Arquivos Mulher - Página 3 De 3 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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Bloco Nem com uma Flor vai às ruas exigir o fim da violência contra a mulher

Nesta quinta-feira (8), o bloco Nem com uma Flor, promovido pela Secretaria da Mulher do Recife, desfila pelas ruas do Recife Antigo exigindo o fim da violência contra mulher. Com o lema "Ô abre alas que ela vai passar como quiser e gostar", a agremiação traz os gritos das mulheres no combate ao assédio durante a folia de momo. Este ano, as atrações do bloco são a cantora Joana Flor, Orquestra 100% Mulher, Maracatu Baque Mulher e a boneca Linda da Tarde. A concentração está marcada para às 15h, na Praça do Arsenal. As homenageadas são as ativistas Vera Baroni e Maria Isabel de Araújo junto com a primeira vereadora do Recife, Júlia Santiago ( in memorian). Vera e Isabel são atuantes na luta dos direitos das mulheres. As camisas do bloco - desenhadas pela artista Dani Acioli - foram trocadas por kits de higiene que serão doados para as adolescentes das Casas de Internação Provisória e das Casas de Semiliberdade do Recife. Não haverá distribuição de camisa no dia do evento. HOMENAGEADAS Vera Baroni - ativista na defesa dos direitos humanos, racismo e luta das mulheres. Integrante da Articulação de Mulheres Negras Brasileiras – AMNB e da Rede de Mulheres de Terreiro, Vera está inserida no contexto da luta popular. Maria Isabel de Araújo - é servidora pública e ativista nos direitos da mulher, com foco na visibilidade de mulheres da terceira idade. Participa da organização de Velha Guarda de Areias. Atualmente, trabalha como volunta´ria na Rede Feminina Estadual de Combate ao Rede Feminina Estadual de Combate ao Câncer de Pernambuco. Júlia Santiago - Primeira mulher a ocupar um assento na Câmara Municipal do Recife, em 1947. Filha de camponeses, ela nasceu em São Lourenço da Mata, em novembro de 1917. Militante comunista, ajudou a fundar o Sindicato da Fiação e Tecelagem de Pernambuco e ingressou no Círculo Operário Católico do Recife. Vanguardista, defendeu que homens e mulheres deveriam ter tempos de serviço diferentes para se aposentar, alegando que o trabalho doméstico se constituía numa jornada dupla para elas. Falecida em 1988, Júlia Santiago deixou um grande legado às mulheres: seu exemplo de luta, coragem, consciência acerca dos direitos da classe trabalhadora e inconformismo diante das injustiças e desigualdades sociais. (PCR)

