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Gostava Mais dos Pais 1 credito Francio de Holanda

Humor e herança: espetáculo de Bruno Mazzeo e Lucio Mauro Filho terá sessão extra no Recife

Sucesso de público em todo o Brasil, "Gostava Mais dos Pais" homenageia os ícones Chico Anysio e Lucio Mauro com reflexões bem-humoradas sobre o legado familiar, envelhecimento e a era digital. Foto: Francio de Holanda Após esgotar ingressos para as três sessões inicialmente anunciadas no Teatro do Parque, o espetáculo “Gostava Mais dos Pais”, estrelado por Bruno Mazzeo e Lucio Mauro Filho, ganha uma sessão extra no dia 24 de maio, às 17h. A montagem, que tem lotado teatros em todo o país desde sua estreia em março de 2024, chega ao Recife com apresentações entre os dias 23 e 25. A obra mistura humor e sensibilidade ao abordar os desafios de viver à sombra de dois gigantes da comédia brasileira: Chico Anysio e Lucio Mauro. Sob direção de Debora Lamm, a peça se estrutura em esquetes que cruzam histórias pessoais dos atores com temas contemporâneos, como cancelamento, viralizações e fake news. O texto, assinado por Aloísio de Abreu e Rosana Ferrão, parte de reflexões levantadas pelos próprios intérpretes. “Esse espetáculo é, antes de tudo, a celebração da grande amizade que nossos pais passaram para nós”, define Lucio. Bruno completa: “Na peça nós os usamos para falar sobre a passagem do tempo e a tentativa de entender o nosso lugar nesse mundo novo”. Com cerca de dez personagens e versões caricatas de si mesmos, os atores também refletem sobre o peso do sobrenome e a pressão para se manterem relevantes diante das transformações tecnológicas e culturais. “É uma reflexão também sobre o desejo de não remar contra a maré e ao mesmo tempo entender os novos tempos. Ou seja, nós não somos youtubers, nós não sabemos fazer um TikTok. Então, o que a gente faz?”, provoca Bruno. A resposta vem em forma de humor inteligente e crítica social, enquanto Daniela Thomas assina o cenário com imagens de arquivo que ampliam a carga afetiva do espetáculo. “Gostava Mais dos Pais” diverte ao rir de si mesmo e emociona ao explorar vínculos familiares, maturidade e identidade. A montagem ultrapassa os 78 mil espectadores e confirma sua força ao se conectar com diferentes gerações. “Rir de si mesmo é humor esperto. Numa mistura de autoficção e variados personagens, os meninos fazem um divertido panorama de suas próprias trajetórias”, analisa Debora Lamm. SERVIÇO – GOSTAVA MAIS DOS PAIS📅 23 de maio (sexta), às 20h📅 24 de maio (sábado), às 17h (sessão extra) e 20h📅 25 de maio (domingo), às 18h📍 Teatro do Parque – Rua do Hospício, 81, Boa Vista, Recife📞 Informações: (81) 99488-6833🎟️ Ingressos à venda no site Eventim:

