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Cassiano Oliveira: De catador de lixo a estudante de Ciências Biológicas da UFPE

Cassiano Oliveira da Silva, de 29 anos, é um exemplo de superação e determinação. Desde os 12 anos de idade, quando começou a trabalhar no lixão de sua cidade natal, Passira, no agreste de Pernambuco, Cassiano desafiou as estatísticas e construiu um caminho de sucesso. Recentemente, ele recebeu a notícia de sua aprovação no curso de Ciências Biológicas, que terá início neste mês de maio. Com orgulho do seu feito, Cassiano planeja utilizar seus conhecimentos para contribuir com sua região e conscientizar a população sobre a importância dos cuidados com o meio ambiente, a reutilização do lixo e as mudanças climáticas. Embora a jornada acadêmica seja um desafio, Cassiano enfrentará o curso de forma remota, optando pela modalidade de ensino à distância. Sua motivação e dedicação servirão de inspiração para muitos jovens em sua região. "Estou acostumado a estudar pela internet. Muitas vezes, trabalhava o dia inteiro e, à noite, quando chegava em casa, dedicava-me aos estudos por meio do celular, assistindo a vídeos", relembra Cassiano. Atualmente, Cassiano é responsável por prover o sustento de sua família e oferecer oportunidades de trabalho para outros trabalhadores em um depósito de material reciclável que fundou. Lá, os catadores coletam materiais ou empresas que geram grandes quantidades de resíduos entregam-nos para serem prensados e vendidos em fábricas. Enquanto concilia os estudos com o trabalho, Cassiano conta com o apoio de seus colaboradores para dar continuidade aos processos no depósito. “Eu vou aproveitar essa oportunidade para conseguir o máximo de conhecimento que eu puder. O meio ambiente sempre esteve na minha vida e eu quero usar tudo que eu aprender para fazer o melhor pela natureza”, afirma o futuro estudante.

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Adequação à LGDP ainda é obstáculo para empresas

Em vigor desde 2020, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) tem, entre seus principais objetivos, a função de garantir a proteção dos dados e da privacidade dos brasileiros. No entanto, a adequação às normas impostas pela legislação ainda representa um entrave para seu cumprimento. De acordo com uma pesquisa divulgada pelo portal LGPD Brasil, apenas 16% das empresas do país estão em conformidade com a lei. Para algumas, uma das maiores dificuldades para o processo está na falta de conhecimento sobre a lei e como ela afeta as operações. A especialista em privacidade e proteção de dados pessoais, Isabela Vieira, da Caribé Advogados, alerta que muitas organizações ainda não sabem se a legislação se aplica ao seu ramo de atuação. A advogada destaca que, como a lei é abrangente, também se aplica às mais diversas organizações, incluindo profissionais liberais que coletam, armazenam e utilizam dados pessoais, independente do setor ou porte da empresa. Isso significa que empresas dos mais variados setores, como finanças, saúde, educação, varejo, turismo, entre outros, também precisam se adequar às regras da LGPD.

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IMIP recebe ação gratuita no Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos

No dia 5 de maio, celebra-se o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos e, em alusão à data, estudantes de Farmácia da Faculdade Pernambucana de Saúde, residentes de Farmácia e farmacêuticos do IMIP promovem uma ação que oferece orientações e recolhimento de medicamentos vencidos ou sobras de tratamento para ser realizado o descarte correto do produto. Segundo uma pesquisa do Conselho Federal de Farmácia, a pandemia fez os brasileiros usarem mais remédios e a automedicação se tornou mais comum, com 77% das pessoas usando o medicamento sem prescrição médica e quase metade se automedicando pelo menos uma vez por mês. O uso excessivo de vitaminas e suplementos também é uma prática comum, além de medicamentos como a semaglutida, que é usada fora de sua indicação para diabetes mellitus tipo II, e já está sendo relatada sua falta nas farmácias, mesmo antes de ser comercializada para obesidade, o que reforça a importância do uso racional de medicamentos. A coordenadora do curso de Farmácia da FPS, Flávia Morais, alerta que o uso racional de medicamentos não se limita à automedicação, mas também acontece quando o acesso é por prescrição, mas não há adesão ao tratamento. A adesão é um grande desafio em casos como o tratamento de tuberculose, que dura seis meses e pode ter muitos efeitos colaterais, tornando sua descontinuação frequente e colocando em risco a eficácia do tratamento e a vida do paciente. Portanto, é fundamental que o uso racional de medicamentos seja um tema contínuo e abordado de forma ampla para garantir a saúde e segurança dos pacientes.

