Arquivos Coronavírus - Página 3 De 8 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Coronavírus

Hormônios femininos podem ter papel protetor contra coronavírus

Não há um claro predomínio de homens ou mulheres nos indivíduos diagnosticados globalmente com COVID-19. No entanto, a maioria dos que são hospitalizados ou vão a óbito, ou seja, que desenvolvem a doença de forma mais grave, é constituída por homens. Segundo a organização Global Health 50/50, mantida pelo University College London (Reino Unido), “na maioria dos países, os dados disponíveis indicam que os homens têm 50% mais chances de morrer após o diagnóstico do que as mulheres”. Tal afirmação é corroborada por estatísticas atualizadas da cidade de Nova York (Estados Unidos). E por estudo realizado na China, de acordo com o qual: “o sexo masculino é um fator de risco para pior resultado em pacientes com COVID-19, independentemente de idade e suscetibilidade”. Com base nessa constatação epidemiológica, bem como em dados da literatura, uma grande equipe multidisciplinar de pesquisadores do Estado de São Paulo está investigando o papel dos estrogênios, os hormônios femininos, na proteção fisiológica contra o coronavírus. O projeto “Avaliação de compostos com potencial terapêutico para SARS-CoV-2: enfoque em compostos com atividade estrogênica, moduladores da autofagia e ECA2”, coordenado por Rodrigo Portes Ureshino, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), tem o apoio da FAPESP no âmbito do edital Suplementos de Rápida Implementação contra COVID-19. “Estudos anteriores, realizados com o coronavírus SARS-CoV [causador da síndrome respiratória aguda grave], apontaram diferenças de gênero na infecção e progressão da doença, com maior suscetibilidade de indivíduos do sexo masculino, e indicaram que os estrogênios podiam estar associados à maior proteção fisiológica das mulheres. Queremos testar se o mesmo ocorre com o SARS-CoV-2, o novo coronavírus, para chegar a compostos com potencial terapêutico”, diz Ureshino à Agência FAPESP. A equipe já ultrapassou a etapa de revisão da literatura e entrou na fase experimental propriamente dita. “Infectamos linhagens de células com cepas selvagens de coronavírus e vamos testar nesse modelo mais de 40 compostos com atividade estrogênica para observar os resultados”, conta o pesquisador. Os procedimentos com o SARS-CoV-2 são realizados em um laboratório de nível de biossegurança 3 (NB3) da Unifesp, coordenado pelo professor Mário Janini, colaborador do projeto. Entre os compostos a serem testados, Ureshino destaca o 17β-estradiol (o estrógeno mais abundante no organismo), o tamoxifeno (um modulador seletivo dos receptores estrogênicos) e a agenisteína (um fitoestrógeno). Todos os três já foram utilizados com êxito em modelos de outras doenças virais. Além do foco estritamente terapêutico, com o teste de compostos com potencial para o tratamento da COVID-19, o projeto também tem um enfoque molecular. Neste caso, o objetivo é investigar a expressão do receptor ACE-2 (enzima conversora de angiotensina 2, na sigla em inglês), que possibilita a entrada do vírus nas células. “Sabemos que os pacientes hipertensos, grupo de risco para a COVID-19, apresentam uma maior expressão de ACE-2 e isso favorece a entrada do vírus nas células. Por isso, estamos estudando a superexpressão desse receptor em diferentes tipos celulares”, afirma o pesquisador. Nesse eixo, um artigo em fase de pré-print foi produzido pelo grupo, tendo como primeira autora a doutora Roberta Sessa Stilhano, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa (FCMSCSP): "SARS-CoV-2 and the Possible Connection to ERs, ACE2 and RAGE: Focus onSusceptibility Factors". O trabalho contou com a colaboração da professora Carla Máximo Prado, da Unifesp, que estuda o processo inflamatório pulmonar, além de pesquisadores de instituições internacionais, como a University of California – Davis (Estados Unidos) e a University of Cambridge (Reino Unido). “Esse artigo buscou correlacionar três fatores: ACE-2, receptores de estrogênios e inflamação. Por isso, além das vias moleculares da ACE-2 e dos estrogênios, também detalhamos as vias do RAGE [receptor para produtos finais de glicação avançada], que está relacionado com inflamação. Acreditamos que o estudo dessas vias abra perspectivas terapêuticas para o tratamento da COVID-19”, diz Stilhano. Além da equipe da Unifesp, o projeto conta com a colaboração dos pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) Ana Cristina Breithaupt-Faloppa e Luiz Felipe Pinho Moreira. José Tadeu Arantes | Agência FAPESP –

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Plataforma reúne soluções de combate à pandemia

