Retorno do câncer de mama: como prevenir – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Retorno do câncer de mama: como prevenir

Pesquisa aponta que a chamada recidiva pode acontecer em até 36,8% dos casos

Nos últimos anos, dois estudos trouxeram alertas importantes sobre o câncer de mama no cenário mundial. O primeiro, divulgado pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), revela que a pandemia fez os casos graves (estágios avançados) de câncer de mama subirem 26% no Brasil, fato decorrente da redução na busca por exames de rotina preventivos, caso da mamografia. O outro – trazido pelo SEER Medicare, vinculado ao Instituto Nacional de Câncer Norte Americano – mostrou, após estudo com 20 mil mulheres, uma taxa de retorno da doença de 36,8% deste tipo de câncer. A maior parte ocorreu nos cinco primeiros anos após o diagnóstico (81,9%) e em pacientes que apresentaram casos graves da doença.

“Essas pacientes foram acompanhadas durante 10 anos e, por meio desse estudo, pode-se concluir que quanto mais avançado o estágio da doença, maior a probabilidade de retorno do tumor. Concluiu-se ainda que mulheres com receptores hormonais negativos tiveram mais recorrências quando comparadas às que tinham receptores hormonais positivos”, explica a mastologista Denise Sobral, da Multihemo Oncoclínicas.

O que ocasiona e tratamento

Algumas mulheres que tiveram câncer de mama podem apresentar uma nova manifestação da doença, mesmo após o término do tratamento. Esse retorno é chamado de recidiva local e pode ser desgastante para a paciente, mas apresenta as mesmas chances de cura do primeiro, que chegam a 95% quando descoberto precocemente.

Sabe-se que, após uma cirurgia de retirada de câncer, é possível que células cancerígenas dormentes ainda permaneçam no local do tumor ou migrem para outras partes do corpo, o que acaba causando o retorno da doença. Essa recorrência depende das características do tumor anterior, como grau histológico, tamanho, número de linfonodos cancerígenos, presença de mutações genéticas e agressividade biológica, além de fatores como obesidade, idade menor que 40 anos e tratamento anterior inadequado.

O tratamento da recidiva do câncer de mama depende do tipo de tumor. De acordo com a médica mastologista Denise Sobral, da Multihemo Oncoclínicas, ao estar diante desse cenário, é necessário procurar imediatamente o médico especialista para saber quais as possibilidades. “Na maioria das vezes, o câncer que retornou é o mesmo tipo do primeiro, mas quando o perfil do tumor é diferente temos que fazer nova biópsia e novos exames de mapeamento. Existem tratamentos específicos para cada tipo de câncer e novas medicações podem ser adicionadas. Às vezes, a paciente pode fazer outro tratamento cirúrgico ou até mesmo uma radioterapia. Das medicações, a imunoterapia, conhecida como terapia alvo, vai agir exatamente nas células tumorais e será prescrita pelo oncologista quando indicada. Dependendo do tipo de tumor, esses tratamentos das recidivas podem levar à cura das pacientes quando realizados a tempo ”, complementou.

Afinal, é possível reduzir os riscos de recidiva?

A adoção de hábitos de vida pautados por uma alimentação equilibrada e prática de atividades físicas podem ajudar a reduzir o risco de recidiva do câncer de mama, além de contribuir para a prevenção de diversas outras doenças. “Dormir bem, comer de forma saudável, optando sempre por frutas e verduras, pelo aumento da hidratação com sucos, água e chás. Isso significa evitar ou diminuir o consumo de gorduras, massas, doces, salgados, frituras, enlatados e embutidos, bebidas alcoólicas e o fumo. Além disso, é necessário praticar exercícios regularmente”, explica a mastologista.

A especialista acrescenta que as pacientes idosas e muito sedentárias devem começar a desenvolver o hábito de realizarem atividades esportivas, dentre as quais se destacam natação, pilates e musculação (com orientação profissional), pelo menos três vezes na semana e, se possível, fazer caminhadas diariamente. “Por mais comuns que sejam essas orientações, elas são determinantes quando associadas aos cuidados médicos”.

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