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Negócios além das fronteiras: Pernambucanos empreendem em Portugal

A fronteira de negócios entre Portugal e Pernambuco está diminuindo. O interesse dos pernambucanos pelo país dos antigos colonizadores vem de muito tempo e, agora, tem levado empresas e empresários do Estado para a terra de Camões. Além de ser a porta de entrada ao poderoso mercado europeu, o interesse pela migração se dá também pela qualidade de vida do outro lado do oceano. Há menos de um ano os lusitanos viram a inauguração do Instituto Pernambuco-Porto em suas terras. Há pouco mais de 70 quilômetros dali, o Porto Digital abriu recentemente um escritório em Aveiro, fortalecendo a internacionalização do principal cluster tecnológico do Estado. Um dos gigantes do polo, o CESAR, já iniciou as operações na mesma cidade. Além desses destaques há inúmeros profissionais e empresários atuando na capital Lisboa. De acordo com Daniela Freire, superintendente da Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Brasil-Portugal, há muita procura por informações sobre a migração dos negócios por parte dos pernambucanos e de brasileiros de outros Estados. Embora haja empresas de maior porte, que estão internacionalizando suas operações, ela destaca que a maioria que busca informações é constituída principalmente por empresas de médio e pequeno porte ou mesmo profissionais que atuam remotamente, mas que desejam viver no continente europeu. Sem a barreira do idioma, Portugal é o destino principal. “Há muito interesse por parte das pessoas que trabalham remotamente pois existe um visto de nômade digital que facilita a entrada desses profissionais na União Europeia. Portugal tem um setor de inovação muito pujante, oferece ao mesmo tempo oportunidades e qualidade de vida, com um custo de vida mais barato que os demais países do continente”, explica Daniela Freire. PONTE ENTRE RECIFE E LISBOA Há cinco anos os advogados Gustavo Escobar e Renata Escobar atravessaram a fronteira. O interesse do casal era fazer algumas especializações na área jurídica e também acompanhar o estudo do filho mais velho, que é aluno de direito em uma universidade portuguesa. Eles prepararam a empresa para fazer atendimentos remotos e a gestão da equipe que atua no Recife. Além disso, mantêm um calendário de viagens entre Lisboa e a capital pernambucana ao longo do ano. Quando já estavam adaptados à rotina internacional, surgiu a pandemia e então o mundo todo passou a experimentar os serviços remotos que a Escobar Advocacia já vivenciava desde 2018. O fechamento das fronteiras criou uma dificuldade aos pernambucanos e portugueses que atuavam no Brasil e em Portugal. Foi quando aumentou o número de clientes. “Começamos a atender muitos brasileiros interessados em investir de maneira ampla em Portugal como, por exemplo, empresários que têm imóveis. E atendemos, ao mesmo tempo, os portugueses que têm negócios no Brasil”, afirma Gustavo Escobar. “Hoje somos uma ponte de mão dupla para relações de brasileiros em Portugal e de portugueses que precisam de serviços jurídicos no Brasil. Entendemos Portugal como porta de entrada das empresas brasileiras para a