Arquivos História - Página 5 De 12 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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Aberta consulta pública para a Feira de Caruaru virar patrimônio nacional

Está aberto o prazo de 30 dias para que qualquer cidadão se manifeste sobre a revalidação dos títulos de Patrimônio Cultural do Brasil concedidos à Feira de Caruaru (PE) e ao Tambor de Crioula (MA). Os pareceres técnicos estão disponíveis para apreciação e manifestações da sociedade até o dia 15 de fevereiro. Para a Revalidação do Título de Patrimônio Cultural dos bens registrados, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) elaborou, em parceria com pessoas e organizações diretamente envolvidas com os bens culturais em Pernambuco e no Maranhão, Pareceres de Reavaliação que discorrem sobre as transformações pelas quais passaram a Feira de Caruaru e o Tambor de Crioula. Os documentos fazem uma comparação entre o momento do registro do bem e os anos posteriores, identificando aspectos culturalmente relevantes ou empecilhos à sua continuidade. Além disso, os pareceres trazem recomendações e encaminhamentos para a continuidade do processo de salvaguarda dos bens. Cidadãos de qualquer idade, organizações e os próprios detentores desses bens podem se manifestar por meio do correio eletrônico dpi@iphan.gov.br ou via correspondência, enviando propostas para o Departamento de Patrimônio Imaterial - Diretor - SEPS Quadra 713/913, Bloco D, 4º andar - Asa Sul -Brasília - Distrito Federal - CEP: 70.390-135. A revalidação de um bem cultural registrado pelo Iphan acontece pelo menos a cada dez anos, de acordo com o Decreto nº 3.551/2000, que institui esse instrumento de proteção. Ao término do prazo de 30 dias, as eventuais manifestações sobre os pareceres de revalidação serão enviadas à Câmara Setorial do Patrimônio Imaterial a fim de subsidiar a avaliação do bem registrado. A Câmara, por sua vez, manifestará sua decisão sobre a reavaliação do bem e, por fim, o processo será encaminhado ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que decidirá sobre a Revalidação do Título de Patrimônio Cultural do Brasil dos bens. Caso a revalidação seja negada, será mantido apenas o registro do bem como referência cultural do seu tempo. “Convidamos os interessados a realizar uma leitura do conteúdo desse parecer a partir da pertinência de seu conteúdo: se ele traz as questões que de fato preocupam os detentores, que são os diretamente interessados no processo”, explica o técnico em Ciências Sociais do Iphan, Rodrigo Ramassote. “Ou seja, se esse conteúdo de fato corresponde à realidade do bem hoje, mais de dez anos depois do registro. O parecer traz essa comparação do momento do registro até a revalidação, as transformações, o fortalecimento, a vitalidade do bem.” Feira de Caruaru e Tambor de Crioula Localizada em Caruaru (PE), a cerca de 123 km da capital Recife, a Feira de Caruaru foi inscrita no Livro deRegistro dos Lugares no ano de 2006 em função da sua relevância como lugar de memória, saberes e práticas culturais. A feira reúne produtos e expressões artísticas vinculadas ao comércio de gado e aos produtos de couro, brinquedos, figuras de barro e uma série de outros objetos e conhecimentos próprio da região. A Feira surgiu em uma fazenda que compunha um dos caminhos do gado, entreposto entre o sertão e a zona canavieira. No século XVIII, foi construída a capela de Nossa Senhora da Conceição, ampliando a convergência cultural para o local. Já o Tambor de Crioula do Maranhão, inscrito no Livro das Formas de Expressão em 2007, é uma manifestação afro-brasileira que envolve dança circular, canto e percussão. Registrada na maior parte dos municípios maranhenses, o Tambor é realizado em praças, ao ar livre e no interior de terreiros. Sem calendário pré-fixado, a manifestação é praticada principalmente em louvor a São Benedito. Marcada pelas dançadeiras ou coreiras, seguindo os baques do tambor, a dança ainda tem como destaque a umbigada ou punga – gesto de saudação e convite. Um conjunto de práticas que compõem a identidade de resistência da população negra maranhense.

