Arquivos Pernambuco - Página 4 De 112 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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Pernambuco não é capacho do Ceará

*Por Francisco Cunha A  mais recente novidade acerca do melodrama relativo ao trecho pernambucano da ferrovia Transnordestina dá conta de que o governador e a bancada parlamentar do Ceará estão fazendo enorme pressão sobre o ministro da Casa Civil, o ex-governador baiano Rui Costa, pela demissão do superintendente da Sudene, Danilo Cabral, por ele supostamente não estar “facilitando” a vida do trecho cearense da ferrovia.  Isso depois de a Sudene já ter liberado R$ 5,6 bilhões dos Fundos de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e de Investimentos do Nordeste (Finor), e de já ter assegurado até 2026 mais R$ 2,6 bilhões, praticamente a totalidade do FDNE até lá, para o trecho do Ceará. E mais: depois do trecho pernambucano (de Salgueiro a Suape) ter misteriosamente desaparecido do contrato de concessão entre o Natal e o Ano Novo de 2022. E mais ainda: depois de a concessionária da malha métrica do Nordeste Oriental (Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte), – sucessora da concessionária do trecho cearense da Transnordestina que articulava há mais de um século os portos de Maceió, Suape, João Pessoa e Natal – ameaçar abandonar a concessão desses trechos e devolver à União a malha amplamente sucateada e totalmente inoperante. Isso após longos anos de abandono e de desmonte revoltantes. A pancada foi tão grande que o trecho pernambucano da Transnordestina só voltou para o mapa por determinação do presidente Lula, passando a ser incluído no Orçamento da União e no PAC, ainda que com recursos ínfimos se comparados com os destinados ao trecho cearense (menos de 5% até agora), depois de uma ampla mobilização social, empresarial e política.  Em resumo, foram deflagradas, de caso pensado, ações diretas e indiretas perpetradas com o objetivo de minar e, no limite, impedir o desenvolvimento, não só de Pernambuco como de todo Nordeste Oriental, posto que não existe competitividade portuária e, por extensão, regional, sem o suporte de uma malha ferroviária robusta. Basta observar o que acontece com todos os portos competitivos ao redor do planeta.  Essas ações combinadas, se não forem corajosamente enfrentas e revertidas, redundarão, na prática, na exclusão do Nordeste Oriental, para sempre, da malha ferroviária nacional. Isso quando já se projeta, com apoio decisivo (financeiro e técnico) da China, a ferrovia bioceânica (Atlântico-Pacífico), saindo de Ilhéus (não por acaso na Bahia) até o porto de Chancay no Peru. Se eu fosse adepto da teoria da conspiração seria levado a acreditar que está sendo urdido um plano para golpear covardemente as perspectivas de desenvolvimento dos estados do Nordeste Oriental, deixando-os literalmente a ver navios, passando do Ceará à Bahia e vice-versa, porque nenhum deles vai ancorar em portos sem retaguarda ferroviária. Ou seja, que se está deliberadamente planejando um sanduiche perpétuo de subdesenvolvimento para toda essa região do saliente nordestino. Ainda bem que não sou paranoico... Aproveito e lanço um repto aos cearenses: vamos fazer os dois trechos da ferrovia e deixar que a competência competitiva de cada estado se exerça. Por que não? Não é isso que se advoga modernamente? Meritocracia competitiva? Muito melhor do que procedimentos politicamente mesquinhos, do que tentativas de reduzir um estado inteiro a capacho de interesses subalternos.  Afinal, só existe uma palavra para classificar tudo isto que está sendo urdido há tempos, inclusive a atual e desleal pressão pela demissão do Danilo Cabral que vem imprimindo um dinamismo há muito não visto na autarquia de desenvolvimento: simplesmente INACEITÁVEL!  Pernambuco não é capacho de nenhum estado, muito menos do Ceará! 

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Saída de Danilo Cabral da Sudene seria uma derrota para Pernambuco e para a Transnordestina