Europa”. O advogado afirma que ainda há um longo horizonte na prestação de serviço em Portugal para o escritório. A maioria dos clientes nesses primeiros anos são da área imobiliária, seja de empresas ou pessoas físicas. As demandas da área tributária são bem altas, tanto de brasileiros, como de portugueses. Como poucos advogados portugueses conhecem bem os sistemas tributários dos dois países, esse é um diferencial do escritório em Lisboa. “Nosso plano futuro é nos consolidarmos nessa ponte de confiança entre o investidor brasileiro e o mercado português. Já temos conseguido ser esse ponto de confiança, em que o cliente pode contar com nossa estrutura e suporte”. Gustavo projeta mais dois anos para consolidar a atuação no segmento, ao mesmo tempo em que mantém em crescimento o escritório no Brasil. CENTRO DE CONVERGÊNCIAS NA MESA Quem também promove a conexão entre os brasileiros e portugueses, mas sem sair da terra de Fernando Pessoa, é o empresário Paulo Dalla Nora Macedo. Há um ano e meio, ele migrou para Portugal desmotivado com o cenário político do Brasil, com o avanço da extrema- -direita no País. Com a experiência na promoção do debate público, por meio de organizações como o Política Viva e o Poder do Voto, o empresário viu a oportunidade de construir um espaço que pudesse ser ao mesmo tempo um negócio e um local de encontro dos interesses dos dois países. Nasceu o Cícero Bistrot, restaurante inspirado no pintor Cícero Dias e outros artistas plásticos pernambucanos. Paulo Dalla Nora (E) abriu em Lisboa o restaurante Cícero, que também é um espaço de discussões políticas, além de ponto de encontro de personalidades. Uma das visitas ilustres foi o presidente Lula. “A ideia é ser um lugar de convergências dessa relação entre Portugal, Brasil e Europa”, afirma. “A ideia do Cícero é ser mais do que um restaurante, é ser um centro de debates, um lugar de convergências dessa relação entre Portugal, Brasil e Europa”, afirma Dalla Nora. O espaço possui três salas exclusivas para debates, palestras e reuniões, mantém um podcast regular e promove eventos de conteúdo ao menos duas vezes por mês. Fora as atividades programadas, como se trata de um restaurante frequentado por políticos, empresários e artistas, não é incomum acontecerem encontros espontâneos entre autoridades e personalidades dos dois países. Um encontro casual que aconteceu entre o cantor Alceu Valença e o primeiro-ministro António Costa, é um exemplo. Recentemente, também sem agendamento, o local reuniu os ministros José Múcio e Gilmar Mendes e o ator Chico Diaz. Uma das visitas ilustres do local foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em novembro do ano passado, poucos dias após o segundo turno das eleições. “A ideia desse empreendimento surgiu quando cheguei aqui, comecei a conversar com pessoas e claramente tinha esse espaço a ser ocupado, no sentido de ter um ponto para acolher o grande fluxo de brasileiros que querem investir em Portugal, empreender, como a porta de entrada ao mercado europeu”, disse o empresário. Ele lembra que anteriormente o perfil mais típico era de brasileiros em busca de trabalho, enquanto agora se percebe um público com

