que logo cresceu quando a ele se juntaram três companhias dos distritos mais próximos, os índios com suas flechas, e até mesmo cidadãos ciosos do imperativo de defende a pátria, o lar, a honra. Ocorre que, mesmo assim, era um número insuficiente de pessoas para fazer o que precisava ser feito, e o porto do Recife e as praias de Pau Amarelo deveriam ser defendidas a qualquer preço. Ademais, no Recife se encontravam dois fortes da Coroa e o tesouro representado pelo açúcar, pelo pau-brasil, pelo algodão, pelo fumo, pelo gengibre e tantas outras riquezas. Recife precisava de auxílio e o pedia insistentemente. Como vencer a distância e o tempo que separavam aqueles pontos vitais? Se não havia combatentes bastantes para defender sequer um posto, como defender quatro léguas de praias? Ainda que precariamente, as praias do Pau Amarelo estavam, de qualquer forma, com a defesa pronta, e o capitão André Temudo, por sua vez, mantinha a posição do rio Tapado. Ocorre que os holandeses eram numericamente superiores: 2 mil soldados bem armados e bem treinados, embora os luso-brasileiros fossem, do ponto de vista do amor à causa, muito superiores. Não havia, no entanto, como deter a escalada neerlandesa. Os invasores desembarcaram na praia de Pau Amarelo, passaram a progredir no terreno e foram recebidos a tiros nas margens do Rio Doce. Não detiveram a marcha, contudo. Prosseguiram para o sul, para conquistar Olinda. Ali, o combate foi encarniçado. A superioridade numérica dos holandeses era flagrante e em determinado estágio da batalha, o capitão Temudo foi

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Desculpem o transtorno, preciso perdoar a Cármen

Alento mesmo foram as paraolimpíadas. Que maravilha aquela abertura. Melhor ainda a cerimônia de encerramento. Só mesmo o esporte para levantar a autoestima dos nossos heróis. Mesmo a TV aberta não transmitindo nada. Ainda bem que pago a TV a cabo em dia. Até que veio o Ministério da Educação e pá...tornou a educação física eletiva. Até que veio o Joaquim e pediu para mudar o canal. Até que veio a autoridade máxima de um dos poderes desta nação, em entrevista à Globo News, e afirmou que a sociedade poderia esperar o empenho dos integrantes do STF, porque eles não eram autistas, e sim cidadãos – e, por isso, queriam rapidez nos julgamentos. Pera aí! Para tudo! Oi? E os autistas não são cidadãos? E não querem rapidez nos julgamentos? Os microfones são inimigos dos ministros do Supremo. Vez ou outra danam-se a falar demais, assim mesmo, na frente das crianças. Entrevista de ministro deveria ser proibida para menores de 18 anos. Seria maravilhoso os ministros compreenderem que as pessoas com deficiência, incluindo os autistas, desejam - e muito - a celeridade processual. Não só aqueles que brigam na Justiça, por exemplo, contra as empresas de saúde privada para que o tratamento seja coberto pelo plano, como também os que litigam contra a União para que o SUS cumpra o papel de se aparelhar com profissionais capacitados para tratamento adequado. Ou aqueles que pretendem ter simplesmente diretos básicos de cidadania respeitados. Dizia a reportagem ser ela mestre em direito constitucional pela Universidade Federal de Minas Gerais. Não quer ser chamada de presidenta, mas sim de presidente. Senhora distinta, cabelos brancos. Séria, culta, honrada. Acredito em tudo isso apesar de não conhecê-la pessoalmente. Só a vi na TV. Seu nome é Cármen Lúcia. Quero perdoá-la. Não bastassem todas as irresponsabilidades do poder público que é flagrantemente omisso, ouvir a presidente do Supremo Tribunal Federal falar isso, assim, na lata, dentro da minha casa, sem pedir licença, parecia brincadeira. Mas não era. Foi de perder a esperança, confesso. Sim, era mais relaxante assistir ao Amigãozão no Discoveykids. É um elefante azul que nos agride bem menos. Fizemos uso do controle remoto. Logo em seguida, a ministra veio a público pedir desculpas, de forma protocolar, e dizer que não deveria mais fazer uso dessa palavra – autista - para definir algo negativo. Não deve ter sido sua intenção, como guardiã da Constituição Federal, afrontar o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana com Deficiência, amparado pela Carta Magna. Na verdade, o Brasil é que nos deve desculpas, ínclita ministra. Aliás, a mim, a V. Exa. e a todos os outros brasileiros. Este é um país que jamais se preocupou verdadeiramente com a pessoa com deficiência. Trata-se de uma nação que não preparou a mim, nem a V. Exa., a conviver com pessoas ditas especiais. Conquanto tenhamos uma legislação avançada acerca da matéria, nunca houve política pública adequada em prol dessa minoria. Sua declaração é reflexo da completa ausência do que chamamos de educação inclusiva, douta julgadora. A senhora jamais foi incluída. Eu também. As pessoas sem deficiência precisam ser incluídas. Somos vítimas da anestesia geral que assombra a sociedade. Somos humanos. Quero perdoá-la. A Lei Brasileira de Inclusão, que entrou em vigor em janeiro deste ano, trouxe a obrigatoriedade do Poder Público capacitar servidores que atuam no Poder Judiciário quanto aos direitos das pessoas com deficiência. Asseverou que devem ser oferecidos, por exemplo, todos os recursos de tecnologia assistiva disponíveis para que a pessoa com deficiência tenha garantido o acesso à justiça, sempre que figure em um dos polos da ação. Preciso perdoá-la ministra, mas que tal V. Exa. estimular, no âmbito do poder que ora chefia, o cumprimento da lei? Seria um belo início de gestão, não acha? Corra, Excelência! Antes que meu amigãozão mude de canal novamente.

