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Mais Música

Um 2020 com muita música pernambucana

Por Yuri Euzébio Começamos 2020 do mesmo modo que encerramos 2019: de olho na música pernambucana. Entre lançamentos, shows, novas produções de artistas locais e a proximidade do carnaval, o novo ano promete muita coisa boa pros ouvidos dos amantes da boa música. Veja só um tantinho do que vem por aí. COMBO X CAI NO FREVO COM CIFRÃO O Combo X, projeto de Gilmar Bolla 8 e Bactéria, aposta no frevo para animar o carnaval 2020. “Cifrão é um frevo alegre, pra cima, e ao mesmo tempo, descontente com os caminhos do Brasil”, resume Gilmar. “Afinal, carnaval é para brincar e contestar”, completa. Os arranjos de “Cifrão” contam com metais e uma percussão agitada para criar a levada frenética que um bom frevo pede. A letra da música indaga repetidas vezes: “cadê o dinheiro?”, pergunta recorrente no dia a dia dos brasileiros desde que Brasil é Brasil. “É canção perfeita para cantar em coro nas ladeiras de Olinda, nas ruas do Recife Antigo e em um bom baile de carnaval. É frevo, de Peixinhos para o mundo”, descreve Gilmar. COMBO X: Em 2012, Gilmar Bolla 8, percussionista e fundador da Nação Zumbi, convocou um time de músicos de Peixinhos, bairro de Olinda, para apresentar um arsenal poderoso de alfaias, timbales, baterias e muitos efeitos. Com seu disco de estreia, "A Ponte" (2013), Gilmar Bolla 8 recebeu quatro indicações ao Grammy Latino, passou por palcos disputados de festivais como o Rec-Beat, e deixou uma sonoridade explosiva de ritmos africanos combinados a elementos tradicionais da cultura popular nordestina. Seis anos depois, Combo X apresenta "Meu Brinquedo", segundo disco do projeto, que celebra o encontro de dois ícones da música pernambucana: o próprio Gilmar Bolla 8 e Bactéria, tecladista e ex-Mundo Livre S&A, que atualmente está na banda de Otto e encabeça outros projetos musicais como Rozenbac. Combo X conta, ainda, com os talentos de Rinaldo Carimbó (percussão) e Izídio Lê (sopros). Em dezembro de 2019, Combo X fez a estreia de “Meu Brinquedo” no palco do Espaço 170 em São Paulo, durante a noite dos 20 anos da produtora Diversão e Arte, no SIM São Paulo. SIBA LEVA SUA CORUJA MUDA PARA OLINDA O cantor, compositor, músico, poeta e um dos mais inquietos e inventivos artistas de Pernambuco Siba lança "Coruja Muda" , seu terceiro e último álbum solo, com um show hoje (10/01) no Clube Atlântico, no bairro do Carmo, em Olinda. Apostando em ritmos locais e na tradição da poesia oral da região da Zona da Mata Norte de Pernambuco, o álbum é permeado por referências ao coco de roda, da embolada, zambê, toré, tudo isso envolto a guitarra, baixo e bateria numa mistura que quem já conhece a carreira do cantor sabe que é bom. O show se concentrará nas 11 faixas do disco, mas é certo que um ou outro clássico do repertório do poeta sempre pode aparecer. Sou suspeito pra falar, mas não dá pra perder uma maravilha dessa não. O show ainda vai ter participação de Mestre Bi, um dos novos nomes do Maracatu de Baque Solto que vem dando o que falar a frente do Maracatu Estrela Brilhante de Nazaré da Mata. Siba é um dos artistas mais originais e prolíficos do Estado, unindo tradição e modernidade desde os tempos de Mestre Ambrósio, passando por uma nova proposta de linguagem com a Fuloresta do Samba e resgatando a guitarra para construir um novo som na carreira solo. Não é toda noite que um mestre da cultura popular se apresenta por aqui, então eu, se fosse tu, não perdia de jeito nenhum.Eu, que não sou besta nem nada, estarei lá!! Serviço Show de lançamento do disco “Coruja Muda”, de Siba Sexta-feira (10), às 21h Clube Atlântico de Olinda – Avenida Sigismundo Gonçalves, 1002, Carmo, Olinda Ingressos: R$ 80 (inteira), R$ 45 (social, levando 1 kg de alimento não-perecível) e R$ 40 (meia) MARCELO CAVALCANTE, UM NOME PRA FICAR DE OLHO  O cantor e violonista Marcelo Cavalcante é um recifense radicado em Olinda. Envolvido com a cultura popular de Pernambuco, Marcelo acompanhou artistas como Mestre Ferrugem, Dona Cila do Coco e Dona Glorinha do Coco. Atualmente, ele lançou-se em carreira solo, com o frevo “Alto do Bonsucesso”, que saiu no Carnaval de 2019. Na mesma época, Marcelo montou, junto com Juvenil Silva, Marília Parente e Feiticeiro Julião o grupo Avoada, de música folk regional, com letras que falam do momento atual do país. Marcelo viajou por Pernambuco e Paraíba junto à Avoada, que se caracteriza como um projeto itinerante, gravando videoclipes na estrada e tocando pelos interiores do Nordeste. Em dezembro de 2019, o músico lançou o compacto “O Lobo de seu Ego Infernal”, com duas canções e direção musical de Thiago Gadelha, produtor da Toca do Lobo Records. Marcelo também participou do 48°FENAC, em MG, com a música “Passeriforme”.  Também gravou na trilha do espetáculo “Vento Forte Para Água, Bolha e Sabão”, com direção musical de Samuel Lira. Marcelo Cavalcante é figura constante nas noites olindenses, tocando um repertório de MPB e samba. Foi nessas noites que ele criou o Samba do Carcará, projeto que mistura música brasileira com a temática da resistência política. Cavalcante é um desses novos nomes que estão agitando a música alternativa local, participando ativamente de várias movimentações artísticas e construindo seu espaço com produção autoral. É um nome pra ficar de olho nesse ano que inicia. Se liga que o caba é bom.