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Editora da UPE aumenta em 40% a publicação de livros em 2022

Carlos André, coordenador da Edupe, projeta um novo crescimento em 2023 de 10% e a entrada da editora no segmento de paradidáticos *Por Rafael Dantas A EDUPE (Editora da Universidade de Pernambuco) publicou 74 livros em 2022. São 39,6% obras a mais que em 2021, quando foram editadas 56 publicações. Esse movimento de crescimento não começou apenas no ano passado. Após não lançar nenhum livro em 2014, a instituição virou a chave, passou a lançar editais e seguiu por um caminho de maior profissionalização e que a reitoria passou a disponibilizar um orçamento próprio para a editora. Além do aumento do seu catálogo, a EDUPE viveu nesse período um processo de internacionalização, com obras em parcerias com autores de outros países, e também recebeu algumas premiações. Na trilha de completar 25 anos, em 2024, estão nos planos a entrada do segmento de livros paradidáticos e o crescimento de 10% no volume de lançamentos. De acordo com o coordenador da Editora da Universidade de Pernambuco, Carlos André Silva de Moura, a mudança na instituição começou no primeiro ano do mandato do ex-reitor Pedro Falcão, que tinha a professora Maria do Socorro Cavalcanti (atual reitora) como vice, em 2015. Uma mudança crucial nessa década foi o início da abertura de editais, que criaram critérios de cientificidade, comercialização e demanda na seleção das obras. Além de aumentar a exigência de qualidade, o instrumento incentivou que mais docentes escrevessem. Isso se refletiu no crescimento de publicações. Evolução das Obras Publicadas pela Editora da UPE 2014 0 2015 15 2016 9 2017 11 2018 37 2019 33 2020 45 2021 56 2022 74 Fonte: EDUPE "Para docente fazer publicações na editora passa por avaliações às cegas dos pares. Isso institucionaliza na universidade um fluxo de publicação e um critério específico para escolha das obras. Por mais que o edital seja burocrático, o que aconteceu? Aumentaram as publicações na universidade. É um processo que prevê o fomento de novas publicações, além de ser realizado com recursos da universidade. Começamos com 10 livros a cada edital, hoje publicamos por edital 20 livros", afirma o coordenador Carlos André. Com a circulação das publicações e novos escritores interessados, a editora passou a publicar não apenas as obras dos professores no efetivo exercício, mas também os docentes aposentados, que permanecem contribuindo na pós-graduação, e também os servidores técnicos-administrativos. Há um edital exclusivo também para os estudantes da pós-graduação (teses ou dissertações) para publicação de e-books. Além desse impacto local, a EDUPE também tem um conjunto de publicações realizados com parcerias de professores e editoras nacionais e internacionais. Recentemenre foram publicados os livros Sistema Político no Antigo Kôngo, do porofessor angolano Patrício Batsîkama, e Linguagem, sentido e ação na obra de Daniel Everett, do professor americano Daniel Everett e de Eleonoura Enoque da Silva. Há publicações em cooperação com editoras de Portugal e da Espanha também. Já estão no catálogo obras bilíngues e está em andamento a primeira obra trilíngue (português, espanhol e inglês). Um dos destaques no catálogo da editora foi o também recém publicado A Formação do Brasil Independente - Sociedade, Legislação e Cultura, organizado pelo coordenador da editora. A publicação foi uma encomenda do Governo do Estado, em meio às iniciativas de comemoração do bicentenário da independência do Brasil. Nessa trajetória de crescimento e sofisticação das publicações, a EDUPE recebeu em 2022 o Prêmio Clarice Lispector, com o livro Manoelzinho Salustiano: histórias de um mestre no terreiro, de Carlos André, Mário Ribeiro dos Santos e Sandra Simone Moraes de Araújo, na categoria de Melhor Biografia. "A premiação reconheceu o trabalho que a editora vem fazendo de forma nacional. Receber um prêmio pela qualidade do texto, gráfica, edição e tradução é o reconhecimento do trabalho de uma equipe que vem a cada dia atendendo as demandas editoriais do setor. O prêmio demonstrou que estamos no mesmo nível das grandes editoras do País", afirmou Carlos André. Outro passo da editora nesse processo de avanço institucional foi passar a ter uma efetiva participação dos debates na Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU). "Participamos dessa associação com propostas de pautas e demandas relacionadas ao nosso projeto editorial. Um dos pleitos da associação, inclusive, é de valorizar as publicações de livros e capítulos de livros nos critérios da Capes", destacou Carlos André. A medida seria mais um incentivo à publicação dos docentes. Após bater o recorde de publicações em 2022, Carlos André afirma que entre as metas de 2023 estão crescer ao menos 10% e entrar no segmento de paradidáticos, para formação de alunos e de professores. No projeto ainda deste ano estão a formalização da editora como um CNPJ próprio, como algumas das maiores editoras universitárias do País, bem como uma participação robusta na Bienal do Livro deste ano. Entre os desafios, o coordenador elenca a necessidade de aumentar a equipe, que já está pequena para o aumento das atividades da editora nos últimos anos. A atual gestão da UPE, tanto a reitora Maria do Socorro Cavalcanti, como o vice-reitor José Roberto Cavalcanti, observam a editora como um órgão estratégico para as ações da universidade, pelo reconhecimento das pesquisas e pela divulgação científica que ela proporciona. Para quem deseja conhecer mais a editora, ou seus autores, todos os e-books publicados pela EDUPE são disponibilizados gratuitamente na sua plataforma. O site da editora também disponibiliza para vendas as obras do seu catálogo. Todas as obras publicadas estão nas bibliotecas das unidades da UPE distribuídas no território pernambucano. *Rafael Dantas é repórter da Algomais (rafael@algomais.com)

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"É preciso começar as mudanças para chegarmos à tarifa zero no transporte público"

