Arquivos Drogas - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

drogas

Yury Ribeiro em Viena 2

Pernambuco se destaca em políticas sobre drogas e representa o Brasil em evento da ONU

Estado é o único do país a participar da 68ª Sessão da Comissão de Narcóticos, em Viena Pernambuco será o único estado brasileiro a apresentar suas estratégias na 68ª Sessão da Comissão de Narcóticos (CND), organizada pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC). O evento ocorre de 10 a 14 de março de 2025, no Centro Internacional de Viena, reunindo especialistas e representantes de diversos países para debater tendências globais e diretrizes sobre políticas de drogas. A Comissão de Narcóticos da ONU é o principal órgão responsável por monitorar o cenário mundial sobre o tema, apoiar a formulação de políticas públicas equilibradas e supervisionar a implementação das principais convenções internacionais. Representando Pernambuco, a Secretaria Executiva de Políticas sobre Drogas (SEPOD) apresentará as estratégias e avanços do Programa Atitude, uma iniciativa pioneira voltada para a redução de danos e acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade devido ao uso de substâncias psicoativas. A apresentação oficial ocorrerá na quarta-feira, 12 de março, em um evento promovido pela delegação brasileira. "Nosso objetivo é compartilhar as experiências de Pernambuco com o mundo e, ao mesmo tempo, trazer novas perspectivas e soluções para aprimorar nossas ações", destaca Yury Ribeiro, secretário executivo de Políticas sobre Drogas do estado. Programa Atitude: referência no acolhimento e redução de danos O Programa Atitude integra a estratégia estadual de Pernambuco para garantir direitos e oferecer suporte a pessoas em situação de vulnerabilidade social e afetadas pelo uso problemático de drogas. A iniciativa atua em quatro frentes principais: ✔ Atitude Nos Territórios: equipes de abordagem social que realizam atendimentos individuais e em grupo, oferecendo encaminhamentos e acompanhamento para pessoas e famílias em situação de risco. ✔ Centros de Acolhimento e Apoio: espaços que fornecem suporte primário, incluindo alimentação, higiene e atendimento multidisciplinar para usuários e seus familiares. ✔ Centros de Acolhimento Intensivo: unidades para acolhimento de longa duração (até seis meses), com atendimento interdisciplinar focado na reabilitação e reinserção social. ✔ Centro de Acolhimento Intensivo Mulher: atendimento exclusivo para mulheres cis e trans, permitindo o acolhimento de mães acompanhadas de filhos de até três anos. Investimento e impacto social Em 2024, o Programa Atitude ampliou sua atuação para 80 territórios, realizando mais de 100 mil atendimentos e beneficiando 5.500 pessoas, com um investimento total de R$ 25 milhões. "Os resultados que estamos apresentando na CND são fruto de um forte investimento e do comprometimento das equipes envolvidas. Encontramos os centros de acolhimento em condições precárias, mas trabalhamos para transformá-los em espaços dignos, onde as pessoas possam reescrever suas histórias", afirma Yury Ribeiro.

Pernambuco se destaca em políticas sobre drogas e representa o Brasil em evento da ONU Read More »

