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Textos e fotos de Dom Helder estão no acervo virtual da Cepe

Em 1970, quando o mundo vivia momentos políticos conturbados, o então arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Camara (1909-1999), fez uma série de palestras pela Europa, Canadá e Estados Unidos. Incansável defensor dos direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil, ele também nutria a esperança de que a humanidade, um dia, formasse uma grande família. Esse foi o tema de um dos discursos de dom Helder para o roteiro de viagens e que se mantém atual 50 anos depois de ter sido apresentado no Canadá. O discurso, com o título "Esperança em uma comunidade mundial", está disponível no Acervo Cepe (www.acervocepe.com.br) e pode ser consultado gratuitamente. No portal há, desde 2018, cerca de 60 mil imagens digitalizados do Instituto Dom Helder Camara, de acordo com o superintendente do Departamento de Digitalização, Gestão e Guarda de Documentos da Cepe, Igor Burgos. A Cepe foi contratada para fazer a organização do acervo do religioso pelo Instituto, que havia firmado convênio com a Prefeitura do Recife. No texto, dom Helder faz uma reflexão sobre a comunidade mundial a partir do termo "vivendo a esperança" extraído de uma das orações que os padres rezam na celebração da missa. O sonho de uma humanidade vivendo como uma grande família, diz ele, é audacioso e cheio de obstáculos. O egoísmo, é um deles. "Quem não rompe a carapaça do egoísmo, quem não sai de si mesmo, quem gira sempre em volta do próprio eu - e em lugar de ver, apenas se vê; em lugar de ouvir, apenas se ouve; em lugar de amar, apenas se ama; - jamais contribuirá, de maneira válida, para as primeiras comunidades", escreve o bispo. "Infelizmente, ainda não vencemos o egoísmo que provoca tanta dor no mundo", lamenta o professor de história da Universidade Federal de Pernambuco, Severino Vicente da Silva, meio século depois das palestras feitas por dom Helder. “Seus discursos podem ser lidos hoje com sabor de novidade, só precisa atualizar alguns dados econômicos e sócio-populacionais", observa Severino Vicente, vice-coordenador do Laboratório de História Oral e Imagem do Departamento de História da UFPE. Já naquela época, dom Helder citava como obstáculo à comunidade, em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, a existência de "um pequeno grupo de famílias privilegiadas, cuja riqueza é mantida à custa da miséria de milhões de concidadãos.” Também afirmava que, para esses grupos, “qualquer mudança mais brusca será porta aberta à infiltração de agitadores profissionais e só fará o jogo dos comunistas.” E alertava para a violência “disfarçada e anônima” que a miséria poderia desencadear. “Como os dados recentes colocam que a riqueza produzida hoje no mundo está sob controle de uma centena de famílias, é claro que as reflexões de dom Hélder nos (anos) setenta podem ser aplicadas hoje”, comenta Severino Vicente. A comunidade mundial, esclarece o professor, seria o caminho indicado pelo bispo para diminuir as desigualdades. A ideia seria a formação de grupos de pessoas de diferentes camadas sociais, religiões e nações, as Minorias Abraâmicas, para atuar de forma conjunta na busca de um mundo onde com mais justiça e paz, explica. Um exemplo prático citado pelo professor seriam engenheiros e arquitetos pensando e criando novos e inclusivos modelos de habitação. Ele classifica entre as Minorias Abraâmicas grupos como a organização não governamental ambiental Greenpeace e a organização internacional de ajuda humanitária Médicos sem Fronteiras, que leva atendimento de saúde a locais de extrema pobreza, entre tantos outros. “Nunca saberemos os resultados das viagens de Dom Hélder”, declara o historiador. “A comunidade mundial, essas minorias abraâmicas, esses que acreditam que quanto mais escura a noite mais bela e brilhante é a madrugada, já existem, e são criadas a cada dia”, afirma Severino Vicente. Para o jornalista Felix Filho, o Dom da Paz acreditava que as Minorias Abraâmicas poderiam lutar, de forma pacífica, firme e decidida, por justiça social. “Utopia? Sonho? Os profetas sonham. E para que o sonho se torne possível, depende de nós, do abandono do egoísmo e da falta de amor ao próximo. Infelizmente, nos últimos 50 anos, temos a sensação que tudo piorou, que o egoísmo cresceu e a pobreza aumentou. Cabe a nós, como dom Helder profetizou, acreditar que um mundo melhor é possível”, declara Felix Filho, autor do livro Além das ideias - Histórias de vida de Dom Helder Camara, publicado pela Cepe Editora em 2012. O egoísmo é o maior pecado do homem e o arcebispo emérito de Olinda e Recife percebeu essa questão, comenta o jornalista e diretor do Arquivo Público Estadual. “Atualmente, assistimos estarrecidos justo a incoerência de pessoas que se dizem cristãs, mas nesta pandemia, por exemplo, estão mais preocupadas com seus lucros do que o bem fundamental da vida. No Brasil vemos, diariamente, os absurdos cometidos por quem deveria zelar pelo bem geral da população, pelo direito básico à saúde e à vida, revelando a falta de compromisso com os mais pobres”, destaca Felix Filho. A Cepe digitalizou mais de 132 mil imagens do acervo do bispo, mas apenas uma parte da documentação está disponível no portal. “Nem tudo foi colocado porque nem tudo o instituto autorizou colocar no site”, informa Igor Burgos. Estão abertas para consulta crônicas, discursos, cartas, fotos e reportagens publicadas em jornais que preservam a memória do arcebispo emérito de Olinda e Recife, mundialmente conhecido como o Dom da Paz. (Crédito para as fotos: Alcir Lacerda (dom Helder com a criança) e Acervo do Instituto Dom Helder Camara (dom Helder com fiéis).