Coordenador de mobilidade urbana do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) quer ampliar o debate sobre a gratuidade do transporte público, que há anos vem perdendo passageiros. Ele também analisa as experiências já existentes em cidades brasileiras e do exterior. A gratuidade do transporte urbano público é uma pauta que aos poucos começa a ser mais debatida e a ganhar uma gama maior de defensores. Estopim que levou, em 2013, uma multidão às ruas insuflada pelo Movimento Passe Livre, numa das maiores manifestações de protesto na história recente do País, a tarifa zero já é realidade em 67 cidades brasileiras. No segundo turno das eleições no ano passado, a experiência escalou para mais de 300 cidades que adotaram a gratuidade para facilitar o acesso dos eleitores às urnas. A medida expôs o tamanho da demanda reprimida. Segundo dados da Urbana-PE, no Grande Recife, o número de passageiros nesse dia da votação aumentou 115% em relação aos domingos comuns e 59% na comparação com o primeiro turno. Desde o fim da primeira década dos anos 2000, o transporte público tem perdido passageiros que não dispõem de recursos para pagar a passagem. Situação que se agravou com a pandemia, afetando financeiramente as empresas do setor. “O sistema baseado na tarifa está completamente falido”, sentencia Rafael Calábria, coordenador de mobilidade urbana do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor). Nesta entrevista a Cláudia Santos, ele mostra a viabilidade da passagem gratuita e explica a proposta do SUM (Sistema Único de Mobilidade) feita pelo Idec, que propõe um sistema integrado em todo o País, gratuito e acessível a todos os brasileiros. Qual é a proposta do SUM (Sistema Único de Mobilidade)? A ideia central é que o setor de transportes passe a ser tratado como uma política pública, passe a ter um sistema de governos que apoiem os municípios na execução das políticas de mobilidade. Hoje cada cidade faz seus próprios sistemas, umas têm órgãos, outras têm autarquias, uma a secretaria executa, outra faz a concessão de um jeito, outra, de outro. Algumas, como no Recife, fazem um consórcio metropolitano. Mas falta uma estruturação do Governo Federal e dos estados para apoiar a mobilidade com mais recursos, com mais capacidade técnica, com treinamento para as equipes para termos uma melhoria na qualidade dos transportes no País. Os municípios, muitas vezes, não têm capacidade para gerir o tanto quanto é preciso no setor com recursos. A mobilidade urbana transpassa os limites municipais. Então, é natural ela seja tratada em ambientes regionais com debates entre estados que sejam mais amplos do que é feito hoje nas cidades. Quais os problemas que vocês detectam na mobilidade? Para quem caminha ou anda de bicicleta existe uma falta de estrutura tremenda, as calçadas são ruins, as ciclovias são incompletas, os gestores municipais não são atualizados para debater esse tema, há uma política de corte de custos e não há investimentos nessa infraestrutura. Para o transporte coletivo também falta infraestrutura, não temos metrôs nem corredores de ônibus suficientes, os pontos (paradas) não são adequados, os terminais são antigos. Quanto aos ônibus, geralmente, o tempo de espera é muito longo para o cidadão, existe alta lotação e são caros, porque é um sistema que depende da tarifa para se bancar. Os empresários acabam direcionando para onde é mais rentável, para avenidas mais centrais, para os horários de pico, e reduzem a frota. Com isso aumenta o tempo do intervalo de espera e a lotação. Por isso é necessário apoio técnico e financeiro para que o sistema não dependa da tarifa. A tarifa zero no transporte público já é realidade em 67 cidades no País. Ela também está prevista no SUM? Assim como o SUS é um sistema de saúde universal e gratuito, defendemos o mesmo para a mobilidade. Mas esse debate no setor está muito mais atrasado do que na saúde. O que defendemos é que precisam começar as mudanças para chegarmos à tarifa zero. Precisamos mudar os contratos, parar de depender da tarifa, fazer os pagamentos por quilômetro, ou por custo ou por qualidade, buscar fontes de financiamento para poder baratear a tarifa e dar uma estabilidade de receita para o sistema de modo a que a frequência possa ser boa. Assim, vamos criando uma cultura para o governo participar mais desse sistema, para que mais cidades possam adotar a tarifa zero. Hoje ela existe exclusivamente em cidades pequenas. Como possuem um sistema mais simples, elas conseguem ter mais facilidade. Nas cidades maiores é mais complexo, elas têm um sistema também de trilhos, como metrôs e trens, há uma relação com cidades vizinhas. Existe uma rede muito mais cara e complexa. Então, a fonte de financiamento é importante para esse debate. O que é urgente é que a cidade comece a debater o tema, porque o sistema baseado na tarifa está completamente falido. Como são as experiências nas cidades que adotaram a tarifa zero? No Brasil, a maior parte das cidades que implantaram são pequenas e recorrem ao orçamento do município. O que alguns prefeitos alegaram é: como eles têm que pagar o vale-transporte de quem é servidor da prefeitura, eles já têm um gasto com isso, então o impacto da tarifa zero não é tão grande no orçamento. O exemplo mais relevante e organizado fora do Brasil, eu diria, é o francês, porque eles modificaram o vale-transporte. Em vez de a empresa pagar o valor para o funcionário que usa ônibus e/ou o metrô, a empresa recolhe o valor que vai para um fundo federal que barateia todo o transporte no país. Mas há ainda uma parte que é usada do orçamento. Defendemos aqui no Brasil essa possibilidade de mudança do vale-transporte. Há um debate bem avançado disso. Existem fontes que já foram debatidas como a CID da gasolina, em que se cobraria dos usuários de carros, que é uma política positiva já que os automóveis é que geram trânsito, eles são da política universal e é bem mais caro ter acesso ao carro. Têm sido debatidas outras fontes,

