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Comunidades reforçam pedido por RESEX no Litoral Sul de Pernambuco

Campanha destaca papel do manguezal de Rio Formoso na segurança alimentar, na cultura e no equilíbrio climático Na véspera do Dia Internacional da Pescadora e do Pescador, comunidades tradicionais e organizações civis renovam o apelo pela criação da Reserva Extrativista (RESEX) do Rio Formoso, no litoral sul de Pernambuco. A proposta, que tramita há mais de 15 anos, visa proteger cerca de 2.240 hectares de manguezais entre os municípios de Sirinhaém, Rio Formoso e Tamandaré, garantindo o sustento de mais de 2.300 pescadores e pescadoras artesanais. O território abriga o último grande manguezal não urbano do estado e constitui um super ecossistema marinho, essencial para a reprodução de espécies ameaçadas como o peixe-boi, o cavalo-marinho e o mero. “A criação da RESEX do Rio Formoso é urgente para garantir a proteção legal de um território que já é cuidado coletivamente pelas comunidades tradicionais há décadas”, ressalta Nátali Piccolo, da Conservação Internacional (CI-Brasil). A proteção do mangue também está diretamente ligada à mitigação da crise climática. Além de armazenarem até quatro vezes mais carbono do que florestas tropicais, os manguezais atuam como barreiras naturais contra tempestades e filtram a água. Seu valor cultural é igualmente relevante, com espécies como caranguejo-uçá, aratu e ostra compondo a base da pesca artesanal e da culinária local. “Sem mangue limpo, não tem mariscada. E sem mariscada, não tem fungi”, diz Marô do Fungi, pescadora e cozinheira de Rio Formoso. Para fortalecer a mobilização, foi lançada a campanha #SemMangueSemBeat, que oferece uma plataforma online com cartas, informações e ferramentas para que a sociedade pressione o governo estadual a apoiar a criação da RESEX. O nome faz referência ao movimento Manguebeat, ícone da resistência cultural pernambucana, e reforça que proteger o mangue é também preservar a identidade do estado. ServiçoMais informações sobre a campanha: www.semmanguesembeat.com.brSobre a Conservação Internacional: www.conservacao.org.br

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A importância das Reservas Particulares do Patrimônio Natural para a conservação ambiental no Brasil 

*Por Sandra Pires As Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) são ferramentas valiosas para a preservação ambiental no Brasil. Previstas na Lei 9.985/00, essas áreas privadas têm o objetivo de dar ao particular a opção de proteger a biodiversidade. Diferentemente das demais categorias de unidades de conservação da natureza, como os Parques Nacionais, as RPPNs são um exemplo de como a sociedade civil pode assumir um papel ativo na proteção do meio ambiente. Qualquer proprietário que tenha áreas verdes em suas terras, pode submeter pedido de criação de uma RPPN ao órgão ambiental competente, independentemente do tamanho da área. Mesmo um pequeno espaço de vegetação que seja ambientalmente significativo pode ser transformado em uma Reserva Particular, contribuindo para a conservação da biodiversidade. Essa possibilidade também se aplica a condomínios e áreas com múltiplos proprietários, desmistificando a ideia de que a criação de RPPNs é um processo complicado e restrito. Os órgãos ambientais costumam aplaudir tais iniciativas e simplificar seu trâmite para a criação. Ao transformar suas propriedades ou parte delas em Reservas Particulares, os proprietários assumem um compromisso permanente com a conservação, formalizado por meio de registro no cartório de imóveis. Essa averbação confere à RPPN um caráter perpétuo, assegurando que a área não poderá ser utilizada para outros fins, exceto para conservação ambiental. Além de contribuir para a conservação da biodiversidade, os proprietários que decidem voluntariamente criar RPPNs também recebem benefícios legais, como a isenção do Imposto Territorial Rural (ITR) para a área da RPPN e a prioridade na análise de pedidos de crédito rural. As RPPNs também promovem pesquisa científica, educação ambiental e ecoturismo, o que gera emprego e renda para as comunidades locais. Levantamentos recentes mostram que 41,3% da vegetação nativa do Brasil está em áreas privadas. Atualmente, existem mais de 1.800 RPPNs em todo o Brasil, cobrindo mais de 800 mil hectares de áreas naturais, o que demonstra o seu protagonismo no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza.  As RPPNs são, sem dúvida, peças fundamentais na preservação da biodiversidade brasileira, haja vista que o Poder Público não consegue efetivamente proteger a maioria das unidades de conservação por ele criadas. Por isso, segundo os próprios ambientalistas, a esperança do sistema de unidades de conservação da natureza encontra-se nas iniciativas do setor privado. Contudo, seu sucesso depende de um esforço coletivo de conscientização da importância dessa iniciativa para garantir que a rica biodiversidade do Brasil seja também um legado para as futuras gerações. Em um momento em que as questões ambientais estão cada vez mais em pauta, as RPPNs se destacam como um modelo de compromisso e responsabilidade. Através delas, podemos vislumbrar um futuro em que a conservação e o desenvolvimento caminham juntos, assegurando a proteção de nosso patrimônio natural para todos. *Sandra Pires é advogada especializada em Direito Ambiental e sócia diretora do escritório Pires Advogados. Bacharela em Direito pela UFPE, possui mestrado em Direito Público pela mesma instituição.