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12 imagens de Igarassu Antigamente

Uma das cidades pernambucanas que respira história é Igarassu, tema da coluna Pernambuco Antigamente de hoje. A cidade possui um centro histórico que guarda o templo mais antigo do País segundo o Iphan, a Igreja Matriz de São Cosme e São Damião (construída em 1535), além de um conjunto arquitetônico invejável. Entre os monumentos e espaços públicos tombados do município estão o Convento de Santo Antônio, os painéis em estilo barroco e o Museu Histórico de Igarassu. "A primeira povoação da capitania de Pernambuco, a Vila de Santa Cruz e dos Santos Cosme e Damião de Igarassu foi fundada em 1535 por Afonso Gonçalves ordenado pelo donatário Duarte Coelho. A região foi palco de disputas entre portugueses e indígenas pela posse da terra, luta que teve como marco a igreja de São Cosme e Damião instalada no alto de um morro que veio a ser o referencial para a expansão da vila. A invasão holandesa no século XVII trouxe destruição, mas ao mesmo tempo possibilitou a passagem do pintor holandês Frans Post que fez vários registros iconográficos do núcleo urbano da antiga vila", afirmou Taciana Santiago de Melo, na introdução do artigo Registros coloniais inscritos nos mapas da antiga Vila de Igarassu, Pernambuco, publicado no 1º Simpósio Brasileiro de Cartografia Histórica (2011). Clique nas imagens para ampliar as fotos, que foram coletadas dos bancos de imagens da Biblioteca do IBGE, Fundaj e do Museu da Cidade do Recife. .. Igarassu, em 1956 (Biblioteca do IBGE) . Igreja Matriz de São Cosme e São Damião A Igreja Matriz de São Cosme e São Damião de Igarassu é a mais antiga em funcionamento no Brasil. Ela teve sua construção iniciada em 1535 e finalizada apenas no século XVII. . Convento de Santo Antônio Datado de 1588 e erguido pela Ordem dos Franciscanos - é referência de alguns capítulos da história pernambucana. . Prefeitura Municipal de Igarassu . Rua Dantas Barreto, em Igarassu . Grupo Escolar em Igarassu . Antiga Cadeia Pública de Igarassu A antiga Cadeia de Igarassu, prédio onde funciona também a Câmara Municipal, foi construída a meados do século XVIII . Rua Barbosa de Lima, Convento do Sagrado Coração de Jesus . Orfanato em Igarassu, Convento Franciscano . Casa-grande do Engenho Monjope (Mendel Fotografia - Museu da Cidade do Recife) . Pintura da Vila de Igarassu (Ateliê de Jan Brosterhuisen) . Pintura de Frans Post, 1660 . *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com) . Fontes: Iphan/Arquivo Noronha Santos, Sítios Históricos e Conjuntos Urbanos de Monumentos Nacionais - Volume I: Norte, Nordeste e Centro-Oeste (Iphan/Programa Monumenta), Inventário Nacional de Bens Imóveis/Sítios Urbanos Tombados - Manual de Preenchimento - Volume 82 (Iphan/Edições do Senado Federal) e IBGE.

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Culto ecumênico, cantata e exposição no ciclo natalino da Fundaj