A iminente saída de Danilo Cabral da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), articulada nos bastidores pelo Governo do Ceará e com apoio da Casa Civil, segundo reportagem do Diário de Pernambuco, de Pupi Rosenthal, representa mais do que uma simples troca de comando: é uma derrota institucional para Pernambuco e um golpe na gestão estratégica dos fundos de desenvolvimento regional. Cabral é um dos principais defensores da retomada da Ferrovia Transnordestina em sua totalidade — incluindo o trecho pernambucano que já não é mais da responsabilidade da concessionária. Sob pressão política, o FDNE passou a destinar todos os seus recursos até 2026 para o trecho da Transnordestina que atende exclusivamente ao Ceará, o que já compromete projetos em áreas como energia limpa em outros estados nordestinos, além da linha entre Salgueiro e Suape. A articulação tende a enfraquecer a missão da autarquia e abre espaço para disputas federativas danosas ao desenvolvimento regional. A Algomais denunciou a exclusão do ramal pernambucano na série de reportagens Era uma vez uma ferrovia..., em 2023, e apontou os prejuízos para o Complexo de Suape e para a economia regional. Além disso, todos os argumentos técnicos apontavam para uma realidade: caso fosse necessário escolher apenas um trecho para a Transnordestina, a preferência deveria ser Suape e não Pecém. Danilo Cabral sempre defendeu que ambas as linhas deveriam ser executadas, conforme o projeto inicial, que foi amputado no final do governo Bolsonaro. Apenas para o Ceará, a Sudene já aplicou R$ 5,6 bilhões na construção da Transnordestina. O projeto, é importante ressaltar, anunciado em 2006 e entregue para a concessionária no primeiro Governo Lula, completará 20 anos em 2026 sem transportar um quilo de nenhum produto. É importante que a classe empresarial e política pernambucana se mobilize para evitar essa derrota, que não é apenas para o Estado, nem apenas para a ferrovia — que parece cada vez mais um sonho distante —, mas uma queda de braço da economia do Nordeste em detrimento de todo o equilíbrio regional. Di2win relança ExtrAIdados com IA personalizada e foco na experiência do cliente A Di2win, referência nacional em hiperautomação e embarcada no Porto Digital, acaba de lançar uma versão aprimorada do ExtrAIdados. A solução agora permite que os próprios usuários criem e configurem novos modelos de Inteligência Artificial de forma simples, sem depender de programação. A novidade também incorpora o processamento assíncrono de documentos em lote e melhorias na experiência do usuário, com personalização de layout e navegação mais intuitiva. Segundo Rômulo César, Head de Produto, o objetivo é acelerar fluxos de trabalho, reduzir custos e aumentar significativamente a produtividade com flexibilidade e eficiência. Ferreira Costa movimenta 2 milhões de m² em estoque de pisos e impulsiona setor com alta de 25% Com mais de 2 milhões de metros quadrados de pisos e cerâmicas em estoque e 1.500 modelos disponíveis para pronta entrega, a campanha “Farra de Pisos e Cerâmicas” aquece o mercado da construção civil no Nordeste, que registrou crescimento de 25% na demanda por revestimentos em 2025. A ação da empresa é impulsionada pelo aquecimento das reformas e pelo surgimento de novos empreendimentos. Um Telecom lidera entre as pernambucanas no Ranking EXAME 2025 com crescimento de 25% na receita A Um Telecom foi destaque no Ranking EXAME Negócios em Expansão 2025 ao conquistar a melhor colocação entre as empresas pernambucanas na categoria de receita entre R$ 30 e R$ 150 milhões. Com um crescimento de 25% no faturamento de 2023 para 2024, chegando a R$ 95 milhões, a empresa consolida sua posição como referência nacional em infraestrutura digital, segurança da informação e soluções para o setor público. Representada pelo CEO Rui Gomes na cerimônia em São Paulo, a Um Telecom também comemora avanços no segmento governamental, que dobrou de tamanho, e o lançamento do Recife1, data center da nova unidade Atlantic Data Centers, com investimento previsto de R$ 300 milhões. Equador Energia está entre as 5 melhores do país para trabalhar no setor de Óleo e Gás Pelo terceiro ano consecutivo, a Equador Energia, do grupo Dislub Equador, conquistou o selo Great Place to Work (GPTW) na categoria Óleo & Gás – Geração, Distribuição e Transmissão, ficando no top 5 nacional entre as 19 empresas reconhecidas em 2025. O prêmio destaca organizações que se destacam pela criação de ambientes de trabalho saudáveis, valorizando o bem-estar, a maturidade profissional e práticas inovadoras de gestão de pessoas. Ao todo, 60 empresas participaram da avaliação nesta categoria, impactando mais de 80 mil colaboradores em todo o país.

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Pernambuco no palco global: desafios e oportunidades da internacionalização