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Caatinga já perdeu mais de 11 milhões de hectares para o fogo desde 1985

Formações savânicas concentram quase 80% das áreas queimadas; em 2024, houve queda de 16% em relação à média histórica A Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, foi palco de incêndios em 11,15 milhões de hectares entre 1985 e 2024, o equivalente a 13% da sua área total, segundo o novo Relatório Anual do Fogo (RAF), produzido pelo MapBiomas. O levantamento revela que 38% dessas áreas queimaram mais de uma vez ao longo das últimas quatro décadas, indicando um padrão de recorrência que desafia os esforços de conservação. Formações savânicas são as mais atingidas A maior parte do fogo atinge as formações savânicas, que compõem 95% da vegetação nativa do bioma. Dessas, 79% foram afetadas por queimadas. Outro dado preocupante é o tamanho dos focos: mais da metade (53%) das cicatrizes de fogo têm menos de 250 hectares, o que indica uma pulverização dos incêndios e dificulta o controle imediato. Redução de queimadas em 2024 é positiva, mas não conclusiva Em 2024, a Caatinga registrou 404 mil hectares queimados, uma queda de 16% em relação à média histórica de 480 mil hectares anuais. Apesar da melhora pontual, especialistas alertam para a necessidade de cautela. “A queda observada em 2024 é positiva, mas não garante uma tendência de redução a longo prazo”, afirma Soltan Galano, da equipe Caatinga do MapBiomas. Fogo não é natural na Caatinga, mas se repete O relatório revela que, diferente de biomas como o Cerrado, em que o fogo faz parte da dinâmica ecológica, na Caatinga ele não é um elemento natural predominante. Mesmo assim, sua presença contínua em áreas específicas exige monitoramento constante, políticas públicas eficazes e engajamento das comunidades locais para preservar um dos biomas mais vulneráveis do país.

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Poluição dos rios e calor extremo lideram preocupações ambientais no Recife