Integrando o calendário sociocultural e religioso da capital pernambucana, a Fundação Joaquim Nabuco promove hoje, dia 13 de dezembro a Cantata Natalina da Fundaj. O evento será realizado a partir das 16h no Solar Francisco Pinto Guimarães, localizado na sede da instituição, na avenida 17 de agosto, em Casa Forte, no Recife, e marca a estreia do Coral da Fundação. A entrada é gratuita, podendo ser levado um 1kg de alimento não perecível para contribuir com a Campanha Natal sem Fome, da qual a Fundaj é parceira neste ano. A celebração tem início com culto ecumênico, que contará com a presença do arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, e líderes de outras religiões, como evangélica, católica ortodoxa e umbanda. "Será um momento de orações, música e arte. Mas tendo como foco principal a união em torno da arrecadação de alimentos para a Campanha Natal sem Fome", destaca o presidente da Fundaj, Antônio Campos. # A ação da Cidadania Pernambuco Solidário, que realiza a Campanha Natal Sem Fome no estado, será responsável pela celebração. “O Ato Ecumênico de Oração pela Paz Natal Sem Fome é inspirado numa iniciativa de Dom Helder Câmara, que realizou uma reunião de tradições cristãs e não cristãs pela primeira vez em janeiro de 1994, logo após a primeira edição pernambucana da campanha”, relembra o coordenador estadual, Anselmo Monteiro. Na ocasião, a campanha arrecada alimentos não perecíveis. Em seguida, às 17h, acontece a estreia oficial do Coral da Fundaj, formado por servidores e colaboradores da casa de Nabuco, sob a regência do maestro Jadson Oliveira. O repertório é composto de canções natalinas de domínio público, como “Noite Feliz”, “Jingle Bells”, e músicas como “A Paz”, da banda carioca Roupa Nova. Integrantes de outros grupos, como o coral da Chesf e da Banda Sinfônica de Paulista farão participações na apresentação. “O natal é um momento para confraternização. Por isso, são importantíssimas essas parcerias. A música também tem o poder de unir as pessoas. Esperamos despertar o verdadeiro espírito natalino neste dia”, destacou o maestro Jadson Oliveira. Na sequência, a Banda Sinfônica de Paulista realizará uma apresentação especial. Composta por instrumentos de sopro, vai do repertório natalino aos clássicos internacionais. Exposição Cartuns postais Para encerrar o evento, às 18h, a Fundaj lança a exposição “Um passeio por meio da arte nos monumentos históricos de Pernambuco”, do desenhista pernambucano Humberto. Composta por 12 cartuns, que passarão a integrar o acervo da Casa, a obra passeia por construções arquitetônicas marcantes do estado e, com bom humor, adiciona a estes cenários personalidades como Gilberto Freyre, João Cabral de Melo Neto e Abelardo da Hora. “Os traços de Humberto levam a personalidades de nossa terra, como o patrono da Fundação, o abolicionista Joaquim Nabuco. Mas também a um passeio pelo Estado, retratado na beleza do carnaval de Olinda e do Forte Orange, marco da presença holandesa e portuguesa na Ilha de Itamaracá”, comenta Antônio Campos. A exposição será aberta na Sala Baobá, onde ficará em cartaz por um mês.

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Caminhada neste domingo celebra o título de Patrimônio da Humanidade de Olinda

O título de Patrimônio da Humanidade de Olinda, conferido pela Unesco, completa 37 anos neste sábado (14.12) e uma atividade pelas ruas históricas será realizada em comemoração. Apoiada pela Secretaria Executiva de Patrimônio, a Caminhada Domingueira sairá do Pátio do Mosteiro de São Bento, às 8h, neste domingo (15.12). Tendo como um dos organizadores o professor o Francisco Cunha, a ação já redescobriu diversos pontos de Pernambuco. No mês de novembro, por exemplo, mais de 100 caminhantes percorreram quatro quilômetros, saindo da Praça da República, no Recife. Patrimônio Cultural da Humanidade O título de Patrimônio da Humanidade foi concedido pela Unesco em 1982, depois de uma luta iniciada pela Prefeitura em 1978, com o apoio de personalidades como o embaixador olindense Holanda Cavalcanti, o então ministro Eduardo Portela, além de Aloísio Magalhães. Com esse título, Olinda inscreveu-se na lista de monumentos mundiais e figura ao lado de bens da humanidade como a Catedral de Notre-Dame, em Paris, o sítio arqueológico de Nemrut Dag, na Turquia, o Parque Nacional do Serengeti, na África, e a Cidade do Vaticano.