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio do Laboratório de Inovação Tecnológica e de Negócios do MPPE (MPLabs), o Porto Digital e a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) desenvolveram a plataforma Estamos Conectados. Ela reúne um grupo de soluções que foram desenvolvidas para promover estratégias de cuidado com a saúde da população, protegendo pessoas do novo coronavírus (Covid-19). Para conhecer todas as soluções, basta acessar o endereço: www.estamosconectados.org.br. A plataforma atua em diferentes frentes, apresentando aplicações que podem ser utilizadas em diversas plataformas (ex. celular) , atuando em quatro áreas diferentes: Apoio aos Idoso, Prevenção & Distanciamento, Profissionais de Saúde e Monitoramento. Além dos atores públicos já citados, articipam também da rede de colaboração as startups:MambaLabs, Bento Tecnologia, inLoco, Alis, Bioptamers/USP, Medvelox, EHealth-Potiguar, Cells Digital. Conectando todas as soluções da plataforma, foi desenvolvido um barramento de serviços de tecnologia denominado ProXper da empresa Alis, que integra todas as soluções. Por meio desse novo sistema, as rotinas e ações da Secretaria de Saúde do Estado estão sendo automatizadas. Assim, relatórios de monitoramento, transparência e epidemiológicos serão disponibilizados de forma muito mais célere e com menos esforço da equipe para a sociedade pernambucana. Além disso, a rede de colaboração Estamos Conectados  disponibilizará no portal um Acordo de Cooperação Técnica para que outras soluções tecnológicas possam fazer parte da plataforma e que também outros estados possam levar aos seus territórios as soluções desenvolvidas em Pernambuco. “Esse acordo tem o objetivo de que seja possível disponibilizar de forma aberta outras soluções para a prevenção e o controle à pandemia, assegurando a validação, a evolução e a adoção outros estados brasileiros e outras organizações, considerando o potencial de auxiliar o combate à pandemia, de forma célere, eficaz e emergencial”, disse o secretário de Tecnologia e Inovação do MPPE, Antônio Rolemberg. Assim, essa rede de colaboração é dinâmica, com a possibilidade de inserção de novos parceiros e novas soluções na Plataforma. "A tecnologia é nossa grande aliada no combate à propagação do novo coronavírus. Com essas soluções vamos atuar em diversos campos como a identificação de pessoas que podem ter entrado em contato com uma pessoa infectada, o acompanhamento das pessoas que estão nos grupos de risco, o acompanhamento do isolamento social necessário para evitar o contágio, a realização de testes e mesmo o apoio técnico e suporte aos agentes de saúde", disse o procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Francisco Dirceu Barros. No apoio aos idosos, o cidadão pode ter acesso ao Anjo Amigo, que é uma rede social colaborativa de apoio a pessoas em isolamento devido à pandemia, com foco principal no grupo de pessoas com mais de 60 anos de idade. Por meio da rede social é possível estabelecer a conexão entre os participantes para realização de atividades. Além de reunir pessoas que possam ajudar outras, a rede contempla o monitoramento das condições de saúde física e mental de idosos; informação, aconselhamento e serviços de telemedicina e telessaúde; e encaminhamento para unidades de tratamento, quando necessário. Acesse o endereço: anjoamigo.com. Na área de Prevenção & Distanciamento duas soluções se destacam, que é o Dycovid e o Xô Corona. A primeira realiza o contact tracing de forma dinâmica e anônima a partir de um aplicativo instalado no celular dos cidadãos. Com isso, é possível identificar o fluxo de contaminação do Covid-19, mapeando, de forma automatizada como o vírus está passando de uma pessoa para outra. Já o Xô Corona ele procura incentivar e promover o isolamento social voluntário empregando ferramentas de economia comportamental, linguagem visual e princípios de gamificação, visando reduzir a velocidade de propagação do Covid-19. O aplicativo promove a permanência em casa e ao mesmo tempo busca a adesão de outros usuários. Ambos estão acessíveis nas lojas autorizadas para os aparelhos Android. O Dycovid já pode ser baixado na Apple Store também. O Xô Corona será disponível em breve.. "O ecossistema de inovação do Porto Digital tem um papel muito importante nesse enfrentamento à Covid-19, com a colaboração de startups, empresas, pesquisadores e entidades para pensar e criar soluções para passarmos por esse momento. Conseguimos em tempo recorde desenvolver uma verdadeira plataforma com diversas soluções capazes de apoiar o cidadão no combate ao novo coronavírus", disse o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena. Para apoiar os profissionais de saúde foram desenvolvidos o Covid-19 Assist e o Medvelox. O primeiro consiste em um aplicativo que garante o monitoramento diário da saúde dos profissionais envolvidos na linha de frente do combate ao novo coronavírus. Com o APP é possível se atualizar sobre os protocolos de saúde divulgados, informar sobre a correta utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e acessar dados referentes à saúde dos profissionais da área, visando garantir melhores condições de trabalho. O Medvelox é um sistema de comunicação móvel desenvolvido para o acompanhamento remoto da evolução clínica de pacientes pelas equipes de profissionais de saúde. Ele funciona como uma espécie de aplicativo de mensagens instantâneas. Ainda é possível anexar exames dos pacientes, visualizar gráficos de evolução do quadro clínico, dentre outras ações. É possível ter acesso ao Medvelox por meio das lojas autorizadas Google Play e Apple Store. Já o Covid-19 Assist pode ser acessado por meio do site https://app.assistcovid.com/login. "Como ainda não há no mundo uma vacina que permita imunizar a população, o isolamento social, o cuidado com o grupo de risco, o monitoramento da população e das pessoas doentes são as principais saídas para barrar a disseminação do novo coronavírus. Essas ferramentas são grandes aliadas do cidadão, dos médicos e profissionais de saúde e também das autoridades. Com elas foi possível colocar a tecnologia à serviço do bem estar da sociedade", disse o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo. Na área de Monitoramento foi desenvolvida pela inLoco o Painel de Isolamento Social que, por meio da tecnologia de geolocalização foram construídas métricas para acompanhar o grau de isolamento social em regiões geográficas a partir do fluxo de mobilidade desses locais. Também são geradas informações sobre o número de visitas de pessoas em locais de grande circulação como shoppings, parques e terminais de ônibus. O acompanhamento desta iniciativa é imprescindível para avaliar o nível de