Pesquisa revela percepção dos recifenses sobre impactos das mudanças climáticas na cidade A poluição dos rios e mares é o problema ambiental mais grave enfrentado pela população do Recife, segundo 43% dos moradores entrevistados pela pesquisa Viver nas Cidades: Meio Ambiente e Mudanças Climáticas 2025, realizada pelo Instituto Cidades Sustentáveis e pelo Ipec. A pesquisa, divulgada nesta terça-feira (3), aponta ainda que enchentes e alagamentos (33%) e a poluição do ar e sonora (ambas com 32%) também preocupam os recifenses. Quando questionados sobre os efeitos das mudanças climáticas, a maioria dos entrevistados na capital pernambucana apontou o calor excessivo como o principal impacto. “Para mais de metade das pessoas, o calor excessivo é a principal consequência”, revela o estudo. Em contraste, apenas 8% mencionaram as enchentes e 1% destacaram o deslizamento de terras como efeitos relevantes. A pesquisa também avaliou o papel das prefeituras no enfrentamento da crise climática. No Recife, 82% da população acredita que os governos municipais devem agir ativamente no combate às mudanças do clima. Entre as ações mais esperadas estão a redução do uso de combustíveis fósseis no transporte público, o aumento das áreas verdes, a reciclagem e a compostagem dos resíduos sólidos. O controle do desmatamento e da ocupação de áreas de manancial também foi destacado por 45% dos recifenses. O levantamento abrangeu 3.500 pessoas em dez capitais brasileiras, incluindo Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Apesar das diferenças regionais, o calor extremo foi citado como a principal consequência das mudanças climáticas em nove dessas cidades. A exceção foi Porto Alegre, onde as enchentes lideram as preocupações da população. A iniciativa tem cofinanciamento da União Europeia e faz parte de um programa voltado ao fortalecimento da sociedade civil e dos governos locais na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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Mulheres na Conservacao 2

Cinema São Luiz exibe filmes gratuitos sobre meio ambiente durante dois domingos

Semana de Meio Ambiente de Pernambuco promove sessões educativas com roda de conversa e programação para todas as idades Como parte da programação da Semana de Meio Ambiente de Pernambuco, o Cinema São Luiz, no Centro do Recife, será palco de exibições gratuitas de filmes com temáticas ambientais. Em dois domingos consecutivos — 1º e 8 de junho — o público poderá assistir a longas, médias e curtas-metragens que abordam questões como conservação da biodiversidade, justiça ambiental e sustentabilidade. As sessões incluem debates ao final, promovendo o diálogo entre cultura e educação ambiental. A iniciativa é resultado de uma parceria entre a Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha (Semas-PE) e a Secretaria de Cultura de Pernambuco, por meio da Fundarpe. “O cinema é uma ferramenta muito potente de educação ambiental e uma forma de inspirar atitudes mais conscientes. Queremos sensibilizar o público para questões urgentes que afetam o planeta e, consequentemente, nossas vidas...”, afirma Rosália Vasconcelos, gerente geral de Educação Ambiental da Semas-PE. A programação começou no domingo (1º), com o longa de animação Placa Mãe (2023), de Igor Bastos, e com o documentário Mulheres na Conservação (2023). No próximo domingo (8), a sessão infantil exibe às 11h o filme Teca e Tuti: Uma noite na biblioteca (2024), que combina literatura e consciência ambiental com linguagem lúdica. Já o encerramento será marcado pela estreia do documentário Nordeste Água e Óleo, de Luiz Gustavo Betanin, sobre o derramamento de petróleo que afetou o litoral nordestino em 2019. As exibições no Cinema São Luiz têm entrada gratuita, e a bilheteria abre 30 minutos antes de cada sessão. Além do cinema, o Parque Estadual Dois Irmãos realiza no sábado (7), às 14h, uma sessão especial com curtas-metragens ambientais em seu auditório, dividida em duas partes. A programação completa da Semana de Meio Ambiente está disponível no site e nas redes sociais da Semas-PE.

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Vista aerea da APA Aldeia Beberibe