Especialistas apontam potencial estratégico do Estado como hub no Atlântico Sul, destacam parcerias com a África e Europa Central e cobram protagonismo da iniciativa privada para impulsionar novo ciclo de desenvolvimento. O Pernambuco em Perspectiva é uma promoção da Revista Algomais e da Rede Gestão, com patrocínio do Banco do Nordeste e do Governo Federal. *Por Rafael Dantas A internacionalização da economia pernambucana desponta como um dos principais desafios do novo ciclo de desenvolvimento do Estado. Durante o encontro Pernambuco em Perspectiva - Estratégia de Longo Prazo, realizado em julho, Gilberto Freyre Neto, presidente do Iperid (Instituto de Pesquisas Estratégicas em Relações Internacionais e Diplomacia), e Rainier Michael, cônsul da Eslovênia, chamaram atenção para oportunidades ainda pouco exploradas pelos atores locais, como as parcerias com países da África e da Europa Central. Ambos defenderam a urgência de um planejamento estratégico que posicione Pernambuco na agenda global e cobraram maior protagonismo da iniciativa privada nesse processo. Os palestrantes também destacaram a longa trajetória internacional do Estado, com raízes no ciclo colonial, e o potencial diplomático de abrigar o segundo maior corpo consular do Brasil. No passado, Pernambuco teve um papel de protagonismo nas exportações durante o ciclo do açúcar. Na palestra, Gilberto Freyre Neto apresentou uma leitura histórico-estratégica da posição do Estado no mundo, defendendo sua relevância geopolítica como ponto de conexão entre continentes e culturas desde o período das Grandes Navegações até os desafios atuais da globalização. Ele argumenta que Pernambuco deve assumir seu papel como elo ativo no cenário internacional, investindo em ciência, tecnologia, educação e diplomacia cultural. Para isso, propõe uma revalorização do passado para projetar um futuro de protagonismo mais uma vez como um “Farol Estratégico no Atlântico Sul”. OLHAR PARA FORA DAS GRANDES POTÊNCIAS ATUAIS Apesar da proximidade geográfica e dos laços históricos compartilhados com o continente africano, Pernambuco tem negligenciado a construção de pontes estratégicas com países da costa ocidental da África. Em sua palestra, Gilberto Freyre Neto alertou para o potencial desperdiçado nessas relações, destacando a Nigéria como um exemplo simbólico. “A Nigéria já tem uma população maior que o Brasil, o PIB é 40% do nosso. Vai chegar daqui a 50 anos a 70%, e nos superar daqui a 100 anos”, projetou. Segundo ele, esse crescimento torna urgente o fortalecimento de vínculos culturais, comerciais e diplomáticos com o país africano, que deverá ocupar papel de protagonismo global nas próximas décadas. Ao invés de esperar que as oportunidades surjam espontaneamente, Freyre Neto defende uma atuação proativa de Pernambuco que precisa se posicionar como parceiro estratégico de uma África em ascensão. “E a gente não vai fazer amizade com os nigerianos?”, provocou, ao questionar a ausência de iniciativas concretas de aproximação. Para ele, o momento é de investir em relações de confiança e afeto, fundamentais para a criação de rotas comerciais sustentáveis e cooperação mútua. Ignorar esse potencial significa ceder espaço a potências como a China, que já atua intensamente na região, enquanto Pernambuco assiste de longe, sem marcar presença. Enquanto Gilberto Freyre Neto chamou atenção para o potencial da costa ocidental africana, Rainier Michael destacou a relevância estratégica da Europa Central, uma região frequentemente ignorada nas discussões sobre internacionalização. Ele apontou a Eslovênia, país com cerca de 2 milhões de habitantes e presença diplomática em Pernambuco há nove anos, como porta de entrada para mercados europeus sem acesso ao mar, como Áustria, Suíça e Hungria. Nesse contexto, o Porto de Koper, no Mar Adriático, surge como uma alternativa logística altamente competitiva. Rainier defende que Pernambuco adote uma visão mais ousada e criativa, apostando em rotas alternativas às grandes potências comerciais. “A Eslovênia é um país pequeno, mas está no Mar Adriático. Para negócios, é a porta de entrada para a Europa Central. Por que nós não olhamos isso?”, questionou. Ele lembrou que 30% dos carros da BMW são exportados por Koper, porto que está 300 quilômetros mais perto do que Hamburgo para boa parte da Europa Central. “Vários países dessa região europeia que não têm portos usam a Eslovênia para exportação. A gente tem que procurar novos horizontes. É a estratégia que o consulado utilizou”, completou. RISCO DE FICAR FORA DA NOVA ROTA DA SEDA A participação do Estado nas conexões bioceânicas impulsionadas pela China – por meio da Nova Rota da Seda (Belt and Road Initiative) – foi tema de uma das perguntas mais provocativas do público, feita por Sérgio Cavalcante, head de inovação do Grupo Cornélio Brennand. Em resposta, Gilberto Freyre Neto alertou para o avanço silencioso, mas consistente, de uma nova infraestrutura logística que conecta o Oceano Pacífico ao Atlântico Sul. Esses empreendimentos terão impactos diretos sobre o futuro da inserção internacional do Brasil e, especialmente, do Nordeste. Ele destacou, porém, que Pernambuco corre o risco de ficar de fora dos principais eixos de circulação de mercadorias globais. O presidente do Iperid explicou que os corredores ferroviários e hidroviários que compõem essa rota – ligando, por exemplo, o Porto de Chancay (no Peru) ao Porto de Ilhéus (BA) – estão em construção há mais de duas décadas, com participação crescente de investidores chineses e longe das fronteiras pernambucanas. Essas obras, já em fase avançada, incluem caminhos logísticos que atravessam o continente, inclusive em regiões onde países como o Paraguai, mesmo sem litoral, já se integram ao comércio internacional com mais eficiência que muitos estados brasileiros. O cenário se torna ainda mais preocupante diante da ausência de articulação de Pernambuco com esses fluxos globais. Gilberto Freyre Neto afirmou que o Estado poderia se tornar um centro de processamento de produtos asiáticos destinados à África, aproveitando sua posição privilegiada no Atlântico Sul. No entanto, isso exige infraestrutura intermodal eficiente, conexões ferroviárias funcionais – como a execução da Transnordestina e a sua conexão da a Ferrovia Norte-Sul – e políticas públicas integradas. PAPEL DO ESTADO E PAPEL DO EMPRESARIADO Um dos alertas mais recorrentes no debate sobre a internacionalização de Pernambuco foi a ausência de protagonismo da iniciativa privada. Para além de planos de governo ou acordos institucionais, os palestrantes insistiram que são

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Festival Pernambuco Meu País injeta R$ 7 milhões em Salgueiro

