Arquivos Covid-19 - Página 7 de 7 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Covid-19

Estudo investiga por que doenças crônicas elevam mortalidade da Covid-19

Karina Toledo - Agência FAPESP – Estudo feito na Universidade de São Paulo (USP) pode ajudar a entender por que o índice de mortalidade por Covid-19 é maior entre pessoas que sofrem com problemas crônicos de saúde, como hipertensão, diabetes ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).  Segundo as conclusões, divulgadas na plataforma medRxiv, alterações no metabolismo causadas por essas doenças podem desencadear uma série de eventos bioquímicos que levam a um aumento na expressão do gene ACE-2, responsável por codificar uma proteína à qual o vírus se conecta para infectar as células pulmonares. “Nossa hipótese é que o aumento na expressão de ACE-2 e de outros genes facilitadores da infecção – entre eles TMPRSS2 e FURIN – faz com que esses pacientes tenham uma quantidade maior de células afetadas pelo vírus SARS-CoV-2 e, consequentemente, um quadro mais severo da doença. Mas é algo que ainda precisa ser confirmado por estudos experimentais”, afirma Helder Nakaya, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF-USP) e coordenador da pesquisa, apoiada pela FAPESP. Os achados, segundo o pesquisador, podem ajudar na identificação de alvos moleculares para um futuro desenvolvimento de fármacos.  Como explica Nakaya, o gene ACE-2 (ECA-2 em português) expressa o RNA mensageiro que orienta a produção da enzima conversora de angiotensina 2 – molécula que integra o chamado sistema renina-angiotensina-aldosterona, responsável pelo controle da pressão arterial. “Depois do surto de SARS (síndrome respiratória aguda grave) em 2003, cientistas descobriram que o gene ACE-2 era crucial para a entrada do vírus (SARS-CoV) nas células humanas. Agora, o mesmo foi observado em relação ao novo coronavírus. Por esse motivo, decidimos investigar se sua expressão estava alterada em portadores de doenças crônicas”, conta o pesquisador, que também integra a equipe do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP). Ferramentas de bioinformática O primeiro passo da investigação foi buscar na base de dados da Medline – que abrange quase 5 mil revistas publicadas em mais de 70 países e é mantida pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos – todos os artigos científicos relacionados às doenças consideradas de interesse pelo grupo, entre elas hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, DPOC, câncer de pulmão, insuficiência renal crônica, doenças autoimune, fibrose pulmonar, asma e hipertensão pulmonar. “Identificamos 8,7 mil artigos e, como seria inviável ler todos eles, usamos uma ferramenta de mineração de texto para filtrar apenas os que continham informações sobre os genes envolvidos nessas doenças. Chegamos a um conjunto de genes entre os quais estava ACE-2”, diz Nakaya à Agência FAPESP. E m seguida, os pesquisadores reanalisaram dados transcritômicos (relativos ao nível de RNA expresso pelos mais de 25 mil genes humanos) em mais de 700 amostras de pulmão disponíveis em repositórios públicos, como o Gene Expression Omnibus (GEO). “São dados de livre acesso coletados em estudos anteriores. O que fizemos foi comparar o perfil de expressão gênica de portadores de doenças crônicas que afetam o pulmão com o de pessoas saudáveis, que serviram como controle. Comparamos, inclusive, o perfil de fumantes e de não fumantes”, explica Nakaya. “A ideia foi olhar o pulmão de pessoas que não estavam infectadas pelo novo coronavírus, mas que tinham doenças que as tornavam mais suscetíveis a manifestações severas de COVID-19 para tentar entender o que havia de diferente.” De acordo com Nakaya, a meta-análise revelou que a expressão de ACE-2 estava, de fato, significativamente aumentada nas doenças. O passo seguinte foi descobrir quais outros genes possuíam perfis de expressão similares ou inversos ao de ACE-2. “Esse tipo de análise de correlação ajuda a orientar as hipóteses, embora não permita estabelecer uma relação de causalidade. Assim, em vez de olhar para 500 genes, podemos nos concentrar em oito cuja expressão está correlacionada com aquele de interesse e, no futuro, fazer experimentos para descobrir o que acontece quando são inibidos ou estimulados”, explica Nakaya. O grupo então percebeu que nas amostras com expressão aumentada de ACE-2 também estavam mais expressas algumas enzimas capazes de modificar o funcionamento de proteínas conhecidas como histonas, que ficam no núcleo das células – ligadas ao DNA – e ajudam a regular a expressão gênica. No jargão científico, esse fenômeno bioquímico é conhecido como modificação epigenética (quando ocorre mudança no padrão de expressão do gene sem qualquer alteração no DNA). “Nossos achados sugerem que essas doenças crônicas mudam – ainda não se sabe ao certo como – o programa epigenético do organismo, tornando essas enzimas mais ativas e, consequentemente, aumentando a expressão de ACE-2 e favorecendo a infecção das células pulmonares pelo SARS-CoV-2”, diz Nakaya. A descoberta, segundo o pesquisador, abre caminho para a busca de compostos capazes de inibir a atividade de algumas dessas enzimas modificadoras de histonas, o que poderia modular a expressão de ACE-2 e, desse modo, proteger o pulmão dos pacientes. O artigo ACE2 Expression is Increased in the Lungs of Patients with Comorbidities Associated with Severe COVID-19 – ainda em versão pré-print (não revisada por pares) – pode ser lido em: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.03.21.20040261v1.