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Crônica: Calma bença

Nós, brasileiros, somos os melhores em rirmos de assuntos sérios que, de tão sérios, acabam virando piada. Porém, a polarização política que vivemos – aliás, diga-se de passagem, estrategicamente alimentada pelo atual governo – tem o poder de destruir até mesmo laços familiares e antigas amizades. Remédio para isso tem, minha gente: o bom humor. Vamos levar a vida na base do sorriso, pessoal. Alegria, meu povo! Quando seu primo postar em defesa do trabalho infantil, manda uma foto dele, de fralda, empurrando um carrinho e diz que ele tem experiência na função de flanelinha desde sempre. Quando a tia defender a nomeação do filho do presidente como embaixador nos EUA, envia foto dela fritando hambúrguer e diz que ela também merecia o cargo. Emende com o convite para uma cerveja porque você quebra o tenso clima. Ninguém resiste a uma gelada. Nem sua tia. Defendi a Reforma da Previdência e fui atacado por amigos esquerdistas com agressividade. Critiquei a política de educação do governo e fui agredido verbalmente por familiares direitistas. Saibam todos vocês, amigos do coração, que não tenho lado neste FLA x FLU. Defendo ideias que acho positivas para o Brasil. Não esqueçam as palavras de Millôr, queridos: “O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O socialismo é o contrário.” A intolerância com ideias antagônicas tem invadido até mesmo os processos judiciais. Como atuo na área jurídica, evidentemente, que a argumentação é minha matéria- prima. Ferramenta de trabalho. Mas o jurista nasce vaidoso, na sua grande maioria. Então, se escreves algo contrário aos pensamentos – interesses, sejamos claros – de outrem, pronto! Acabou-se o mundo! Assim tem sido. Não há data vênia que impeça a ira do contrariado. Seja ele o advogado, a própria parte contrária ou o Juiz que viu sua decisão, despacho ou ordem contestada. Dias desses, em debate, defendi o direito de o trabalhador escolher se deseja uma relação autônoma ou empregatícia. Aliás, sobre isso, assistam ao excelente documentário Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar, escrito e dirigido por Marcelo Gomes. Mostra a vida, o trabalho, sonhos e desejos do povo de Toritama, capital do jeans, que prefere caminhos autônomos e independentes em suas atividades, geralmente exercidas em pequenas confecções instaladas no quintal da própria casa, também conhecidas como facções. Lá todos parecem trabalhar incessantemente, exceto no Carnaval. Voltando, quase apanhei ao vivo no debate! Escutei até um “idiota” vindo da plateia. E um “fuleiro” também. Essa doeu. A primeira nem ligo. Já me habituei. Defenderei até a morte o direito da exposição das ideias do outro, em qualquer situação, ainda que não concorde com sua linha de pensamento. Espero que façam o mesmo comigo. O nome disso é democracia. Calma, bença!

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Vende-se apartamento (por Joca Souza Leão)

Triste e chorosa, a viúva foi ao balcão de classificados do jornal providenciar o anúncio fúnebre. “Pequenininho e na página mais baratinha” – recomendou ela. “Meu marido era um homem simples.” Da parte dela, economizou nas palavras. Nome, só citou o do morto. “Sua esposa, filhos, parentes e amigos comunicam...” Como sobrou espaço, ela aproveitou: “Vendo Chevette 1970. Ótimo estado de conservação. Único dono. Preço de ocasião.” Assim tô eu aqui, mano, aproveitando o espaço da crônica pra vender o meu apê. Excelente apartamento no Espinheiro (com vista, ainda que discreta e distante, para o oceano). Grande (pra mim, que moro sozinho, enorme). Varanda (de casa grande). Jardineira (na verdade, jardim). Quatro suítes (com armários e maleiros). Dois closets. Três salas (de uma pra outra, dá pra passear de patinete). Copa, cozinha e área de serviço formidáveis (formidável é adjetivo antigo; mas o fato é que não se constrói mais apartamentos como este). Duas dependências de empregada. Um por andar. Três vagas na garagem (mas, com jeitinho, cabem quatro carros). Preço de ocasião! Se alguém aí, leitor, leitora, estava pensando em comprar o Chevette, saiba que o anúncio fúnebre funcionou. A viúva o vendeu no velório mesmo. Pois é, meus caros, se a viúva vendeu o Chevette aproveitando um anúncio fúnebre, porque não haveria eu de vender o meu apê com esta crônica, publicada em página nobre, na maior e melhor revista impressa e eletrônica do Norte/Nordeste? O corretor diz que é a crise. Que crise? Quem nunca ouviu falar que, em mandarim, o ideograma crise é representado por perigo + oportunidade? E a China taí, gente boa, a segunda maior economia do mundo, caminhando pra primeira. Ou seja, conjugando crise com oportunidade. E que tal aproveitar a promoção, exclusiva para os leitores da Algomais? Apartamento supimpa, com Corolla seminovo na garagem.