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Campanha de jovens arrecada 1 milhão de reais

Liderada pela ONG Juntos e Grupo Servir a campanha ‘Todos Juntos’ garantiu a arrecadação de R$1 milhão de reais. A marca foi atingida nesta segunda (11), mas a mobilização continua. De início, todas as metas foram alcançadas para contemplar os profissionais da saúde que estão na linha de frente da Covid-19. Mas a corrente do bem cresceu, e o trabalho dos voluntários já dura 50 dias. Neste período, duas mil doações foram recebidas. Dezesseis campanhas foram criadas para levantar recursos. Profissionais de dezessete hospitais receberam EPIs. Cestas de alimentos e materiais de higiene chegaram para quase sete mil famílias. Para André Farias, um dos líderes da campanha Todos Juntos, a equipe estava na expectativa de que unidos, poderiam alcançar bons resultados e atender hospitais e comunidades. “Em um momento de instabilidade repentina, um grupo de líderes pernambucanos entenderam que precisavam se mobilizar para utilizar de talentos e de todo seu capital de relacionamento na construção de pontes para uma verdadeira transformação”, finalizou o fundador do Grupo Servir. Segundo o fundador da ONG Juntos, Dr. Henryque Amaral, alcançar o marco milionário é uma grande vitória para todos os envolvidos na campanha. “É maravilhoso ser o instrumento da solidariedade de tantas pessoas que acompanharam e acreditaram no nosso trabalho doando tempo, dinheiro, produtos e até mesmo promovendo leilões, bazar e outras ações de solidariedade”, disse o outro coordenador da campanha, reforçando a satisfação do grupo em ajudar os menos favorecidos e os profissionais de saúde que estão na linha de frente do vírus. Hemope, Hospital da Restauração e da Mulher, Maria Lucinda, Correia Picanço, Universitário Oswaldo Cruz, Getúlio Vargas, Agamenon Magalhães, Barão de Lucena e Otávio de Freitas, foram algumas unidades de saúde que a ação destinou donativos. CAMPANHA CONTINUA: Os voluntários continuam recebendo as doações através da conta bancária da organização. Banco Itaú, CNPJ: 34.558.748/0001-26, Juntos – Jovens Unidos Na Transformação Social, agência: 8322, conta corrente: 44200-8. As doações também podem ser realizadas no site do PicPay ou do PayPal, basta apenas pesquisar o nome do grupo na plataforma escolhida. Toda movimentação financeira, destinos dos recursos podem ser acompanhados através do site da ONG ou através das redes sociais: http://ongjuntos.org.br/ BALANÇO PARCIAL DA CAMPANHA TODOS JUNTOS: Valor arrecado até 11/05: R$1.002,761,00 Campanhas – 16 Doações – 2.157 Hospitais beneficiados – 17 Famílias atendias – 6.768 Pessoas em situação de rua – 1.000 Toneladas de alimentos – 82 Luvas – 197.500 Máscaras N95 – 8.100 Protetor Facial – 5.140 Litros de Álcool 70 – 600 Litros de Álcool Gel – 200 Capotes – 17.600 Máscaras – 10.000 Toucas – 25.000

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Novo coronavírus é capaz de infectar neurônios humanos

Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) acabam de confirmar, por meio de experimentos feitos com cultura de células, que o novo coronavírus (SARS-CoV-2) é capaz de infectar neurônios humanos.  A infecção e o aumento da carga viral nas células nervosas foram confirmados pela técnica de PCR em tempo real, a mesma usada no diagnóstico da COVID-19 em laboratórios de referência. O grupo coordenado pelo professor do Instituto de Biologia Daniel Martins de Souza também confirmou que os neurônios expressam a proteína ACE-2 (enzima conversora de angiotensina 2, na sigla em inglês), molécula à qual o vírus se conecta para invadir as células humanas. Nos próximos dias, a equipe pretende investigar de que modo o funcionamento dessas células nervosas é alterado pela infecção. A pesquisa está sendo conduzida no âmbito de um projeto aprovado pela FAPESP na chamada “Suplementos de Rápida Implementação contra COVID-19”, como parte da força-tarefa criada pela Unicamp. “Vamos comparar as proteínas e demais metabólitos presentes nas culturas celulares antes e após a infecção. A ideia é observar como o padrão das moléculas muda e, com base nessa informação, tentar contar a história de como o vírus atua no sistema nervoso central”, explica Martins-de-Souza à Agência FAPESP. No experimento, realizado pela pós-doutoranda Fernanda Crunfli, foram usados uma linhagem celular cerebral humana e também neurônios humanos obtidos a partir de células-tronco pluripotentes induzidas (IPS, na sigla em inglês). O método consiste, inicialmente, em reprogramar células adultas – que podem ser provenientes da pele ou de outro tecido de fácil acesso – para fazê-las assumir estágio de pluripotência semelhante ao de células-tronco embrionárias. Esta primeira parte foi realizada no laboratório do professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Stevens Rehen, no Instituto DOR de Pesquisa e Ensino. Em seguida, o time de Martins-de-Souza induziu, por meio de estímulos químicos, as células IPS a se diferenciarem em células-tronco neurais – um tipo de célula progenitora que pode dar origem a diversas células do cérebro, como neurônios, astrócitos e oligodendrócitos. “Também estamos começando testes com astrócitos humanos e, em breve, saberemos se o vírus infecta essas células, que dão suporte ao funcionamento dos neurônios e são as mais abundantes do sistema nervoso central”, conta Martins-de-Souza. Efeitos no cérebro Como explica Martins de Souza, estudos feitos em outros países sugerem que o SARS-CoV-2 tem tropismo pelo sistema nervoso central, ou seja, uma certa propensão a infectar as células nervosas. “Mas ainda não sabemos se o vírus realmente consegue atravessar a barreira hematoencefálica [estrutura que protege o cérebro de substâncias tóxicas e patógenos presentes na circulação sanguínea] e, caso consiga, que tipo de impacto pode causar no tecido nervoso. Tentaremos buscar pistas que ajudem a elucidar essas dúvidas”, diz o pesquisador. Os experimentos in vitro com isolados virais estão sendo feitos no Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (Leve) do Instituto de Biologia da Unicamp, que tem nível 3 de biossegurança (em uma escala que vai até 4) e é coordenado pelo pesquisador José Luiz Proença Módena. Participam dos testes os pós-graduandos Gabriela Fabiano de Souza e Stéfanie Primon Muraro, orientandas de Módena, e Ana Campos Codo e Gustavo Gastão Davanzo, sob a orientação do professor Pedro Moraes Vieira. Os testes de metabolômica e proteômica serão conduzidos no Laboratório de Neuroproteômica, coordenado por Martins-de-Souza, pelos pós-doutorandos Victor Corasolla Carregari e Pedro Henrique Vendramini. Para isso, será usado um espectrômetro de massas, equipamento capaz de discriminar diferentes substâncias presentes em uma solução com base no peso molecular de cada uma. “Além de investigar se a quantidade de uma determinada proteína na amostra aumenta ou diminui após a infecção, também pretendemos avaliar como está o nível de fosforilação e de glicosilação das moléculas. Esses dois mecanismos bioquímicos são usados pela célula para ativar ou desativar rapidamente a função desempenhada pelas proteínas. Isso nos dará pistas sobre as vias metabólicas que são alteradas nos neurônios em resposta ao novo coronavírus”, conta Martins-de-Souza. Manifestações neurológicas Em um vídeo divulgado no site da Unicamp, o neurologista Li Li Min comenta as manifestações neurológicas já observadas em pacientes com COVID-19, entre elas perda de olfato e paladar, confusão mental, derrame e dor muscular (sem relação com alguma lesão no músculo). Segundo o pesquisador, estima-se que até 30% dos infectados pelo novo coronavírus possam apresentar algum sintoma neurológico. Min é coordenador de Educação e Difusão do Conhecimento do Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia (BRAINN), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiado pela FAPESP. Karina Toledo | Agência FAPESP –

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Em tempo de coronavírus o hábito de roer unha deve ser eliminado

Nunca se ouviu falar tanto sobre a importância de lavar e higienizar as mãos. Em tempos de coronavírus aqueles que tem a mania de roer unhas acabam facilitando a exposição do organismo a infecções e doenças causadas por vírus, bactérias e fungos. “O hábito, também conhecido como onicofagia, afeta pessoas de todas as idades e geralmente está relacionado a alguma situação de ansiedade e nervosismo”, afirma o dentista Willian Ortega. Com o isolamento social devido a pandemia mundial, não faltam motivos para a roer as unhas, certo? Errado! O especialista alerta sobre todos os males que a mania pode ocasionar, além claro, do alto risco de contrair a Covid-19. Roer as unhas facilita o crescimento de bactérias na cavidade oral podendo afetar dentes e gengivas, já que os pedaços das unhas roídas são cortantes, além de causar mau hálito. O movimento feito para roer as unhas pode causar alterações na mandíbula como estalos e dor ao mastigar. Quem tem o hábito de roer unha está mais propenso a desenvolver bruxismo, que causa o ranger dos dentes inconsciente, aumentando a sensibilidade dentária. Para as crianças que estão em fase de desenvolvimento dos dentes e que tem esse hábito, há o risco de má-oclusão e problemas de alinhamento da arcada dentária. Ao roer as unhas é natural fazer uma pressão maior nos dentes. Isso ocasiona o desgaste do esmalte, deixando os dentes mais desprotegidos e propensos a formação de cáries e gengivite. Em casos mais graves o desgaste do esmalte pode ocasionar fissuras e fraturas. Quem utiliza aparelhos ortodônticos os riscos podem ser ainda piores, já que o aparelho pressiona propositalmente os dentes. Ao roer as unhas pode acontecer desalinhamentos e complicações para a arcada. O ato da onicofagia vai além da boca, podendo causar problemas digestivos e estomacais pelo acúmulo de bactérias. Em alguns casos as bactérias vindas da unha podem ser a causa de episódios de diarreia, infecções respiratórias e até apendicite. Esteticamente também prejudica o crescimento das unhas e altera o seu formato, além de abrir precedente para infecções nas unhas e dedos. “Existem pacientes que optam por utilizar bases com gosto ruim ou até mesmo pimenta. Mas há situações que o dentista pode indicar o uso de protetor bucal, assim como é feito no caso de bruxismo ou problemas na ATM. A placa evita tanto o desgaste do esmalte como também protege os dentes de possíveis fraturas. Mas o mais importante, principalmente nesse momento de pandemia, é eliminar de vez esse hábito que só prejudica a saúde geral”, finaliza Ortega.