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Encontro do Maracatu Nação Estrela Brilhante com a Orquestra Afrosinfônica

Por Yuri Euzébio Uma orquestra ancestral clássica, é assim que podemos definir o trabalho da Orquestra Afrosinfônica (BA), o grupo foi criado há 10 anos em Salvador, desconstruindo padrões mais tradicionais e evidenciando a cultura e a musicallidade afro-brasileira. Desde 2009, a orquestra resguarda a história por meio do canto.  São 22 integrantes que misturam a base da música clássica européia, em comunhão com a riqueza sonora do povo ao qual estão inseridos. É um dos grandes conjuntos musicais brasileiros, com um trabalho singular e que mantém viva a tradição e as características de um povo. Fundado em 1910, por ex-escravos entre os fundadores do Maracatu Nação Estrela Brilhante, destaca-se o Seu Cosme, pescador que cresceu em Igarassu na segunda metade do século XIX. Com residência no Alto José do Pinho, Marivalda Maria dos Santos, a famosa Dona Marivaldaque também é rainha da Nação é a atual presidente do Estrela Brilhante. Os grupos se encontram e dividem palco, no Alto José do Pinho, na próxima sexta-feira (20), a partir das 20h. Com regência do Maestro Ubiratan Marques, o encontro ocorre na Rua Severino Bernardino Pereira, 197 e é o segundo da série patrocinada pela chamada pública “Música em Movimento”,da Petrobras (o primeiro foi realizado em Salvador durante o Novembro Negro e contou com a participação do bloco afro Malê Debalê). O evento que é completamente aberto ao público também conta com o apoio da Prefeitura de Recife e realização da ONG Casa da Ponte. A Afrosinfônica faz uma abordagem erudita a pesquisas sonoras e conceitos intimamente ligados à música afro-brasileira, expressando-se sob forma de poemas sinfônicos. O conceito “afrosinfônico” cunhado pelo maestro, decorre da dissecação de elementos dessas expressões musicais para a composição de temas inéditos e tratamentos posteriores, como a criação de arranjos sinfônicos e orientação da expressão que se pretende extrair de cada instrumento da orquestra. Serão incorporadas ao repertório da orquestra, três músicas com arranjos sinfônicos criados especialmente para a ocasião: “Mãe D’água” e “Ponto de Oxalá” são adaptações de pontos de orixá das nações Ketu e Nagô, de domínio público, constantes do repertório do maracatu Nação Estrela Brilhante, e “Baião da Penha”, de Guio de Morais e David Nasser, foi a música escolhida para homenagear o pernambucano Luiz Gonzaga e seu repertório. Há também “Nação Maracatu do Amor”, que é mais que uma homenagem ao também pernambucano Maestro Moacir Santos, que assina a composição (com Nei Lopes) e arranjo. Essa música apresenta a tradição na qual está inscrito o trabalho de arranjo sinfônico do Maestro Ubiratan Marques, dada pela aproximação entre a música sinfônica e expressões da música popular, remontando a Moacir Santos e Heitor Villa-Lobos. Assim devem ser recebidas “Mãe D’água” e “1835” (apresentada no concerto de Salvador). A Orquestra Afrosinfônica ainda reserva para o concerto a música “Maracatu do Congo”, parceria entre o Maestro Ubiratan Marques e Mateus Aleluia. O Maestro criou um tema musical do cancioneiro popular que remete ao imaginário de uma filarmônica entrando na cidade, à frente de uma procissão, e Mateus Aleluia responde com a história de um Rei do Congo que se converte ao cristianismo, e depois, numa surpreendente reviravolta, o abandona para retornar a sua religião original. A música se relaciona com a religião de diversas maneiras, pernambuco já se estabeleceu como palco para festivais e shows de religiões cristãs, esse encontro serve como um reconhecimento e uma louvação da importância e da potência musical das religiões de matriz africana pro Estado, além de ser uma grande oportunidade para celebrar a riqueza espiritual e cultural do brasil, especialmente do Nordeste.  Mais uma vez, se eu fosse tu, não perdia por nada!! SERVIÇO ORQUESTRA AFROSINFÔNICA E O MARACATU NAÇÃO ESTRELHA BRILHANTE SE ENCONTRAM EM APRESENTAÇÃO INÉDITA NO RECIFE Na sexta-feira (20), às 20h, na Rua Severino Bernardino Pereira, 197, Alto José do Pinho. Entrada gratuita   --

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O que rolou no Coquetel Molotov