Estudo contesta uso de maconha no tratamento da dependência de cocaína

Maria Fernanda Ziegler – Pesquisa brasileira publicada na revista Drug and Alcohol Dependence contesta o uso recreativo de maconha como estratégia de redução de danos para dependentes de crack e cocaína em reabilitação. Dados do artigo indicam que o consumo da erva piorou o quadro clínico dos pacientes em vez de amenizar, como esperado, a ansiedade e a fissura pela droga aspirada ou fumada em pedra (crack). O estudo acompanhou um grupo de dependentes por seis meses após a alta da internação voluntária de um mês no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP). Os pesquisadores do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (GREA) e do Laboratório de Neuroimagem dos Transtornos Neuropsiquiátricos (LIM-21) da Faculdade de Medicina da USP constataram que a maconha prejudica as chamadas funções executivas do sistema nervoso central, relacionadas, entre outras atividades, com a capacidade de controlar impulsos. “Nosso objetivo é garantir que políticas públicas para usuários de drogas sejam baseadas em evidências científicas. Quando as políticas de redução de danos foram implementadas no Brasil, para usuários de cocaína e crack, não havia comprovação de que seriam benéficas. Os resultados deste estudo descartam completamente essa estratégia para dependentes de cocaína”, disse Paulo Jannuzzi Cunha, autor do artigo. O professor do Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e pesquisador do LIM-21 foi bolsista de pós-doutorado da FAPESP. Foram incluídos na pesquisa 123 voluntários divididos em três grupos: dependentes de cocaína que fizeram uso recreativo da maconha (63 pessoas), dependentes de cocaína que não consumiram a erva (24) e grupo controle (36), composto por voluntários saudáveis e sem histórico de uso de drogas. Um mês após receberem alta, 77% dos dependentes de cocaína que fumaram maconha mantiveram a abstinência. Já entre aqueles que não fizeram uso de maconha, 70% não tiveram recaídas. Mas três meses após a internação a situação se inverteu e a estratégia de redução de danos mostrou-se pouco efetiva. Entre os que não fumaram maconha, 44% permaneceram sem recaídas, enquanto só 35% dos que fizeram uso recreativo da maconha mantiveram-se abstinentes. Ao fim dos seis meses de acompanhamento, permaneceram sem recaídas 24% e 19% dos voluntários, respectivamente, mostrando que os pacientes que usavam maconha acabaram recaindo mais no longo prazo. “Os resultados desbancam a hipótese de que o uso recreativo de maconha evitaria recaídas e ajudaria na recuperação de dependentes de cocaína. Um quarto daqueles que não fumaram maconha conseguiu controlar o impulso de usar cocaína, enquanto só um quinto não teve recaída entre os que supostamente se beneficiariam da estratégia de redução de danos. O uso pregresso de maconha não traz melhoras de prognóstico no longo prazo, o estudo até sugere o contrário”, disse o psiquiatra Hercílio Pereira de Oliveira Júnior, primeiro autor do artigo. Prejuízo cognitivo De acordo com os resultados, os dois grupos de dependentes de cocaína em reabilitação apresentaram déficits neurocognitivos importantes em tarefas que incluíam memória operacional, velocidade de processamento, controle inibitório, flexibilidade mental e tomada de decisão, quando comparados ao grupo controle. Porém, aqueles que fizeram uso recreativo de maconha apresentaram resultados ainda piores em relação às chamadas funções executivas – relacionadas à capacidade de sustentar a atenção em determinados contextos, memorizar informações e elaborar ou planejar comportamentos mais complexos. Também apresentaram lentidão no processamento mental e maior dificuldade para frear impulsos. Durante todo o projeto foram realizados testes cognitivos e exames de neuroimagem. Os voluntários também fizeram exames de urina para verificar o eventual uso de drogas. “Um dos limitadores do nosso estudo foi a impossibilidade de analisar o tipo de maconha usada pelos voluntários. Era a droga que eles consumiam em casa ou no seu contexto social”, disse Cunha. Um preparado de maconha é composto por pelo menos 80 tipos diferentes de canabinoides. Dois deles têm maior relevância: o THC, associado aos efeitos de relaxamento da droga, à dependência e a danos neurológicos; e o canabidiol, que poderia modular os efeitos do THC. “Nosso trabalho não envolveu uma avaliação específica dos possíveis efeitos do canabidiol, que pode até ter potencial terapêutico, mas se apresenta em proporção muito menor na maconha fumada e é muito difícil de ser extraído puro da Cannabis”, disse. Dados do artigo também indicam que, quanto mais precoce foi o uso de maconha e cocaína na vida dos dependentes, maiores as chances de recaída durante a reabilitação por cocaína. “Trabalhos anteriores demonstraram que a precocidade prejudica o neurodesenvolvimento e a organização de importantes redes neurais no cérebro. Portanto, a exposição precoce à maconha teria um prognóstico pior não só em relação à própria maconha, como também a outras substâncias”, disse Oliveira Júnior. “Esse dado é preditivo e sugere o impacto negativo da maconha e da cocaína no processo de maturação cerebral e na caracterização de um pior prognóstico da doença”, disse Oliveira Júnior. Redução de danos O uso de substâncias como a metadona (narcótico do grupo dos opioides) tem sido considerado uma estratégia de redução de danos eficaz na reabilitação de dependentes de heroína e outras drogas injetáveis, atingindo, desde os anos 1990, determinado sucesso em diferentes países. Com base nos resultados com dependentes de heroína, trabalhos anteriores não controlados vinham sustentando a hipótese de que o uso recreativo da maconha poderia ser também uma estratégia eficaz na redução da fissura em dependentes de cocaína e crack. “Isso resultou, inclusive, na implementação de organizações na área de redução de danos e políticas públicas que indicavam o uso da maconha fumada como estratégia para redução da ansiedade e fissura pelo uso de cocaína. Nosso estudo contradiz esse tipo de estratégia”, disse Oliveira Júnior. Cunha explica que a diferença de resultados na política de redução de danos entre usuários de heroína e cocaína ou crack se dá pelas peculiaridades de cada droga. “A abstinência por heroína traz sintomas corporais, fisiológicos e biológicos muito rapidamente. Se o usuário fica sem um opioide, começa a suar frio, passar mal, pode ter convulsões e problemas físicos graves”, disse. O pesquisador afirma que uma estratégia farmacológica