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Projeto vai investigar como o novo coronavírus afeta o olfato

Estudos preliminares conduzidos na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos sugerem que a perda de olfato é algo relativamente comum em pessoas infectadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Mas seria esse sintoma tão frequente a ponto de servir como um indicativo precoce da COVID-19? Pessoas que subitamente perderam a capacidade de sentir cheiros deveriam ser orientadas a se manter em isolamento para evitar disseminar a doença? Qual é a extensão e o tempo de duração do dano causado pelo vírus ao sistema olfatório? Um grupo que envolve pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) e do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) vai tentar responder a essas e outras questões no âmbito do Projeto Temático “Receptores olfatórios: mecanismos de expressão gênica e transdução de sinal”, sob a coordenação da professora Bettina Malnic. Inicialmente focados em estudar o funcionamento dos neurônios olfatórios (células responsáveis pela detecção de cheiros) e das demais células que compõem o epitélio olfatório, os pesquisadores vão dedicar, nos próximos meses, parte de seus esforços para entender a correlação entre a infecção pelo SARS-CoV-2 e o desenvolvimento de anosmia – o termo técnico para a perda de olfato. “O objetivo principal do projeto é estudar os genes que codificam os receptores olfatórios [proteínas que se conectam às substâncias odorantes]. Trata-se de um grande grupo de genes expressos apenas no epitélio olfatório. Mas, diante da situação de emergência imposta pela pandemia, decidimos iniciar um estudo remoto com profissionais de saúde que atendem pacientes com manifestações graves da COVID-19 e que, portanto, têm alto risco de contrair o vírus”, conta Malnic. O grupo, que também inclui Alexandre Bruni Cardoso, Deborah Schechtman e Isaias Glezer, está elaborando um questionário para monitorar nos profissionais de saúde do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) da USP tanto a presença de sintomas já bem estabelecidos da doença – como febre, tosse e dificuldade para respirar – como também eventuais mudanças olfativas. Para isso, o grupo conta com a colaboração dos pesquisadores Richard Voegels e Fábio de Rezende Pinna, do Departamento de Otorrinolaringologia e Oftalmologia da FM-USP. “Queremos descobrir se há um padrão na anosmia causada pelo coronavírus que a diferencie da perda de olfato por outras causas, como infecções nas vias respiratórias causadas por resfriados ou gripes comuns ou doenças neurodegenerativas. Pacientes com COVID-19 têm relatado uma perda abrupta na capacidade de sentir cheiro e, muitas vezes, sem outros sintomas relacionados”, diz a pesquisadora. Também está nos planos do grupo conduzir uma análise mais ampla, semelhante à que foi feita no Reino Unido por cientistas do King’s College. Por meio de um aplicativo de celular chamado “COVID Symptom Tracker”, os britânicos disponibilizaram um questionário remoto que já foi preenchido por mais de 1 milhão de pessoas em vários países. Uma primeira análise revelou que a perda de olfato e de paladar foi um sintoma relatado por 59% das pessoas que testaram positivo para COVID-19, e apenas por 18% das que testaram negativo. Caso a correlação entre o SARS-CoV-2 e a perda de olfato se confirme nessa primeira etapa da investigação, o grupo pretende aprofundar as análises para entender de que forma o vírus afeta o funcionamento do epitélio olfatório. “Uma das possibilidades seria analisar amostras de pacientes infectados e observar se a estrutura do epitélio olfatório está alterada nesses indivíduos. A técnica de hibridação in situ [que permite a identificação específica de tipos de mRNA dentro de células individuais em trechos de tecido] poderia ser adotada para verificar se os neurônios olfatórios sobrevivem à infecção ou não”, afirma Malnic. Experimentos com cultura de células e com modelos animais também podem ser conduzidos para entender o mecanismo de atuação do coronavírus no epitélio olfatório. Um dos entraves, porém, é o fato de camundongos e outros mamíferos normalmente usados nesse tipo de estudo não se infectarem pelo SARS-CoV-2. “Existe uma linhagem de camundongo modificada geneticamente para expressar a ACE-2 humana, que é a proteína usada pelo novo coronavírus para infectar as células. Poderíamos investigar se quando infectados com o vírus esses animais apresentam alterações no seu sistema olfatório. ”, diz Malnic. Karina Toledo | Agência FAPESP

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Startup cria máscara reutilizável com maior proteção contra coronavírus