Com 95% da rede hoteleira ocupada e 150 empregos gerados, Festival Pernambuco Meu País impulsiona o comércio e o turismo regional A 2ª edição do Festival Pernambuco Meu País começou movimentando muito mais que a cena cultural de Salgueiro, no Sertão pernambucano. Com a presença da governadora Raquel Lyra na abertura, o evento já injeta cerca de R$ 7 milhões na economia local, fortalecendo o turismo, a rede de serviços e os pequenos negócios. Segundo a prefeitura, a ocupação hoteleira chegou a 95% com a chegada de visitantes de diferentes regiões do Estado. De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Henrique Sampaio, cerca de 150 empregos diretos e indiretos foram gerados, beneficiando desde artistas e produtores até ambulantes e prestadores de serviço temporário. “Temos a perspectiva de receber muitos visitantes das cidades vizinhas, como Arcoverde, Araripina e Petrolina, que além do festival vão aproveitar para conhecer nossos pontos turísticos”, disse. Para ele, o festival representa uma “oportunidade de vivenciar a nossa cultura, da nossa história pernambucana”. Para o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti, o evento mostra como a cultura pode ser um vetor estratégico de desenvolvimento. “Iniciativas como essa movimentam a economia local, fortalecem o turismo regional e geram oportunidades concretas para os pequenos empreendedores”. A secretária de Cultura, Cacau de Paula, reforça: “Quando a cultura se move, muita coisa se move junto, todos se fortalecendo de mãos dadas”. Com investimento total de R$ 30 milhões e mais de 900 ações previstas em todo o Estado, o Festival Pernambuco Meu País é realizado pela Secretaria de Cultura e Fundarpe. A estreia em Salgueiro reforça o compromisso com a interiorização da cultura, ampliando oportunidades e promovendo pertencimento nas regiões do interior.

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Estratégia de atração dos Data Centers para Pernambuco é apresentada no Fórum da Sindienergia

Estado oferece vantagens estratégicas, infraestrutura robusta e incentivos fiscais para atrair investimentos em tecnologia e digitalização Durante o Fórum da Sindienergia, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (SDEC-PE) apresentou sua estratégia para transformar o estado em um polo nacional de Data Centers. A proposta se apoia em três pilares principais: infraestrutura energética e tecnológica, sinergias com ecossistemas econômicos locais e um conjunto competitivo de incentivos fiscais e institucionais. Segundo Guilherme Sá, secretário executivo de Energia, Pernambuco vê os Data Centers como um ativo essencial para o futuro da economia e uma oportunidade para o Estado. “A infraestrutura digital possibilitada por Data Centers é vista pelo Governo de Pernambuco como uma peça crítica da economia do presente e do futuro — tão importante quanto rodovias ou redes elétricas”. LOCALIZAÇÃO E MÃO DE OBRA PRIVILEGIADA O secretário informou durante sua palestra no evento que Pernambuco já se destaca por ter a maior margem de conexão elétrica do Nordeste — com 3 GW disponíveis no Complexo de Suape — e uma localização estratégica, que garante latência de apenas 12 milissegundos entre Recife, Salvador e Fortaleza. “Nenhum outro local consegue oferecer menor latência para 90% da população do Nordeste. Pernambuco está no coração do Nordeste digital”, destacou Sá. Outro diferencial é a sólida formação em tecnologia da informação. Recife é a capital brasileira com maior proporção de estudantes de TI por habitante.“A gente já tem, e continua formando, a mão de obra qualificada necessária para a instalação e operação de Data Centers de padrão global”, afirmou o secretário. INCENTIVOS FISCAIS PARA ATRAÇÃO DOS DATA CENTERS Outro destaque apresentado por Guilherme Sá são os incentivos robustos que o Estado oferece, como a redução de até 58,85% do ICMS sobre investimentos tecnológicos, acesso aos benefícios da Sudene e isenções de impostos locais. O estado também simplificou o licenciamento ambiental, reduzindo o tempo médio de 156 para 32 dias. APERENOVÁVEIS NO EVENTO Rodrigo Neves, representante da Aperenováveis no fórum, destacou com entusiasmo o crescimento e a maturidade do setor de energias renováveis em Pernambuco, ressaltando a importância da união institucional e empresarial para o fortalecimento do mercado. Ele explicou que a associação nasceu como um pequeno grupo de empreendedores no WhatsApp, evoluindo para uma organização presente em várias regiões do estado e articulada nacionalmente. Um dos marcos recentes foi a aproximação estratégica com o Sindienergia, com a divisão de pautas entre as entidades e a inclusão do presidente da Aperenováveis, Rudinei Miranda, na diretoria do sindicato, que passa a ser o vice-presidente. Rodrigo reforçou o convite às mais de 60 empresas associadas para se unirem também ao Sindienergia, ampliando a capacidade de representação e articulação com o poder público. Ele encerrou destacando o potencial dos novos mercados para o setor em Pernambuco, como os data centers e os projetos relacionados ao avanço da mobilidade elétrica. “A gente veio lutando e gritando durante esses últimos três anos para conseguir algum espaço de voz e agora nós alcançamos”, Rodrigo Neves GRANDES PERSPECTIVAS PARA O SETOR Bruno Câmara, presidente reeleito do Sindienergia, destacou avanços importantes para o fortalecimento da infraestrutura energética de Pernambuco. Entre as iniciativas em curso, ele ressaltou um estudo técnico aprofundado sobre as necessidades da rede básica do Estado, conduzido em parceria com a FIEPE, SENAI, Secretaria de Desenvolvimento Econômico e empresas do setor de energia renovável. A proposta, segundo Bruno, é oferecer subsídios qualificados à EPE (Empresa de Pesquisa Energética), para ampliar os investimentos na expansão da rede elétrica estadual de forma mais estratégica e eficiente. Além disso, Bruno anunciou o lançamento de um MBA inédito no Brasil voltado para o setor de energia renovável, fruto da parceria entre Sindienergia, Aperenováveis e a Esuda. O curso, que começa ainda este ano, contará com um corpo docente formado por profissionais experientes das empresas do setor e terá enfoque prático. Os associados da Sindienergia e seus colaboradores terão acesso a um descontos como forma de incentivo à qualificação técnica.