A Escola de Sargentos do Exército e seus atropelos na APA Aldeia-Beberibe

*Por Milton Tenório É surreal ainda assistirmos ao debate sobre uma escola que o Exército Brasileiro insiste em construir em cima da Bacia do Catucá, em um bioma de Mata Atlântica, onde se pretende desmatar 94 hectares — ou seja, cerca de 200 mil árvores — com várias espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção, comprometendo o abastecimento de água de um milhão de pernambucanos. Na semana passada, circulou nas redes sociais um vídeo em que um parlamentar pernambucano acusava a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, de sabotar o projeto do Exército. Será que uma liderança política como a governadora abriria mão de um projeto que, supostamente, traria emprego e renda para o Estado? Acredito que não. O maior responsável por esse projeto se tornar motivo de polêmica e atraso é o próprio Exército Brasileiro — leia-se o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. É sabido que, para seguir o trâmite legal, o Exército deve abrir licitação para contratar uma empresa especializada em inventariar as árvores, realizar o resgate de animais e cumprir todas as normas orientadas pelo Ibama — o que leva tempo e ainda corre risco de judicialização. Embora a AGU — leia-se Jorge Messias — tenha interferido de forma indevida, é importante que os técnicos do Ibama se manifestem e fiquem atentos contra esse tipo de expediente, assim como fizeram ao denunciar na mídia a decisão política da diretoria do mesmo órgão ao liberar pesquisas na Foz do Amazonas, em atendimento à Petrobras. Políticos passam, mas as instituições e os servidores efetivos ficam. Não seria mais sensato o Exército e o ministro da Defesa cessarem esse desgaste ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e à governadora Raquel Lyra, ao insistirem em um desmatamento dessa dimensão? A repercussão fatalmente será local, nacional e internacional. Já há alternativas locacionais apresentadas pelo Fórum Socioambiental de Aldeia e pelo Governo do Estado, que inclusive se dispôs a desapropriar áreas para esse fim — como fez com a parte habitacional do projeto, de 576 apartamentos para oficiais e sargentos. Uma área já desmatada nas proximidades permitiria que o projeto saísse do papel sem atropelos. Está na hora de o Exército Brasileiro deixar de lado a vaidade e atender ao clamor da sociedade civil, que não aceita mais desmatamentos e já sente os efeitos das mudanças climáticas. Chuvas intensas no Recife e Região Metropolitana já têm causado mortes e muitos transtornos à população, como a suspensão de aulas em escolas particulares, estaduais e federais. Acredito que o bom senso irá prevalecer e não tenho dúvidas de que a governadora do Estado não permitirá que seu nome figure na galeria dos mandatários que autorizaram o maior desmatamento da história de Pernambuco. Ao impedir isso, marcará o “gol de placa” que falta, ao comunicar aos pernambucanos que convenceu esses senhores a preservar o que resta da Mata Atlântica e da Bacia do Catucá. Mostrará, assim, a quem vem de fora, que somos resistência e não abrimos mão de nossos princípios e autonomia. Respeito é bom — e os pernambucanos exigem do poder público. Escola de Sargentos do Exército, sim. Desmatamento, não! Gastar R$ 1,8 bilhão e ainda lançar um projeto que implica desmatamento e compromete o sistema hídrico de um Estado — será que esse slogan é coerente? Num Brasil onde as universidades federais carecem de verbas e até os salários de docentes e técnicos estão defasados, cabe refletir. São muitas as perguntas e atropelos em torno da construção da Escola de Sargentos do Exército na APA Aldeia-Beberibe. *Milton Tenório é profissional liberal e ativista ambiental

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Sérgio Xavier é o único nordestino entre os enviados especiais da COP30

Grupo com 30 nomes vai atuar como ponte entre a presidência da conferência do clima e regiões estratégicas; primeira reunião será na sexta (23), em Brasília A COP30, que acontecerá em Belém (PA) em novembro, acaba de ganhar um reforço estratégico na sua preparação. O presidente da conferência, embaixador André Corrêa do Lago, anunciou os 30 nomes que atuarão como "Enviados Especiais da COP30", uma iniciativa inédita para aproximar os debates climáticos de setores e territórios ainda pouco representados nas negociações globais. Entre os indicados, o pernambucano Sérgio Xavier é o único nordestino na lista. Ex-secretário de Meio Ambiente de Pernambuco e atual coordenador executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, Xavier integra o grupo de 20 lideranças responsáveis por temas estratégicos. Os outros dez enviados representarão regiões geopolíticas prioritárias, como América Latina, Europa, Ásia, África e Oriente Médio. A primeira reunião do grupo está marcada para esta sexta-feira (23), em Brasília. O papel dos enviados será exercido de forma voluntária, com a missão de ampliar o diálogo com a sociedade civil, conectar experiências locais à agenda internacional e facilitar a circulação de informações entre a presidência da COP e os diversos territórios representados. “Precisamos ouvir muito das regiões e setores para garantir uma conferência à altura da emergência climática e da potência da Amazônia”, afirmou Corrêa do Lago. Além de Sérgio Xavier, fazem parte do grupo nomes de relevância global, como Jacinda Ardern (ex-primeira-ministra da Nova Zelândia), Laurence Tubiana (economista e arquiteta do Acordo de Paris) e Xie Zhenhua (negociador climático da China). Do Brasil, participam ainda Janja Lula da Silva, a surfista Maya Gabeira, a defensora pública Denise Dora e o ambientalista André Guimarães. A lista completa pode ser conferida em: cop30.br/presidencia-da-cop30/enviados-especiais.