Por Yuri Euzébio Em meio à recessão econômica enfrentada pelo país, o Festival No Ar Coquetel Molotov mantém sua relevância apostando forte em nomes da cena local ao mesmo tempo em que trouxe também artistas de força no cenário nacional. Reunindo milhares de pessoas no Caxangá Golf & Country Club, o evento começou de tarde e entrou pela madrugada, numa estrutura de três palcos, com espaço para alimentação e feira de produtos num ambiente que proporcionava certo conforto ao participante. Com uma programação eclética, que foi da ciranda até o bregafunk, passando pelo rap e pelo pop experimental, o festival abraçou os mais diferentes públicos em torno da música. Já no fim da tarde no palco Natura, a pernambucana Clarice Falcão apresentou seu mais novo trabalho “Tem Conserto”, que marca uma guinada eletrônica na carreira da cantora. A nova produção da artista envolve sintetizadores e beats numa nova roupagem que cativou o público, acompanhando tudo do início ao fim. Abrindo o palco principal, um dos shows mais esperados da noite, Mc Tha trazendo as músicas de seu "Rito de Passá", um dos álbuns mais bem avaliados de 2019. Trazendo muita energia no palco, a paulista levou sua mistura dos elementos do funk à temática ancestral levantando o público presente. Ainda no início da noite, o palco Coquetel Molotov recebeu Lia de Itamaracá no show de estreia do seu mais novo álbum, “Ciranda sem fim”. Com uma banda azeitada, o patrimônio vivo de Pernambuco fez a plateia balançar, e logo se formaram várias rodas de ciranda na platéia. Era nítida nos olhos da cirandeira a felicidade em estar naquele palco entoando suas cirandas e alguns boleros que compõem seu cd. Ao final da apresentação, a rainha da ciranda foi aclamada pelo público. No palco Sonic foi possível presenciar a potência e a força de Bione, nome alçado das batalhas de Slam e que vem ganhando espaço na cena musical. Em uma das apresentações marcantes do festival, ninguém conseguiria notar que era a primeira apresentação da jovem cantando em um palco. Com músicas de seu primeiro mixtape “Saí da frente...”, a poetisa demonstrou que tem um grande futuro no meio musical e encheu de orgulho sua mãe que estava na plateia. Luiz Lins foi outro dos jovens pernambucanos que fez bonito, o músico de Nazaré da Mata foi o único a participar das duas etapas do festival (Belo Jardim e Recife). Acompanhado por uma banda, o que trouxe uma nova dinâmica para o seu som, o artista foi mais uma das gratas surpresas do festival. Com um vozeirão indefectível, o jovem desponta como um dos grande nomes da música pernambucana. A cantora Liniker estreou no Molotov com o show do seu prestigiado segundo álbum, "Goela Abaixo". Em uma breve apresentação, a paulista demonstrou toda sua presença de palco e a potência da sua azeitada banda, Os Caramelows. Em um dos shows mais lotados do festival, a banda entoou boa parte de seu segundo CD, além de alguns hits do começo da carreira. Talvez o principal nome do evento, o rapper paulista Black Alien fez jus à expectativa de seu retorno ao Recife depois de cinco anos. A apresentação fez um apanhado da carreira do músico, com música dos seus três álbuns lançados, o celebrado Babylon By Gus – Vol I, o retorno com Babylon By Gus – Vol II até o sucesso do mais recente de Abaixo de Zero: Hello Hell. Gustavo Black Alien não decepcionou os fãs e fez uma das melhores apresentações do festival, com suas rimas ágeis e batidas frenéticas, o músico levou o público abaixo e prometeu voltar em breve. Convém registrar o pleno funcionamento do sistema de bares, é elogiável a organização do evento com a dinâmica da compra de fichas e da retirada funcionando de maneira rápida e sem burocracias. A acessibilidade também foi outro ponto de destaque, a quem portava alguma deficiência locomotiva fez-se o possível dentro do terreno do Caxangá Golf & Country Club. Do ponto de vista comunicacional, foi um show à parte dos intérpretes de libras presentes nos palcos Natura e Coquetel Molotov. Os profissionais traduziam com entusiasmo e graça as letras das músicas e com uma habilidade para acompanhar mesmo músicas com uma cadência mais rápida na velocidade, como as do rapper Black Alien. O encerramento do festival congregou música eletrônica em suas variações rítmicas. A programação envolveu novos e consagrados nomes da cena que vem em franco e exponencial crescimento.

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Final de semana com muita música

Por Yuri Euzébio O fim de semana reserva opções variadas para quem, assim como esse intrépido colunista que vos escreve, curte uma boa música. Diversos shows estão programados para acontecer e abrangem os mais variados públicos. Cometo a ousadia de tentar convencer você que lê essa ilha textual sonora a acompanhar alguma dessas apresentações. Por minha conta e risco. Comemorando 30 anos de carreira em 2019, a banda Eddie participa do 3° Festival da Juventude, que é uma realização da Prefeitura do Recife em parceria com o No Coquetel Molotov, e acontecerá amanhã (9/11), a partir das 13h, no Parque da Macaxeira, Zona Norte do Recife. O grupo, desde o seu início, no fim da década de 80, sempre levantou a bandeira de Olinda, levando o som urbano da periferia da cidade misturado ao rock, punk e outros ritmos, como samba, frevo, reggae, surf music, coco e pop numa embalagem que os músicos batizaram de Original Olinda Style, título de um dos clássicos álbuns da banda. A trupe liderada por Fábio Trummer já lançou oito discos, incluindo clássicos como "Metropolitano" (2006) e Carnaval no Inferno (2008). Dentre seus maiores sucessos estão “Pode me Chamar”, “Baile pra Betinha” e “Bairro Novo/Casa Caiada”. Ano passado, eles lançaram seu último disco de estúdio “Mundo Engano”, produzido por Pupillo. Com o tema #DefendendoDireitos, o Festival da Juventude completa três anos e se consolida no calendário cultural da capital, com a proposta de promover um encontro de celebração entre as diversas expressões da juventude da cidade. Para 2019, a estimativa é de um público de mais de 5 mil jovens. A prévia do Festival No Ar Coquetel Molotov é aberta ao público, e contará além da apresentação da Eddie, com os shows Margot, Arrete, Halo, 9K, Okado do Canal e o Afoxé Omim Sabá. Além disso, o Festival traz artistas circenses, oficinas, feira com artesanato e gastronomia, apresentações dos grupos culturais juvenis selecionados em edital, exposição e discotecagens, contemplando os mais variados gêneros musicais curtidos pela juventude pernambucana.   IVO THAVORA E DIZMAIA NO TERRA CAFÉ BAR   Já nesta sexta 08/11, Ivo Thavora e a banda Dizmaia se unem para uma festa dançante no Terra Café Bar. Ivo traz o repertório do seu disco de estreia, Rebento, lançado este ano, com algumas músicas de artistas que influenciam a sua carreira, como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Sandra de Sá. Já a Dizmaia, vem com pérolas do síndico mais querido do Brasil: Tim Maia, além de composições autorais de um novo projeto musical, que a banda pretende lançar no próximo ano. A noite ainda reserva um encontro dos artistas no palco, com clássicos da música popular swingada do Brasil. Ivo Thavora e DizMaia no Terra Café Bar Rua Bispo Cardoso Ayres, 467, Boa Vista – Recife Ingressos à venda no local ou através do sympla: https://www.sympla.com.br/ivo-thavora-e-dizmaia-no-terra-cafe-bar__704414   Recife recebe Encontro Nacional das Mulheres na Roda de Samba Voltando ao sábado, Recife receberá também a segunda edição do “Encontro Nacional das Mulheres na Roda de Samba”, com homenagem à cantora e compositora Leci Brandão, referência para todas as mulheres que trabalham com música. O evento tem início às 15h, no Terra Café - Bar, localizado no bairro da Boa Vista. A entrada do show, que conta com as apresentações de Karynna Spinelli, Nena Queiroga e Carla Rio, entre outras cantoras que representam o samba, custa R$ 10 + 1kg de alimento não perecível. Considerado o maior evento de mulheres sambistas, o projeto vai acontecer simultaneamente em 19 estados brasileiros. Além do Brasil, haverá representação de mulheres do samba em três países no exterior: Argentina (La Plata), Portugal (Lisboa) e, por último, Itália (Florença), totalizando 25 cidades. A abertura da roda de samba acontecerá às 17h (horário de Brasília), com transmissão ao vivo no Facebook, contemplando todas as cidades participantes. Na capital pernambucana, grandes expoentes do ritmo estarão presentes, como: Karynna Spinelli, Gracinha do Samba, Helena Cristina, Nena Queiroga, Amanda Cabral, Mannu Travassos, Michelle Monteiro, Monica Feijó, Carla Rio, Riá, Selma do Samba, Monike Carvalho, Pandora, Keka Villaverde, Leide do Banjo, Sofia Souza, Kelly Rosa, Chris Mendes, Mayra Clara, Amanda Gânimo, Isadora Melo, Luisa Perola, Tambores de Saia, Gerlane Gell, Marilia Fernandes, Martha Lacerda, Ana Carolina, Gabriela Wanda, Ana Paula Marinho, Aryane Vieira, Babis Regina, Gilvânia Leal, Carla Souza, Erlani Silva, Eneyda Rodrigues, Cinthya Pimentel, Paloma Lima, Laura Proto, Mannu Ferreira, Suelen Nunes e Rhaissa Silva comandam agito. Com o intuito de promover a representatividade feminina no samba, o projeto ainda conta com as participações de mais de 25 cantoras, 15 instrumentistas, produtoras, técnicas, fotógrafas, batuqueiras locais, além do Cortejo do Tambores de Saia, Feira de Artesanato com o Coletivo Quilombar, e Feira das Mulheres Pretas.