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A Economia do Artesanato: artesãos transformam inspiração em negócios sustentáveis

Impulsionados pela Fenearte e, em muitos casos, com apoio de entidades e políticas públicas, os pequenos empreendedores do setor consegue gerar e promover o desenvolvimento de suas comunidades *Por Rafael Dantas O barro se transforma em cerâmica, os fios de lã viram tapetes e a madeira ganha formas nas mãos dos artesãos. Essas e tantas outras tipologias, como a pedra e até mesmo a sucata, representam a união de inspiração, talento e saberes que há tempos moldam a identidade cultural de Pernambuco. Esse legado, somado ao empreendedorismo e à profissionalização, também impulsiona negócios e desenvolvimento. A combinação tem levado pequenos artesãos, associações e pequenas empresas a ultrapassarem fronteiras, exportando suas criações da Região Metropolitana e do interior para o Brasil e o mundo. A Fenearte, que reúne centenas de artesãos pernambucanos, dos mais diversos municípios, é a principal passarela de todo esse trabalho que coloca lado a lado mestres consagrados e novas gerações de artistas e empreendedores. Apesar da importância da feira, que movimentou R$ 108 milhões no ano passado, a vitalidade desse segmento vai muito além dos 12 dias do evento. Gera emprego, renda e muita cultura ao longo dos 12 meses do ano.  “As pessoas cada vez mais veem o artesanato como trabalho e fonte de renda principal, não secundária. As pessoas valorizam, reconhecem o valor agregado dessa atividade. Além disso, o artesanato pernambucano está bem-posicionado no Brasil e no exterior, o que atesta a nossa biodiversidade, cultura e identidade”, afirmou Camila Bandeira, diretora de Promoção da Economia Criativa da Adepe (Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco). "As pessoas cada vez mais veem o artesanato como trabalho e fonte de renda principal, não secundária, e reconhecem o valor agregado dessa atividade. O artesanato pernambucano está bemposicionado no Brasil e no exterior, o que atesta a nossa biodiversidade, cultura e identidade." Camila Bandeira Pernambuco tem 16.339 artesãos ativos pelo Sicab (Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro), deste mês. Como a atividade é muito informal e em muitas comunidades uma pessoa é cadastrada para fazer a comercialização de um produto construído coletivamente, o número de profissionais que vive da atividade é muito maior.  A  pesquisa Diagnóstico do Artesanato Brasileiro e Planejamento Estratégico, coordenada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2021, apontou que 18% do total de pessoas ocupadas no País em atividades artístico-culturais, são do artesanato. Entre 2012 e 2021, houve um crescimento de 26% do número de profissionais no setor.  Marcos de Sertânia tornou sua arte conhecida e a cidade se firmou como celeiro de talentos. Trabalham com o mestre de 15 e 20 pessoas e outros seis coletivos surgiram na região. Ele montou um local para ateliê e exposição, que vai ganhar um café, e espera torná-lo um ponto turístico. Um dos nomes que simboliza bem a transformação do fazer manual em atividade econômica é Marcos de Sertânia. A mais de 300 quilômetros do Recife, o município sertanejo se firmou como um celeiro de talentos. Só no ateliê do mestre, entre 15 e 20 pessoas estão envolvidas na produção. Marcos destaca ainda que outros seis coletivos surgiram na região, consolidando o nome da cidade no cenário da cultura popular pernambucana. “A gente fortaleceu isso no interior. Pegamos dinheiro de fora para injetar na economia da nossa cidade. O maior empreendedorismo para a gente foi esse”, celebra o mestre. Marcos, inclusive, construiu um novo espaço para ateliê e exposição, que ainda vai ganhar um café. A expectativa é que se consolide como um atrativo turístico de Sertânia. Há 38 anos na atividade, Marcos construiu seu talento com o aprendizado vindo de feira em feira. Suas esculturas de animais de membros longos conquistaram espaço em galerias, coleções particulares e eventos culturais. O cachorro – peça mais vendida do ateliê – lembra, por coincidência, a personagem Baleia, da obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Curiosamente, Marcos só conheceu a história depois de já representar, por instinto e inspiração no Sertão, a figura que se tornaria a marca do seu trabalho. COMUNIDADES DO ARTESANATO Por trás dos mestres, não é incomum existirem verdadeiras comunidades de artesãos. Inclusive, diferentes gerações vivendo do artesanato. Esse é o caso do Sítio Rodrigues, que fica em Belo Jardim. “Lá é um berço de artistas. É uma comunidade com mais ou menos 200 habitantes, mas tem três mestras: Cida Lima, Neguinha e Nanai e a minha mãe, que infelizmente faleceu. Fora elas, tem uma grande parte da população que também trabalha com barro”, conta Carol, que veio para a Fenearte ao lado da irmã Pepinha, trazer o DNA de Luiza do Tatus, que morreu em 2023.  Carol brinca com o barro desde criança. Na adolescência passou a fazer suas próprias peças em forma de onças. Com a despedida da matriarca, ela reproduz as peças de Luiza dos Tatus, mas também tem obras de sua inspiração à venda. A irmã é mais recente na atividade, tendo a experiência de contribuir no acabamento das peças, e fez a sua primeira participação na Fenearte neste ano.  O Sítio Rodrigues, em Belo Jardim, é um berço de artistas. Entre as mestras mais conhecidas está Luiza dos Tatus, falecida em 2023, mas cujo talento foi passado para suas filhas Carol (esquerda), e Pepinha (direita), ao centro o pai delas, João José de Cazuza. Com foco na produção do ateliê, sobra pouco tempo para se capacitar como empreendedora. Mas Carol afirma que algumas formações foram oferecidas no município. Apesar dos obstáculos, como a baixa remuneração e a dificuldade para escoar a produção, a família resistiu. Com a Fenearte um novo horizonte começou a se desenhar. “A partir da Fenearte passou a abrir as janelas para nosso trabalho. As pessoas começaram a valorizar mais e as peças passaram a ter um valor diferenciado”. Entre fios e inspirações, uma cidade pernambucana que gira em torno da tapeçaria é Lagoa do Carro. Quem passeia pelas inúmeras ruas da Fenearte vai encontrar sete estantes com as mestras. Isabel Gonçalves, há 44 anos na atividade