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Fiz as pazes com meu útero

*Por Beatriz Braga Eu nunca vi muitas vantagens em ter um útero, toda a vida o encarei como um contratempo. Carregá-lo significava renúncia, fragilidade e um ciclo de dor física e estorvo. Domingo passado eu fui à Bênção do útero, um movimento que acontece no mundo inteiro, em horas sintonizadas, na lua cheia. O evento conta com meditações focadas no Sagrado feminino. Criado pela britânica Miranda Gray, mulheres meditam juntas a fim de liberar as amarras de uma sociedade patriarcal. Com os pés na terra, mentalizei a árvore dentro de mim - um dos exercícios propostos - e me senti conectada a todas elas. Pensei nelas além dos oceanos, nas recifenses e em todas as outras ao redor planeta. Nas mulheres da minha vida e das que nunca vi, nem vou conhecer. Fui levada a pensar nas minhas ancestrais. Nas mulheres antes de mim que passavam a vida no puerpério, que não tinham escolha a não ser escravas dos seus úteros; em todas que foram violentadas e oprimidas; pensei nos choros contidos que me precederam; cada útero em luto da minha mãe e das mães antes dela; em toda dor de cada parto e nas alegrias depois dele. Sentindo a vibração da lua cheia, pensei nas mulheres que, naquele momento, entrariam nas estatísticas do estupro e do feminicídio. Nas que se sentem invisíveis. Desejei que encontrem nos seus ventres não a vulnerabilidade, mas a sua força vital. Não é toa que a natureza é chamada de Mãe Terra. Somos bicho, terra, lua e natureza. Domingo pude compreender minha experiência pessoal. Tomei anticoncepcional por dez anos ininterruptos e só via alegrias. Sem cólicas, fluxo controlado e pele equilibrada, era defensora dos hormônios. Além disso, eu cresci achando a menstruação uma das grandes desvantagens biológicas femininas. Por conta dela, somos vistas como irracionais e reduzidas à TPM. Há alguns meses, parei a pílula durante o tratamento de uma sinusite. Meu cabelo e minha pele viraram óleo puro e eu fiquei insuportável. Impaciente, estressada e muito sensível. Apesar disso, só de ver a cartela me aguardando no armário, meu corpo demonstrava repulsa. Após três meses e sentimentos controlados, eu me sinto mais leve e não voltarei a tomar hormônios nunca mais. Sinto-me mais conectada comigo, mais feliz. Como se depois de uma década de omissão e disfarce, eu dissesse “bem-vinda de volta” a uma versão de mim que havia esquecido. Miranda criou a Bênção do Útero porque acredita que precisamos ter consciência das vantagens do nosso ciclo natural. Num passado distante, a menstruação era vista como sagrada e fonte criativa. O patriarcalismo tornou o ciclo um tabu, algo sujo e impuro. Em algumas comunidades, mulheres menstruadas ainda são vistas como uma aberração. Há alguns anos, vi Anticristo de Lars Von Trier e tem uma cena que nunca me deixou. Na trama, a mulher se revela o Anticristo, punida pela natureza. No desenrolar do filme, o homem queima sua esposa na fogueira e, depois, é seguido por uma legião de mulheres que emergem do solo. A cena, vez ou outra, volta para mim. Mulheres mortas em nome de um único homem que representava a sociedade machista. Cada geração herda da anterior as suas conquistas, mas também seus fardos e traumas. Durante a Bênção, fiz as pazes com meu útero. Sangramos porque somos animais, porque precisamos sangrar a dor que nos antecedeu. Sangramos porque somos bruxas queimadas na fogueira. Sangramos toda vez que uma mulher é calada ou morta. Sangramos porque, todo mês, renascemos. No domingo, cada uma pegou uma carta simbólica. A minha foi a da dor, que dizia que é preciso viver intensamente cada sofrimento para, só depois, superá-lo. Sempre enxerguei essa sabedoria na minha mãe. Ela não tem medo da dor e agora acredito que essa força vem do seu útero. O exercício da carta é missão para uma vida inteira: superar o sofrimento das nossas ancestrais e garantir que o futuro herde mais a consciência da fortaleza e menos os nossos traumas. Para começar, me enxergarei nas fases da lua, reconhecerei a natureza cíclica do meu corpo e a receberei com consciência, em vez de reprimi-la. Segundo Miranda, ao termos ciência do nosso ciclo, ganhamos grandes vantagens nos nossos trabalhos, relacionamentos e vida. Carregar um útero, agora, significa ter poder. O Sagrado feminino, que eu não entendia bem, tornou-se claro. Trata-se de mudar toda uma sociedade, todas as relações humanas. Trata-se de estar conectada com a mais poderosa energia do planeta, a feminina.

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Nosso útero é uma prisão (por Beatriz Braga)