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Bruno Souto, Elomar e Torre. Confira os lançamentos.

Por Yuri Euzébio Eu ainda era um garoto, salvo engano na sétima série, quando eu uma visita a uma livraria me deparei com o álbum “Acima da Chuva” da Volver, uma banda que (eu só iria descobrir depois) tem o mesmo nome de um filme de Almodóvar. Confesso que comprei o CD pela capa, um registro histórico da Praça do Diário, e história sempre foi a minha matéria favorita. Bem, ainda que despretensiosamente e ao acaso, fui apresentado a uma das mais diferentes bandas surgidas no Recife pós-mangue. A Volver faz um rock simples, puro e cru dos anos 60 e até aqui já lançou três álbuns. A banda resolveu fazer uma pausa e o seu vocalista, Bruno Souto, embarcou na inevitável carreira solo. Na última quarta-feira (30/10), Souto disponibilizou nas plataformas digitais “Valsa”, álbum em comemoração aos seus 15 anos de carreira. “Já faz um tempo que eu pensava em regravar algumas músicas da época da Volver e tal. Não para superá-las ou mesmo renegar as originais. Queria lançar um novo olhar sobre algumas canções antigas, revisitá-las”, explicou. A nova produção do artista tem a bênção e a garantia de qualidade do selo Passa Disco, e surgiu da vontade do músico em celebrar seu tempo de carreira. “Batizei o disco de Valsa, pois a palavra reflete como enxergo o passar do tempo nessa minha trajetória até aqui: feito passos em uma dança de valsa. Também faço um paralelo subjetivo entre a valsa e a beleza melódica das canções, os arranjos de cordas, etc. Importante deixar claro que o disco não é um “best of” com as minhas melhores composições, nem um apanhado do que as pessoas gostam mais”, justificou. De acordo com Bruno, no início do projeto seriam apenas músicas da Volver, mas para fechar um conceito resolveu regravar músicas que percorressem toda a sua trajetória. “Todos os cinco discos que lancei nesse período (três com a banda e dois na carreira solo) teriam de ser contemplados, nem que fosse com apenas uma música de cada”, detalhou. A ideia amadureceu e ganhou também duas canções inéditas, na abertura e no fechamento do álbum. O álbum reconstrói belíssimas canções em novos arranjos mais intimistas e amplia o universo do artista. Se você , assim como eu, era fã da Volver não vai se arrepender. Se não era, não pode perder a oportunidade de ouvir esse som classe alta. Enfim, eu se fosse tu, não perdia a chance. Elomar e Titane apresentam concerto em Recife Elomar, assim como seu conterrâneo João Gilberto, não é muito afeito à entrevistas ou um marketing forte de sua imagem. Sua obra fala por si só, tal qual a do pai da bossa nova. Nesses nossos tempos de instagramização da vida, isso é encarado com muita estranheza, mas se você conhece a produção do baiano, certamente gosta dele mesmo com toda dificuldade de saber qualquer coisa do artista. Pois bem, aos 81 anos, Elomar, compositor, violonista e cantor, divide palco, mais uma vez, com a artista mineira Titane, em concerto no dia 10 de novembro, domingo, às 19h, no Teatro de Santa Isabel, no Recife. Com trajetória de 30 anos e 5 discos gravados, o mais recente trabalho da cantora, o CD "Titane canta Elomar – nas estradas das areias de ouro" (2018), marca um tempo inédito em sua carreira ao se dedicar à obra de um único compositor. Como nos concertos realizados em Belo Horizonte (MG) e Vitória da Conquista (BA), Elomar e Titane serão acompanhados por Hudson Lacerda (violões) e João Omar, instrumentista e maestro, filho de Elomar, que tocará violão e violoncelo. O repertório foi selecionado especialmente para o concerto. Os ingressos estão à venda na bilheteria do teatro e na Loja Passadisco. Informações para o público nas redes sociais da cantora Titane, da Liquidificador Produções ou pelo telefone do teatro (81) 3355 3323. SERVIÇO - Elomar e Titane em Recife (PE) 10 de novembro de 2019, domingo - 19h Teatro de Santa Isabel (Praça da República) VENDAS Ingressos a R$100 e R$50 (meia-entrada) Bilheteria do Teatro - Praça da República, 233 - Santo Antônio – (81) 3355 3323 ou Loja Passadisco - R. da Hora, 345 – Espinheiro - Galeria Hora Center – (81) 3268 0888 Classificação indicativa: livre Mais informações para o público: Facebook: https://www.facebook.com/oficialtitane/ e Instagram: @titaneoficial Liquidificador produções - https://bit.ly/2N2OBOv TORRE PINTA A INFÂNCIA EM SEU SEGUNDO SINGLE, “TINTA” Segunda música do disco Pág. 72 já está disponível nas plataformas digitais A Torre é uma banda da cena independente de Recife, que nasceu do encontro de Antônio Novaes (guitarra e synth), Danillo Sousa (baixo e backing vocals), Felipe Castro (vocal e guitarra) e Vito Sormany (bateria), no final de 2017. A banda mistura referencias do rock, pop e eletrônico. Seu disco de estreia rua foi bem aceito pela crítica e destacado como melhor disco do ano, por importantes veículos nacionais. “Pintar o mundo com tinta de infância”. Esse é o espirito de “Tinta”, mais novo single do quarteto pernambucano, lançado na última quarta-feira (30) nas plataformas digitais. Com audição marcada para próxima terça-feira (05), às 19h, no Estúdio Apollo 17, o single foi escrito a partir de fotografias antigas e nos traz o desafio de buscarmos no ontem, luz para o hoje, contradizendo as vozes adultas que nos dizem que precisamos ser adultos. Na energia e na simplicidade de suas mensagens, a Torre quer ser criança e nos chama para participar da brincadeira através das diversas formas que podemos lembrar da nossa infância. A nova canção brinca com o muno imaginário dos pega-pegas e esconde-escondes. Mundo de criança arteira que não quer saber a hora de parar. O novo trabalho, Pág.72, marcado para ser lançado em novembro, no festival No Ar Coquetel Molotov, é um experimento focado nas memórias e reflexões sobre o passado e propõe uma experimentação como condutor para novos ambientes, sendo uma experiência sensorial quase física, com texturas, lugares e cenários, criados pela mistura dos sons que brotam e tomam formas. Ouça TINTA: Serviço: TORRE PINTA