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Há 160 anos o Recife recebia a visita de Dom Pedro II

Em 1859 era o Recife a mais importante capital das províncias do Norte do Brasil, possuindo um movimentado ancoradouro, o Teatro de Santa Isabel (1850), o Palácio do Governo (1841), um moderno Cemitério Público (1851), Gabinete Português de Leitura (1851), a Casa de Detenção (1856), o Ginásio Pernambucano (1855), a Faculdade de Direito (transferida de Olinda em 1853), iluminação à gás carbônico em suas ruas centrais (1859), com as obras da ferrovia Recife-São Francisco iniciadas, quando se anunciou a visita do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Tereza Cristina. A notícia da visita foi trazida pelo vapor Milford Haven, que fez com que toda população ficasse à espera da armada imperial por todo o dia 21, segundo noticia o Diario de Pernambuco, de 22 de novembro de 1859: "Desde as cinco horas da madrugada, inúmeras famílias transportaram-se às ruas da Cadeia e do Colégio [Rua do Imperador e Praça 1817] por onde deveria passar o préstito imperial, os trabalhadores deixaram suas ocupações, os artistas largaram suas oficinas, os Corpos do Exército estiveram em seus quartéis, prontos ao primeiro sinal, o povo, enfim tendo ansiedade e prazer estampados nos semblantes, vagou de um a outro lado nas imediações do Cais de Desembarque e lugares e onde existem preparados iluminações e regozijos. – Ainda porém desta vez falharam os cálculos dos inventores de notícias.” A chegada do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Tereza Cristina acontece no dia 22 de novembro de 1859, a bordo do navio Apa, sendo descrito com cores forte pelo Diario de Pernambuco do dia seguinte, com direito a registros do fotógrafo Augusto Stahl (Bérgamo, Itália 1828 – Alsácia, França 1877), que se encontrava no Recife documentando os trabalhos da Estrada de Ferro Recife – São Francisco. O noticiário da chegada ocupa toda primeira página do Diario de Pernambuco de 23 de novembro, ressaltando o noticiarista a exclamação do Imperador ao desembarcar: “Pernambuco é um céu aberto e, na realidade, a Veneza Americana, seduzia e encantava, pois, como mágica sereia estava deslumbrante de esplendores”. A visita do imperador e da imperatriz a Pernambuco é contada em noticiário diário pelo periódico fartamente ilustrado O Monitor das Famílias – Periódico de Instrução e Recreio – Série Extraordinária, cujo primeiro número circula na data de 2 de dezembro de 1859. A estada do casal se prolonga até 24 de dezembro de 1859, quando às cinco horas da manhã embarcam com destino ao Porto de Cabedelo, na Paraíba. Durante sua temporada em Pernambuco Dom Pedro II fez sucessivos passeios ao Recife (Arsenal de Marinha, Hospital [Pedro II], Asilo de Mendicância, Gasômetro, Arsenal de Guerra, Madalena, Remédios, Afogados, Saneamento, Hospital Militar, Caxangá, Açude do Prata, Apipucos, Monteiro, Beco do Quiabo, Poço da Panela, Igrejas de São Pedro, Pilar, São Francisco, do Carmo, Conceição dos Militares, Belém), bairros de Santo Antônio, São José e do Recife, Alfândega, Cemitério de Santo Amaro, Lazareto do Pina, Várzea, Montes Guararapes, Fundição Starr, Ginásio Provincial, Teatro Apolo), conforme se depreende das anotações do seu Diário. Organizado por Guilherme Auler, Recife: Arquivo Público, 1952. Em plena juventude, aos 34 anos, Dom Pedro II mostrou-se grande cavaleiro enfrentando cavalgadas pelo interior da província, onde teve oportunidade de conhecer Olinda, Igarassu, Bujari, Goiana, Tejucupapo, Itamaracá (onde foi conhecer a mangueira de Sancha), Vitória de Santo Antão, Tabocas, Escada, Jaboatão, Pirapama, Moreno, Rio Formoso, Tamandaré; aproveitando para conhecer as obras da Ferrovia Recife-São Francisco em suas oficinas no Cabo de Santo Agostinho e no Túnel do Pavão.