A startup paulista Nanox desenvolveu em parceria com a indústria de plásticos Elka uma máscara reutilizável que promete conferir maior nível de proteção contra a contaminação pelo novo coronavírus, o SARS-CoV-2.  A máscara é feita com um polímero flexível – semelhante a uma borracha –, moldável aos contornos do rosto e com micropartículas à base de sílica e prata incorporadas à superfície do material. Desenvolvidas por meio de projetos apoiados pelo Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), as partículas têm propriedades antimicrobianas. “As micropartículas de prata e sílica aumentam o nível de proteção ao impedir a presença na máscara de fungos e bactérias, que podem facilitar a adesão do novo coronavírus na superfície de materiais”, diz à Agência FAPESP Luiz Gustavo Pagotto Simões, diretor da Nanox. A fim de garantir a proteção contra o SARS-CoV-2, a máscara é totalmente esterilizável por meio da lavagem com água e sabão antes e após o uso. Para proteger as vias respiratórias, o equipamento de proteção individual possui dois filtros descartáveis do tipo PFF2, similares ao do tipo N95 presente nas máscaras usadas hoje pelos profissionais de saúde. Os filtros são inseridos em respiradores nas laterais da máscara e protegidos por tampas, que impedem o contato físico e a contaminação pelo toque direto com as mãos. A quantidade de material necessário para produzir os filtros também é muito inferior à utilizada para produção das máscaras convencionais, compara Simões. “O tempo para substituição dos filtros precisará ser estabelecido pelos serviços de saúde”, pondera. De acordo com Simões, os filtros da máscara atendem aos requisitos para fornecedores de matérias-primas presentes em produtos absorventes descartáveis de uso externo, estabelecidos na RDC 142 do Ministério da Saúde. O material também passou por testes de eficiência de filtragem bacteriológica (BFE, na sigla em inglês) – que determinam a eficiência da filtração bacteriana de um produto –, alcançando o valor mínimo de 95% requerido pela regulamentação técnica para máscaras respiratórias do tipo N95. “A meta é obter posteriormente a certificação do material como PFF2, equivalente a N95. Mas o produto já pode ser comercializado porque, em razão da pandemia do novo coronavírus, a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] flexibilizou as normas para fabricação de alguns produtos voltados ao combate da COVID-19. Isso possibilitou que a Elka fabricasse as máscaras”, explica Simões. Inicialmente serão produzidas 200 mil máscaras, cujo custo unitário é estimado entre R$ 20 e R$ 30. As primeiras unidades estão previstas para serem entregues no início de maio. A Elka pretende doar até 10% da produção para instituições de saúde. “Recebemos seis pedidos antes do lançamento oficial do produto. A ideia é atender inicialmente o mercado nacional e que a máscara possa ser utilizada não só por profissionais de saúde que estão na linha de frente de atendimento de pacientes com COVID-19, mas pela população em geral”, afirma Simões. O pesquisador ressalva que, apesar de já demonstrado que as micropartículas de prata e sílica que produzem têm ação contra alguns tipos de vírus, ainda não há comprovação de que elas são capazes de eliminar diretamente o novo coronavírus. “As micropartículas têm potencial para atuar contra o coronavírus. Mas pretendemos realizar testes para comprovar essa hipótese”, afirma. Conexão internacional A Nanox e a Elka se conheceram no International Entrepreneurship Center (IEC) – uma aceleradora de negócios situada em Boston, nos Estados Unidos, onde a Nanox tem uma filial. Fabricante de brinquedos, a Elka buscava uma forma de utilizar parte ociosa de seu parque de injetoras para desenvolver um produto voltado a auxiliar no combate à COVID-19 e soube pelo IEC sobre as soluções desenvolvidas pela Nanox. Spin-off do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF ), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), da FAPESP, localizado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a Nanox foi criada em 2004. No ano seguinte, a empresa submeteu o primeiro projeto ao PIPE-FAPESP para desenvolver tecnologia de deposição de nanopartículas de prata em filmes cerâmicos e em materiais metálicos, conferindo-lhes propriedades antiabrasivas e bactericidas. Em 2011, com o produto pronto para o mercado, a empresa obteve recursos do Programa PAPPE/PIPE – uma parceria entre a FAPESP e a Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep) – para escalonar a produção das partículas antimicrobianas nanoestruturadas. Em 2015, o PIPE-FAPESP apoiou um novo projeto da empresa, o de desenvolvimento de aplicação de materiais fungicidas nanoestruturados. Nessa trajetória, a Nanox recebeu aporte de recursos do Fundo Novarum (Jardim Botânico Partners), venceu o prêmio Finep de Inovação Tecnológica em 2007 e conquistou clientes como a Taiff – fabricante de secadores e chapas para cabelo –, Tapetes São Carlos, Dabi Atlante, entre outros. No final de 2019, a Nanox foi uma das 15 startups escolhidas entre 1.000 empresas de todo o mundo para participar do programa de aceleração de negócios da Plug and Play, plataforma global de inovação com sede no Vale do Silício, nos Estados Unidos. Já participaram dos programas de aceleração da Plug and Play empresas como a Dropbox, PayPal, Danger, Lending Club, entre outras. “O apoio do PIPE-FAPESP foi fundamental na nossa trajetória”, afirma Simões. Para mais informações sobre o produto acesse: https://www.otomask.com.br/ . Elton Alisson | Agência FAPESP

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UFPE vai realizar o sequenciamento genômico do novo coronavírus