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Junior Achievement lança cursos gratuitos online para se conectar com os jovens durante a quarentena

A Junior Achievement, instituição mundial sem fins lucrativos que atua na educação empreendedora de jovens ainda na escola, adaptou vários de seus programas para o formato à distância. Com presença em Pernambuco desde 2003, os projetos da ONG são realizados presencialmente, diretamente nas escolas do Recife e interior do estado. Porém, devido à pandemia do novo coronavírus, as instituições de ensino estão com aulas suspensas, por tempo indeterminado. Pensando em alternativas para continuar se conectando com os jovens e estimulando que eles continuem aprendendo a empreender durante a quarentena, a Junior Achievement vem adaptando alguns dos seus principais programas e disponibilizando de forma gratuita para estudantes do ensino médio, principalmente. Entre eles, Meu Dinheiro, Meu Negócio, em parceria com o SENAI, está com inscrições abertas, através do link: https://bit.ly/meudinheiromeunegociojasc. O curso ensina sobre finanças pessoais, gestão financeira, investimentos, empréstimos e ao aluno aprende a desenhar uma estratégia de vida na área financeira. Outro curso que está com inscrições abertas é o JA StartUP, que já viabilizou a criação de vários aplicativos e negócios inovadores, no seu formato presencial. Agora, disponibilizado na versão online, o aluno vai se conectar por plataforma viabilizada em parceria com a Startse. Serão seis encontros com mentores especialistas em inovação, empreendedorismo e tecnologia, ao vivo. As vagas para esse curso também são gratuitas, mas limitadas. Inscrições até 06/04, no link http://jastartup.online. Já dos programas que estavam em andamento antes do período de isolamento, a Junior Achievement Pernambuco mantém as aulas regulares do Certificado de suporte em TI, desenvolvido com o Google.org e BID Lab. A turma que recebe esse programa pela primeira vez no Brasil é formada com alunos do Compaz Ariano Suassuna, no Recife. Os jovens começaram com as aulas em fevereiro e continuam recebendo lições de tecnologia e empreendedorismo, através de aulas online. A previsão para término do programa é em junho. Além disso, a Junior Achievement deve lançar, em breve, mais versões online dos seus projetos, como O Futuro do Trabalho. A Junior Achievement Pernambuco fica na Rua do Riachuelo, nº 105, sala 901, Boa Vista, Recife (PE). Mas, durante a quarentena, está funcionando somente com escritório virtual. Mais informações pelo e-mail jape@jape.org.br ou nas redes sociais www.facebook.com/ongjape e www.instagram.com/japernambuco. SOBRE A JUNIOR ACHIEVEMENT A Junior Achievement é uma das maiores ONGs do mundo voltada para jovens, os prepara para o mundo do trabalho e para o empreendedorismo. Nasceu nos Estados Unidos, em 1919, oferecendo há mais de 100 anos experiências práticas em educação financeira, preparação para o trabalho e empreendedorismo. A metodologia utilizada nos programas da Junior Achievement é única e registrada internacionalmente pela Junior Achievement Worldwide e desenvolvida em mais de 120 países. Em 2019, foi eleita a sétima melhor ONG do mundo, segundo ranking do NSO Advisor. No Brasil, a Junior Achievement atua, desde 1983. Já em Pernambuco chegou em 2003. Ao todo, os projetos da instituição beneficiaram 3 milhões de crianças e jovens brasileiros. O objetivo é oferecer educação econômica-prática e experiências no sistema de livre iniciativa, através da parceria entre escolas públicas de ensino fundamental e médio e voluntários. Ensinar empreendedorismo significa levar a compreensão de que cada indivíduo possui as habilidades e características necessárias para fazer o seu futuro acontecer. Empreender é o pensamento seguido da atitude de fazer acontecer. SERVIÇO Junior Achievement Pernambuco Endereço: Rua do Riachuelo, nº 105, sala 901, Boa Vista, Recife (PE). * Durante a quarentena, está funcionando somente com escritório virtual. Mais informações: jape@jape.org.br. Facebook: https://www.facebook.com/ongjape Instagram: https://www.instagram.com/japernambuco/