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Museu da Cidade do Recife lança Catálogo do Acervo Cartográfico

Um conjunto formado por 1.898 artefatos gráficos salvaguardados pelo Museu da Cidade do Recife - MCR, datados do final do século XIX ao século XX, será lançado em catálogo online e impresso, acompanhado por DVD, no dia 30 de janeiro, às 19h. O Catálogo do Acervo Cartográfico do MCR ficará disponível para download gratuito no site da instituição e será comercializado na loja do museu por R$ 30 reais, cuja venda será revertida para ações de preservação das coleções do MCR. O evento, aberto ao público e com acessibilidade em Libras, contará com a palestra “Cartografia do Recife: um acervo para a cidade”, ministrada pela equipe do museu e do projeto. Idealizado pelo pesquisador, fotógrafo e produtor cultural Josivan Rodrigues, o Catálogo do Acervo Cartográfico do MCR é fruto do incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura - FUNCULTURA, da Fundarpe, Secretaria de Cultura do Governo de Pernambuco. Além de mapas e cartas, compõem o conjunto projetos urbanísticos (a exemplo da Praça de Casa Forte e o Parque 13 de Maio), arquitetônicos (Teatro de Santa Isabel e Biblioteca de Casa Amarela) e de mobiliário, gravuras e cartazes, entre outras tipologias. A mídia DVD incorporada à publicação impressa trará consigo todas as 1.898 imagens digitalizadas no Inventário do Acervo Cartográfico do MCR, assim como os seus respectivos índices, organizados por número de tombo, descrição e autor. De acordo com Josivan Rodrigues, se trata de um convite à sociedade para conhecer mais essa coleção que apresenta testemunhos essenciais da história social e cultural do Recife. "O catálogo impresso reúne uma amostra da diversidade deste acervo, com cinquenta artefatos reproduzidos em suas 52 páginas; já o DVD vem com a coleção completa. Os documentos, já reconhecidos por pesquisadores, podem agora ter seu público ampliado. Esse projeto é importante pois promove o acesso remoto ao passo que resguarda os originais do manuseio constante. Através do catálogo, será possível filtrar quando é realmente necessário ter em mãos os originais", explica o pesquisador. No plano de ação do projeto, está prevista como contrapartida a distribuição gratuita de parte da tiragem para bibliotecas e instituições públicas de ensino. Betânia Corrêa de Araújo, diretora do Museu da Cidade do Recife, assinala: o catálogo deverá ser utilizado pela equipe educativa da instituição nos próximos anos. "Agora é hora de comemorar e compartilhar o resultado, e também de arregaçar as mangas para as futuras - e incontáveis - etapas!", explica. A publicação a ser lançada foi precedida pelo trabalho de inventário e catalogação dos documentos, projeto também idealizado por Josivan Rodrigues com incentivo do Funcultura, quando foram detalhadamente observadas, descritas e digitalizadas as peças da coleção. Esta fase, por sua vez, foi antecedida pelo trabalho de higienização, planificação e acondicionamento realizado com o apoio da Caixa Econômica Federal. "Esse acervo documenta a mentalidade de cada época e como a cidade era pensada em determinados períodos. A maioria do nosso acervo é do século XX, e através dele é possível perceber as inúmeras mudanças pelas quais a cidade passou em prol do melhoramento urbano", orienta Sandro Vasconcelos, historiador do Museu da Cidade do Recife, responsável por coordenar a classificação, o inventário e a catalogação de todo o projeto. O pesquisador salienta a extrema importância da parceria da instituição com a sociedade civil em trabalhos do gênero. "Resultados como esse contemplam cada vez mais o público em geral. A possibilidade de criar desdobramentos a partir do acervo demonstra a capacidade do museu em levar adiante o compromisso de manter, preservar e divulgar os acervos. Quanto mais projetos assim, mais oportunidades de devolver para a sociedade produtos utilizáveis tanto para conhecimento, quanto para ideias lúdicas". Vasconcelos é mestre em história e coordenador do Núcleo de Pesquisas José Antônio Gonsalves de Mello do MCR. MUSEU DA CIDADE DO RECIFE Em quase 400 anos de existência, o Forte das Cinco, além de fortaleza, foi depósito, prisão e quartel militar. Desde 1982 é o Museu da Cidade do Recife e, devido a indicação da Unesco, pode se tornar patrimônio cultural mundial da humanidade. O acervo cartográfico do Museu da Cidade do Recife abrange 1.898 peças, já o acervo fotográfico é formado por mais de duzentas mil imagens. A quantia de 9.875 itens compõe o acervo arqueológico e tridimensional do equipamento cultural enquanto 2.126 títulos, entre livros e periódicos, estão disponíveis para consulta presencial no Núcleo de Pesquisas José Antônio Gonsalves de Mello, cujo acervo bibliográfico relaciona-se à arquitetura, história, cultura, artes, etc. Com entrada gratuita, o museu funciona de terça a sábado das 9h às 17h e aos domingos das 9h às 16h. O agendamento de escolas, universidades, faculdades, ONGs e outros grupos distintos deve ser realizado através do telefone (81) 3355-9558 ou pelo e-mail educativomcr@gmail.com, com a observação de que as visitas de agrupamentos não são realizadas aos domingos. SERVIÇO Lançamento do Catálogo do Acervo Cartográfico do Museu da Cidade do Recife e palestra “Cartografia do Recife: um acervo para a cidade” Quinta-feira, 30 de janeiro de 2020, às 19h. Museu da Cidade do Recife (Forte das Cinco Pontas, s/n, São José) Informações: (81) 3355-3108 Acesso gratuito. Valor do catálogo: R$ 30. 52 páginas, 21 x 21 cm, com DVD anexo.