A Universidade Federal de Pernambuco está prestes a realizar o sequenciamento genômico do novo coronavírus (Sars-Cov-2), etapa importante para o enfrentamento à pandemia da Covid-19. A instituição já finalizou o processo de aquisição de um sequenciador de nova geração (tecnologia NGS) e de todos os insumos necessários para a “leitura” das sequências genômicas de várias dezenas das cepas virais circulantes no Estado de Pernambuco. Os produtos devem chegar em até 30 dias, quando a Universidade estará apta a produzir as sequências de, pelo menos, 80 cepas virais. Segundo o professor Valdir Balbino, do Departamento de Genética, coordenador do subprojeto “Diversidade genômica de cepas de Sars-Cov-2 isoladas de portadores da Covid-19 do Estado de Pernambuco, Brasil”, a partir das informações geradas, os pesquisadores pernambucanos poderão determinar, por exemplo, quais são as prováveis origens geográficas do vírus, assim como poderão avaliar a ocorrência de variantes genéticas que sirvam como referência para o estabelecimento de novos métodos diagnósticos (em um primeiro momento) e vacinais para a Covid-19. “Essas informações vão alimentar um banco de dados e, a partir de então, poderemos comparar as sequências genômicas das cepas do SARS-Cov-2 circulantes em Pernambuco àquelas de várias outras localidades”, explica. O estudo será realizado na Plataforma Multiusuários de Sequenciamento do Centro de Biociências da UFPE e contará com uma equipe formada de professores, pós-doutorandos e pós-graduandos da Universidade, em parceria com pesquisadores da UFRPE. O investimento realizado na área de genômica até o presente momento é superior a R$ 1 milhão, e contou com recursos repassados pelo Ministério Público do Trabalho e do Ministério da Educação. “A nossa instituição se colocará, a partir da consolidação desta facility de sequenciamento, nos mesmos patamares de qualidade técnica das principais instituições de ensino e pesquisa do país, no que diz respeito às análises genômicas do Sars-Cov-2”, atesta Balbino. Por conta dos longos prazos demandados para a aquisição do sequenciador e dos insumos (em função da enorme procura pela tecnologia NGS em todo o mundo), a UFPE estabelecerá parceria com o Instituto Aggeu Magalhães, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-PE), que dispõe de equipamento compatível com as necessidades de sequenciamento do novo coronavírus. “Através desta parceria, a Universidade poderá acelerar o processo de capacitação dos recursos humanos (técnicos, docentes e estudantes de graduação e pós-graduação da instituição) que atuarão diretamente na rotina do sequenciamento desta ação”, afirma Valdir Balbino.

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Tesouro desembolsou quase R$ 51 bi em combate a coronavírus

Os gastos do governo federal no combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus somaram R$ 50,78 bilhões. O montante equivale a 22,3% dos R$ 226,79 bilhões de créditos extraordinários aprovados para o enfrentamento à covid-19. Os números constam da ferramenta Monitoramento dos Gastos da União com Combate à Covid-19, lançada pelo Tesouro Nacional. O site será atualizado diariamente com informações sobre as despesas pagas até o dia anterior. Até agora, os maiores valores foram destinados ao pagamento do auxílio emergencial, que consumiu R$ 27,04 bilhões do orçamento programado de R$ 98,2 bilhões. Em segundo lugar, vem a complementação do Tesouro Nacional para a linha de crédito que financiará o pagamento de salários a pequenas e médias empresas, no total de R$ 17 bilhões de um crédito extraordinário de R$ 34 bilhões. O governo gastou ainda R$ 5,7 bilhões para despesas adicionais do Ministério da Saúde e das demais pastas, de um total de R$ 26,95 bilhões previstos, e R$ 1,03 bilhão em ajudas aos estados e ao Distrito Federal, de um valor programado de R$ 16 bilhões para recompor os repasses dos Fundos de Participação dos Estados e dos Municípios. A nova ferramenta permitirá o acompanhamento das despesas previstas nos programas anunciados para enfrentar a pandemia. Além do valor global dos gastos, o cidadão poderá verificar os desembolsos em cada programa, comparando com a verba reservada pelo crédito extraordinário. Segundo o Tesouro Nacional, existe um intervalo entre o empenho (autorização do gasto) e o efetivo pagamento, o que explica a baixa execução em algumas ações. “Destaca-se ainda que as políticas de combate à covid-19 têm diferentes prazos de execução para as suas despesas específicas, que podem ir até enquanto perdurar o período da calamidade”, informou o órgão. (Da Agência Brasil)

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Transfusão de plasma será testada no País contra infecção por Coronavírus