Estudo contesta uso de maconha no tratamento da dependência de cocaína Read More »

Pesquisa revela dados sobre o consumo de drogas no Brasil

Coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), inquérito sobre o uso de drogas entre os brasileiros é o primeiro a alcançar abrangência nacional, sendo representativo inclusive de municípios de pequeno porte e de zonas de fronteira Entre maio e outubro de 2015, pesquisadores entrevistaram cerca de 17 mil pessoas com idades entre 12 e 65 anos, em todo o Brasil, com o objetivo de estimar e avaliar os parâmetros epidemiológicos do uso de drogas. O 3° Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira foi coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e contou com a parceria de várias outras instituições, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e a Universidade de Princeton, nos EUA. A divulgação da pesquisa científica destinada à realização do 3° Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira é o primeiro resultado de entendimentos iniciais entre a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) do Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Fiocruz, no âmbito da Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Pública Federal, órgão da Advocacia-Geral da União. O acordo preliminar para a divulgação do estudo prevê que os conteúdos do relatório final da pesquisa, do sumário executivo e dos suplementos produzidos pela Fiocruz sejam disponibilizados à sociedade por meio da plataforma Arca, mantida pela Fiocruz na internet. Para mais informações, clique aqui. Este é o mais completo levantamento sobre drogas já realizados em território nacional. É a primeira vez que um inquérito sobre o uso de drogas no país consegue alcançar abrangência nacional, sendo representativo inclusive de municípios de pequeno porte e de zonas de fronteira, por exemplo. Os entrevistados responderam a questões quanto ao uso, o abuso e a dependência de numerosas substâncias: tabaco, álcool, cocaína, maconha, crack, solventes, heroína, ecstasy, tranquilizantes benzodiazepínicos, esteroides anabolizantes, sedativos barbitúricos, estimulantes anfetamínicos, analgésicos opiáceos, anticolinérgicos, LSD, quetamina, chá de ayahuasca e drogas injetáveis. Outros questionamentos tinham relação com violência (perpetrada ou sofrida), a percepção sobre o risco do uso de drogas e a opinião dos entrevistados sobre políticas públicas para a área. Além disso, eles responderam a perguntas gerais sobre saúde e a informações sóciodemográficas. Para ser representativo da população brasileira de 12 a 65 anos, o 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas definiu seu plano amostral a partir de critérios metodológicos semelhantes aos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE. “Há um enorme desafio em realizar uma pesquisa como esta, que busque ser representativa da população brasileira. O Brasil não é apenas muito heterogêneo, como também conta com regiões muito pobres, territórios de população esparsa e dificuldade de acesso”, explica o coordenador do levantamento e pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), Francisco Inácio Bastos. Maconha é a droga ilícita mais consumida Os dados obtidos pelo 3° Levantamento estão disponíveis no Repositório Institucional da Fiocruz (Arca), em acesso aberto. Os resultados revelam, por exemplo, que 3,2% dos brasileiros usaram substâncias ilícitas nos 12 meses anteriores à pesquisa, o que equivale a 4,9 milhões de pessoas. Esse percentual é muito maior entre os homens: 5% (entre as mulheres fica em 1,5%). E também entre os jovens: 7,4% das pessoas entre 18 e 24 anos haviam consumido drogas ilegais no ano anterior à entrevista. A substância ilícita mais consumida no Brasil é a maconha: 7,7% dos brasileiros de 12 a 65 anos já a usaram ao menos uma vez na vida. Em segundo lugar, fica a cocaína em pó: 3,1% já consumiram a substância. Nos 30 dias anteriores à pesquisa, 0,3% dos entrevistados afirmaram ter feito uso da droga. Aproximadamente 1,4 milhão de pessoas entre 12 e 65 anos relataram ter feito uso de crack e similares alguma vez na vida, o que corresponde a 0,9% da população de pesquisa, com um diferencial pronunciado entre homens (1,4%) e mulheres (0,4%). Nos 12 meses anteriores ao levantamento, o uso dessa droga foi reportado por 0,3% da população. O relatório da pesquisa destaca, porém, que esses resultados devem ser observados com cautela, uma vez que o inquérito domiciliar não é capaz de captar as pessoas que são usuárias e não se encontram regularmente domiciliadas ou estão em situações especiais, como por exemplo vivendo em abrigos ou em presídios. “Com relação ao crack, os números do levantamento são importantes justamente por revelar uma discrepância”, explica Inácio Bastos. “O percentual que encontramos no 3° Levantamento é inferior ao que aparece na Pesquisa Nacional do Uso do Crack [Fiocruz, 2013]. Isso porque nosso levantamento foi domiciliar. Mas os usuários de crack compõem uma população majoritariamente marginalizada, que vive em situação de rua. Desse modo, importante reforçar que o levantamento corrobora o grave problema de saúde pública que é o uso de crack no Brasil. Mas faz isso justamente por mostrar, a partir da visibilidade diminuta dentro dos lares, que o consumo dessa substância no país é um fenômeno do espaço público”. Medicamentos sem prescrição Outro dado destacado pelos pesquisadores diz respeito ao uso dos analgésicos opiáceos e dos tranquilizantes benzodiazepínicos. Nos 30 dias anteriores à pesquisa eles foram consumidos de forma não prescrita, ou de modo diferente àquele recomendado pela prescrição médica, por nada menos que 0,6% e 0,4% da população brasileira, respectivamente. “É um número que revela um padrão muito preocupante, e que faz lembrar o problema norte-americano de uma década atrás, em termos de classe de substâncias”, alerta o coordenador do levantamento. Com relação às drogas lícitas, uma boa notícia: o consumo do tabaco parece estar diminuindo. “Outras pesquisas têm mostrado que há um declínio com relação ao uso do cigarro convencional. Por outro lado, têm chamado atenção para formas emergentes de fumo, com a ascensão de aparatos como cigarros eletrônicos e narguilés”, argumenta Bastos. Ainda assim, cerca de um terço (33,5%) dos brasileiros declarou ter fumado cigarro industrializado pelo menos uma vez na vida. E, nos 30 dias anteriores à pesquisa, foram 13,6%, o que corresponde a 20,8 milhões de pessoas. Álcool Grande parte dos dados considerados