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Pernambuco amplia esforços pela restauração ambiental

Estado investe em reflorestamento da Caatinga e da Mata Atlântica com parcerias público e privadas, mirando metas climáticas e socioeconômicas. *Por Rafael Dantas Nem só do combate às queimadas e ao desmatamento vive a luta pelas florestas brasileiras e pernambucanas. Além de conter os crimes ambientais que avançam sobre a flora e comprometem o habitat da fauna silvestre, há também um esforço significativo voltado à restauração ambiental. Esse movimento, cada vez mais robusto, reúne instituições com foco ecológico, empresas sensibilizadas pela pauta da sustentabilidade, o poder público e uma diversidade de organizações populares. Em Pernambuco, essas iniciativas ganham corpo nos biomas da Caatinga e da Mata Atlântica. Em meio ao debate do aquecimento global e das mudanças climáticas, a ONU convocou os países em 2021 para vivermos a Década da Restauração de Ecossistemas. No ano em que o Brasil recebe a COP-30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), é estratégico o fortalecimento das iniciativas que não apenas preservam mas agem pela regeneração do meio ambiente. E Pernambuco tem várias experiências de destaque. “Desde 2021, as ações de restauração estão se intensificando muito no Brasil inteiro. Pela primeira vez, inclusive, a gente está tendo um aporte de recursos para trabalhar a restauração no semiárido. Em 2025, temos visto bastante oportunidades de restauração aparecendo, seja por meio de edital público ou pelo ambiente privado”, afirmou Joaquim Freitas, coordenador geral no Cepan (Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste). "Pela primeira vez, a gente está tendo um aporte de recursos para trabalhar a restauração no semiárido. Em 2025, temos visto bastante oportunidades de restauração aparecendo, seja por meio de edital público ou pelo ambiente privado." Joaquim Freitas Neste semestre, por exemplo, o Governo Federal anunciou que o País contará com R$ 1,44 bilhão para promover a restauração florestal e ampliar o uso de soluções baseadas na natureza. O investimento faz parte do Plano de Investimento do Programa Natureza, Povos e Clima do Fundo de Investimento Climático. Em Pernambuco, o Governo do Estado lançou no ano passado o Edital Caatinga com aporte de R$ 16 milhões para o plantio de 500 mil espécies nativas. O projeto está em execução, com 45 mil já plantadas em seis unidades de conservação, como a APA Chapada do Araripe e o Parque Nacional do Catimbau. Outro edital foi o Plantar Juntos Manguezal, com R$ 600 mil para plantio de 10 mil mudas de mangue. Ao todo, os planos anunciados por Raquel Lyra são de 4 milhões de árvores plantadas. Além dos aportes do poder público estadual, o bioma da Caatinga teve o anúncio do investimento de R$ 8,8 milhões, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do Banco do Nordeste, que lançaram o edital Caatinga Viva no final de 2024. A iniciativa está apoiando projetos de restauração ecológica em até quatro áreas de no mínimo 100 hectares no bioma. A iniciativa integra o programa Floresta Viva, que deve investir R$ 60 milhões nos próximos anos. Há ainda investimentos privados, de iniciativas municipais e outros recursos internacionais no cenário de investimentos restaurativos. DESAFIOS NO HORIZONTE No Estado, Joaquim