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A cadeirinha de seu Aldo (Por Joca Souza Leão)

Nunca tinha pensado nisso. Achava que era invenção de Fernando Sabino num conto. E que tudo tinha acontecido porque o personagem era um sujeito grandalhão e morava num edifício com elevador pequeno e escada estreita. Mas não. Nem tudo, no conto, era invenção de Sabino. O elevador do meu prédio, mesmo, era de bom tamanho e a escada bastante larga. E seu Aldo, meu vizinho, nem era tão grande assim. Eu tinha uma reunião às nove. Se o trânsito estivesse ruim, chegaria atrasado. “Parado para manutenção”, dizia a plaquinha na porta do elevador social. Fui para o de serviço. Toquei no botão várias vezes. Bati na porta com a chave do carro. E nada. O bicho não descia. Já ia interfonar pra portaria, quando a porta se abriu. Dois homens e seu Aldo, morador do 16º, estavam no elevador. Seu Aldo de pijama e cabeça baixa, como se estivesse dormindo, sentado numa cadeira. Os homens tinham suas mãos sobre os ombros de seu Aldo. “Está morto” – disse-me um deles. E a porta se fechou. Elevador e escada de edifício são só para gente viva. Caixão de defunto não cabe em elevador nenhum. E, pela escada, em pé bate no teto; deitado não faz as curvas entre os andares. “Daqui não saio, daqui ninguém me tira; daqui só saio sentado na cadeirinha de seu Aldo.” Disse eu no dia em que me mudei pra cá, há mais de 20 anos. Não há nada que perturbe mais o juízo do que mudança. Em casa nova, você é hóspede. Só vira sua com o tempo. E bota tempo nisso! Quer um conselho? Não pinte sua casa. Ela correria o sério risco de parecer nova. E, com a pintura, eles tirariam aquele prego que está na parede há um tempão, não pendura mais nada, mas já pendurou. E toda vez que você olha pra ele, pensa em pendurar alguma coisa. E seus livros, recortes e anotações? E os endereços e telefones que você ia (ia mesmo?) passar para a agenda? Nunca mais. E a tesourinha de unha? Adeus! A parede do meu corredor tem uma mancha que já foi várias coisas, elefante, urso e, agora, é Karl Marx (enquanto não virar Trump nem Temer, fica lá). Trocar a mobília? Nem pensar! Veja só que coincidência, caro leitor. Esta crônica já estava alinhavada, quando recebi um e-mail de Everardo Maciel com uma crônica de Machado de Assis que eu nunca tinha lido nem ouvido falar. Diz Machado num trecho: Eu guardei um exemplar da folha (jornal) para acudir às minhas melancolias, mas perdi-o numa das mudanças de casa. Oh! não mudeis de casa! Mudai de roupa, mudai de fortuna, de amigos, de opinião, de empregados, mudai de tudo, mas não mudeis de casa! Mudar de morada, Everardo, só sentado na cadeirinha de seu Aldo.

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O jovem príncipe e a verdade traz música e humor à CAIXA Cultural Recife