Pesquisa revela dados sobre o consumo de drogas no Brasil Read More »

PF faz operação de combate ao tráfico internacional de drogas

A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (9) a Operação Antigoon, com o objetivo de desarticular uma quadrilha especializada no tráfico internacional de drogas e que se utilizava do transporte marítimo para cometer o crime. A ação foi deflagrada nas primeiras horas desta segunda-feira e mobiliza cerca de 100 policiais federais, que cumprem 21 mandados de busca e apreensão e 15 mandados de prisão preventiva em três estados: Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. As investigações da PF, que contaram com o apoio da Receita Federal, se estenderam por aproximadamente um ano e descobriram que o grupo utilizava contêineres, transportados em navios, para enviar droga à Europa.  Durante as investigações, foram apreendidas cerca de 4 toneladas de cocaína em portos espalhados pelo país, como do Rio de Janeiro, de Vitória, Santos, de Salvador e de Suape (PE). Nas apurações, a Polícia Federal também buscou identificar o destino da droga para fechar o cerco em torno da organização e desarticular o braço internacional do grupo. Com o apoio dos institutos de cooperação policial internacional, foram feitas apreensões nos portos de Antuérpia, na Bélgica; Gioia Tauro, na Itália; e Valência, na Espanha. A cooperação se deu com a participação dos adidos da PF no exterior e dos representantes das polícias estrangeiras que atuam no Brasil. Os investigados responderão por tráfico internacional de drogas e associação para o tráfico, cujas penas podem chegar a 25 anos de prisão. Antigoon refere-se a uma lenda sobre a origem do nome da cidade de Antuérpia, principal destino da droga na Europa. Segundo a lenda, um gigante chamado Antigoon cobrava valores de quem atravessasse o Rio Escalda e cortava uma das mãos daqueles que se recusassem a pagar. Antigoon foi morto por um jovem chamado Brabo, que cortou a mão do próprio gigante e atirou-a ao rio. Daí o nome Antwerpen - hand (mão) e wearpan (arremessar). Da Agência Brasil  

PF faz operação de combate ao tráfico internacional de drogas Read More »