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Museu Murillo La Greca lança edital de ocupação cultural

A cultura exerce papel fundamental na formação dos cidadãos e cidadãs, enriquece sua capacidade de refletir sobre o mundo que os cerca e a si mesmos. Ela é considerada, também, direito garantido pela Constituição Federal. Com o intuito de contribuir para a produção e difusão cultural do Estado, o Museu Murillo La Greca, equipamento mantido pela Prefeitura do Recife, lança convocatória para pessoas interessadas em apresentar propostas para a "Agenda La Greca", temporada 2020. As inscrições, gratuitas, estão abertas até o dia 11 de janeiro de 2020 e podem ser feitas via formulário online: http://bit.ly/3745Nwn . Podem se inscrever artistas, arte-educadores, coletivos, curadores e produtores, os quais terão propostas avaliadas por da comissão de seleção formada por profissionais atuantes nas artes visuais. Cada proponente poderá inscrever uma ou mais propostas. As atividades serão desenvolvidas no horário de funcionamento do museu: de segunda à sexta, de 9h às 12h e 14h às 17h; e, aos sábados, das 15h às 18h. Profissionais que precisarem de horário extra devem discriminar suas necessidades, as quais serão avaliadas pela comissão. Link para edital e anexos: http://bit.ly/2OmS2QX Informações e dúvidas podem ser esclarecidas pelo e-mail educativommlg@gmail.com e pelo telefone (81) 3355-3129. Sobre o Museu Murillo La Greca Inaugurado em 1985, o Museu Murillo La Greca tem como proposta o fomento de pesquisas, diálogos e formações voltadas para as artes visuais contemporâneas, relacionando as práticas do hoje com os processos de memória e patrimônio atrelados às construções museais. Ao desenvolver o compromisso em fortalecer discussões e ações no campo das artes, faz-se necessário a transdisciplinaridade com outras esferas como pensar o meio ambiente e as relações com a comunidade e vizinhança, sempre pautadas na presença ética e social. Portanto, numa política de respeito à pluralidade de grupos étnicos, de classes, de cultura e de gênero, não contendo assim nenhum conteúdo discriminatório e invisibilizador. --

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Piu Piu, um olhar poético sobre um dos mais antigos transformistas do Recife