Da Revista da Fapesp O Centro de Hematologia e Hemoterapia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) deverá iniciar em breve a coleta de plasma sanguíneo de pessoas que se curaram da Covid-19, infecção respiratória causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), e usá-lo em um protocolo de pesquisa envolvendo o tratamento de indivíduos com a doença no Hospital de Clínicas da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da universidade e também em outros hospitais da região. Se os resultados forem positivos, essa poderá ser uma opção para tratar doentes em estágio moderado da doença. O plasma é a parte líquida do sangue e constitui cerca de 60% de seu conteúdo total — os outros componentes são os glóbulos brancos, as células vermelhas e as plaquetas. Seu uso tem sido considerado uma possível estratégia para fornecer os anticorpos necessários para aqueles que ainda não os têm em níveis capazes de protegê-los da Covid-19. Embora não seja um processo isento de riscos, estima-se que a transfusão de plasma possa levar à diminuição da carga viral no organismo e à melhora dos sintomas, ou à evolução clínica dos pacientes. Na avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), “a estratégia pode estar rapidamente acessível, à medida que exista um número suficiente de pessoas que se recuperaram da doença e que possam doar o plasma contendo imunoglobulinas que reajam contra o vírus Sars-CoV-2”. O projeto coordenado por médicos e pesquisadores do Hemocentro da Unicamp foi submetido para análise da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) no dia 3 de abril, pouco tempo depois de a agência regulatória de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, ter autorizado o uso da terapia, em caráter experimental, em pessoas infectadas com o vírus em estado grave — aquelas internadas em unidades de terapia intensiva (UTI), com quadros de insuficiência respiratória, que, por isso, só conseguem respirar com a ajuda de aparelhos. Se aprovada no Conep, a instituição será mais uma universidade pública brasileira a testar essa estratégia no tratamento de pessoas com a Covid-19 no país. No dia 4 de abril, um consórcio envolvendo os hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) recebeu autorização da comissão para iniciar os testes com plasma em pessoas infectadas com o novo coronavírus em estado grave. No dia 6 de abril, o Hemocentro de Ribeirão Preto também iniciou o processo de coleta do plasma sanguíneo de pacientes curados da Covid-19 para tratamento de indivíduos em estado crítico da doença no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. A ideia dos médicos e pesquisadores do Hemocentro da Unicamp, no entanto, é diferente. O objetivo é analisar a eficácia da estratégia no tratamento de pessoas com quadro clínico moderado da doença, isto é, que ainda conseguem respirar sem a ajuda de aparelhos. “Vamos montar dois grupos”, explica Marcelo Addas Carvalho, médico do Hemocentro da Unicamp e um dos coordenadores do projeto. “Um deles receberá o plasma sanguíneo com anticorpos específicos para Sars-CoV-2 enquanto o outro, usado como grupo controle, receberá plasma sem anticorpos para o novo coronavírus.” Eles pretendem comparar a evolução do quadro clínico dos indivíduos nos dois grupos e, ao mesmo tempo, tentar conter a deterioração das condições de saúde dessas pessoas, evitando sua internação na UTI dos hospitais. O número limitado de vagas de terapia intensiva é um dos principais gargalos do sistema de saúde ao lidar com a quantidade crescente de pacientes com a Covid-19. Terapia antiga O uso de plasma sanguíneo no tratamento de doenças não é novo. Pelo contrário. Essa estratégia terapêutica já foi empregada várias vezes ao longo da história em surtos de outras infecções respiratórias, inclusive em epidemias recentes causadas por outros vírus da família coronavírus, como as epidemias da Síndrome Aguda Respiratória (Sars), em 2003, e a da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), em 2012. A terapia também foi testada em surtos de sarampo e caxumba — antes da existência de vacinas para essas doenças —, além do surto de Ebola, em 2014, e da pandemia de gripe espanhola, em 1918. No caso da pandemia de Covid-19, estudos publicados nas últimas semanas destacaram o potencial terapêutico da transfusão de plasma sanguíneo em indivíduos infectados pelo Sars-CoV-2 — ainda que esses trabalhos, em sua maioria, envolvam pequenas amostras de pessoas. O mais recente, publicado dia 27 de março no Journal of the American Medical Association (JAMA), envolveu cinco pessoas com idade entre 36 e 65 anos. Todas tinham Covid-19, apresentavam quadro graves de pneumonia, alta carga viral e respiravam com a ajuda de aparelhos. Os pacientes receberam plasma com anticorpos específicos para Sars-CoV-2 de 10 a 22 dias após terem sido internados em um hospital de Shenzhen, na China. Os doadores, de 18 a 60 anos de idade, haviam se recuperado da infecção e aceitaram fazer a doação sanguínea para a pesquisa. Três dos cinco pacientes que receberam o plasma voltaram a respirar sem a ajuda de aparelhos duas semanas após a transfusão e receberam alta após cerca de 50 dias no hospital. Os outros dois estavam em condição estável 37 dias após a transfusão. Como eles também receberam medicamentos antivirais, não se sabe qual terapia teria sido mais determinante para a melhora de seu quadro clínico. Riscos Em Campinas, a estratégia da equipe de médicos e pesquisadores do Hemocentro da Unicamp será a de entrar em contato com pessoas que se curaram da Covid-19 após tratamento no Hospital de Clínicas da universidade e em outros hospitais da região e convidá-las para a doação. “A coleta de plasma será feita em pacientes curados 30 dias após o desaparecimento de todos os sintomas”, explica a médica Carolina Costa-Lima Salmoiraghi, uma das coordenadoras do projeto, que, além de Carvalho, também envolve o médico Bruno Deltreggia Benites. Feita essa primeira triagem, os doadores serão submetidos à aférese, procedimento no qual um equipamento automatizado separa o plasma dos outros componentes do sangue, que retornam novamente para o doador. Segundo Costa-Lima, cada pessoa poderá doar

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