O espetáculo musical infanto-juvenil O Jovem Príncipe e a Verdade estará na CAIXA Cultural Recife de 19 a 21 e de 26 a 28 de janeiro de 2018. Com direção de Regina Galdino, o texto de Jean-Claude Carrière ganhou música original, executada ao vivo, assinada por Fernanda Maia. A história fala do Jovem Príncipe que, para se casar com sua amada, sai pelo mundo em busca da Verdade, acompanhado pelo engraçado Contador de Histórias. As apresentações acontecem às 19h nas sextas (19 e 26), com tradução em LIBRAS, às 16h e 19h nos sábados (20 e 27) e às 10h nos domingos (21 e 28). Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia) e estarão à venda a partir das 10h do dia 18 (sessões dos dias 19, 20 e 21) e do dia 25 (apresentações dos dias 26, 27 e 28). A divertida comédia estreou em janeiro de 2014 (SP) e no mesmo ano recebeu indicações ao Prêmio FEMSA por Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Ator Coadjuvante, e foi considerada pela Revista Veja e Revista Crescer como uma das melhores peças em cartaz. O elenco é afiado, formado por Alexandre Meirelles, Filipe Peña, Leonardo Santiago e Amanda Banffy (que também assina a tradução da peça e a direção de produção). A ficha técnica traz ainda Luis Rossi na cenografia, Fran Barros na iluminação e Rosângela Ribeiro no figurino. O Jovem Príncipe e a Verdade é a única peça para crianças escrita por Carrière - autor francês contemplado com prêmios como Oscar, Molière e César por diversos trabalhos. É uma história baseada em "contos filosóficos" (não moralizantes) da tradição oral de todo o mundo. O autor ganhou fama por colaborar na escrita de Mahabharata, de Peter Brook, e de quase todos os filmes de Buñuel, inclusive Bela da Tarde e Discreto Charme da Burguesia. Segundo a diretora Regina Galdino, o texto foi transformado em musical sem perder seu caráter filosófico e simbólico, nem o poder de síntese proposto pelo autor. “As músicas dialogam com o texto e as letras são inteligentes e divertidas”, comenta. Tarefa executada com primor por Fernanda Maia, profissional reconhecida pelos prêmios Shell, APCA, FEMSA, entre outros. A montagem também circula pela CAIXA Cultural em Curitiba e no Rio de Janeiro. O enredo ganha ritmo e descontração com músicas como “O Burro”, “O Príncipe”, “Ao Norte, ao Sul, a Leste e a Oeste” e “O Crocodilo”. Elas funcionam tanto para apresentar personagens, quanto para narrar a história, mostrar a passagem de tempo ou sublinhar as diferentes regiões por onde os personagens passam. Para acompanhar a interpretação dos atores, o espetáculo tem a participação de dois músicos: Eduardo Albertino (no piano) e Marcos Rochael (no clarinete). O enredo A história de O Jovem Príncipe e a Verdade é inspirada, entre outros, em um antigo conto indiano (A Mentira da Verdade), sobre um príncipe que recebe a missão de encontrar a “Verdade” para poder se casar com a jovem que ama. Pronto para cumprir sua missão, o Jovem Príncipe (Leonardo Santiago) inicia uma viagem pelo mundo, sempre acompanhado pelo Contador de Histórias (Filipe Peña); este personagem foi inspirado no hilário Nasreddin Hodja, homem de grande senso de humor que viveu no Oriente Médio, contador de anedotas e que tinha sempre uma resposta na ponta da língua para todo o tipo de pergunta. Juntos, eles vivem incríveis aventuras em cada região por onde passam. Regina Galdino explica que “como Carrière cria a figura do ‘narrador’ (o Contador de Histórias) baseado na figura de Nasreddin Hodja e o ‘Jovem Príncipe’ tem origem em um conto indiano, os dois personagens foram mantidos no universo oriental. E eles passeiam pelas diferentes situações propostas no texto, atravessando diversas regiões e períodos históricos, misturando oriente e ocidente por meio do contato com os outros personagens”. O Jovem Príncipe, porém, não encontra uma definição simplista para a “Verdade”. O tema é tratado como uma surpreendente questão filosófica. Sua jornada é uma grande metáfora: um jovem em busca do amadurecimento, até se tornar um homem capaz de contar sua própria história. O espetáculo consegue, com maestria, provocar reflexão, curiosidade e muitas gargalhadas. E o final desta história está bem longe do típico “felizes para sempre” dos contos de fadas. O Jovem Príncipe e a Verdade promete surpreender. OFICINA – No dia 21 de janeiro será realizada a oficina gratuita A Verdade das Estrelas, que vai ensinar sobre teatro e elementos da peça o Jovem Príncipe e a Verdade. A oficina acontece das 14h às 17h e é voltada a crianças e jovens de 8 a 14 anos. As inscrições foram encerradas no dia 14 de janeiro. Serviço: O Jovem Príncipe e a Verdade Local: CAIXA Cultural Recife Endereço: Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife, Recife/PE Fone: (81) 3425-1915 Período: 19 a 21/01 e de 26 a 28/01/2018 Horários: Sextas - 19h; Sábados - 16h e 19h; domingo - 10h30 Ingressos: R$ 10 e R$ 05 (meia para estudantes, professores, funcionários e clientes CAIXA e pessoas acima de 60 anos) – vendidos a partir das 10h do dia 18 (para sessões dos dias 19 e 20(para as sessões dos dias 27 e 28) Classificação Indicativa: Livre  

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O jovem príncipe e a verdade traz música e humor à CAIXA Cultural Recife