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Ana Garcia: "Uma experiência como o festival pode ser transformadora para as pessoas"

Por Yuri Euzébio Com nomes do calibre de Lia de Itamaracá (PE), Clarice Falcão (PE), Black Alien (SP), OQuadro (BA),Sevdaliza (Irã / Holanda), Liniker & os Caramelows (SP), Dani Costa (PE), Aventura (PE), DJ Gui Boratto (SP), Gop Tun(SP), MC Tha(SP) e muito mais, o festival pernambucano No Ar Coquetel Molotov se consagra como um dos mais importantes do Brasil e chega a sua 16ª edição, no dia 16 de novembro, no Caxangá Golf Club, com uma programação variada e que vai além da música. Mostra Play The Movie, Molotov Negócios, intervenções artísticas, acessibilidade, parcerias com a Women Friendly - Empresa Amiga da Mulheres e Keychange (iniciativa internacional pioneira que estimula o equilíbrio de gênero na programação dos festivais), são algumas das ações promovidas pelo festival, que fazem do No Ar, um espaço que vem transformando a realidade da música local e nacional. Conversamos com a diretora do festival Ana Garcia, sobre o evento, curadoria, legado, negócios, emoções, dificuldades e o polêmico gênero brega funk. Confiram a entrevista exclusiva para a coluna Mais Música: Com as últimas edições sendo realizadas no esquema sold out, ou seja, com todos os ingressos esgotados, explica como é ter que fazer um festival perfeito pra tanta gente. Como costumam trabalhar? Estamos vivendo uma época difícil de crise econômica e política. E já existem diversos estudos sobre os millennials (nova geração) preferirem ficar em casa a sair. Então, estamos tentando a cada ano tornar o festival em uma experiência inesquecível e única. Certamente o festival não é perfeito e por ser feito sob tantas mãos criativas que procura realmente passar uma experiência inovadora, todo ano aprendemos algo novo. Além disso, o festival tem os seus limites financeiros. O maior desafio é criar experiências, ativações e novidades com uma verba limitada e talvez isso seja o que torna o festival tão interessante tanto para quem participa, como quem trabalha. Não queremos ter um padrão, queremos fazer um festival criativo que pode ser realizado em qualquer parte do mundo e temos a sorte que esteja acontecendo no Recife. O que mudou da primeira edição do festival até hoje? E o que você enxerga de mais positivo? Eu acho que os festivais da 1ª a 10ª edição foram festivais bem diferentes, em locais fechados, com público limitado e sem as dificuldades e responsabilidades de realizar um festival ao ar livre. Então, as mudanças são infinitas desde estrutura, tamanho de equipe a organização. Sem falar que começamos a realizar um festival em uma época que tinha poucos festivais e quase nenhum liderado por mulheres. Eu brinco que apesar de estarmos na nossa 16ª edição, esta é a 6ª edição do festival, tudo mudou depois que fomos para a Coudelaria Souza Leão em 2014. O público aumentou bastante e com isso a nossa responsabilidade de conseguir atender a todos com a maior segurança possível. Mas acho que uma das maiores mudanças foi entender que o festival não é apenas um local para assistir música e sim um ponto de encontro onde podemos discutir políticas. Por isso a importância de uma programação equilibrada, com 50% das mulheres ocupando os palcos, ter treinamento com toda equipe de segurança e bar com o Women Friendly, ser obrigatório o Copo Eco para tornar o evento mais sustentável e por aí vai. Acho que mesmo com todo crescimento, ainda temos muito o que aprender e vejo isso como algo muito positivo. É uma forma de continuar a maquina árdua para fazer melhor e maior sempre. O No Ar é conhecido por inspirar outros eventos e festivais do Brasil, seja nas ações ou na escolha do Line – Up. Como vocês pensam a curadoria do evento? A curadoria é um quebra cabeça. Recebemos muito material de bandas do mundo inteiro, vamos para muitos shows, somos constantemente convidados para participar de feiras e festivais no Brasil e fora do mundo e o mais legal é a colaboração do público. Galera cria hashtags e sempre tentamos entender se faz sentido abraçar o movimento ou não. Mas claro que isso tudo depende muito do nosso orçamento. Também tentamos fechar parcerias, como o Natura Musical que nos permite trazer artistas do programa, ou instituições como o Embaixada dos Países Baixo e Instituto Conceição Moura. O mais importante é ter a novidade e manter uma programação fresca onde as pessoas queiram ver pelo menos 80% da programação. Algumas marcas estão preocupadas não apenas em realizar um evento perfeito hoje em dia. Também pensam no legado que vão deixar. Que legado o Coquetel espera deixar para o público e pra cidade? Acho que no começo do Coquetel Molotov só queríamos mudar a vida das pessoas, nem que fosse apenas de uma pessoa. A música salva vidas e sabemos disso. Uma experiência como um festival pode ser transformador para as pessoas. Mas acho que queremos ajudar a criar um público antenado, consciente e ativo. Inspirar outros festivais, mostrar que é possível criar algo novo, ter políticas dentro dos eventos e buscar a igualdade. Outra coisa importante que o festival promove, é o Molotov Negócios com palestras e workshops gratuitos importantes. O que podemos esperar dessa iniciativa? Percebemos que está cada vez mais difícil para os artistas locais viajarem e participarem de diversas feiras e conferências fora de Recife. Além disso, tentamos preencher um buraco que existe ao trazer festivais, blogs, players de mídia que dialogam de uma forma mais próxima com o público que queremos atingir que é mais focado no indie, rock e mpb. Acho que no fim, complementa com muita coisa que rola na cidade. Mas a nossa programação é gratuita e tentamos ter um foco em artistas do interior que tem mais dificuldade de ter acesso a esse tipo de conteúdo. A primeira edição com palestras, oficinas e pitchings foi um sucesso. Foi a primeira vez que fizemos uma rodada de negócios em formato pitching e isso ajudou as bandas a se organizarem melhor para realizarem as suas apresentações para um grupo de compradores. Estamos muito ansiosos com os encontros