*Por Beatriz Braga Eu já amava Elisabeth Moss desde que ela foi Peggy Olson em Mad Men, série que retratava o mercado publicitário dominado por homens nos anos 1960. Agora ela voltou a arrasar ao interpretar June em The Handmaid´s Tale. Na Nova Iorque do século passado, Peggy coloca o filho para adoção - após ter engravidado de um dos caras importantes da agência - porque sabia que a maternidade lhe tiraria qualquer vislumbre de carreira. June, por sua vez, é escrava sexual em um país dominado por uma seita religiosa. Handmaid´s é brutal, forte e cruel. Baseado no livro O Conto da Aia, de Margaret Atwood, o mundo sofre com um grave problema de reprodução e as mulheres férteis são mantidas sob cativeiro. É um enredo dramático e violento, mas, apesar de fictício, não o vejo tão distante. Como poucos filmes de terror, o mais assustador de Handmaid´s é que podemos nos enxergar ali. A série me dá arrepios, mas não canso de assisti-la para tentar entender em que partes me identifico com aquela mulher. A personagem de Moss - longe de corresponder aos padrões ideais de beleza de Hollywood - recebe o novo nome de Offred (lê-se “de Fred”, referente ao seu dono dentro da seita) e tem três grandes versões. Primeiro, a mulher livre do passado; depois a mulher que habita seu corpo, escrava do presente; e seu verdadeiro eu, a mulher que habita sua mente. Sem nenhum direito à vida, as prisioneiras são reduzidas aos seus úteros. A metáfora está aí. Estupros, exploração do corpo feminino, o papel da religião na subjugação da mulher e, claro, a resistência. Tão pertencentes ao passado como ao presente. Se Peggy Olson de Mad Men existisse agora, o cenário seria diferente, mas ainda desanimador em muitos sentidos. Ela ainda teria que trabalhar três vezes mais por ser mulher; ainda ganharia 30% menos que os homens igualmente capacitados e, ao se descobrir mãe solteira, ainda teria sérios problemas morais e econômicos para levar sua carreira adiante. A medida que avançamos, novas montanhas surgem como obstáculos. O Conta da Aia foi escrito em 1985, mas continua pertinente. O útero, ao mesmo tempo que nos dá o poder mais incrível de todos, o de gerar vidas, também nos aprisiona. O problema não é desse órgão poderoso, claro. É que a sociedade continua não nos enxergando muito além dele. É similar ao que acontece na religião. O caos não está no nosso corpo, está na interpretação dos homens. Nascemos com prazo de validade, somos desvalorizadas no mercado de trabalho por sermos consideradas menos lucrativas, somos levadas como vulneráveis, histéricas, hipersensíveis. Ainda somos extremamente definidas pelo o que fazemos ou deixamos de fazer com nosso sistema reprodutivo. E extremamente julgadas em todos os momentos: as que não querem ter filhos e a mães, eternas rés desse mundo. A verdade é que quando Offred é estuprada em um ritual sagrado e nos fita com seu olhar enigmático, enxergo as notícias reais do meu dia a dia. De quantas maneiras nossos corpos ainda são presas fáceis no mundo em que vivo. “A liberdade, como toda as outras coisas, é relativa”. Fazia sentido em 1985 e ainda resiste. Acho que sei o que olhar dela quer dizer naquela cena. Montanhas foram erguidas e montanhas continuarão a serem escaladas. Que venha a segunda temporada. *Beatriz Braga é jornalista e empresária (biabbraga@gmail.com). Ela escreve semanalmente a coluna Maria pensa assim para o site da Revista Algomais LEIA MAIS Transe e deixe transarem O contrário do feminismo é a falta de coragem (por Beatriz Braga) Ascenderam a luz (por Beatriz Braga) Vítima, substantivo feminino (por Beatriz Braga)

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Precisamos falar sobre o clítoris (por Beatriz Braga)