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Oito soluções tecnológicas para ajudar no combate à pandemia

Em aproximadamente 10 dias Pernambuco contará com  oito soluções tecnológicas para apoiar o combate ao coronavírus.  Elas fazem parte da ação do Desafio Covid-19, que tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de tecnologias para deter pandemia. As iniciativas,  selecionadas num total de 543  propostas provenientes de diversos estados brasileiros, vão dividir o investimento total de R$ 1,3 milhão para que sejam desenvolvidas em pouco tempo e tenham o maior impacto possível. O projeto é uma iniciativa do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio do Laboratório de Inovações Tecnológicas e de Negócio do MPPE (MPLabs); da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE); e do Porto Digital de Pernambuco, por meio do Open Innovation Lab (OIL). O projeto teve três etapas, com a imersão e submissão de ideias, a construção da solução de inovação pelos participantes e a seleção e investimento nos produtos. Os participantes submeteram, até segunda-feira (23), o chamado MVP (Mínimo Produto Viável) que possa ser imediatamente implantado e evoluído no combate à Covid-19. "Com essas soluções vamos atuar em diversos campos como o monitoramento das pessoas que estão nos grupos de risco, via mobile, o acompanhamento do isolamento social necessário para evitar o contágio, a realização de testes e mesmo o apoio técnico e suporte aos agentes de saúde”, destacou o procurador-geral de Justiça de Pernambuco (PGJ-PE), Francisco Dirceu Barros. Durante o processo, foi articulada uma rede de mais de 100 especialistas entre pesquisadores, professores, epidemiologistas, empreendedores e profissionais de diversas instituições - como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Parque Tecnológico de Eletroeletrônicos e Tecnologias Associadas de Pernambuco (Parqtel) e a própria equipe multidisciplinar da SES-PE - que contribuíram com informações, análises e validações. O presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, elogiou essa sinergia de esforços.  "Tivemos uma participação muito importante não só do ecossistema de inovação de Pernambuco, mas de pessoas, empresas e entidades de outros estados do País. Essa mobilização é muito importante para enfrentarmos essa situação com seriedade e boas propostas, mas é apenas o primeiro passo. Agora vamos caminhar para levar resultados para os desafios que virão". A avaliação das ferramentas levaram em consideração diversas questões como a possibilidade de monitoramento de pessoas, até mesmo a atenção sustentada aos grupos de risco, passando pela possibilidade de coibir comportamentos em desconformidade com as orientações sanitárias vigentes. “O foco da nossa principal atuação é preservar a vida e garantir o atendimento dos pacientes que venham desenvolver os sintomas mais graves da doença. Essas soluções vão nos ajudar e muito no processo de identificação e monitoramento dos possíveis acometidos pelo Covid-19”, disse o secretário de saúde do Estado, André Longo. Ao todo, foram mais de duas mil horas de trabalho entre o desenvolvimento da metodologia, passando pela promoção e execução da chamada e avaliação de propostas até o desenho do resultado final. “Reunimos uma frente de profissionais de diversas áreas que contribuíram de forma muito pró-ativa na avaliação de cada uma das ideias que foram propostas. Recebemos contribuições inestimáveis, provando que