destaca que um dos principais focos de atuação está relacionado às áreas nas fronteiras de desertificação que acontecem principalmente na Caatinga. “Em Pernambuco temos mapeados focos de desertificação e também de desmatamento. As ações de restauração têm que ser voltadas para conseguir recuperar minimamente a capacidade dos ecossistemas de gerar serviços ecossistêmicos”, afirmou o coordenador geral do Cepan. “A ideia é que a gente consiga impedir esse avanço ao recuperar as áreas (de fronteira), porque uma vez que a desertificação se estabelece, a gente perde áreas agricultáveis, além de perder também água, potencialidade de solo e, principalmente, capacidade de manter os modos de vida da população”. Os núcleos de desertificação no Estado estão identificados em municípios como Cabrobó, Araripina e Exu. Mesmo em regiões próximas a Petrolina, como Belém do São Francisco, os sinais de alerta já estão ligados. O desmatamento ocorre nessas mesmas regiões mas, também, em vários outros focos espalhados pelo território pernambucano. “A gente tem um desmatamento difuso”, destacou Joaquim.  A secretária da Semas-PE (Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha de Pernambuco), Ana Luiza Ferreira, ressalta que há um olhar estratégico do Governo do Estado de restauração no PERBH (Programa Estadual de Recuperação de Bacias Hidrográficas). “Sempre refletimos muito sobre a melhor forma de alcançar o Plano de Governo de 4 milhões de árvores, para atingir o maior impacto. No PERBH (uma iniciativa liderada pela Apac, Agência Pernambucana de Águas e Clima) foi apontado o diagnóstico de cinco bacias prioritárias e o que deve ser feito para promover nelas a recuperação de 2.780 hectares dentro das reservas legais e áreas de proteção permanentes”. Ana Luiza Ferreira informa que o governo tem a meta de plantar 4 milhões de árvores e planos de recuperar 2.780 ha em cinco bacias hidrográficas dentro de reservas legais e áreas de proteção permanentes, além de ações em assentamentos rurais da agricultura familiar. A secretária destacou que nos próximos dois meses serão anunciadas muitas novidades com foco no restauro dessas bacias hidrográficas, bem como em iniciativas restaurativas em assentamentos rurais da agricultura familiar, que é outro desafio. Um estudo recente, publicado pelo Instituto Escolhas, revelou que 57% das Áreas de Preservação Permanente nos Assentamentos de Reforma Agrária de Pernambuco foram desmatadas.  O investimento na recuperação apenas dessas áreas por sistemas agroflorestais (SAFs) poderia remover 2,1 milhões toneladas de CO² da atmosfera. Esse volume representa 8% das emissões brutas dos gases de efeito estufa em Pernambuco.  Os investimentos necessários para essa recuperação nos assentamentos, porém, seriam na ordem de R$ 504 milhões nos três próximos anos. Em 30 anos, o investimento seria de R$ 1,92 bilhão. Apesar dos aportes elevados, o instituto estima que a recuperação produtiva de 20,7 mil hectares de APPs (àreas de preservação permanente) resultaria em uma receita líquida de R$ 5,91 bilhões, mais de três vezes o valor investido. Além de contribuir nesse aspecto das emissões, a recuperação dessas áreas poderia gerar

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Tarciso Augusto Semas Caatinga

Pernambuco mantém trajetória de queda no desmatamento da Caatinga e Mata Atlântica