Esses dias pensei na Rainha Elizabeth I, que ficou conhecida como “a rainha virgem” por nunca ter se casado e tido filhos. Uma mulher forte que esteve à frente da chamada “era de ouro” da Inglaterra; derrotou a Armada Espanhola, conhecida como “invencível”; não se submeteu a uma lista de casamentos arranjados e foi celebrada pelo povo. Ela deveria ser lembrada por sua inteligência, astúcia e ambição, mas o tema mais recorrente sobre sua história é o que ela fazia ou deixava de fazer na cama. Afinal, o que restaria a uma mulher sem marido? Ser “a rainha virgem” com uma vida sexual misteriosa. Enquanto os rapazes têm sua sexualidade incentivada (e não estou dizendo que isso é bom), o prazer da mulher é reprimido. Homens crescem falando abertamente de sexo, pagam para perder suas virgindades e têm uma indústria farmacêutica e pornográfica trabalhando incansavelmente por seus desejos sexuais. No caso feminino, tudo é tabu. Desde pequenas somos ensinadas a sermos recatadas e puras. O que resulta em mulheres silenciadas e culpadas. Enquanto eles se divertem, elas traçam um caminho doloroso e solitário até o autoconhecimento e a descoberta do prazer. Muitas passarão a vida sem saber o que é isso. Em uma pesquisa feita pela ONG britânica The Eve Appeal divulgada pela Galileu (2015), metade das entrevistadas, entre 26 e 35 anos, não soube apontar a localização da vagina em um desenho simples do sistema reprodutivo. Além disso, um terço das mulheres entrevistadas não vai ao ginecologista por vergonha. Até onde chegamos? O que nos leva ao famigerado clítoris. Até o século 19, o órgão era muito estudado porque acreditava-se que ele tinha um papel importante na fertilidade. Quando desmascarado, foi deixado de lado e resgatado do ostracismo há pouco tempo. Ao longo da história, o órgão foi motivo de caça às bruxas e chamado de “marca do diabo”. Talvez por inveja dos homens porque o corpo da mulher é biologicamente agraciado. O clítoris, única parte humana desenvolvida especificamente para dar prazer, tem 8 mil terminações nervosas (o dobro do que o pênis). A repressão à sexualidade feminina impede que as mulheres aproveitem tudo isso. Apesar de o mundo estar bem diferente do que já foi, o clichê continua. Morar em uma das regiões mais provincianas de um país machista me ensinou sobre isso. Ainda se espera que a mulher não tenha desejos. Ao contrário do homem, que é vangloriado por ser garanhão, mulherengo e desculpado por seus impulsos. Essa repressão não poderia ser diferente quando vivemos numa sociedade que, para começar, tem como a mãe de todas as mulheres a Virgem Maria. Antes de ser Maria, ela é a Virgem. Seu filho sagrado nasceu de um milagre, jamais de um ato que envolva prazer. Eva, o seu maior contraponto, é o símbolo da culpa por ter caído em tentação. Seu maior pecado mesmo foi ter nascido mulher. De um lado, me alegro ao ver mulheres discutindo abertamente sobre temas “proibidos” como a rapper badalada Karol Conka, que deu o que falar com sua nova música “Lalá”, na qual discorre sobre a importância do sexo oral para mulher. “Chega a ser hilário. Mal sabe a diferença de um clitóris para um ovário”, canta. De outro, ainda vivemos num mundo no qual o prazer feminino além de ser tabu, ainda é alvo de perseguição. Mais de 100 milhões de mulheres já sofreram mutilação genital. Em muitos países, a reconstituição do hímen é prática comum. O “atestado de virgindade” ainda é um preço a ser pago por tantas mulheres. Esse cabo de guerra uma hora vai enfraquecer do lado do clichê conservador e cansativo. O lado que se renova em energia e “ousadia” vai ganhar. Até que sejamos completamente livres. Em todos os sentidos. Para isso, teremos rappers, o fantasma de Elizabeth I e todas os tipos de mulheres fazendo a força no nosso time. *Beatriz Braga é jornalista e empresária (biabbraga@gmail.com). Ela escreve semanalmente a coluna Maria pensa assim para o site da Revista Algomais LEIA TAMBÉM http://revista.algomais.com/colunistas/vitima-substantivo-feminino-por-beatriz-braga http://revista.algomais.com/colunistas/graos-como-criar-uma-filha-feminista-por-beatriz-braga http://revista.algomais.com/colunistas/todas-as-marias-por-beatriz-braga

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Cinco palestras que você vai gostar de assistir (por Beatriz Braga)