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Mais de 300 mil pessoas vivem em Unidades de Conservação em Pernambuco

Censo 2022 revela desafios sociais e ambientais enfrentados por moradores de áreas protegidas no estado Um total de 317.458 pessoas vive atualmente em Unidades de Conservação (UCs) em Pernambuco, o que equivale a 3,5% da população estadual, segundo dados do Censo Demográfico 2022 divulgados pelo IBGE. A maioria desses moradores se identifica como parda (61,1%), seguida por brancos (26,4%) e pretos (12%). Também vivem nessas áreas 3.458 quilombolas e 1.015 indígenas, o que reforça a diversidade étnica e cultural presente nos territórios preservados. A esmagadora maioria da população residente em UCs — 311.497 pessoas — está localizada em áreas de uso sustentável, como Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e reservas extrativistas. As APAs, especificamente, abrigam quase todos esses moradores, totalizando 293.862 pessoas. Ao todo, o estado possui 34 unidades com presença populacional e outras 57 sem habitantes. Os dados também chamam atenção para as condições precárias enfrentadas por parte dessa população. Mais da metade dos moradores dessas UCs vivem em domicílios com algum tipo de deficiência no esgotamento sanitário. Além disso, 72.889 pessoas (23,6%) dão destinação inadequada ao lixo, seja queimando, enterrando ou despejando em áreas públicas, sem contar com serviço regular de coleta. Em 2.792 domicílios — onde vivem 8.915 pessoas — sequer há banheiro ou sanitário. Essas informações integram uma atualização do Quadro Geográfico de Referência do IBGE, com base no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com o ICMBio e órgãos estaduais e municipais.

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Fenearte celebra 25 anos com investimento recorde e foco na economia criativa