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Violência nas escolas: Paz também se aprende

*Por Rafael Dantas Ansiedade e tensão no ambiente escolar não são novidades. Mas, além das provas e exames de seleção para as universidades, os estudantes e professores convivem há algumas semanas com o medo dos casos extremos de violência. Os ataques que vitimaram quatro pessoas em uma creche de Santa Catarina e uma professora numa escola em São Paulo, somados a um turbilhão de notícias falsas que vieram em sequência, criaram uma crise aguda que está sendo enfrentada ainda pelas redes de ensino. Além das pressões típicas do ano letivo e o legado emocional nocivo da pandemia, os desafios da educação brasileira e pernambucana em 2023 demandam soluções que perpassam por campanhas pedagógicas, atendimentos psicológicos e ações mais concretas de segurança. Algumas dessas iniciativas são mais focadas na tempestade que o setor educacional atravessa e outras devem permanecer de forma contínua. VIOLÊNCIA QUE PULOU O MURO DA ESCOLA Na análise do advogado, cientista político e especialista em segurança pública Isaac Luna, o ataque à creche que chocou o Brasil é fruto de um cenário social que o País atravessa há alguns anos e que transbordou no ambiente escolar neste mês. “O Brasil viveu, na última década, uma expansão muito grande da violência em todas as suas manifestações. Nesse ambiente de tensão social os discursos de higienização, ódio e supremacia ganharam espaço e evoluíram para todos os setores da sociedade pelas redes sociais”. Além disso, nos últimos anos houve a flexibilização do acesso a armas de fogo e o crescimento do discurso de extermínio como solução aceitável para solucionar conflitos. “Como a escola é um recorte do todo social, tende a refletir os valores cultivados e propagados no seu entorno. A naturalização da violência, o incentivo ao extermínio e até o crescimento aberto de grupos neonazistas potencializaram a violência nas escolas. Nós não temos uma escola violenta, o que temos é uma sociedade extremamente violenta, com números alarmantes de ocorrências de ameaças, agressões físicas, morais e sexuais e, finalmente, muitas mortes violentas”, contextualiza o advogado do escritório Herculano e Ribeiro Advocacia. Os efeitos emocionais e psicológicos da pandemia, associados ao discurso de ódio pregado livremente nos últimos anos no Brasil são a equação que tem tido como resultado esses casos de violência aguda no contexto escolar, na análise do secretário de Segurança Cidadã do Recife, Murilo Cavalcanti. “A pandemia deixou um transtorno mental muito forte nas pessoas e isso se refletiu nesse setor das escolas. Cresceram os transtornos e suicídios durante a pandemia. Mas outra razão disso é a política do ódio disseminada nesse País por quatro anos. A mensagem do olho por olho e dente por dente, de fazer justiça com as mãos. Não podemos relevar isso de maneira nenhuma”. Ao mencionar esse cenário, o secretário lembrou da cena do ex- -presidente Jair Bolsonaro ensinando uma criança com as mãos a fazer o gesto do uso de uma arma, em 2018, em Goiás. Em 2019, em outro evento em São Paulo, ele colocou no colo uma criança vestida de policial militar com uma