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Juvenil Silva, um operário do rock pernambucano

Por Yuri Euzébio Os anos 70 representam um marco na cultura e na música mundiais. Marcada pela psicodelia, pelo rock'n’roll e pelo movimento hippie, essa década deixou um legado de diversidade e liberdade para as gerações posteriores. No Nordeste, o período representou um despertar de um movimento musical forte e marcado pelo caráter regionalista. Uma turma nova surgiu do Ceará a Pernambuco, passando pela Paraíba. Diversos novos nomes apareceram e revelaram ao Brasil um Nordeste pop onde frevo, forró e maracatu se misturavam com uma atitude rock'n’roll. Juvenil Silva é um setentista que nasceu tarde demais. O músico e multiartista pernambucano já tem três álbuns lançados, sempre fazendo rock com influências da psicodelia e do desbunde dos anos 70. Começou na música desde cedo e de forma despretensiosa como parece levar a vida até hoje. “Eu tenho 34 anos e desde os 14, 15 anos de idade que eu troquei a minha bicicleta por um baixo velho e fiquei tentando aprender umas músicas fáceis, aí já fiz uma banda sem muita expectativa de nada”, relembrou. “Sempre gostei de escrever, comecei então a compor loucamente e sempre deixei a galera cantar porque tinha muita vergonha dessa coisa de ser o frontman, eu não me via nesse papel”, pontuou. “Com o tempo, vez ou outra, num bar mostrando música nova pros meus amigos de outras bandas, eles chegavam e diziam ‘Ah, cara, é muito diferente quando tu interpreta as tuas músicas, tu devia cantar’, depois de muita gente falar isso eu resolvi tentar”, concluiu. O músico caminha desde o início por uma trilha própria, em paralelo à sombra da influência manguebeat, mas de ouvidos atentos ao que lhe contorna. Em 2013, lançou seu primeiro disco “Desapego”. "Foi meio que tranquilo, eu tava com uma grana e tinha promoção no estúdio, podia ensaiar de graça. Eu aproveitei e falei ‘vamo gravar’”, detalhou. “Escolhi dez músicas fáceis, ensaiei e gravamos o disco rapidamente e continuei minha vida sem a pretensão de ser um artista, fui pular o Carnaval, de repente apareceram várias matérias sobre o disco. O pessoal descobriu meu som e começou a fazer resenha e a aparecer proposta de show”, confessou. Ele teve que montar uma banda pra tocar no Abril Pro Rock, porque havia gravado o disco sozinho. No mesmo ano, Juvenil tocou em todos os festivais da cidade. Um ano depois dessa estreia, ele emendou com a produção de um segundo disco. “O segundo disco foi um processo mais profissional, ensaiando bastante, com banda, uma produção refinada”, explicou sobre “Super Qualquer no Meio de Lugar Nenhum” de 2014. Meio que por acaso, sem nunca se dar conta do que estava acontecendo, o compositor foi ampliando seu leque de atuação na cena musical independente e autoral da cidade. “Eu comecei a produzir festival, como o Desbunde Elétrico que durou 10 anos, comecei a tocar com outras pessoas”, destacou. Representante de uma cena musical da cidade ligada à psicodelia, rock e retomada do espírito setentista, o artista explica como essa época o influencias. “Existe muito o negócio de choque de geração, uma geração nega a outra é o que dizem. Nos anos 70 existiam uma parada, depois veio o manguebeat que inventou uma coisa nova e depois vieram ouros jovens roqueiros como a gente e resgatamos os anos 70”, pontuou. “Nós não dávamos muita moral pro manguebeat, estávamos ouvindo as coisas mais velhas, mas também jogando pra realidade que vivíamos.  Acho que foi isso, daqui a pouco as gerações mais novas vão vir e achar uma merda esse som que fazemos. E depois de um tempo, vai ter uma galera curtindo a gente”, refletiu. “Hoje em dia, eu sou um cara totalmente nem aí pra isso. Não sou muito fechado a nicho ou a galera, eu vou mais por energia”, ponderou. Figura simples e cativante, a ponto de trocar essa ideia com esse intrépido colunista em um bar brindando uma cerveja, Juvenil Silva segue fazendo a trajetória de seu caminho com acentuadas curvas ao contrário do esperado. O importante para ele é manter a sinceridade em sua vida e obra. “Eu dou muito mais valor, se o trabalho é sincero, do que aquele cara que finaliza algo aparentemente bom, mas forjado. Eu to mais pro lado do coração mesmo”, admitiu. Pro futuro, o músico planeja, à sua maneira própria, gravar um próximo álbum e retomar sua carreira solo, simultaneamente em que mantém seus inúmeros outros projetos como a Avoada, banda de música independente que formou com seus amigos, ou o espaço cultural TV Tumulto. “Eu não sei como eu vou findar esse próximo disco ainda, eu vou deixando rolar. Esse ano eu só compus e guardei as músicas, mas agora, enquanto eu vou executando meus projetos, eu vou gravando o meu próximo trabalho”, instigou. “Domingo a domingo, acordando cedo e dormindo tarde com um bom operário do rock”, concluiu.