podemos, inclusive, vencer a barreira tecnológica/digital para interagir os grupos mais vulneráveis”, disse o secretário de Tecnologia e Inovação do MPPE, Antônio Rolemberg. Confira o portfólio de soluções inovadoras para atender ao mapa funcional de combate à pandemia em Pernambuco: Anjo Amigo - Empresa: Cells Digital (PE) Rede Colaborativa de apoio entre idosos acima dos 60 anos e Anjos Amigos. A plataforma (site e aplicativo que trabalha experiência de uso gamificada) promoverá conexão, monitoramento, auxílio, informação e tratamento dos idosos em isolamento social devido ao COVID-19. O apoio se dará através de Anjos Amigos da sociedade em geral predispostos a dar uma mão amiga aos idosos em cada estágio da evolução da doença. Central de processamento para monitoramento, comunicação e gestão integrada de dados epidemiológicos - Empresa: Evolutix Gestão Tecnologia/Allis (RJ) Gerenciamento do fluxo de informações através de um barramento, que recebe, em tempo real, os dados sobre casos epidemiológicos - obtidos a partir de diversas fontes, de forma integrada - e permite o monitoramento, predição e gestão ao longo de todo ciclo de vida do caso. A partir do conceito de cenários, os dados são organizados e os fluxos e procedimentos são disponibilizados para facilitar a tomada de decisão para respostas mais ágil e assertiva à crise. Dynamic Covid Tracking - Empresa: Dycovid (PE) Aplicação para alerta de aglomerações em tempo real baseado em geolocalização e classificação de fatores de risco. Será capaz de definir o grau de risco de contaminação a partir do cruzamento de dados históricos do fluxo de pessoas confirmadas com o vírus. Tecnologia de geolocalização aplicada à mobilidade para entendimento do isolamento social - Empresa: In Loco (PE) A partir da tecnologia de geolocalização serão criadas campanhas para conscientizar cidadãos que estão em situação contrária ao recomendado no cenário de isolamento social, como pessoas visitando shoppings, parques, etc; e criação de um escore de isolamento social que será calculado diariamente com o objetivo de mensurar a evolução, ou não, do isolamento social em regiões geográficas, a partir do fluxo de mobilidade desses locais. Xô Corona - Empresa: Nudging (DF) O aplicativo promove o isolamento social voluntário empregando ferramentas da economia comportamental, linguagem visual e gamificação, visando reduzir a velocidade de propagação do COVID-19. Medvelox - Empresa: Medvelox (RJ) Aplicativo de comunicação móvel customizado para necessidades de equipes médicas. É um WhatsApp médico, onde os grupos são “rounds” (termo médico para rodada de atendimento), existe funcionalidade de anexar exames a pacientes, ver gráficos da evolução dos quadros de pacientes, dentre outras funcionalidades. COVID-19 Assist - Empresa: eHealth Potiguar (RN) Aplicação voltada para profissionais da saúde, permite a consulta rápida a protocolos que auxiliam na tomada de decisões clínicas de forma atualizada, baseando-se em evidências. Será uma ferramenta para educação e preparação dos profissionais de saúde de forma rápida. Também monitora o status de saúde dos agentes, incentiva uma cultura de segurança e reforça o engajamento profissional no combate à pandemia. Único passo para transcriptase reversa e PCR em sequência para rápido e fácil diagnóstico de sars-cov-2 em lugares distantes de grandes centros técnicos/científicos/hospitalares - Empresa: Grupo de Biologia Molecular de Malária (Dr.Wesley Luzetti Fotoran, MSc.