arma de brinquedo em mãos. “Essa política do ódio reflete-se na cabeça dos meninos. Nesse período de crise, a mediação de conflitos, o esforço em perceber alunos alterados e a disponibilidade de um serviço psicológico são fundamentais”, sugere o secretário. Apesar de o número de ataques às escolas não ser volumoso, ele aumentou na última década. Dados apresentados pelo mapeamento da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) sobre ataques em escolas por alunos ou ex-alunos revelam uma preocupante tendência de aumento. Desde o primeiro registro em 2002, foram listadas 22 ocorrências. Chama a atenção o fato de que mais da metade dos casos (13 ocorrências) aconteceram apenas nos últimos dois anos. Há duas tipificações mais comuns dos agressores, segundo a psicóloga e professora do Unit-PE (Centro Universitário Tiradentes) Giedra Marinho. “Quem são os autores desses crimes, atentados e ameaças? Dois grupos: o primeiro é de adolescentes que sofreram bullying e perseguição em escolas. Alguns retornam na intenção de se vingar e com isso ter certa notoriedade. O outro é formado por adultos com transtornos mentais, que acharam um caminho para colocar em prática a perversidade e a maldade. É importante não divulgar essas pessoas. Ao darmos o palco, damos combustível para novos ataques”. DESINFORMAÇÃO AUMENTA O PÂNICO A quantidade de informações falsas de ataques e ameaças de novos episódios de violência em escolas aumentou o desgaste dos pais e da comunidade escolar de forma geral nas últimas semanas. Esse fenômeno da desinformação, que esteve presente nas eleições e no enfrentamento à pandemia, surge mais uma vez na sociedade, dificultando a ação das políticas públicas. O fenômeno da desinformação nesse caso engrossou o discurso de que é necessário regular as redes sociais, que são os canais de circulação das fake news. “Temos uma sociedade doente pós-pandemia, parte dela precisa de tratamento, mas há uma parte que precisa de punição. O Poder Judiciário, com o apoio das polícias, precisa identificar quem está disseminando isso e punir. Disseminar fake news não é liberdade de expressão. Isso é terrorismo, que precisa ser severamente punido”, defende Murilo Cavalcanti. A desinformação tem jogado contra as escolas, levando algumas famílias até a retirarem seus filhos dos sistemas de ensino por medo. “As redes sociais não têm controle. Um evento ganha proporções bem maiores porque a desinformação circula bem mais rápido. Muitas pessoas jogam qualquer informação nas redes, sem senso ou criticidade. Infelizmente isso tem alcançado muitas famílias, disseminando o medo e ódio. É preciso uma regulamentação das redes sociais”, afirma a pedagoga Cássia Souza, que coordena projetos de educação do Centro das Mulheres do Cabo, é ativista pela educação da Rede Malala e membro da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. REAÇÕES DE SEGURANÇA NA REDE ESCOLAR Desde os ataques que chocaram o País, o Governo Federal e os diversos sistemas de educação estaduais e municipais reagiram com medidas emergenciais para aumentar a segurança no ambiente escolar e prevenir novos casos. Em Pernambuco, por exemplo, foi criado o canal telefônico 197, voltado exclusivamente para