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Saiba o que guardava o Museu Nacional

O Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, como é conhecido, fica instalado no bairro imperial de São Cristovão, zona norte da cidade, e reúne mais de 20 milhões de itens, divididos em coleções de paleontologia, zoologia, botânica, antropologia, arqueologia, entre outras. O lugar já foi residência oficial da família imperial brasileira. Dom João VI inaugurou em 1818 o museu com o nome de Museu Real, que funcionou primeiramente no Campo de Santana, no centro do Rio. O diretor de Preservação do Museu Nacional do Rio de Janeiro, João Carlos Nara, afirmou que o incêndio causa um “dano irreparável” ao acervo e à pesquisa nacional, mas ainda não é possível saber o que foi destruído. Conheça alguns itens: - Um dos mais importantes itens era um fóssil humano, achado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974. Batizado de Luzia, fazia parte da coleção de antropologia. Trata-se do fóssil de uma mulher que morreu entre 20 e 25 anos e seria a habitante mais atinga das Américas. - Outra preciosidade era o maior meteorito já encontrado no Brasil, chamado de Bendegó e pesa 5,36 toneladas. A pedra é de uma região do sistema solar entre os planetas Marte e Júpiter e tem mais de 4 bilhões de anos. O meteorito foi achado em 1784, no sertão da Bahia, na localidade de Monte Santo. Quando foi encontrado era o segundo maior do mundo. A pedra integra a coleção do Museu Nacional desde 1888. - Dom Pedro arrematou em 1826 a maior coleção de múmias egípcias da América Latina. São múmias de adultos, crianças e também de animais, como gatos e crocodilos. A maioria das peças veio da região de Tebas. História Fundado por Dom João VI em 6 de junho de 1818 sob a denominação de Museu Real, o museu foi inicialmente instalado no Campo de Santana, reunindo o acervo legado da antiga Casa de História Natural, popularmente chamada "Casa dos Pássaros", criada em 1784 pelo Vice-Rei Dom Luís de Vasconcelos e Sousa, além de outras coleções de mineralogia e zoologia. A criação do museu visava a atender aos interesses de promoção do progresso sócio-econômico do país através da difusão da educação, da cultura e da ciência. Ainda no século XIX, notabilizou-se como o mais importante museu do seu gênero na América do Sul. Foi incorporado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1946. O Museu Nacional abrigava um vasto acervo com mais de 20 milhões de itens, englobando alguns dos mais relevantes registros da história brasileira no campo das ciências naturais e antropológicas, bem como amplos e diversificados conjuntos de itens provenientes de diversas regiões do planeta, ou produzidos por povos e civilizações antigas. Formado ao longo de mais de dois séculos por meio de coletas, escavações, permutas, aquisições e doações, o acervo é subdividido em diversas coleções. É a principal base para as pesquisas desenvolvidas m todas as regiões do país e em outras partes do mundo, incluindo o continente antártico. Possui uma das maiores bibliotecas especializadas em ciências naturais do Brasil, com mais de 470.000 volumes e 2.400 obras raras. No campo da educação, o museu oferece cursos de extensão, especialização e pós-graduação em diversas áreas do conhecimento, além de exposições temporárias e atividades educacionais. Administra o Horto Botânico, ao lado do Palácio de São Cristóvão, além do campus avançado na cidade de Santa Teresa, no Espírito Santo — a Estação Biológica de Santa Lúcia, mantida em conjunto com o Museu de Biologia Professor Mello Leitão. Um terceiro espaço no município de Saquarema é utilizado como centro de apoio às pesquisas de campo. (Da Agência Brasil)