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Sociedade médica alerta para direitos do paciente em meio à pandemia

Em meio à pandemia de coronavírus (Covid-19) no Brasil e à corrida às clínicas e hospitais por parte da população com possíveis sintomas da doença, é preciso atenção, em especial no resguardo dos direitos dos usuários de planos de saúde. Ao menos é o que enfatiza o presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), Dr. Raul Canal. É o caso, por exemplo, do arqueio dos custos dos exames que detectam o novo vírus. As empresas de plano de saúde são obrigadas a arcar. “Caso não o façam, o consumidor deve procurar a Defensoria Pública, que está em sistema de plantão judiciário, ou um advogado, e solicitar ao juiz a emissão de uma medida cautelar”, enfatiza Canal. Contudo, ele também observa que na hipótese do caso ser grave, o consumidor pode arcar com a despesa do exame e depois solicitar reembolso à operadora do plano de saúde. Outro item importante elencado pelo presidente da Anadem tem relação com taxas abusivas. “Os planos de saúde estão proibidos de cobrar uma taxa extra ou a reajustar o valor do plano. Caso isso aconteça, o consumidor não deve pagar e deve entrar com uma medida judicial”. O plano de saúde só pode reajustar o valor no aniversário do plano e mediante autorização da Agência Nacional de Saúde (ANS). Canal lembra ainda que os laboratórios não podem se negar a fazer o exame aos consumidores do plano de saúde, alegando que só atendem consumidores particulares. “Nestes casos o consumidor deve chamar a polícia”, pontua. Sobre a ANADEM Criada em 1998, a Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (ANADEM) promove o debate sobre problemas relacionados ao exercício profissional da medicina. Por meio da análise de discussões relacionada a esse tema, a ANADEM apresenta soluções não só no campo jurídico, mas em todas as áreas de interesse do médico associado.