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Imprevidência

O País enfrenta uma crise fiscal profunda. Para resolvê-la, é necessário um ajuste severo nas contas públicas. Faz parte desse acerto a Reforma da Previdência, responsável por déficits crescentes que estão criando e, se nada for feito, continuará aprofundando o desequilíbrio financeiro do setor público. Em 2015, a arrecadação líquida da Previdência representou 5,93% do PIB enquanto as despesas com os diversos tipos de benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) responderam por 7,42%, ou seja, um déficit de 1,5% do PIB. Esses números evidenciam a gravidade do problema previdenciário. A Reforma da Previdência não é uma questão ideológica, nem partidária. É um problema do País e dos brasileiros independentemente de suas crenças políticas. Constitui-se, de fato, em desafio para os governos e para a sociedade. Caso não seja realizada, os prejudicados não serão apenas os aposentados de hoje, mas também os do futuro. Posicionar-se contra ela por ser de iniciativa do Governo Temer ou por supostamente “retirar direitos dos trabalhadores” é um ato inconsequente, imprevidente e conservador. As centrais sindicais e os partidos políticos que estão se posicionando contra a reforma poderão ser responsabilizados no futuro por danos irreparáveis aos brasileiros caso a reforma fracasse como resultado de oposição cega e irracional que não atende aos interesses do País, agora e no futuro. Na verdade os motivos para a Reforma da Previdência são estruturais, estando vinculados às mudanças na dinâmica da população brasileira. Estamos vivenciando agora os últimos anos da transição demográfica resultante de rápida queda na taxa de fecundidade das brasileiras que caiu de cerca de seis filhos por mulher em idade reprodutiva nos anos 70 do século passado para 1,7 anos nesta década. O efeito desse fenômeno demográfico está sendo o de reduzir, em termos absolutos e relativos, a população jovem até 14 anos e a de aumentar gradualmente a ponderação da população acima de 65 anos. Essa mudança reduz a demanda por educação entre os mais jovens e aumenta a demanda por saúde entre os idosos. O peso populacional desloca-se paulatinamente da base da pirâmide demográfica para o seu topo, ou seja, os jovens perdem peso às custas dos idosos. Do ponto de vista previdenciário a mudança se manifesta na queda da taxa de dependência medida pela soma do número de pessoas jovens (até 14) e idosas (acima de 65) dividido pelo número de pessoas entre 15 a 64 anos, faixa constituída por pessoas em idade ativa (PNAD/IBGE). Esse quociente caiu de 0,53 por pessoa em idade ativa, em 2001, para 0,44 em 2014 como resultado da transição demográfica. Todavia, entre 2022 e 2030 essa taxa voltará a subir sendo estimada pelo IBGE em 0,49, em 2040. Isso significa que precisaremos de mais pessoas em idade de trabalhar para sustentar cada vez menos jovens e cada vez mais idosos. A carga de trabalho vai aumentar para as próximas gerações. Esses são os aspectos demográficos. Devemos analisar agora os aspectos financeiros. O RGPS, baseado no sistema de repartição simples, beneficiava, em 2014, 54,8 milhões de pessoas dos quais 78%, ou 42,7 milhões eram empregados. O déficit primário neste ano foi de R$ 56,7 bilhões que evoluiu exponencialmente para R$ 85,8 bilhões, em 2015, ajudado pela crise que reduziu as receitas. Em 2016, até julho, o déficit já acumulava R$ 73 bilhões e em 12 meses, até o mesmo mês, já estava em R$ 120,6 bilhões. Isso representa uma trajetória insustentável ainda no curto prazo que está sendo agravada por uma vinculação indevida entre o piso do benefício previdenciário e o salário-mínimo cujo reajuste se dá atualmente pela inflação do ano anterior e pelo crescimento do PIB de dois anos antes. Um preço básico da economia e do mercado de trabalho não pode estar vinculado ao piso previdenciário. Essa vinculação é uma bomba fiscal que já está explodindo nas mãos do governo. Romper essa vinculação é essencial para melhorar o déficit da Previdência e o ambiente fiscal. A expectativa de vida dos brasileiros está em 75 anos e crescendo. Estamos nos aposentando cedo, não temos idade mínima para aposentadoria e apenas usamos o tempo de contribuição, considerado insuficiente por muitos, como parâmetro fundamental para obter o benefício. Temos ainda outros benefícios generosos como o de pensão por morte que precisam ser revistos. Se nada fizermos vamos ter, além de um imenso e talvez irremediável problema fiscal, o comprometimento da qualidade de vida não apenas dos mais idosos, mas do conjunto da população. Não sejamos inconsequentes e imprevidentes.

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