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Após doação da família, Fundaj completa o acervo de Joaquim Nabuco

A parte do acervo de Joaquim Nabuco em posse da família Nabuco será repassada para a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). São aproximadamente 14.850 documentos entre fotografias, cartões-postais, cartas, manuscritos originais, autógrafos autênticos e recortes de jornais que vão de 1865 a 1991 serão trazidos pelo bisneto de Nabuco, completando o patrimônio já existente na Fundação. A doação será oficializada na terça-feira (24), às 9h, na sala Gilberto Freyre, campus Casa Forte. O bisneto de Joaquim Nabuco, Pedro Nabuco, participa do evento que integra a abertura do ano de comemoração até os 70 anos da Fundaj. Um dos mais valiosos itens é um diário pessoal de Nabuco escrito em 1888, ano da abolição da escravatura. “O ânimo da família nessa doação é que os documentos se unam ao que já estão aí, que sejam bem guardados no Recife, onde meu avô nasceu e foi enterrado”, declara Pedro. Segundo ele, o destino certo dos documentos é na instituição, para que sejam tratados, armazenados e conservados do jeito que precisam. Desde 1974, a Fundaj possui documentos que retratam majoritariamente da figura pública do abolicionista. Com a nova aquisição, mais arquivos da vida privada chegam ao acervo para contemplar Joaquim Nabuco além do diplomata, abolicionista e reformador social que foi. Para a historiadora do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira - Cehibra, Rita de Cássia Barbosa, completar o acervo reafirma a Fundaj enquanto instituição de pesquisa, preservação e acesso a memória brasileira. “Reforça também a importância do pensamento de Nabuco nos dias atuais. Chegamos ao século XXI sem conseguir superar a maioria dos problemas que ele apontava em 1880”, explica. Ainda desconhecida pela comunidade acadêmica e pelo público, essa parte da história de Nabuco dará melhores condições de avaliar como se construiu sua figura. De raridade inquestionável, os documentos serão incorporados ao Arquivo Privado Joaquim Nabuco, reconhecido como “Memória do Mundo Unesco-Brasil 2008”, preservado e acessível à consulta no Cehibra. Ele será tratado, limpado, catalogado, e posteriormente mandado para digitalização. “Nabuco aqui é prioridade absoluta. É uma consagração nos 70 anos da Fundaj a gente estar com esse acervo o mais completo possível”, comemora Rita. Segundo Pedro Nabuco, doar uma parte desconhecida do acervo é “como jogar uma garrafa ao mar”, dando a oportunidade de estudiosos e pesquisadores entenderem melhor o pensamento do bisavô. Além disso, ele está contente em poder estar pessoalmente na comemoração: “Eu sou muito amigo da Fundaj e do Recife. É sempre um prazer retornar.”

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