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Estratégia usada em vacina contra ebola pode ser aplicada para coronavírus

Estratégia usada para desenvolver uma candidata à vacina contra o ebola, elaborada pela farmacêutica americana Flow Pharma em parceria com pesquisadores brasileiros, pode orientar a criação de um imunizante contra o novo coronavírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19. Em testes com camundongos, a vacina experimental contra o ebola demonstrou ser capaz de conferir, com uma única dose, imunidade contra o vírus hemorrágico que se propagou na África Ocidental entre 2013 e 2016. Os resultados dos testes do imunizante em modelo animal foram descritos em um artigo publicado no final de fevereiro no bioRxiv – um repositório de acesso aberto de artigos em fase de pré-print na área de ciências biológicas. “Uma abordagem semelhante à usada para desenvolver essa vacina contra o ebola pode ser possível de ser aplicada contra o novo coronavírus”, disse à Agência FAPESP Edécio Cunha Neto, professor do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores da plataforma. O projeto também tem a participação de Daniela Santoro Rosa, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Daniela e eu somos autores da busca da sequência para a vacina contra o ebola”, contou Cunha Neto, um dos pesquisadores principais do Instituto de Investigação em Imunologia – um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) financiados pela FAPESP no Estado de São Paulo. A vacina contra o ebola é composta por fragmentos de proteínas (peptídeos) do vírus – capazes de estimular o sistema imune e de induzir uma resposta potencialmente protetora – encapsulados em partículas micrométricas. Para mapear regiões da estrutura do vírus ebola mais promissoras para identificação desses peptídeos capazes de serem usados como antígenos para o desenvolvimento da vacina, os pesquisadores usaram algoritmos computacionais. Um dos critérios que estabeleceram para os algoritmos localizarem essas potenciais regiões na estrutura do vírus é que tinham de ser muito conservadas, ou seja, não poderiam variar muito de um isolado viral para outro. Isso garante que a vacina será eficaz mesmo contra variantes do patógeno. Outro critério é que as regiões escolhidas sejam capazes de serem reconhecidas pelo sistema imune da maioria das pessoas. “Esse critério é muito importante porque garante a cobertura ampla da vacina, uma vez que essas regiões do genoma viral mudariam muito pouco de um microrganismo que circula em um determinado local em relação ao que está aparecendo em outro, e o sistema imune dos pacientes induzirá resposta contra a vacina”, explicou Cunha Neto. Os potenciais peptídeos localizados em regiões mais conservadas do vírus foram testados em células de 30 pacientes sobreviventes do surto do ebola no Zaire, entre 2013 e 2016. As análises indicaram que células do sistema imune, chamadas linfócitos T CD8+, de 26 desses 30 pacientes sobreviventes ao ebola responderam a uma proteína denominada NP44-52. Com base nessa constatação, foi fabricada uma vacina experimental com a NP44-52 encapsulada em microesferas, na forma de um pó seco, estável à temperatura ambiente e biodegradável. A vacina experimental foi inoculada em camundongos geneticamente modificados (C57BL/6), usados como modelo de doenças humanas. Os resultados do estudo indicaram que a vacina produziu uma resposta imune protetora nos animais 14 dias após uma única administração. “A plataforma que desenvolvemos possibilita a fabricação e a implantação rápida de uma vacina de peptídeo para responder a uma nova ameaça viral”, afirmam os autores no artigo. Vacina contra a COVID-19 Na avaliação dos autores do estudo, a mesma abordagem poderia ser aplicada à COVID-19, uma vez que o vírus também possui regiões conservadas e é possível identificar peptídeos potenciais para o desenvolvimento de uma candidata à vacina. “Se agirmos agora, durante a pandemia de COVID-19, talvez seja possível coletar e analisar amostras de sangue e criar rapidamente um banco de dados de peptídeos ideais para inclusão em uma vacina com cobertura potencialmente ampla, com desenvolvimento e fabricação rápidas”, afirmam. Cunha Neto também trabalha em outra estratégia de vacina contra a COVID-19, desenvolvida no Laboratório de Imunologia do Incor, com apoio da FAPESP. “A ideia de usar a mesma estratégia da candidata à vacina do ebola para desenvolver um imunizante contra a COVID-19 é da farmacêutica americana, com quem continuamos a colaborar em outros projetos. A estratégia da vacina que estamos nos baseando aqui, no Brasil, é um pouco diferente”, disse. O pesquisador e algumas das maiores autoridades mundiais em vacina, como Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID, na sigla em inglês), têm ponderado, contudo, que o desenvolvimento de uma candidata à vacina contra a COVID-19 deve demorar de um ano a um ano e meio. Esse tempo é necessário para a realização de todas as fases de testes, inicialmente em animais e depois em humanos, a fim de assegurar a segurança e a eficácia do imunizante, ressaltam os especialistas. O artigo An effective CTL peptide vaccine for ebola Zaire based on survivors’ CD8+ targeting of a particular nucleocapsid protein epitope with potential implications for Covid-19 vaccine design, (doi.org/10.1101/2020.02.25.963546), de CV Herst, S Burkholz, J Sidney, A Sette, PE Harris, S Massey, T Brasel, E Cunha Neto, DS Rosa, WCH Chao, R Carback, T Hodge, L Wang, S Ciotlos, P Lloyd e R Rubsamen, pode ser lido no bioRxiv em www.biorxiv.org/content/10.1101/2020.02.25.963546v2.abstract. E o artigo Coronavirus infections – more than just the common cold (10.1001/jama.2020.0757), de Catharine I. Paules, Hilary D. Marston e Anthony S. Fauci, pode ser lido no Journal of the American Medical Association (JAMA) em jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2759815. Elton Alisson  da Agência FAPESP