Maior feira de artesanato da América Latina reúne mais de 5 mil artistas e reforça papel estratégico do setor na economia pernambucana A 25ª edição da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte) foi oficialmente aberta nesta quarta-feira (9), no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, com celebrações à força do artesanato nacional e um investimento de R$ 15 milhões por parte do Governo do Estado. A governadora Raquel Lyra destacou a importância econômica e cultural do evento, que neste ano homenageia as feiras livres, locais de origem de muitos dos mestres artesãos. “São iniciativas como a Fenearte que nós precisamos continuar consolidando. Artesanato, arquitetura, mobiliário: tudo anda junto. É assim que movimentamos a nossa economia, valorizando o que Pernambuco tem de mais autêntico”, afirmou. Com o tema “A Feira das Feiras”, a edição histórica reforça a conexão entre tradição e desenvolvimento. A estrutura montada abriga cerca de 700 estandes, com mais de 300 dedicados exclusivamente a artesãos pernambucanos. Ao todo, mais de 5 mil artistas e empreendedores participam da feira, que segue até o dia 20 de julho. A expectativa é superar os R$ 108 milhões de impacto econômico registrados na edição passada, que atraiu 320 mil visitantes. Além do artesanato, a Fenearte destaca expressões da cultura popular com uma intensa programação no novo Palco Pernambuco Meu País, que traz 70 apresentações de música, dança e performances ligadas à tradição local. A secretária estadual de Cultura, Cacau de Paula, ressaltou o caráter multifacetado da feira: “Temos diversas linguagens reunidas: música, dança, economia criativa e artesanato, além de oficinas para crianças e espaços para toda a família.” A feira também movimenta o turismo da Região Metropolitana do Recife, segundo o presidente da Empetur, Eduardo Loyo. “A Fenearte lota os hotéis da Região Metropolitana do Recife. Nosso setor de pesquisa avalia o perfil dos visitantes e o impacto na economia. Ano passado já tivemos recorde de movimentação e esperamos bater novamente esses números.” Para garantir a segurança do público, mais de 1.300 profissionais estarão mobilizados, com suporte de tecnologia como drones e plataforma de observação elevada. Espaços como o Programa Pernambuco Artesão, realizado em parceria com o Sebrae, e o Espaço Cidadania, que acolhe crianças de 4 a 13 anos durante a visita de seus responsáveis, reforçam o compromisso social do evento. A artesã Isabel Ferrari, que participa pela primeira vez vinda do interior paulista, resumiu o sentimento de muitos expositores: “É um reconhecimento enorme estar aqui. É muito bom conhecer os artistas que sempre admirei de longe e poder compartilhar meu trabalho com um público tão interessado.” ServiçoFenearte 2025 – 25ª edição📍 Centro de Convenções de Pernambuco – Olinda📅 Até 20 de julhoMais informações: www.fenearte.pe.gov.br

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Pernambuco vence Prêmio MapBiomas com inovação em gestão ambiental

Plataforma Ecológico-Econômica garante reconhecimento nacional por uso de tecnologia no monitoramento e combate ao desmatamento. Foto: Tércio Amaral O Governo de Pernambuco foi premiado nacionalmente na categoria Políticas Públicas do Prêmio MapBiomas, graças à implementação da Plataforma Ecológico-Econômica, considerada um marco na modernização da gestão ambiental do Estado. A premiação foi entregue durante cerimônia realizada nesta segunda-feira (7), no Insper, em São Paulo, e recebida pela vice-governadora Priscila Krause, representando a governadora Raquel Lyra, ao lado do presidente da CPRH, José Anchieta. Lançada em dezembro de 2024, com investimento de R$ 1,8 milhão, a plataforma digital já ultrapassou 17 mil acessos e oferece funcionalidades como mapeamento de desmatamento ilegal, relatórios ambientais preliminares, séries históricas de dados e análises espaciais que orientam políticas públicas. “Esse prêmio reconhece o esforço coletivo da gestão Raquel Lyra e da equipe da CPRH. A plataforma representa um grande avanço na gestão ambiental de Pernambuco, facilitando tanto a tomada de decisão do Estado quanto o processo de licenciamento para os empreendedores”, afirmou José Anchieta. A vice-governadora Priscila Krause ressaltou o caráter estratégico da iniciativa. “Este prêmio é um reconhecimento ao trabalho da CPRH e de todas as equipes que se dedicaram à criação da plataforma. Mais do que uma conquista técnica, é uma ferramenta que fortalece a nossa capacidade de proteger o meio ambiente e promover um desenvolvimento mais sustentável”, declarou. Ela também destacou os resultados já visíveis na redução do desmatamento e o impacto de programas como o Plantar Juntos e o Noronha Verde. O secretário de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha, Daniel Coelho, definiu a plataforma como um divisor de águas na política ambiental de Pernambuco. Para a governadora Raquel Lyra, o reconhecimento traduz o compromisso da gestão estadual com o futuro: “Pernambuco tem avançado em muitas direções e não poderia ser diferente quando se trata de meio ambiente e sustentabilidade. O time do Governo de Pernambuco está de parabéns não apenas pelo prêmio, mas pelo trabalho realizado diariamente com entregas que fazem a diferença no presente e no futuro das cidadãs e cidadãos pernambucanos.”

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mobilidade crise

67% dos usuários do transporte público na Região Metropolitana do Recife estão insatisfeitos