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Amaro Freitas: sopro de renovação do jazz chega em Serra Negra

Por Yuri Euzébio Desde o Movimento Manguebeat, a música de Pernambuco se notabilizou pela mistura de ritmos e sons. A revolução sonora promovida pelos caranguejos com cérebro deixou um forte legado para as gerações seguintes de músicos do Estado. O pianista Amaro Freitas é um dos nomes da nova música local que honra a tradição pernambucana de mistura sonora, ao unir o jazz com elementos afro-brasileiros e regionais. O músico vem renovando o gênero e sendo celebrado pela exigente crítica especializada. Prestes a embarcar para Serra Negra, onde iria ministrar uma oficina e depois realizar um show dentro da programação do Festival Nuvem, o generoso artista atendeu a coluna e falou sobre sua trajetória, música instrumental e as influências que o levaram a construir essa sonoridade. Ainda criança, quando vivia no bairro de Nova Descoberta, teve seu primeiro contato com a música a partir da igreja e seus passos iniciais a partir de uma formação musical informal. “Meu pai é multi-instrumentista, ele não é músico profissional, mas foi quem primeiro me ensinou a tocar um instrumento”, relembrou. “Quando eu completei 15 anos, eu entrei pro Conservatório e ganhei um DVD do Chick Corea e isso mudou a minha vida, porque eu só tinha contato com a música da igreja e quando eu ouvi Chick Corea eu pensei: ‘Caramba, como é que pode existir uma música dessa velho?’”, detalhou o instrumentista. O tempo do músico do Conservatório foi curto por falta de condições financeiras, mas isso não o fez desistir da carreira musical. “Foi aí que eu percebi que eu deveria trabalhar pra poder pagar meus estudos, passei um tempo vendendo pão nas escadarias de Nova Descoberta, paralelamente ia tocando em casamentos, festas, aniversários”, explicou. “Depois fui trabalhar de call center, passei a tocar com banda autoral, músicos sertanejos”, detalhou. Foi perseguindo seu sonho de realizar um trabalho de música instrumental, que o músico estudou Produção Fonográfica na Aeso Barros Melo e trabalhando numa pizzaria, conseguiu produzir seu primeiro disco “Sangue Negro”, que despertou a atenção da crítica especializada. De acordo com Amaro sua música é a representação do tempo em que vivemos. “Eu acho que a música autoral e atemporal tá totalmente relacionada ao seu tempo”, definiu. “Quando você escuta Beethoven, Chopin ou quando você escuta Tom Jobim, Villa Lobos ou Moacir Santos, você percebe nessas músicas a representação de um período. Tom Jobim, por exemplo, aquela música representa um Rio de Janeiro”, continuou. “E eu acho que a minha música traz a tona o tempo de hoje, em que vivemos, de certa forma, a paisagem sonora ruidosa das áreas urbanas, o caos, a agonia, o frenético”, destacou o músico. A música de Amaro Freitas reflete o modo que ele enxerga o mundo, sem distinções ou etiquetas. “Na verdade música erudita e popular são só rótulos que se inventam. Tudo é música, velho”, defendeu. “Eu acho que essa coisa da música nordestina com os instrumentos que são considerados eruditos e elitizados foram uma junção natural do instrumento que foi me dado e da influência do lugar onde eu vivo, da cultura, porque nós somos um estado onde o ritmo é muito forte”, explicou. E, ao contrário do que se pode pensar, o músico destaca que há um espaço crescente para a música instrumental na cidade. “Eu acho que falta, uma certa organização e isso partindo de vários setores, pra que a música instrumental do Recife tenha lugar toda semana, com público toda semana. Mas existe sim um público pra esse tipo de música aqui, tem o Panela Jazz, o Gravatá Jazz, o Riomar Jazz, o Mimo e todos lotados”, pontuou. O pianista se mostra animado em tocar no Festival Nuvem, encontrando no evento uma oportunidade de romper novas fronteiras com a sua música. “Esses pequenos e médios festivais acabaram sendo muito importantes, principalmente pra uma galera que tá chegando da música instrumental, porque possibilita agenda e o contato com um circuito que talvez não acessasse o interior”, celebrou. “Eu circulo muito em São Paulo, então é muito importante pra mim também estar nesses lugares que não são tão convencionais, onde eu acredito que o público vai estar muito feliz e receptivo”, comemorou o instrumentista. “Na oficina eu falo um pouquinho sobre a minha história, sobre gerenciamento de carreira, sobre harmonia e polifonia, de tudo um pouco”, explica. Para o futuro, Amaro coleciona planos e desejo de seguir trilhando pelo seu próprio caminho, levando sua sonoridade até onde for possível. “O que mais eu fico pensando é fazer um trabalho social que atenda a pessoas que não tenham acesso a esse tipo de música. Informar as pessoas sobre o valor de um piano, o que é um baixo acústico, tocar pra essas pessoas”, confidenciou. “No fim das contas, se essas pessoas não se sentirem tocadas é um direito delas, mas eu acho que a minha missão é dar acesso a uma música que não chega às pessoas e por isso não tem direito de escolha”, finalizou. Expoente da renovação do jazz brasileiro, Amaro Freitas emana a força e a potência de sua música. Ao mesmo tempo transmite a serenidade de quem tem certeza de que o caminho traçado é o único a seguir. Vem da periferia de Pernambuco, a mistura que revigora o jazz. SERVIÇO - FESTIVAL NUVEM Sexta-feira, 27/08 – Shows Local: Polo Cultural de Serra Negra DJ LêMer (19h30 – 20h) Arrete (20h – 21h) Radiola Serra Alta (21h20 – 22h20) Isaar (22h40 – 23h40) DJ LêMer (23h40 – 00h40) Sábado, 28/09 – Shows Local: Polo Cultural de Serra Negra DJs Clássico dos Clássicos (19h – 19h30) Amaro Freitas (19h30 – 20h30) Lucas Torres + Ciel Santos (20h50 – 21h50) Banda de Pífanos Zé do Estado (22h10 – 23h10) Em Canto e Poesia + Tonfil (23h30 – 00h30) DJs Clássico dos Clássicos (00h30 – 01h)