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Posicionamento e recomendações sobre COVID-19 – Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG)

Há dias a COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus (denominado SARS-CoV-2), é uma pandemia. O momento da epidemia pelo coronavírus no Brasil é de muita prudência e atenção. O novo coronavírus, denominado SARS-CoV-2, tem assustado o mundo. A nova doença que ele provoca, a COVID-19, vem despertando preocupação à população e comunidade científica. Apesar de ter um comportamento semelhante ao de uma gripe comum, sua disseminação é muito rápida e, em alguns casos, principalmente nos idosos, pode se manifestar de forma grave e até mesmo fatal. A epidemia é dinâmica e hoje já temos a infecção comunitária em alguns Estados brasileiros. Este vírus tem a capacidade de contágio, ou seja, número médio de pessoas contaminadas a partir de uma pessoa doente de 2,74. Em outras infecções, como o Influenza (H1N1), em 2009, a taxa foi de 1,5. O Brasil é um país continental, portanto, diferentes cidades e Estados podem apresentar fases distintas da epidemia. Entende-se que a primeira fase epidemiológica da COVID-19 é de “casos importados”, em que há poucas pessoas acometidas e todas regressaram de países onde há epidemia. A segunda fase epidemiológica é de transmissão local, quando pessoas que não viajaram para o exterior ficam doentes, ou seja, há transmissão autóctone, mas ainda é possível identificar o paciente que transmitiu o vírus. Finalmente, pode ocorrer a terceira fase epidemiológica ou de transmissão comunitária, quando o número de casos aumenta exponencialmente e perdemos a capacidade de identificar a fonte ou pessoa transmissora. O período de incubação, ou seja, o tempo entre o dia do contato com o paciente doente e o início dos sintomas é, em média, de 5 dias. Em raros casos, o período de incubação chegou a 14 dias. Neste período pode acontecer a transmissão do vírus de forma silenciosa. Sabemos que aproximadamente 80% a 85% dos casos são leves, geralmente em jovens e crianças, e não necessitam hospitalização, devendo permanecer em isolamento respiratório domiciliar. No entanto, 15% necessitam de internação, dentre estes, a maioria idosos. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), através da Comissão de Imunização, aconselha que os idosos, idade acima de 60 anos, especialmente portadores de comorbidades como diabetes, hipertensão arterial, doenças do coração, pulmão e rins, doenças neurológicas, em tratamento para câncer, portadores de imunossupressão entre outras, e aqueles com mais de 80 anos e portadores de síndrome de fragilidade, adotem medidas de restrição de contato social. Assim, devem evitar aglomerações ou viagens, o contato com pessoas que retornaram recentemente de viagens internacionais e contatos íntimos com crianças. O atendimento às pessoas idosas deve ser preferencialmente em domicílio evitando-se a exposição coletiva em serviços de saúde. Idosos frequentemente são assistidos por cuidadores e profissionais de saúde. Tais profissionais, se apresentarem sintomas de gripe, devem evitar contato com seus pacientes e se houver qualquer dúvida sobre o contágio devem poupar os atendimentos. Atenção – Idosos que vivem em instituições de longa permanência (ILPIs) representam grupo de alto risco para complicações pelo vírus, uma vez que tendem a ser mais frágeis. Para estes, deve-se evitar visitas para reduzir o risco de transmissão, evitar sair da instituição, evitar atividades em grupo e redobrar os cuidados com a higiene. Os profissionais de saúde que atendem a este publico devem ter excesso de cuidado nas medidas de higiene. Devemos ainda alertar e reforçar toda a população de que as medidas preventivas mais eficazes para reduzir a capacidade de contágio do coronavírus são: “etiqueta respiratória”; higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool gel a 70%; identificação e isolamento respiratório dos acometidos pelo vírus e uso dos EPIs (equipamentos de proteção individual) pelos profissionais de saúde. Assim, deve-se adotar rotineiramente as seguintes medidas de prevenção: Higienizar as mãos frequentemente com água e sabão (ou com álcool em gel a 70%). Evitar aglomerações. Evitar contato com pessoas com sintomas de gripe (tosse, espirros, falta de ar). Evitar tocar os olhos, o nariz e a boca com as mãos sem lavá-las. Evitar apertos de mão, abraços e beijos ao cumprimentar as pessoas. Ao espirrar e tossir, cubra o nariz e a boca com o cotovelo flexionado ou com lenço (em seguida, jogar fora o lenço e higienizar as mãos). É preciso procurar ajuda médica caso surjam os seguintes sintomas: Febre. Tosse. Falta de ar. Alteração da sensação de cansaço para os esforços de rotina. Confusão mental (especial para idosos). Nossa recomendação é de não colher swab nasal para pesquisa do SARS-CoV-2 de pessoas sem sintomas respiratórios (pessoas assintomáticas), exceto em pesquisa clínica. A detecção viral de RNA por reação em cadeia da polimerase (PCR) em secreção respiratória, método usado para o seu diagnóstico, pode não representar necessariamente infecção com potencial de transmissão e, provavelmente, tem pouca importância epidemiológica de transmissão. Possivelmente os primeiros 3 a 5 dias de início dos sintomas são os de maior transmissibilidade. Por isso, casos suspeitos devem ficar em isolamento respiratório, desde o primeiro dia de sintomas, até serem descartados. É de suma importância obedecer ao isolamento. Os profissionais de saúde devem utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs) para precaução de gotículas em atendimento de pacientes suspeitos ou confirmados de infecção pelo coronavírus. Ainda não há comprovação científica de benefício do uso de medicações retrovirais, cloroquina, interferon, vitamina C, entre outras, usadas para tratamento de pacientes com o coronavírus. Estas medidas não são indicadas. O uso de corticoide e ibuprofeno deve ser evitado. O uso das medicações anti-hipertensivas IECA e BRA, de acordo com a posição da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), não deve ser suspenso em casos de pacientes infectados pelo coronavírus. Neste momento precisa haver uma ação coletiva e consciente da população em prol de medidas racionais para conter a transmissão do coronavírus. Carlos André Uehara – Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) Ivete Berkenbrock – 1ª Vice-presidente da SBGG Vania Beatriz M. Herédia – 2ª Vice-Presidente Presidente do Dep. de Gerontologia da SBGG Renato Bandeira – Diretor científico da SBGG Maisa Kairalla – Presidente da Comissão de Imunização da SBGG Daniel Albuquerque Gomes – Membro da

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Coronavírus chegou. Como ficam as relações de trabalho?