Hoje comecei o dia ouvindo, mais uma vez, a palestra de Shonda Rimes, produtora de séries de TV como Grey´s Anatomy e How to get away with murder, no TED (www.ted.com). Ela conta sobre o acordo que fez consigo mesma de, por um ano, dizer “sim” para todas as situações que a assustavam. “Para qualquer coisa que me deixasse nervosa, e me tirasse da minha zona de conforto, eu me forcei a dizer sim”. As consequências foram incríveis. Sempre quando ouso me desanimar diante de um começo de semana, vou atrás desses vídeos para resgatar o gás. O TED nunca me decepciona. Por isso, sempre deixo algumas das suas palestras baixadas no celular e, volta e meia, escuto essas vozes poderosas. Assim o dia ganha mais força. E eu também. Aqui seguem seis dicas de palestras inspiradoras de homens e mulheres que têm muito a dizer. Está sem tempo? Faz como eu e aproveita o momento a caminho do trabalho ou de algum compromisso para se inspirar também. Tenho certeza que você vai gostar. 1) Shonda Rimes – Meu ano de dizer sim para tudo “Todas as cores pareciam ser uma só, e eu não estava mais me divertindo. E era a minha vida. Era tudo o que eu fazia. Eu era o zumbido, e o zumbido era eu. Então, o que fazer quando aquilo que você faz, o trabalho que você adora, passa a ter gosto de poeira?” 2) Ziauddin Yousafzai - Minha filha, Malala O pai da garota paquistanesa que levou um tiro por se “atrever” ir à escola (e virou ícone da luta contra misoginia) é uma prova de como precisamos prestar atenção na maneira que criamos nossos filhos. “As pessoas me perguntam o que há de especial na minha orientação que deixou Malala tão corajosa, destemida e segura. E eu digo: "Não me perguntem o que eu fiz. Perguntem-me o que eu não fiz. Eu não cortei suas asas, foi só isso". 3) Roxane Gay - Confissões de uma feminista ruim A autora do livro ‘Má feminista’ faz uma linda palestra na qual reflete sobre rótulos e sai em defesa das imperfeições. “Eu preferiria ser uma feminista ruim a não ser feminista de jeito nenhum. Isso é verdadeiro por muitas razões, mas, principalmente, digo isso porque no passado, minha voz foi roubada de mim e o feminismo me ajudou a consegui-la de volta” 4) Jimmy Carter - Por que eu acredito que os maus-tratos às mulheres sejam a principal violação aos direitos humanos O ex-presidente estadunidense fala sobre o perigo da interpretação dos homens sobre religião, violência contra mulher e a importância de darmos vozes às mulheres anônimas espalhadas pelo mundo. “O homem mediano realmente não se importa. Mesmo que digam: "Sou contra discriminação contra meninas e mulheres", eles desfrutam uma posição privilegiada. Eu diria que a melhor coisa que poderíamos fazer hoje é que as mulheres das nações poderosas como esta, que têm influência e liberdade para falar e agir, precisam assumir a responsabilidade para elas mesmas e serem contundentes na exigência do fim da discriminação racial contra meninas e mulheres no mundo todo”. 5) Halla Tómasdóttir: É hora das mulheres se candidatarem à presidência Nesse talk inspirador, a empresária fala sobre sua candidatura à presidência da Islândia, considerado o melhor lugar do mundo para ser mulher, e a importância de dar exemplo às novas gerações. “Foi a jornada da minha vida. Foi incrível. A jornada começou com 20 candidatos em potencial. Reduziu-se a 9 qualificados, e por fim, quatro: três homens e eu. Mas esse não é o fim do drama, ainda”.   *Beatriz Braga é jornalista e empresária (biabbraga@gmail.com). Ela escreve semanalmente a coluna Maria pensa assim para o site da Revista Algomais

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Autoestima das mulheres negras é tema de exposição no Núcleo Afro

A abertura da exposição Cabelo: Uma questão de Identidade, do cabeleireiro Félix Oliveira, acontece nesta segunda (10), a partir das 15h30. A mostra chega ao Núcleo de Cultura Afro-Brasileira, com 30 fotos que retratam a identidade e a valorização da Mulher Negra, através do cabelo e da libertação da ditadura da beleza. Na inauguração também haverá uma Roda de Diálogo sobre a Estética Afro, com a participação de Alzenide Simões, gestora do Núcleo, e do próprio Félix Oliveira. O objetivo da exposição é desenvolver a auto estima das mulheres negras e mostrar para toda a sociedade que é possível assumir sim, os belos cabelos crespos e cacheados. A questão é abordada através de um catálogo denominado Estética Afro, onde suas clientes se identificam e tem a referência para cabelo afros. A exposição segue até o dia 31 de outubro, com visitações de segunda a sexta, das 9h às 17h. Sobre o Expositor - Félix Oliveira é um profissional especializado em cabelos afros que, desde 2010, percebeu que as mulheres negras tinha dificuldade em se identificar com as referências encontradas nos salões de beleza. Com base em suas pesquisas de estudo e na militância que tem com o movimento negro, adaptou o seu salão para esta especialidade.

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Mulher, por que choras?