“Quando a cortina se abria, sob um universo colorido de plumas e paetês, ela surgia no palco, serpenteando movimentos lascivos, ao som de uma rumba ou de um merengue” (Leda Rivas, Diario de Pernambuco, 1986). Piu Piu, como era conhecido o ator, cenógrafo e figurinista Elpídio Lima foi, talvez, um dos primeiros transformistas do Recife. O personagem recebeu uma homenagem em documentário dirigido por Alexandre Figueirôa, com sessão marcada para a próxima quinta-feira (21), às 19h, na programação da sétima edição do Recifest, no Cinema São Luiz, no Recife. Nos anos 1950 e 1960, ele atuou na Companhia Barreto Junior, nos palcos dos teatros Almare e Marrocos, onde imitava as cantoras e atrizes Sarita Montiel e Carmem Miranda. Foi também um dos criadores da Companhia Tra-la-lá, de teatro rebolado. “Descobri a existência de Piu Piu a partir de uma matéria publicada, em fevereiro de 1986, no caderno Viver, do Diario de Pernambuco, de autoria da jornalista Leda Rivas. Nela, Elpidio Lima, já com 65 anos, aposentado e vivendo de maneira modesta como costureiro numa pensão na Rua da Glória, contava, em entrevista, um pouco de sua vida nos palcos iniciada ainda muito jovem, com apenas oito anos de idade, num internato em São José da Laje, Alagoas”, conta o diretor Alexandre Figueirôa. O filme tem como principal intenção homenagear esse artista, cujos vestígios de sua carreira, com exceção da matéria de Leda Rivas, são apenas algumas poucas fotos e notas publicadas nos jornais do Recife nos anos 50 e início da década de 1960. Piu Piu segue também o caminho de outros trabalhos audiovisuais que Figueirôa tem realizado – “Eternamente Elza” (2013) e “Kibe Lanches” (2017) – no sentido de trazer aos dias de hoje, personagens que, bem antes das conquistas dos movimentos LGBTQI+, assumiram de alguma forma, uma atitude pioneira e libertária, diante da forte discriminação e opressão aos homossexuais. Piu Piu não é, todavia, um documentário biográfico dentro dos padrões clássicos do gênero. É um docudrama poético cujas imagens evocam o espírito de um artista vivenciando um Recife do passado e do presente, ou seja, um personagem real que vagueia por um tempo não determinado e que, apesar de estar mergulhado numa sociedade conservadora, expressou seus desejos através da arte. “A realização deste curta foi um trabalho prazeroso de descoberta de um personagem e de revisitação a uma época em que a moral e os costumes conservadores vigentes eram subvertidos pelos artistas de teatro das comédias populares, revistas e chanchadas”, explica o diretor. E ele se concretizou graças à dedicação de uma equipe pequena que abraçou a brincadeira com muita garra e alegria: Alexandre Figueirôa, na direção; Túlio Vasconcelos, na produção; Sérgio Dantas e Jonatan Oliveira, na direção e assistência de fotografia; Chico Lacerda, na montagem; e principalmente, o ator Julio César no papel de Piu Piu, cujo desempenho mostra como ele encarnou pra valer esse personagem que não conhecemos em vida, mas merece toda nossa admiração e respeito. Também assinalamos nossa reverência aos entrevistados Luís Maranhão e Valdi Coutinho, cujos testemunhos foram fundamentais para a composição da narrativa. Nossos agradecimentos vão ainda a Fernando de Albuquerque, Cleberson Rafael, Duda Correia, Cristiano Arthur da Silva, Fred Nascimento, Lau Veríssimo, Marcos André F. de Albuquerque, Cícero Belmar, João Batista de Lima, Eliú, Luiz Carlos Ferreira, Paulo D’Arce, Taína Veríssimo e Yeda Bezerra de Melo Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=TvdP4IU4rDU

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Azougue Nazaré: Música e Cinema

Por Yuri Euzébio Ontem eu tive a felicidade de assistir à estreia do filme “Azougue Nazaré” no cinema São Luiz. Já tinha visto a produção pernambucana numa sessão especial do Janela de Cinema ano passado e me encantei com a história dos maracatuzeiros de Nazaré da Mata. Logo, quando soube desse evento de lançamento na casa do cinema pernambucano, não perdi tempo e fui conferir de perto mais uma vez que eu não sou besta nem nada. O filme conta a história de alguns moradores da Mata Norte do estado, sua relação com o Maracatu e o fenômeno de crescimento das religiões neopentecostais da cidade. A partir da cultura do Maracatu Rural, que tenta sobreviver em meio a pressão e da perseguição do extremismo religioso e do completo descaso das autoridades acompanhamos o cotidiano daquele povo. O resultado é uma história leve, bem-humorada e uma empolgante mistura de cultura popular, música, dança e fantasia. Com destaque para a trajetória de Catita (Valmir do Côco), a fera de Nazaré, um sujeito cuja vida só ganha importância em meios aos rituais do maracatu, apesar da insistência de sua mulher, Darlene (Joana Gatis), em tirá-lo desse ambiente e convertê-lo a uma religião evangélica. A música é uma espécie de personagem invisível da saga, tanto pelo elenco formado por grandes nomes do cancioneiro popular de Nazaré da Mata, como Mestre Barachinha, o maior mestre de maracatu vivo do Estado de Pernambuco, Mestre Anderson Miguel, nome promissor da nova geração, Mestre Bi e Valmir do Côco, que se revelou um dos grandes atores pernambucanos da nova geração, quanto pela trilha sonora marcante e que rege os grandes momentos do filme, com nomes diversos como Pablo e Morris Albert, com a impagável “The Man From Nazareth”, mas que encontra sua síntese na obra de Siba, com duas músicas presentes na trilha, uma em versão repaginada por Mestre Anderson Miguel, um afilhado do antigo integrante do Mestre Ambrósio e outra instrumental na apoteose do filme. Siba, que por sinal, é um dos grandes expoentes da música feita na Zona da Mata Norte, com seu trabalho com a Fuloresta e em parcerias com Mestre Barachinha ou Mestre Anderson Miguel. Sérgio Veloso de Oliveira, ou Mestre Siba, foi um dos primeiros a destacar a potência da música de Nazaré e a leva-la a outros patamares no Brasil e no Mundo, merecido que ganhe destaque na trilha. Um dia ainda irei falar da minha admiração por esse grande poeta popular. Mas voltando ao filme, a obra é dirigida por Tiago Melo, que também é produtor e roteirista em conjunto com Jerônimo Lemos. Distribuído pela pernambucana (!!!) Inquieta Filmes, numa linda trajetória de força do cinema local, a produção estreou ontem em 17 cidades e 23 cinemas do Brasil. A sessão de estreia aqui no Recife, reuniu diretor, distribuidora, elenco equipe técnica numa linda celebração da força do cinema do Estado e foi seguido por uma festa na Rua da Aurora em frente ao cinema com a presença do Som na Rural do grande Roger de Renoir e com apresentações do Maracatu Cambinda Brasileira e do Coco Canavial, embalados por Mestre Barachinha, Valmir do Côco e João Paulo. Enfim, esse texto todo foi só uma forma de dizer que o cinema de Pernambuco não cansa de surpreender, sendo também instrumento para alçar luz a uma cultura popular do interior do Estado onde a música se faz muito forte e presente. E pra dizer também que se eu fosse tu, não perdia tempo e ia logo ver esse grande filme que é Azougue Nazaré. Vai timbora logo!!