Na manhã do dia 26/02/2020 foi confirmado o primeiro caso de COVID-19 no Brasil. Pouco mais de duas semanas após a confirmação, já são mais de 150 casos em todo o país. Diante do aumento exponencial do número de casos confirmados e suspeitos, necessário questionar: como ficam as relações de trabalho neste contexto? Isolamento ou quarentena? A Lei 13.979/2020, sancionada pelo governo em fevereiro, traz e esclarece o conceito de “quarentena” e “isolamento”. A quarentena foi regulamentada pela Portaria 356/2020 do Ministério da Saúde e somente será instaurada por ato administrativo formal e devidamente motivado, publicada no Diário Oficial e amplamente divulgada pelos meios de comunicação, destinando-se a pessoas com suspeita de corona vírus, porém que não estejam efetivamente doentes. Caso haja decreto desta medida, a ausência do empregado será tratada como falta justificada. Aqui, importante diferenciar a quarentena prevista pela lei daquelas medidas preventivas que podem e devem ser tomadas pelos empregadores para evitar a disseminação do vírus, como home office, por exemplo, as quais não serão tratadas como faltas justificadas. O isolamento, por sua vez, decorre de ato do profissional médico ou agente de vigilância e se aplica ao indivíduo ou grupo de pessoas com suspeita ou efetiva de confirmação de contaminação pelo COVID-19, durante e após conclusão de investigação clínica e laboratorial, sendo que, de forma semelhante à quarentena “legal”, o empregado deverá ficar em casa, isolado, sendo sua ausência tratada como falta justificada. Prevenção: quais medidas podem ser adotadas para diminuir os riscos de contaminação no ambiente de trabalho? Mesmo na hipótese de não haver qualquer suspeita de contágio de empregados pelo COVID-19, é recomendável que as empresas adotem todas as medidas de prevenção que forem possíveis a depender de cada atividade, até mesmo para que não se alegue, no futuro, que o empregador que foi negligente nesse sentido contribuiu para a contaminação de seus empregados. Home Office, Teletrabalho, Banco de Horas e Férias A principal medida que se recomenda é a utilização dos regimes de home office ou mesmo de teletrabalho – novidade da Reforma Trabalhista prevista nos artigos 75-A e seguintes da CLT, a depender da atividade prática que será desenvolvida pelo profissional em sua residência. Para o regime de teletrabalho, não há necessidade de controle de jornada (ressalvadas aqui as controvérsias que ainda existem sobre o tema), porém o controle de jornada deve ser mantido no caso do home office para aqueles empregados sujeitos a tal regime. Entre as possibilidades de controle de ponto “à distância”, sugere-se a adoção do modelo de papeleta (registro manual) ou de outros meios mecânicos ou eletrônicos que garantam a veracidade das informações, como aplicativos ou plataformas digitais, por exemplo. Em atividades fabris ou em qualquer ramo em que não seja possível a adoção de home office, também seria possível o estímulo à fruição de eventual saldo de banco de horas ou mesmo a concessão de férias, sejam individuais ou coletivas – nesta segunda hipótese, lembramos que há necessidade de comunicação prévia ao Sindicato da categoria. Viagens Recomenda-se evitar ao máximo o deslocamento de empregados no exercício da função, ainda que dentro do município, especialmente para locais em que há aglomeração de pessoas. Além disso, o ideal é que a empresa incentive a realização de reuniões por meios digitais (conference calls, por exemplo) e que viagens à trabalho sejam realizadas somente quando forem absolutamente imprescindíveis. Com relação aos empregados que já estejam no exterior, necessário estabelecer regras com relação ao seu retorno e ao desenvolvimento das atividades a partir deste momento, a depender da situação do país onde o empregado estava, sempre zelando pela tomada da decisão que represente menor exposição do empregado ao risco de contágio pelo coronavírus, cabendo ao empregador arcar com os custos extraordinários decorrentes de eventual estadia prolongada na localidade, inclusive de remarcação de viagem de retorno, se necessário. Conscientização Ainda que a empresa não opte pelo afastamento temporário dos empregados, é imprescindível que se adote todas as medidas possíveis de prevenção no ambiente de trabalho e, também, para conscientização dos colaboradores quanto aos meios existentes para evitar transmissão do vírus. Sugere-se a colocação de dispensers de álcool gel à disposição dos empregados, cartazes nas dependências da empresa, treinamentos online com confirmação de participação dos colaboradores, evitar aglomerações de qualquer tipo, inclusive reuniões presenciais, higienização constante dos ambientes de convívio, cumprimentos físicos entre colegas e, sempre que possível, manutenção de portas e janelas abertas, tanto para facilitar a circulação do ar quanto para evitar contato com maçanetas. Posso exigir que o empregado faça um exame? Não. Conforme a lei 13.979/2020, apenas agentes públicos podem exigir exames. Contudo, nada impede que, havendo suspeita de contaminação, a secretaria local de saúde seja informada para diligenciar a respeito. Ainda, o empregador deve se atentar a possíveis abusos cometidos pelo colaborador na hipótese de isolamento, vez que não é necessário qualquer exame para comprovar a suspeita de COVID-19. Autores: Departamento Trabalhista do escritório Marins Bertoldi.  

Coronavírus chegou. Como ficam as relações de trabalho? Read More »