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Rogério Samico: Zen e multifacetado, artista se lança em carreira solo

Por Yuri Euzébio Com mais de 20 anos de atuação na música pernambucana, seja como produtor, compositor, cantor ou multi-instrumentista, Rogério Samico resolveu dar um novo passo na carreira lançando o seu primeiro álbum solo, intitulado apenas de “Samico”. Por telefone, um tranquilo Samico conversou com a coluna enquanto tomava um café e tentava se livrar de uma gripe. “Já era um desejo antigo, foi criando forma há dois anos, foi vindo à tona com mais força. Tinham várias ideias que estavam guardadas e chegou a hora de soltar isso pro mundo”, revelou o músico. Samico carrega uma energia leve e calma, e isso se reflete em sua música de natureza serena, que passa uma sensação boa a quem escuta. Nesse trabalho, o artista procurou estabelecer um laço entre Brasil e Angola a partir de suas vivências no país africano. “Tem muita influência do período que eu morei em Angola e a música africana ficou no meu sangue”, esclareceu. “Tem muita percussão. Basicamente os músicos que eu convidei pra gravar são percussionistas e esse é o norte que eu me guiei”, destacou. Um verdadeiro militante da música, o instrumentista não vê distinção entre as várias atividades que desempenha na produção sonora, para ele o importante é o prazer de construir e participar de diferentes linguagens musicais. “O que mais me instiga é fazer música, cada trabalho tem uma concepção musical diferente”, destacou. “Produzir o meu próprio disco foi um desafio maior ainda, porque cantar é uma coisa que eu gosto muito de fazer, mas não vinha praticando muito. Eu acho que nós somos água, vivemos mudando, agora meu desejo maior do mundo é cantar, mas amanhã eu posso pensar diferente”, reflete. Na última sexta-feira (6), o artista celebrou o lançamento do novo álbum em um show no Teatro Apolo e, com a tranquilidade costumeira, comemorou o sucesso do espetáculo. “Eu fiquei até surpreso, porque nós sempre esperamos que algo dê errado, porque no ao vivo sempre tem uma coisa ou outra que não dá certo”, confessou. “Mas foi um evento massa, todas as pessoas importantes pra mim estavam lá, o som foi feito por pessoas que eu gosto de trabalhar, a luz, a banda, o teatro que eu admiro, foi tudo maravilhoso”, comemorou o integrante da banda Marsa. Apesar da estreia com o pé direito na aventura solo, Samico continua com todos os projetos que já fazia parte e, inclusive, nos conta novidades sobre a banda da qual faz parte e que é sucesso entre o público alternativo recifense. “A Marsa tá gravando disco novo, vem coisa boa por aí. Continuo tocando com Lula Queiroga também. Todos os projetos seguem”, explicou. “Esse é um projeto meu que tava pra sair, mas que não impede nenhuma das outras coisas que eu faço, só vem acrescentar”. Ainda segundo Samico, a banda marsa faz um show de reencontro hoje no Terra Café Bar, quem quiser matar a saudade pode conferir a partir das 23 horas. Pro futuro, o músico planeja espalhar a leveza de suas canções pelo maior número de lugares que for possível. “Eu tô preparando a agenda de shows, quero fazer turnê, tocar pelo Brasil. Nós somos um trio no palco, e isso já foi no intuito de ficarmos mais leves pra voar”, pontuou o produtor. E é assim, livre e leve como um passarinho que Samico parece levar a vida, leveza parece ser a palavra que melhor define o músico e sua obra. Sabe o tipo da pessoa que você quer ser amigo mesmo sem ter visto?? Aquela admiração platônica?? Rogério Samico é desses seres de luz, além de ser um dos mais requisitados, versáteis e férteis músicos da cena pernambucana.

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