O espetáculo musical infanto-juvenil O Jovem Príncipe e a Verdade estará na CAIXA Cultural Recife de 19 a 21 e de 26 a 28 de janeiro de 2018. Com direção de Regina Galdino, o texto de Jean-Claude Carrière ganhou música original, executada ao vivo, assinada por Fernanda Maia. A história fala do Jovem Príncipe que, para se casar com sua amada, sai pelo mundo em busca da Verdade, acompanhado pelo engraçado Contador de Histórias. As apresentações acontecem às 19h nas sextas (19 e 26), com tradução em LIBRAS, às 16h e 19h nos sábados (20 e 27) e às 10h nos domingos (21 e 28). Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia) e estarão à venda a partir das 10h do dia 18 (sessões dos dias 19, 20 e 21) e do dia 25 (apresentações dos dias 26, 27 e 28). OFICINA – No dia 21 de janeiro será realizada a oficina gratuita A Verdade das Estrelas, que vai ensinar sobre elementos da peça o Jovem Príncipe e a Verdade. A oficina acontece das 14h às 17h e é voltada a crianças e jovens de 8 a 14 anos. São 25 vagas e as inscrições podem ser feitas de 8 a 14 de janeiro de 2018, pelo email gentearteirape@gmail.com. É preciso indicar nome, idade e contato da pessoa interessada.

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Bucho de piaba (junho)

Minha sogra diz, com toda razão, que sou bucho de piaba. Sabe o que isso significa? Segundo o dicionário de pernambuquês, pessoa fofoqueira. Aquele que não guarda segredo. Verdade! Minha sogrinha querida tem razão. Se você tiver algo secreto não me conte, de jeito nenhum. Sinto coceira na língua e vontade incontrolável de passar adiante a coisa proibida. Saboroso é deter o sentimento de poder durante aqueles valiosos minutos. Sim, sustento somente por alguns instantes. Nada mais além disso. Meu recorde foi de três sufocantes horas. Pensava que ia morrer entupido. Até que vomitei o sigilo para o primeiro que apareceu na minha frente. Ufa! Que alívio! Se a fofoca é da boa, ligo imediatamente para mãe: -Não sei se conto. -Vai menino, diz logo. -Não sei se não conto. -Vai menino. -É uma bomba, mãe! Tu não tem noção. -Conta looogooooo! Por sacanagem, antes de contar, desligo na cara dela, só para apimentar o mistério. Logo o telefone toca: Bruno, conteeee...eu sou sua mãe...estou mandando. - Não sei se conto. - Vai! Filho da mãe! - Não sei se não conto. - Ah, menino danado! Vou desligar! - Tá bom! Tá bom! Eu contoooo! Dano-me a dividir a confidência com mãe. Tive a quem puxar. Ali gosta de “dois dedos de prosa”, viu!? Meu pai não era diferente. Pense num macho fofoqueiro. Quando sabia de alguma novidade, entrava em casa assoprando. Quando era história de chifre gritava: “é gaaaaaiaaa”! E a gente pulava feito pipoca atrás dele: “Quem? Quem foi? Quem é o corno? Conta logo!” É bom demais isso de falar da vida alheia. Desde que seja sem maldade, claro. Sem diminuir ninguém. Só para divertir e colocar cadeira na calçada. Confesso que sinto remorso, mas se o proprietário do segredo não o segura, por que o farei? Só guardo segredo meu. Segredo dos outros compartilho. Afinal, quando o senhor possuidor da reserva me revela aquilo que não deveria relatar, perdeu, naquele exato momento, a propriedade sobre a confidência. A intimidade deixa de ser alheia e passa a ser própria. Vira patrimônio meu. A partir daí, faço o que bem entender. Se és o legítimo proprietário de um bem valioso chamado segredo, por favor, não o divida comigo. Não arrende, empreste, doe, alugue, venda, enfim, não pactue com este bucho de piaba o seu tesouro porque, certamente, descumprirei o acordo avençado. Ademais, não terás como cobrar multa, em razão da incontestável ausência de previsão contratual. Falando nisso, vocês não sabem o que me contaram ontem... Não sei se digo... ...Conto? - Alô, mãe!?...

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