Feiticeiro Julião resgata a Atlântida submersa em videoclipe
Atlântida existiu. Ou melhor, existe, nem que seja submersa dentro de cada pessoa que busca por um lugar onde há abundância para todos os seres e prosperam as artes e as ciências. O artista pernambucano Feiticeiro Julião também relembra a lenda e idealiza seu reino paradisíaco e, em crítica à intolerância que tem marcado os últimos anos no Brasil e no mundo, lança na próxima quinta-feira (12/3) o videoclipe Atlântida. A exibição será no Armazém do Campo, no bairro de Santo Antônio, às 20h, com entrada gratuita. Julião aproveita a ocasião para um pocket show, com convidados como Marília Parente, Publius e Henrique Costa, além de abrir um debate com o tema “A arte como forma de resistência em tempos de autoritarismo”. Dirigido pela cineasta Dandara Ferreira (que atualmente está desenvolvendo o longa-metragem e série “Meu nome é Gal”) e com roteiro do próprio músico, Atlântida foi filmado no Litoral Sul pernambucano e traz constantemente a imagem do mar, que remete à letra da canção, onde o músico revela “... vou descer pelo mar azul, aqui só posso cantar o blues”, e emenda, apimentando a letra com teor político: “Não tenho trato para ser um funcionário/ Não tenho saco ser artista no armário”, referindo-se ao que sempre escutou da avó, que lhe aconselha até hoje buscar outras formas de ganhar dinheiro, de se encaixar melhor no sistema. O “vilão” do clipe foi inspirado em Antônio das Mortes, o matador de cangaceiros, personagem de filmes de Glauber Rocha. Com camisa da CBF, ele traz o lado repressivo da contemporaneidade, de resolver as diferenças na base da violência. No entanto, quando se envolve com a música, Nazareno, nome que o vilão recebe no roteiro, acaba se contagiando, sonhando que está tocando e entra na ciranda dos hippies, encontrando assim redenção. “Sou filho de militantes, fundadores do PT, e é inevitável que minha música se misture com meu ativismo político”, acrescenta Julião. “Atlântida” é o segundo videoclipe do “Feitiço de Viola”, disco lançado pelo artista em 2019, pelo selo gaúcho Honey Bomb Records. O primeiro é “Mantra Térmico”, dirigido por Rodrigo Barros. SOBRE O ARTISTA O Feiticeiro Julião é um artista recifense na ativa desde 2011, ano em que tocou no festival Abril Pro Rock, após vencer um concurso de bandas. Seu clipe "Vou tirar você (da cara)" se tornou popular graças à irreverência e à performance presentes no vídeo e no show do músico. Em 2013, participou da trilha do premiado filme "Tatuagem" e no ano seguinte lançou seu disco "Mácula". Morando em SP de 2014 a 2018, ele se apresentou nos SESC Belenzinho e Campinas. Acompanhou na guitarra a banda Tagore, com a qual circulou por Sudeste e Sul e em 2017, e criou a dupla de forró Caramurú e Julião, circulando por festivais importantes, como o Morrostock (RS). Em 2019 voltou a morar no Recife e lançou seu novo disco, "Feitiço de Viola", através do selo gaúcho Honey Bomb Records. O disco tem tido boa repercussão, principalmente pela simplicidade das músicas e a presença de melodias cantaroláveis, com foco na viola caipira. Em setembro lançou “Mantra Térmico”, seu mais recente videoclipe. Em 2019 também iniciou o projeto Avoada, um coletivo com base nas cordas e arranjos de vozes e que possui uma forte postura política. O grupo lançou o EP “Marília, Marcelo, Julião e Juvenil” e dois videoclipes. Em 2020 vai lançar um disco novo, somente com forrós. O trabalho contará com participações importantes da cena pernambucana, como Juliano Holanda.
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