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Terça Negra homenageia matriarca do terreiro Ilê Obá Ogunté

Reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil, em 20 de setembro de 2018, o Ilê Obá Ogunté Sítio de Pai Adão é considerado o primeiro terreiro de Pernambuco, terceiro do país e primeiro do Brasil de nação Nagô. Localizado no bairro de Água Fria O espaço foi criado, em 1875, pela africana Inês Joaquina da Costa (Infá Tinuké). Como parte das comemorações do mês da Consciência Negra, o projeto Terça Negra celebra a memória da matriarca do Sítio, Tia Inês - como também era carinhosamente conhecida. Nesta terça, a partir das 19h, o Pátio de São Pedro recebe o Maracatu Raízes de Pai Adão, Maracatu Aurora Africana, Afoxé Omô Inã, Afoxé Povo de Oguntê, Coco das Estrelas, Escola de Samba Gigantes do Samba. O encontro deverá ser um dos mais marcantes e emocionantes do ano, em uma época na qual o racismo e a violência contra os povos de terreiro atentam contra a diversidade do povo brasileiro. Dia da Consciência Negra Escravizado ainda criança, durante o período do Brasil colonial, Zumbi morreu em 20 de novembro de 1695 lutando pela liberdade do povo do Quilombo dos Palmares. Com o intuito de manter viva a memória do personagem histórico e gerar reflexões e ações de combate à discriminação racial, a data foi estabelecida oficialmente no Brasil. Terça Negra Realizado pelo Movimento Negro Unificado (MNU) - com apoio da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura, da Fundação de Cultura Cidade do Recife -, a programação da Terça Negra se estende durante todas as terças de novembro. Além da celebração do Mês da Consciência Negra, as apresentações marcam os 20 anos do projeto. Serviço Terça Negra - Mês da Consciência Negra Dia 12 de novembro, a partir das 19h Homenagem a Infá Tinuké (Tia Inês) Atrações: Maracatu Raízes de Pai Adão, Maracatu Aurora Africana, Afoxé Omô Inã, Afoxé Povo de Oguntê, Coco das Estrelas, Escola de Samba Gigantes do Samba Local: Pátio de São Pedro - Bairro de Santo Antônio, centro do Recife Entrada gratuita

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