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Feira Made PE, que acontece no Riomar Recife, encerra hoje

A 10ª edição da feira Made Pernambuco acontece até a hoje (24), no Shopping Rio Mar. O evento reúne o empreendedorismo e artesanato local. A mostra conta com produtos diversos e criativos, produzidos pelas mãos de artistas e artesãos pernambucanos. São 61 expositores com peças decorativas, brinquedos, acessórios, vestuário e calçados para todos os estilos e idades. Podem ser encontrados ainda peças em madeira, metal, bordados, pinturas, esculturas, papel, cerâmica, porcelana, entre outros. A expectativa da organização do evento é de movimentar em torno de R$1 milhão, além de render negócios futuros aos expositores, tendo o evento como uma grande vitrine.

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GSI divulga imagens do dia da invasão no Palácio do Planalto

(Da Agência Brasil) O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) divulgou, em seu site, arquivos das imagens das câmeras do circuito interno de segurança do Palácio do Planalto gravadas no dia 8 de janeiro de 2023. Nesse dia, centenas de manifestantes invadiram e vandalizaram a sede do Poder Executivo. As imagens estavam sob sigilo por fazer parte de inquérito policial que investiga os ataques de 8 de janeiro, mas trechos delas foram divulgadas pela CNN na última quarta-feira (19). Na sexta-feira (21), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre os atos golpistas, determinou a quebra do sigilo das imagens para envio à investigação que está em andamento no STF.  O então ministro-chefe do GSI, general Gonçalves Dias, pediu demissão depois de aparecer nas imagens junto com outros funcionários da pasta, no momento em que os vândalos invadiam o Palácio. Pelo menos nove desses servidores foram identificados pelo próprio GSI.  Alexandre de Moraes determinou que todos eles fossem ouvidos pela PF no prazo de 48 horas. A Polícia Federal (PF) está colhendo neste domingo (23) os depoimentos. Dias já prestou seu depoimento antes do fim de semana.  Na última sexta-feira (21), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse, em entrevista, que os depoimentos à PF são importantes para apurar responsabilidades.  “Imagens, sobretudo quando elas têm algum grau de edição, não são instrumentos que possam provar absolutamente nada. São instrumentos que as instituições que podem fazer a apuração devem utilizar, como outros, para identificar a responsabilidade de todos aqueles que aparecem”, disse o ministro.  Padilha ressaltou que o ex-ministro Gonçalves Dias tem uma “biografia” de serviços públicos prestados nas Forças Armadas e na segurança da Presidência da República em outros governos. “Aquelas imagens, a priori, não desmontam essa biografia, mas é muito importante que ela sirva de instrumento, com outros, para que a apuração seja feita pela Polícia Federal e pelo Judiciário”.  O ministro Padilha afirmou ainda que o presidente Lula solicitou ao ministro interino do GSI, Ricardo Capelli, que faça um raio-x dos servidores que estão hoje no GSI e que possam ter participado dos atos golpistas.  Em nota divulgada no dia 19, o GSI, informou que os agentes estavam buscando evacuar o quarto e o terceiro piso para concentrar os invasores no segundo andar, onde foram presos depois da chegada da Polícia Militar do Distrito Federal. Na nota, o GSI informou ainda que as ações dos agentes da pasta no dia da invasão estão sendo investigadas e, caso sejam comprovadas condutas irregulares, eles serão responsabilizados. CPMI Na entrevista de sexta-feira, o ministro Alexandre Padilha afirmou que o governo está aguardando a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro para montar sua estratégia.   “O que eu sinto, tanto na Câmara quanto no Senado, desde o dia 8 de janeiro, é uma ampla maioria que rechaça os atos terroristas do dia 8. O Legislativo foi atacado, foi invadido, foi violentado. Quem praticou aqueles atos terroristas não queria reconhecer a eleição do presidente da República, mas também não queria reconhecer o papel do Congresso”.  Segundo ele, a CPMI terá o papel de desmontar “uma teoria conspiratória absurda de que as vítimas” foram as responsáveis pelos atos terroristas. Padilha acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro de ser “responsável moral, espiritual e organizativo” pelos atos. O ministro disse que tanto a PF quanto a CPMI vão atrás daqueles que financiaram, planejaram e mobilizaram e também dos servidores que possam ter auxiliado os invasores dentro do Palácio do Planalto. 

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Maioria do STF aceita denúncias contra participantes de atos golpistas

(Da Agência Brasil) O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos para transformar em réus 100 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Na ocasião, foram depredadas as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.    Seis ministros votaram a favor do recebimento das denúncias. Até o momento, acompanharam o voto do relator Alexandres de Moraes, os ministros Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Edson Fachin e Cármen Lúcia.    A votação virtual contra os acusados começou à meia-noite do dia 18, terça-feira, e vai até as 23h59 de segunda-feira (24).    Ao apresentar seu voto, Alexandre de Moraes descreveu como “gravíssima” a conduta dos denunciados, que tinham como objetivo final abolir os poderes de Estado. Os ministros que ainda precisam apresentar seus votos no sistema eletrônico são André Mendonça, Nunes Marques, Rosa Weber e Luiz Fux.    Com o início do processo, haverá coleta de provas e depoimentos de testemunhas de defesa e acusação. Depois, o STF ainda terá de julgar se condena ou absolve os acusados, o que não tem prazo para ocorrer.   As denúncias envolvem crimes previstos no Código Penal: associação criminosa; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; ameaça; perseguição; incitação ao crime e dano qualificado. A PGR também cita o crime de deterioração de patrimônio tombado.   Levantamento do STF mostra que das 1,4 mil pessoas presas no dia dos ataques, 294 permanecem no sistema penitenciário do Distrito Federal. As demais foram soltas por não representarem mais riscos à sociedade e às investigações.  

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