Estudo realizado pela Unifafire revela que um terço dos passageiros da RMR consideram que o serviço piorou nos dois últimos anos. Com envelhecimento da frota de ônibus, colapso do metrô e trânsito engarrafado, especialistas defendem uma política de gestão metropolitana com foco no transporte coletivo, na integração modal e na mobilidade ativa. *Por Rafael Dantas O Recife figura entre as capitais mais engarrafadas do Brasil há bastante tempo. No entanto, uma pesquisa recém-realizada pela Unifafire revelou que a doença crônica que afeta a mobilidade urbana da capital e das cidades que compõem a região Metropolitana (RMR) se agravou para um terço da população. O estudo revelou que 33,69% considera que o transporte público piorou nos dois últimos anos e 67,72% dos usuários estão insatisfeitos com o serviço. O colapso do Metrô, o envelhecimento da frota de ônibus e o número de mortes de ciclistas são alguns sintomas sentidos na pele dos cidadãos. A pesquisa, que ouviu 851 moradores da RMR, tem 95% de margem de confiança. “A maioria não enxerga retrocessos significativos mas, também, não percebe avanços concretos na qualidade do serviço. Esse quadro de "mesmismo" é preocupante, pois indica que as políticas públicas implementadas não foram capazes de reverter os graves problemas crônicos do sistema, mantendo um status quo insatisfatório para a população”, indicou o estudo, que foi liderado por João Paulo Nogueira de Oliveira, coordenador da Unifafire Inteligência de Mercado. A rotina diária de Yuri Lenen, 33 anos, ilustra as dores do sistema de transporte público da RMR. Ele mora em São Lourenço, mas trabalha no Recife, no bairro de Boa Viagem. Contador e professor universitário, ele pega dois ônibus e faz um percurso de metrô tanto para ir quanto para voltar. Da sua cidade, ele vai até o TIP (Terminal Rodoviário do Recife), que é integrado ao Metrô, de onde segue até a Estação Joana Bezerra e aciona um segundo ônibus para a Zona Sul. Ele gasta em torno de duas horas nesse deslocamento, que se fosse feito de carro seria de 28 quilômetros. Além do demasiado tempo desperdiçado, ele considera que mesmo quando consegue fazer o trajeto sentado, “o conforto é péssimo”. A lotação, os poucos assentos e a temperatura estão entre as principais queixas. “Não tem ar-condicionado nos ônibus que eu pego e na maioria dos vagões do metrô. É uma verdadeira sauna!” "Não tem ar-condicionado nos ônibus que eu pego e na maioria dos vagões do metrô. É uma verdadeira sauna! [O transporte] vem piorando bastante, principalmente o metrô, que está péssimo. Às vezes, desço das estações e pego um Uber." Yuri Lenen Um dos sintomas mais perceptíveis da crise do transporte, segundo os dados da pesquisa Unifafire, é justamente o desconforto, relatado por 70,3% dos respondentes. A superlotação é considerada ruim ou muito ruim por 71,59% dos passageiros.  Acerca do tempo de espera, uma reclamação tão decisiva para a difícil rotina de Yuri, o estudo indicou que há uma grave insatisfação de 66,08% dos entrevistados. Apenas 11,38% consideram a frequência do serviço satisfatória. A pesquisa indicou também que 50,47% das pessoas não consideram que os ônibus e o metrô são pontuais. As queixas de Yuri não param por aí. Ele reclama da demora para chegada dos ônibus, de até 40 minutos, do tempo que fica preso nos engarrafamentos, das quebras do metrô e da imprevisibilidade da chegada das composições. É um teste de paciência diário, que ele classifica como “desumano”.  Apesar de viver essa rotina há muito tempo, ele percebeu uma piora nos últimos anos. A doença crônica parece ter entrado em estado avançado. “Vem piorando bastante, principalmente o metrô, que está péssimo. Às vezes, desço das estações e pego um Uber”, afirmou o passageiro que planeja adquirir um carro ao final do ano para diminuir o sofrimento. A dinâmica diária do contador não é uma exceção na metrópole. O local de moradia e de trabalho, a busca por serviços de saúde ou educação e, mesmo, o tempo de lazer não está separado pelas linhas invisíveis que dividem os municípios. Logo, o desafio de vencer as travas da mobilidade são também coletivas. Da mesma forma, o movimento que ele planeja fazer do sistema público para o transporte privado é quase uma regra na RMR. Mesmo com o trânsito pesado e os preços elevados para compra e manutenção do veículo, quem tem a mínima possibilidade faz a migração.  De acordo com os dados da Urbana-PE, os ônibus perderam 48% dos passageiros nos últimos 12 anos. De acordo com Bernardo Braga, coordenador técnico da instituição, uma parte significativa dessa demanda migrou para outros modais, especialmente para a moto e o mototáxi. Uma transição que traz ainda outras externalidades negativas para as cidades e para a população. “Já é possível perceber os impactos dessa migração no sistema de saúde com os sinistros envolvendo motos, no aumento do conflito no ambiente urbano, entre outros. O uso excessivo do transporte individual motorizado penaliza gradativamente a população, elevando os seus custos e o tempo gasto nos deslocamentos e restringindo acesso às oportunidades geradas nas cidades”, avalia Bernardo. "Já é possível perceber os impactos dessa migração [para moto e mototáxi] no sistema de saúde. O uso excessivo do transporte individual motorizado penaliza a população, elevando os seus custos e o tempo gasto nos deslocamentos e restringindo acesso às oportunidades geradas nas cidades". Bernando Braga A crise no sistema de transporte público, alimentada por falhas que vão do planejamento deficiente ao subfinanciamento crônico da operação, desencadeia a fuga dos passageiros – e, em consequência, das receitas – ampliando ainda mais a pressão sobre o trânsito. Para usar uma expressão da saúde, trata-se de uma metástase no tecido urbano: os efeitos se espalham por todos os modais, penalizando a população e agravando a situação das empresas – públicas ou privadas – que operam no setor. O RAIO X PARA A OPERAÇÃO DOS ÔNIBUS O ônibus é o principal meio de transporte da RMR segundo a pesquisa da Unifafire, sendo adotado por 35,15% dos moradores. O segundo lugar já é ocupado pelos carros

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