"Mulher, por que choras?" (João 20.13) Choro porque sou mulher. Choro porque sou brasileira. Choro porque hoje várias mulheres brasileiras foram vítimas dos mais variados tipos de violência. E, de modo mais específico, choro pelo caso da adolescente que foi estuprada por 33 homens no Rio de Janeiro. Tal fato aconteceu no Brasil que é conhecido como o país do futebol e do carnaval, do povo alegre e amistoso. Choro porque os filhos e as filhas desta terra foram gerados por meio de muitos estupros. Várias índias foram estupradas por colonizadores, várias negras foram estupradas por seus "senhores" e, certamente, diversas mulheres europeias foram violentadas pelos seus maridos. Infelizmente, nossa terra foi povoada por meio de várias formas de violências contra inúmeras mulheres. Choro porque nós, cristãos, dedicamos muito do nosso tempo discutindo sobre Calvinismo e Arminianismo e em contra partida empenhamos tão pouco do tempo no cuidado aos órfãos e as viúvas (Tiago 1.27). Aprendemos a realizar grandes eventos e esquecemo-nos de se compadecer das grandes dores que assolam nossa terra. Produzimos "profetas" com poderes mágicos e nos afastamos dos exemplos de profetas e profetisas do Antigo Testamento que eram porta vozes para denúncia da injustiça e opressão sofrida pelo povo. Choro por que devido ao nosso silêncio as pedras estão clamando. Hoje, antes de sair de casa para o trabalho, dei um xero em Natan (meu sobrinho de apenas 1 ano e 1 mês de idade) e lhe disse "Deus te abençoe e te faça um homem de bem". Com isso, refleti sobre a minha responsabilidade na educação dos meninos que passam e passarão pela minha vida. Preciso ser um instrumento de Deus para que eles sejam homens de bem. Preciso fazer a parte que me cabe para que meus sobrinhos, primos e amigos aprendam que devem amar as mulheres como amam a eles mesmos. Que os culpados pelo crime sejam responsabilizados! Mas isso não é o bastante. Saiba que não são apenas 33 ou 303, 3.003, 30.003... Na verdade existe algo que é para além do individual e que alimenta essa dinâmica da violência. Existe uma cultura do estupro que gerou nosso país e que permanece nele a mais de 500 anos. Muitas vezes de maneira camuflada e também de modo explícito podemos observar a manutenção dessa cultura nas nossas músicas, comerciais, filmes, piadas e em tantos outros meios de propagação de idéias. Acredito que não basta colher os "frutos pobres", se faz necessário olhar a raiz dos males. Enfim, não podemos fechar os olhos. Resolvi escrever esse texto para compartilhar o meu choro e, também, na esperança de levar alguns amigos e algumas amigas a refletir sobre a nossa responsabilidade diante desse problema. Nós podemos e devemos fazer a nossa parte. Acredito que existem mais de 33 homens que também choram diante dos casos de estupros e outras formas de violências sofridas pelas mulheres, peço a vocês que, por favor, não se calem. Vamos todas e todos, mulheres e homens, vamos chorar, denunciar, educar, transformar. Desejo que Deus inquiete vocês diante dessa realidade e também que se sintam convocados a modificá-la. *Quézia Cordeiro é psicóloga

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O desafio de ser mãe e profissional