Relatório do MapBiomas aponta redução de 9% na supressão vegetal ilegal em 2024; estado lidera preservação no semiárido Pernambuco consolidou em 2024 a tendência de redução no desmatamento dos dois biomas presentes em seu território: a Caatinga e a Mata Atlântica. De acordo com o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, divulgado pelo MapBiomas, o estado registrou uma queda de 9% na supressão vegetal ilegal ao longo do ano. Em 2023, já havia sido destaque nacional ao ser o único estado brasileiro a reduzir o desmatamento na Caatinga, com recuo de 35%. A governadora Raquel Lyra atribui o resultado ao fortalecimento da política ambiental estadual. “Nós estamos investindo e fortalecendo a CPRH para promover as políticas ambientais em todas as regiões de Pernambuco. Pelo segundo ano conseguimos reduzir o desmatamento e isso é resultado de um trabalho integrado que vem sendo desenvolvido. Além, é claro, de garantir o reflorestamento de biomas tão importantes para a nossa biodiversidade, como a caatinga, a exemplo do investimento de R$ 16 milhões para o plantio de 500 mil espécies nativas”, afirmou. Segundo o relatório, foram desmatados ilegalmente 14,7 mil hectares em 2024 — número inferior aos 16,2 mil hectares registrados no ano anterior. Em 2022, o índice foi ainda mais alto: 21,8 mil hectares, o que indica uma tendência de queda consistente desde o início da atual gestão estadual. O relatório do MapBiomas é elaborado por uma rede de universidades, ONGs e empresas de tecnologia que integram o Observatório do Clima. A secretária de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha, Ana Luiza Ferreira, reforça que os números positivos refletem a adoção de políticas públicas consistentes. “Manter as árvores em pé é um desafio que vale a pena aceitar. A intensificação do monitoramento e fiscalização da CPRH, aliados às ações que privilegiem a educação ambiental, a justiça climática e um desenvolvimento econômico verde mostram que um resultado como esse é possível”, afirmou.

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Crianças lideram engajamento climático e ampliam espaço da agenda ESG nas escolas

Dados apresentados na Bett Brasil 2025 mostram que 73,4% das crianças entre 7 e 14 anos já se preocupam com a crise climática, revelando papel decisivo da educação ambiental no futuro do planeta A preocupação com o meio ambiente começa cedo. Segundo dados apresentados na Bett Brasil 2025, 73,4% das crianças de 7 a 14 anos já se dizem preocupadas ou muito preocupadas com as mudanças climáticas. O levantamento integra a Pesquisa Nacional sobre Mudanças Climáticas, realizada pelo Movimento Escolas pelo Clima em parceria com a Reconectta, e confirma o protagonismo da faixa etária mais jovem no ativismo ambiental. O dado reforça a importância de inserir a sustentabilidade como valor fundamental nas práticas pedagógicas. O tema ganhou destaque no painel “Do local ao global: Educação e ESG como estratégias para um mundo sustentável”, conduzido por Thaís Brianezi (USP e SECLIMA) e Edson Grandisoli (Escolas pelo Clima). Eles discutiram como a educação pode integrar políticas públicas, sociedade civil e setor privado em torno da agenda ESG. Thaís apresentou um projeto da Fapesp que articula educação ambiental e comunicação, com destaque para a formação de professores em escolas municipais de São Paulo e o uso da plataforma MonitoraEA para acompanhamento contínuo das ações. Edson Grandisoli reforçou a gravidade do cenário atual, em que seis dos nove limites planetários já foram ultrapassados, e destacou o papel otimista e mobilizador das crianças. “Quando analisados de forma conjunta, essa faixa dos 7 aos 14 anos é a que soma mais qualidades para encampar ações de ativismo climático, especialmente mulheres. Temos um público interessado nessa pauta, e precisamos aproveitar isso”, afirmou. A relação entre educação e ESG também foi debatida por Ewerton Fulini (Instituto Ayrton Senna) e Carmen Murara (Grupo Marista). Fulini lembrou que a educação é o ponto de partida da agenda ESG, pois é onde se formam valores e competências. Já Carmen destacou os dois compromissos centrais das instituições de ensino: a formação cidadã dos estudantes e a sustentabilidade do próprio produto educacional. “Todos precisam se envolver nessa pauta. É assim que ela começa, e é preciso darmos o exemplo”, concluiu. Serviço:A Bett Brasil 2025 segue até 1º de maio no Expo Center Norte, em São Paulo. Mais informações: www.bettbrasileducar.com.br. 4o

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