Um número cada vez menor de mulheres tem o luxo ou pretensão de serem classificadas como belas, recatadas e do lar na sociedade brasileira. O meme que se espalhou pelas redes sociais no último mês entra em confronto com o contexto social em que 37,3% das mulheres são as principais responsáveis pelo sustento da casa, de acordo com o IBGE. Muitas delas dividem a trajetória de crescimento profissional com a maternidade. Pesquisa do Instituto Sophia Mind indica que 91% delas acredita que é factível sim ser uma ótima profissional e mãe ao mesmo tempo. Na prática, com todo um malabarismo de atividades e gestão dos horários, elas têm mostrado que realmente é possível. Porém pagam um preço alto com a sobrecarga de tarefas e a falta de estruturas de creche. O suporte vez da famílias, em geral das avós. Segundo a consultora da ÁgilisRH, Eline Nascimento, existe uma percepção de que hoje há uma maior divisão nas atividades domésticas entre homens e mulheres. Mas quando se trata das responsabilidades com os filhos, o peso sobre a mãe ainda é grande. “Essa divisão entre o papel de mãe e trabalhadora gera um processo de angústia. Mas a vida profissional é parte da vida da mulher e ela tem que se desculpabilizar”, diz. Para gerenciar com qualidade a carreira e ter o tempo necessário para o cuidado dos filhos, Eline destaca a relevância de mobilizar uma rede de apoio familiar, negociar bem com o parceiro a divisão das atividades e, quando possível, na própria empresa por alternativas como horários mais flexíveis e a possibilidade de realizar parte da carga horária em casa. A boa gestão do tempo é uma das características das mulheres que conseguem crescer profissionalmente sem abrir mão de estar presentes no crescimento dos filhos. A médica Carla Núbia Nunes Borges, 45 anos, já viveu a experiência de amamentar os filhos nos intervalos dos plantões. “Eles me acompanharam muito nos hospitais, principalmente nos finais de semana. Desde pequenos sempre combinamos muito os horários. Eles sofreram muito com essa rotina, mas sempre foram parceiros nessa minha caminhada”, conta a médica. Nessa trajetória, além do trabalho nos hospitais, Carla ainda passou pelo divórcio quando os filhos Lucas, Lara e Luiz tinham respectivamente 10, 8 e 7 anos. Se as responsabilidades aumentaram, ela seguiu crescendo profissionalmente e fez duas especializações e um mestrado em ciência da saúde em paralelo aos empregos. “Foi bem difícil, mas fiz uma escolha. Sofri muito, pois me achava ausente. Mas investi em tempo de qualidade. A vida ficou dividida apenas entre eles e o trabalho. As festas e saída com amigas ficaram em segundo plano, mas não me arrependo”. Mesmo com o tempo restrito, ela se esforçou para fazer ao menos duas refeições por dia com a família, além de aproveitar os finais de semana com os filhos. Férias, aniversários e Dia das Crianças eram motivo de festa. Duas bases de apoio nessa jornada foram a sua mãe e o colégio. Outra profissional da área de saúde que divide trabalho, estudos e a maternidade é Gabriela Félix de Souza, 32. Hoje ela está em transição. É fisioterapeuta, faz faculdade de medicina e tem uma filha de 11 meses, Laura. A chegada da bebê foi planejada. A angústia veio quando voltou à rotina de trabalho e estudante. “Retornar às atividades foi o momento mais complicado de transição. Voltei às aulas quando Laura tinha dois meses. Não sabia se iria dar certo, a criança depende muito da mãe. No começo para sair de casa era bem difícil. Mas sempre deixei com alguma das avós”, conta. Com a volta ao trabalho em paralelo aos estudos, ela só fica com a bebê no começo da manhã e no período da noite. “Reduzi minha carga horária profissional, saí de um hospital, mas mesmo assim me cobro muito pelo fato de estar ausente. A cobrança é muito maior minha que de outras pessoas”. A rotina da pequena hoje é no hotelzinho das 7h às 18h. A mãe, além do emprego e do tempo na faculdade ainda se desdobra para manter os estudos em dia. Muitas vezes usando as madrugadas. As preocupações com os cuidados com os bebês nos seus primeiros meses, quando associados ao acúmulo das funções profissionais e de casa levam muitas mulheres a tensões emocionais mais intensas. “As mulheres entraram no mercado de trabalho, mas os homens não entraram em casa, no cuidado com os filhos, na mesma intensidade. Recebo nos consultórios muitas mulheres com depressão pós-parto ou vivendo muitos conflitos na volta ao trabalho. Elas têm uma sensação subjetiva de responsabilidade do cuidado com o filho que o homem não tem”, afirma o médico Amaury Cantilino, que é professor adjunto departamento de psiquiatria da UFPE e membro da Comissão de Saúde Mental da Mulher da Associação Brasileira de Psiquiatria. Além dessa preocupação com os filhos, o médico relata que a competitividade no mercado profissional, pouco flexível às mães, também angustia as mulheres. “O receio de ter seu espaço preenchido pelo profissional que a substituiu na gestação é muito presente. Nessa volta ao trabalho, com frequência há uma sensação de ameaça no emprego. A necessidade de se ausentar no adoecimento dos filhos, por exemplo, cria nas mães uma impressão de vulnerabilidade da sua empregabilidade”, explica Amaury. Esse dilema dos possíveis prejuízos na competitividade profissional feminina se aqueceu neste ano com declarações do polêmico parlamentar Jair Bolsonaro que defendeu que as mulheres recebessem menos por engravidar. Apesar da chuva de críticas recebidas pelo deputado federal, sua opinião segue sendo uma realidade no mercado de trabalho no Brasil, em que as mulheres ainda ganham 30% a menos que os homens, de acordo com pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Esse preconceito com as mulheres tem retardado as gestações e levado também à recusa da maternidade. Resultado disso é que no Censo 2010, 20% das famílias não tinham filhos. No Censo 2000 eram 14% das famílias nessa situação. MÃE E PARLAMENTAR. A deputada estadual Priscila Krause dividiu os últimos anos da sua vida parlamentar

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